Por que o Brasil apresenta a maior porcentagem no transporte de carga rodoviária?

O transporte rodoviário no Brasil, por razões históricas, é predominante em relação aos demais tipos, apesar de seus elevados custos e problemas.

O Transporte Rodoviário é o meio de deslocamento mais utilizado no Brasil, sendo responsável por 62% do escoamento de cargas no país. Essa predominância intensificou-se a partir da década de 1950, com a entrada da indústria automobilística estrangeira. Observe o quadro abaixo:

Por que o Brasil apresenta a maior porcentagem no transporte de carga rodoviária?

Quadro comparativo do uso dos meios de transporte em alguns países*

Podemos perceber que a estratégia brasileira de beneficiar o uso das rodovias, entre os países acima listados, não é predominante. Isso se revela em razão dos elevados gastos que esse tipo de transporte demanda, tanto na construção quanto na manutenção das rodovias, isso sem falar que os gastos relacionados com os combustíveis também são maiores em veículos automotivos.

Para se ter uma ideia, estudos apontam que o transporte rodoviário pode ser até cinco vezes mais caro que o ferroviário, em média. Um trem, com um litro de óleo diesel, transporta a mesma quantidade que 4,5 caminhões, cada um com a mesma quantidade de combustível. Se o uso de transporte hidroviário predominasse, um navio seria capaz de transportar o mesmo que 29 caminhões.

Assim, podemos considerar que os investimentos na construção e manutenção de rodovias são elevados e não possuem uma relação entre custo e benefício favorável, onerando os gastos com infraestrutura, algo primordial para o desenvolvimento de qualquer país. No Brasil, essa situação complica-se em virtude da extensão continental do território, que eleva ainda mais os gastos na construção de estradas para recobrir todas as regiões brasileiras.

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Um outro problema está no fato de que os veículos automotivos consomem mais combustíveis, o que eleva a dependência do país em recursos energéticos, principalmente em relação ao petróleo. Esse combustível, ademais, é responsável por elevar a emissão de poluentes tóxicos na atmosfera.

Quanto aos gastos com a manutenção das estradas, o Brasil enfrenta mais um problema. Além de serem extremamente caras, a pavimentação e a repavimentação delas são consideradas de baixa qualidade no país. As estradas brasileiras possuem em média 5 anos de uso, diferentemente dos 20 anos de duração em países como Estados Unidos e algumas nações europeias.

Apesar de tantos problemas, o transporte rodoviário apresenta algumas vantagens: uma delas é a facilidade nos procedimentos de carga e descarga de produtos, não sendo necessários os auxílios de outros meios e nem de operações complexas, como o que ocorre em portos.

O Brasil, atualmente, possui 1,75 milhão de quilômetros de estradas, mas apenas 172.900 delas são pavimentadas (menos de 10%). Além disso, entre elas, muitas já possuem mais de 10 anos de pavimentação. Para contornar esse problema e alavancar os avanços em infraestrutura para facilitar o escoamento e exportação de produtos, o governo federal vem elevando os investimentos no setor, além de ter voltado a investir em outros transportes, como as ferrovias (a exemplo da construção em andamento da Ferrovia Norte-Sul).

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* Quadro adaptado de: VESENTINI, J. W. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Editora Ática, 2012. p.579.

Por: Rodolfo F. Alves Pena

O Brasil é um país com dimensões continentais, apresentando uma larga extensão norte-sul, além de uma grande distância no sentido leste-oeste em sua porção setentrional. Por esse motivo, é necessária uma ampla rede articulada que ligue os diferentes pontos do território nacional a fim de propiciar o melhor deslocamento de pessoas e mercadorias.

Além disso, para que o país possa ampliar as exportações, importações e, principalmente, os investimentos estrangeiros, é necessário que os meios de transporte ofereçam condições para que os empreendedores tanto do meio agrário quanto do meio industrial possam ter condições de exercer suas funções sociais. No Brasil, a estratégia principal foi a de priorizar a estruturação do sistema rodoviário – sobretudo a partir do Governo JK – em detrimento da construção de ferrovias e hidrovias, que só recentemente vêm recebendo maiores investimentos.

As rodovias no Brasil

O transporte rodoviário no Brasil foi – e ainda é – o meio responsável pela maior parte dos fluxos de bens e pessoas no país, que priorizou a sua construção para favorecer as empresas estrangeiras do setor automobilístico e promover a entrada delas no país. A expectativa era estruturar o modal rodoviário a fim de propiciar a construção de polos industriais de automóveis no Brasil com o objetivo de ampliar a geração de empregos, embora hoje as indústrias desse setor empreguem cada vez menos trabalhadores, em função das novas tecnologias fabris.

Outra característica da implantação das rodovias no Brasil foi a integração das diferentes partes do território brasileiro, que concentrou seus investimentos nas regiões litorâneas. Esse quadro começou a mudar ao longo do século XX, destacando-se a construção da capital Brasília. Assim, rodovias como Belém-Brasília, Cuiabá-Porto Velho e tantas outras tinham como preocupação estabelecer a ligação entre pontos e localidades até então desconectados.

A grande crítica a essa dinâmica questiona a opção por rodovias, algo não muito recomendado para países com larga extensão territorial, como o Brasil. Em geral, as estradas costumam ter um custo de manutenção mais elevado do que outros meios de transporte, como o ferroviário e o hidroviário, além de um maior gasto com combustíveis e veículos. Em virtude dos elevados custos e da política neoliberal de redução dos gastos públicos em investimentos estruturais, iniciou-se uma campanha de privatização das rodovias, que encontrou o seu auge na década de 1990, mas que ainda ocorre atualmente através de concessões públicas.

Apesar disso, a qualidade das rodovias no Brasil é bastante ruim, além da larga quantidade de estradas não pavimentadas. Elas oneram os gastos públicos, que muitas vezes não conseguem atender às necessidades principais, fator que não se modifica nem com as privatizações, uma vez que as concessões costumam ocorrer apenas com as estradas que já estão prontas e estruturadas.

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Trecho da rodovia Belém-Brasília em Tocantins (BR-153) ¹

As ferrovias no Brasil

O transporte ferroviário no Brasil foi predominante até o final do século XIX, quando estruturava os deslocamentos de mercadorias da economia cafeeira, sendo, por essa razão, bastante consolidado na região Sudeste. As ferrovias, apesar dos elevados custos em suas construções, possuem baixos gastos em manutenção, o que não impediu que, de 1950 até os dias atuais, várias delas fossem sucateadas e até desativadas.

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Além disso, existem várias ferrovias no Brasil em construção, mas que as obras encontram-se inacabadas, muito embora os recentes investimentos por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) trabalhem para modificar esse cenário. A principal ferrovia no Brasil em construção é a Ferrovia Norte-Sul, que já possui algumas áreas concluídas e em operação (ou com uso e operação a serem efetuados em breve).

Após a privatização de boa parte das ferrovias nacionais na década de 1990 e da derrocada da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), empresa estatal responsável por administrá-las, a participação das ferrovias no Brasil até aumentou, apesar de atender interesses e deslocamentos muito específicos e limitados. Ainda hoje, a malha ferroviária nacional concentra-se nas regiões Sul e Sudeste.

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Trecho da rodovia norte-sul na cidade de Imperatriz (MA) ²

As hidrovias no Brasil

O transporte hidroviário é o que possui a menor representatividade e participação nos sistemas de deslocamento nacional, o que é uma grande contradição, haja vista o grande potencial que o país possui para esse modal. No Brasil, a rede hidroviária é muito ampla e muitos rios são navegáveis sem sequer exigir a construção de grandes empreendimentos e estruturas, como obras de correção e instalação de equipamentos.

Uma justificativa para a negligência de investimentos nas hidrovias brasileiras é a existência de muitos rios de planalto, que são mais acidentados e exigem mais obras de correção para facilitar o transporte. Os rios de planície, mais facilmente navegáveis, encontram-se em áreas afastadas dos grandes centros econômicos.

Por outro lado, cita-se a concentração de investimentos em rodovias em áreas onde o mais indicado seria o investimento em hidrovias, cujo exemplo mais notório é o caso da Transamazônica, uma estrada construída quase que paralelamente ao rio Amazonas, de fácil navegação.

No entanto, a partir dos anos 1980 e sobretudo após a criação do Mercosul, que passou a exigir mais das hidrovias para a integração do Cone Sul, os investimentos públicos nessa área elevaram-se, mas ainda são insuficientes. As principais hidrovias do Brasil são a Tietê-Paraná, a do Rio São Francisco, a do Amazonas, entre outras.

Por que o Brasil apresenta a maior porcentagem no transporte de carga rodoviária?

Eclusa em operação na Hidrovia Tietê-Paraná ³

Em resumo, o que se percebe é que os meios de transporte no Brasil precisam de diversificação para que haja menos dependência das rodovias nos deslocamentos de mercadorias e pessoas. Em geral, é necessária a instalação de uma matriz multimodal, ou seja, com vários sistemas de transportes diferentes integrados. Outra necessidade é uma maior integração rumo ao oeste do país, principalmente em direção aos países sul-americanos e ao Oceano Pacífico, com vistas a ampliar as trocas comerciais dentro do continente e em direção aos países asiáticos.

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¹ Créditos da imagem: Agência CNT de Notícias / Wikimedia Commons

² Créditos da imagem: Etore.Santos / Wikimedia Commons

³ Créditos da imagem: Hermógenes Teixeira Pinto Filho / Wikimedia Commons

Por que o Brasil ainda apresenta a maior parte no transporte de carga rodoviário?

A industrialização brasileira a partir da década de 1930 trouxe a necessidade de maior integração do mercado interno e de maiores investimentos no transporte rodoviário. Aos poucos, foi sendo implantada uma malha rodoviária nacional, conectando os estados brasileiros as áreas industriais da região Sudeste.

Por que predomina no Brasil o transporte rodoviário?

O escoamento da produção agropecuária predomina nas estradas. A malha rodoviária transporta 75% de tudo o que é produzido no país e o resto é escoado pelas vias marítima, aérea e ferroviária. Por esse motivo, a dependência dos caminhoneiros é tão grande.

Por que o Brasil depende tanto do transporte rodoviário BBC Brasil?

O Brasil tem dimensão continental e produz quantidades de commodities, tanto agrícolas quanto minerais, que precisam ser transportadas por meios razoáveis e racionais, não por apenas caminhões. É inacreditável que para levarmos soja até o porto de Santos, essa mercadoria precise ser escoada antes por rodovias", diz.

Porque o transporte rodoviário é o mais utilizado no Brasil Brainly?

Custos mais em conta O frete rodoviário ainda possui, mesmo com a multiplicação de pedágios, concessões e preços cada vez mais caros do óleo diesel, uma vantagem de custo considerável sobre o transporte em outros modais.