O que acontece se ouvir música demais?

Não, os seus filhos não colocam suas músicas no fone de ouvido no último volume apenas para te enlouquecer. Embora isso aconteça de bônus, existem razões científicas que justificam a preferência por músicas altas.

Desde o surgimento dos primeiros aparelhos portáteis para ouvir músicas, é comum a imagem dos pais pedindo que os filhos diminuam o volume. Mas só recentemente começaram a surgir pesquisas para entender exatamente porque os adolescentes amam música no último volume e quais efeitos isso pode ter neles, - bons e ruins.

Inclusive, ouvir música excessivamente alta é causa da perda auditiva induzida por ruídos e deve ser tratada com aparelhos auditivos.

De acordo com um estudo dinamarquês, os três principais motivos pelos quais os adolescentes preferem ouvir música alta são: eles se sentem bem, podem apreciar melhor a música e obter mais energia e disposição.

3 motivos para os jovens preferirem músicas altas

1. Alivia o estresse

Estudos sobre o sáculo, uma minúscula parte do ouvido interno, explicam porque bons sentimentos e energia aparecem ao ouvir música alta. Basicamente, o volume alto estimula o sáculo, que tem conexões diretas com áreas de prazer no cérebro. Quanto mais alta a música, mais o cérebro libera endorfinas, o “hormônio do prazer”.

2. Bloqueia o mundo externo

Na adolescência, é comum se sentir incompreendido e sem um espaço no mundo. Nesses casos, a música alta funciona como um escudo, que bloqueia as outras coisas e o mantém em seu próprio espaço por um momento.

Isso acontece porque a música toma conta do cérebro, sobrecarregando os outros sentidos de maneira semelhante ao álcool ou às drogas. É como se a pessoa não pudesse se concentrar em outras coisas ao ouvir música alta.

Às vezes, bloquear o mundo e aproveitar as sensações proporcionadas pela música é um mecanismo de defesa ou até mesmo uma experiência necessária para os jovens.

3. É um estimulante

Ouvir música alta pode ser comparado a outros estímulos, como cafeína, exercícios e álcool. Isso aumenta a frequência cardíaca e a temperatura corporal, deixando o adolescente mais animado e disposto a gastar sua energia.

Prejuízos para a audição

Apesar de causar sensações positivas, ouvir música alta excessivamente pode causar problemas auditivos. A exposição à música alta é uma das principais causas da perda auditiva em jovens.

Isso porque os jovens possuem alguns hábitos arriscados para audição, incluindo ouvir música alta nos fones de ouvido e frequentar festas e shows, onde os níveis de som podem chegar a 120 dB. Lembrando que o volume confortável para audição humana é até 85dB.

Segundo a OMS, ouvir música alta nos fones de ouvido ou em eventos, pode ser causa da perda auditiva em 1,1 bilhão de jovens nos próximos anos. Na maioria dos casos, a perda auditiva induzida por ruídos pode ser tratada com aparelhos auditivos.

Então, cabe aos pais fiscalizar o volume da música que os jovens escutam em seus fones de ouvido para evitar a perda auditiva e levá-los a exames de rotina para verificar a qualidade da audição. Se necessário, pode ser recomendado o uso de aparelhos auditivos para minimizar os efeitos da perda auditiva.

Vitaminas, nutrientes, exercício físico... E música. Há muito se sabe que ouvir música pode ajudar a mente a relaxar, aumentando os níveis de felicidade e diminuindo os de stress - mas, agora, um novo estudo, realizado em parceria pelo serviço de streaming Deezer e a Acadêmia Britânica de Terapia do Som, foi mais fundo nessa história: segundo a pesquisa, realizada com 7,5 mil pessoas, os benefícios só são sentidos a partir de um tempo mínimo diário de audição de música - e diferentes estilos musicais podem ter diferentes efeitos, como superar a tristeza ou aumentar o poder de concentração.

O estudo analisou como as pessoas usam música para processar as próprias emoções: 90% dos participantes afirmaram que ouvem música quando sentem que precisam relaxar; enquanto 82% dizem se sentir mais felizes ao som de suas canções favoritas. Cerca de 47% das pessoas relataram ouvir música em momentos tristes, justamente para se distrair dos sentimentos de angústia e melancolia; e 28% chegaram a garantir que a música os ajuda a controlar a raiva. Já para 32%, a atividade é um ótimo auxiliar na hora de se concentrar em alguma atividade específica.

Não basta, porém, dar play em uma ou outra faixa para sentir alguma diferença: a pesquisa cravou em 78 minutos o tempo mínimo diário para que alguém comece a sentir os efeitos positivos de ouvir música. Tem mais - cada efeito desejado específico tem seu próprio "tempo mínimo" para entrar em ação: 14 minutos de músicas animadas, felizes, com letras positivas e batida acelerada, ajudam o ouvinte a se sentir mais feliz; enquanto o efeito calmante das músicas mais relaxadas só vem depois de 16 minutos de audição. A concentração só é atingida depois de 15 minutos ouvindo canções calmas, mas positivas - músicas tristes podem ter o efeito contrário. E o estilo musical não parece influenciar quando se quer superar a tristeza ou controlar a raiva: o gênero favorito do ouvinte parece ser o mais indicado em ambos os casos.

Lyz Cooper, da Acadêmia Britânica de Terapia do Som, escreveu, na publicação do estudo: "Há certas propriedades da música que afetam a mente e o corpo. Dedicar tempo para ouvir faixas que disparam diferentes emoções pode ter um impacto imenso no nosso bem-estar e na nossa saúde mental. Ouvir canções felizes, por exemplo, aumenta a atividade nas áreas do cérebro associadas à sensação de recompensa, e diminui na amígdala, parte do cérebro associada ao medo."

Os participantes do estudo também afirmaram que, de modo geral, em dias em que ouvem música, se sentem mais satisfeitos com a vida (86%), mais cheios de energia (89%) e mais propensos a rir (65%). Aliás, a música pop foi a mais associada a sentimentos de alegria e felicidade - já a música clássica foi a mais eficaz na hora de produzir relaxamento; seguida, talvez curiosamente, pelo rock. Rock e heavy metal aparecem no topo quando o objetivo é controlar sentimentos de raiva. Músicas relaxantes ajudam a reduzir a tensão muscular (em 79% dos casos) e até a dormir melhor (82%).

Algumas músicas específicas citadas pelo estudo foram Happy, de Pharrell Williams, como a canção que mais ajudou os participantes a se sentirem felizes (seguida por Sing, de Ed Sheeran, e Dancing Queen, do Abba); e Highway To Hell, do AC/DC, como a faixa favorita pela maioria das pessoas em momentos de raiva (seguida por músicas de Rammstein, Metallica e Mozart).

Faz mal escutar muita música?

A exposição ao ruído e a música muito intensa, não é apenas prejudicial para o ouvido interno, comprometendo a audição, também é prejudicial em termos psicológicos. Aumenta o stresse, pode provocar depressão, insónias e diminuir a atenção. Em certos casos, surgem zumbidos que condicionam muito a qualidade de vida.

Pode ouvir música todo dia?

Dedicar tempo para ouvir faixas que disparam diferentes emoções pode ter um impacto imenso no nosso bem-estar e na nossa saúde mental. Ouvir canções felizes, por exemplo, aumenta a atividade nas áreas do cérebro associadas à sensação de recompensa, e diminui na amígdala, parte do cérebro associada ao medo."

É normal escutar muita música?

Ouvir uma música repetidamente por si só tem muito mais a ver com o seu momento especial de sensibilidade para determinada letra ou sonoridade, evocando os sentimentos que você quer aproveitar. Fique tranquilo. Não é um sinal de TOC, é um sinal de que você está vivo e adora música ou em especial esta música.

O que a música faz com o cérebro?

Quando uma música emociona, são ativadas estruturas que estão nas regiões instintivas do verme cerebelar (estrutura do cerebelo que modula a produção e liberação pelo tronco cerebral dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina), e da amídala (principal área do processamento emocional no córtex) .