Mais de sete milhões de pessoas migraram do hemisfério norte para o sul em 2010, revela a Organização Internacional para as Migrações, que identifica a rota de Portugal para o Brasil como um dos grandes corredores migratórios. Show
Intitulado "Bem-estar e desenvolvimento dos migrantes", o relatório anual da Organização Internacional para as Migrações (OIM), divulgado esta sexta-feira, sublinha que as migrações não são fenómenos limitados a movimentos de pessoas de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, mas cada vez mais de países desenvolvidos para países emergentes. Embora a maioria dos migrantes - 69% - tenham origem no sul do planeta, entre 3 e 6% dos movimentos migratórios, ou seja entre sete e 13 milhões de pessoas no mundo, aconteceram no corredor Norte-Sul em 2010, disseram os especialistas Franck Lazko e Tara Brian na apresentação do relatório, em Genebra. É uma tendência que está a aumentar desde do início da crise, sublinharam. Corredor Portugal-Brasil No documento, as estatísticas portuguesas são usadas para ilustrar esse novo fenómeno de migração Norte-Sul. Em 2010, saíram de Portugal para Brasil 222148 emigrantes, naquele que é considerado um dos grandes corredores migratórios pelo Departamento económico e assuntos sociais das Nações Unidas. Um total de 2247 portugueses receberam um visto de trabalho no Brasil em 2012, contra 708 em 2009. A emigração de Portugal para países africanos, como a África do Sul, Angola e Moçambique, aumentou 42% nos últimos 10 anos, refere ainda o relatório da OIM. Segundo os números mais atuais do Observatório da emigração, 23787 pessoas chegaram de Portugal a Angola em 2009, enquanto o número de portugueses residentes em Moçambique aumentou de 6211 para 9224 entre 2008 e 2012. Em 2010 viviam no continente africano cerca de 60 mil pessoas provenientes de Portugal. A crise e os países emergentes Gervais Appave, conselheiro especial da OIM, explicou à Lusa os fatores que contribuem para o aumento da migração Norte-Sul: o crescimento económico das nações emergentes tornou países como Angola e Brasil mais atrativos e as sociedades comerciais e industriais europeias com perspetivas internacionais começaram a criar sucursais no estrangeiro. Além disso, a crise de 2008 e o crescimento das economias emergentes levou os imigrantes de origem estrangeira que residiam em Portugal a voltarem para o país de origem. Foi o caso de 157766 brasileiros entre 2005 e 2010. Finalmente, a crise europeia também levou jovens qualificados sem emprego a procurar oportunidades de trabalho fora de Portugal. Portugal conheceu várias ondas de emigrações desde os anos 50, a última provocada pela grande recessão europeia. Em 2010, dois milhões de portugueses viviam no estrangeiro, tendo injetado 2,45 mil milhões de euros na economia do país. Segundo o relatório da OIM - que se baseia numa sondagem realizada pela Gallup junto de mais de 25 mil imigrantes em mais de 150 países - 40% da migração global acontece de sul para norte, 33% entre países no sul, 22% entre países no norte e cerca de 5% de norte para sul. Este fenómeno crescente da migração norte-sul revela-se sobretudo nos corredores EUA-México (0,6 milhões) EUA-África do Sul (0,3 milhões), Alemanha-Turquia (0,3 milhões) e Portugal-Brasil (0,2 milhões). A migração corresponde aos deslocamentos de pessoas e populações na superfície terrestre. Esse movimento pode ocorrer de forma espontânea ou forçada, dentro dos limites de um mesmo território ou não, e, ainda, ter caráter sazonal ou permanente. As razões que levam as pessoas a migrarem são muito variadas, estando associadas a fatores econômicos, culturais, políticos, sociais e, até mesmo, naturais. Observa-se, no Brasil atual, um grande fluxo de entrada de migrantes vindos de países latino-americanos e africanos, ao passo que os emigrantes vão em direção também a países vizinhos e nações desenvolvidas, como os Estados Unidos, seguindo a tendência global. Internamente, houve a intensificação da migração de retorno e crescimento das cidades médias, sobretudo próximas dos grandes centros urbanos. Leia também: Causas e consequências das imigrações atuais no Brasil Tópicos deste artigo
O que é migração?Migração é o movimento ou deslocamento de pessoas e populações pela superfície terrestre. A definição fornecida pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), hoje um órgão das Nações Unidas, aproxima-se bastante dessa concepção. O conceito abrange todos os tipos de deslocamento que acontecem de um local a outro, independentemente da escala espacial ou temporal, e são muito mais parte do nosso dia a dia do que pode parecer à primeira vista. Abordaremos em mais detalhes essa questão quando tratarmos dos tipos de migração. A migração acontece em diversas espécies animais, e a utilização do termo vai além da ciência demográfica. Outras áreas do conhecimento, como a biologia, utilizam o termo para descrever o deslocamento sazonal de populações de aves, peixes, mamíferos e insetos. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Quais os tipos de migração?As migrações podem ser categorizadas em diferentes tipos de acordo com critérios diversos, como a área de partida e de chegada, as distâncias percorridas, o tempo decorrido e até mesmo as motivações que estão por trás desses movimentos. Essa qualificação nos auxilia no estudo e na elaboração de análises a respeito do fenômeno. Veja na sequência quais são os principais tipos de migração.
Leia também: Causas e consequências da crise dos refugiados As migrações podem ser categorizadas de acordo com diferentes aspectos.Quais as causas da migração?Sejam elas espontâneas, sejam forçadas, nacionais ou internacionais, as migrações sempre estão associadas a uma ou mais motivações. Elencamos algumas delas a seguir.
Migração no BrasilOs fluxos migratórios se fazem presentes no território brasileiro desde o princípio de sua formação. O século XVI representou a chegada de correntes migratórias europeias no país, vindas em sua maioria de Portugal. Esse mesmo período foi marcado pela chegada de grandes contingentes de populações africanas, trazidas à força de seus países, com o intuito de serem vendidas e escravizadas para trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar. A partir de meados do século XIX, após a proibição do tráfico negreiro, a migração internacional para o Brasil se transformou em deslocamentos voluntários de novas correntes derivadas da Itália, Alemanha e Japão, que chegaram no país para exercer atividades remuneradas nas fazendas de café. Em meados do século XX, o contexto de guerra mundial suscitou a nova entrada de imigrantes europeus, judeus e asiáticos. Uma nova tendência migratória se instalou a partir das décadas finais do século XX, caracterizada pela entrada de pessoas vindas de países vizinhos e também de países africanos falantes de português. Mais recentemente, o Brasil recebeu muitos imigrantes haitianos e refugiados venezuelanos. No sentido contrário, as emigrações de brasileiros seguem o padrão global atual, que tem como foco os países desenvolvidos, como os Estados Unidos, e nações fronteiriças, como Argentina, Peru e Paraguai. As migrações sempre fizeram parte da história do Brasil.Os deslocamentos internos possuem igual importância para o processo de composição do território nacional. Ciclos econômicos, como o do ouro, do café e da borracha, nos séculos XVIII, XIX e início do XX, desencadearam processos de migração inter-regionais voltados ao trabalho e à fixação nas respectivas áreas onde se desenvolveram. A década de 1950 marcou os deslocamentos derivados principalmente do Nordeste em direção ao Centro-Oeste do país para a construção da nova capital, Brasília. Nos anos seguintes, observou-se a intensificação da industrialização nas regiões Sul e Sudeste, com destaque para São Paulo, o que atraiu muitas pessoas em busca de trabalho. Ademais, a expansão das fronteiras agrícolas nos anos 1970 também deu origem a fluxos migratórios do Sul com destino às regiões Centro-Oeste e uma parcela do Nordeste. A dinâmica migratória atual do Brasil é caracterizada pelo crescimento das migrações de retorno, notadamente para a Região Nordeste, e também da saída de pessoas dos grandes centros urbanos em direção às cidades médias nos seus arredores ou região metropolitana. Quais as diferenças entre migração, imigração e emigração?Migração é um termo bastante amplo e que faz referência a todos os tipos de deslocamentos que acontecem no espaço. Quando nos referimos aos processos de imigração e emigração, damos ênfase na direção em que esse movimento ocorre. A imigração corresponde à chegada de uma pessoa ou um grupo de pessoas em um determinado lugar. O ato de saída, por sua vez, é chamado de emigração. Exercícios resolvidosQuestão 1 - (UEA) Examine o mapa. (Maria Elena R. Simielli. Geoatlas, 2013.) Diferentemente do padrão registrado desde a década de 1950, um novo e importante fluxo migratório se estabeleceu no Brasil. Esse novo padrão de deslocamento da população, com maior vigor a partir dos anos 2000, corresponde à: A) migração de retorno ao Nordeste. B) migração forçada no Sudeste. C) migração de fronteira inter-regional. D) migração pendular interestadual. E) migração sazonal ao Norte. Resolução Alternativa A. O mapa nos mostra, entre outros movimentos, o elevado fluxo que corresponde às migrações de retorno em direção à Região Nordeste, partindo principalmente do estado de São Paulo. Questão 2 - (Enem) “Foi lento o processo de transferência da população para as cidades, pois durante séculos o Brasil foi um país agrário. Foi necessário mais de um século (século XVIII a século XIX) para que a urbanização brasileira atingisse a maturidade; e mais um século para que assumisse as características atuais.” ENDLICH, A. M. Perspectivas sobre o urbano e o rural. In: SPOSITO, M. E. B.; WHITACKER, A. M. (Orgs.). Cidade e campo: relações e contradições entre o urbano e o rural. São Paulo: Expressão Popular, 2006 adaptado). A dinâmica populacional descrita indica a ocorrência do seguinte processo: A) migração intrarregional. B) migração pendular. C) transumância. D) êxodo rural. E) nomadismo. Resolução Alternativa D. O texto do enunciado está se referindo ao processo de êxodo rural, ou seja, a saída da população do campo para a cidade. Por Paloma Guitarrara O que atraiu os migrantes para a região Norte?A alta taxa de crescimento econômico desses estados se deve a muitos fatores. Um dos principais é a expansão das fronteiras agrícolas, tanto da soja para exportação, quanto da pecuária e do extrativismo mineral.
Porque ocorrem as migrações Sul Norte?A migração do Sul para o Norte global é determinada, em grande parte, pela maior renda e pela condição de vida proporcionada nos países desenvolvidos.
Porque as pessoas migram de lugar quais os motivos?Os principais fatores repulsivos são: desemprego, fome, guerras, perseguição política ou religiosa e catástrofes naturais são motivos que levam as pessoas a migrarem.
Que motivos levaram tantas pessoas do Sul e do Nordeste a migrar para o Norte?Essa população foi motivada nesse século pelo Ciclo da Borracha, que se repetiu também durante a Segunda Guerra Mundial, conflito que ocorreu entre os anos de 1939 a 1945.
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