A insuficiência renal crônica (CID 10 - N18), também chamada de doença renal crônica, é uma doença caracterizada pela falência lenta, progressiva e silenciosa da função renal, responsável por filtrar o sangue e eliminar os resíduos nocivos ao organismo, como ureia e amônia. Show Como consequência, o problema provoca o acúmulo de líquidos e resíduos no organismo e afeta a maioria dos sistemas e funções do corpo, como a produção de glóbulos vermelhos, o controle da pressão arterial e a quantidade de vitamina D. O resultado final são múltiplos sintomas decorrentes da incapacidade dos rins de manter a homeostasia interna — o que exige tratamento intensivo com base na evolução da doença. A insuficiência renal crônica ocorre quando uma doença ou outra condição de saúde prejudica a função renal, causando danos aos rins — que tendem a agravar-se ao longo de vários meses e até mesmo anos. De acordo com Carlos Machado, clínico geral especialista em Medicina Preventiva e nefrologista, a hipertensão arterial é uma das principais causas da doença. Além dela, outras doenças e condições associadas ao quadro incluem:
"Metade dos pacientes que entram numa UTI por qualquer quadro grave de cirurgia, de traumatismo, de acidente ou de infecção, complicam com o rim e acabam precisando de hemodiálise. Muitos deles vão depender de acompanhamento especializado com nefrologista para o resto da vida", explica Carlos Machado. Ademais, evidências apontam uma elevada prevalência de lesões renais em pacientes internados em unidade de terapia intensiva (UTI) com a infecção pela COVID-19. Depois dos pulmões, os rins são os órgãos mais frequentemente afetados pela infecção. Leia também: Por que as variantes de coronavírus preocupam? A insuficiência renal crônica é uma doença que, à princípio, não apresenta sintomas e pode passar despercebida até estágios mais avançados. Na verdade, ela pode ser tão lenta que os sintomas não aparecem até que o funcionamento dos rins seja menor que um décimo do normal. Ou seja, quando a pessoa perceber, ela já está com o funcionamento dos rins completamente comprometido. Todavia, o paciente pode apresentar alguns sinais que são frequentes em outras doenças associada, como a hipertensão e o diabetes. Esses sintomas incluem:
Quando a doença atinge um estágio mais avançado, o paciente pode apresentar sintomas como:
Leia também: Como se formam as pedras nos rins? O diagnóstico da insuficiência renal crônica é clínico, realizado a partir de uma avaliação clínica e uma avaliação laboratorial. A hipertensão está quase sempre presente durante todos os estágios da doença renal, de forma que um exame neurológico pode mostrar sinais de dano nervoso. O médico pode escutar, com a ajuda de um estetoscópio, ruídos anormais no coração ou nos pulmões. O exame de urina pode, ainda, mostrar proteínas ou outras alterações. Essas alterações podem aparecer de seis meses a dez anos ou mais, antes do aparecimento dos sintomas. Os exames que verificam o funcionamento dos rins abrangem:
A insuficiência renal crônica altera os resultados de vários exames. Cada paciente necessita verificar os níveis de alguns sais e minerais presentes no sangue regularmente, com a frequência de dois a três meses aproximadamente, com a realização de um hemograma completo e de um exame para checagem de colesterol. Veja as substâncias cujos níveis essa doença costuma prejudicar:
As possíveis causas da insuficiência renal crônica podem ser identificadas em:
O médico pode, ainda, retirar uma pequena amostra do tecido que reveste os rins para análise laboratorial. Esse teste também pode ajudar a identificar as possíveis causas da insuficiência renal crônica. Os fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver insuficiência renal crônica incluem:
Marque uma consulta com um nefrologista, que é o médico especialista em rins. No consultório, descreva todos os seus sintomas e procure esclarecer todas as suas dúvidas também. Responda adequadamente às perguntas que o médico poderá lhe fazer. Vejas exemplos:
Procure ajuda médica se você apresentar quaisquer sinais ou sintomas de insuficiência renal crônica. Se você tiver uma condição médica que aumenta o risco de doença renal crônica, o médico deverá fazer monitoramento constante da pressão arterial e da função renal por meio de exames de sangue e de urina, que deverão ser feitos com regularidade, bem como as consultas, que devem obedecer a uma periodicidade. O tratamento da insuficiência renal crônica irá depender do avanço da doença e, no geral, consiste no controle das doenças subjacentes e fatores contribuintes — como a hipertensão e o diabetes. Controlar a pressão arterial é um dos principais passos do tratamento para atrasar a maior parte dos danos causados pela insuficiência renal. O objetivo desta fase do tratamento é manter a pressão arterial abaixo de 130/80 mmHg. Outros tratamentos podem incluir:
Alterações na rotina e nos hábitos diários e alimentares também devem ocorrer. Aliados ao tratamento médico, essas adaptações à atual condição são essenciais para garantir a qualidade de vida do paciente. O momento para começar a hemodiálise depende de diferentes fatores, como os resultados dos exames de laboratório, a gravidade dos sintomas e a disposição do paciente para as sessões. O paciente deve começar a se preparar para a diálise antes que ela seja efetivamente necessária. A preparação envolve aprender sobre ela e os tipos existentes, além dos procedimentos que devem ser realizados antes das sessões. Como é a hemodiálise é feita? A hemodiálise é um procedimento de circulação extracorpórea, uma vez que o sangue do paciente é sugado pela bomba da máquina e circula através de um circuito, que atinge um filtro dialisador. No processo, ocorre a remoção da água e de substâncias impuras, além do controle de teores de nutrientes e ácidos — funções que os rins não são mais capazes de fazer. Leia mais: Não é sentença: histórias de quem vive graças à hemodiálise O transplante de rim surge como uma das últimas opções para um paciente de insuficiência renal crônica e consiste no implante de um rim saudável no paciente, que passa a exercer as funções de filtração e eliminação de líquidos e toxinas. Nesse processo, o rim transplantado é doado de uma pessoa viva ou falecida. Os medicamentos mais usados para o tratamento de insuficiência renal crônica são:
Os medicamentos contraindicados para insuficiência renal crônica são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula. Muitas pessoas somente são diagnosticadas com insuficiência renal crônica quando já perderam grande parte da função dos rins. Não há cura para a doença renal crônica. Quando não tratada, ela normalmente evolui para falência renal terminal, que pode levar à morte. O tratamento durante toda a vida pode ajudar controlar os sintomas da doença renal crônica. De acordo com Carlos Machado, dependendo da causa da insuficiência renal, é possível reverter apenas parcialmente as lesões causadas nos órgãos. Para reduzir o risco de insuficiência renal crônica, é importante realizar acompanhamento médico preventivo, a partir de exames de rotina capazes de diagnosticar precocemente a doença. Além disso, a adoção de alguns hábitos de vida podem ajudar a prevenir o problema, tais como:
Medidas caseiras devem ser tomadas em conjunto com o tratamento médico e que podem ajudar em sua efetividade, como:
Mudanças na dieta também deverão acontecer, como:
Leia também: Calor aumenta chance de problemas renais: saiba como evitar Se não tratada corretamente, a insuficiência renal crônica pode levar a complicações de saúde graves, como:
Carlos Machado, clínico geral especialista em Medicina Preventiva e nefrologista - CRM/SP 41937 RQE 10659 Quanto tempo uma pessoa com insuficiência renal vive?A sobrevida média, segundo a literatura, é de 10 anos, mas sabemos que isso depende de muitos fatores, como serviço, atendimento, horas de diálise, etc.
É possível viver bem com doença renal crônica?É normal que o paciente se sinta abalado e inseguro ao ser diagnosticado com uma doença crônica que pode interferir na sua rotina. Porém, campanhas como o “Dia Mundial do Rim” mostram que é possível que o paciente tenha uma vida cotidiana saudável e confortável mesmo com a doença.
Como é a vida de um paciente renal crônico?Geralmente ocorre uma alteração importante no cotidiano: a pessoa precisa abandonar algumas atividades e lidar com as sessões de quatro horas de hemodiálise, ao menos três vezes por semana. A aceitação da doença é o primeiro passo para que o paciente obtenha qualidade de vida durante o tratamento.
Como reverter a insuficiência renal crônica?Nessa situação não há cura e a pessoa com essa doença na forma terminal deve fazer um tratamento que substitua os rins e possibilite a manutenção da vida. Esse deve ser feito, na maioria dos casos, pelo resto da vida. As opções são: transplante renal, diálise peritoneal, hemodiálise e hemodiafiltração.
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