Como é feito o controle do sistema digestório pelo sistema nervoso autônomo e sistema nervoso entérico?

Os movimentos peristálticos ocorrem como consequência da contração dos músculos lisos que constituem os órgãos do tubo digestório. Esses movimentos, chamados normalmente apenas de peristaltismo, são essenciais para o processo digestivo, uma vez que garantem a movimentação dos alimentos ao longo do sistema digestório.

→ Como ocorrem os movimentos peristálticos?

Os movimentos peristálticos são movimentos involuntários rítmicos que ocorrem graças a comandos do nosso sistema nervoso, mais precisamente o sistema nervoso autônomo. Essa porção do sistema nervoso é responsável por comandar as ações internas do nosso corpo, tais como o ritmo cardíaco e a secreção de algumas glândulas, além, é claro, do controle da musculatura lisa.

O sistema nervoso autônomo é dividido em duas partes distintas: o sistema nervoso simpático e o parassimpático. Normalmente, enquanto um estimula a ação de um órgão, o outro causa sua inibição. No caso dos movimentos peristálticos, o parassimpático aumenta o peristaltismo, enquanto o simpático ocasiona a inibição dos movimentos.

→ Os movimentos peristálticos nos órgãos do sistema digestório

  • Esôfago

    Na boca, o alimento é mastigado e misturado à saliva, passando a ser chamado de bolo alimentar. Esse bolo é empurrado pela língua em direção à faringe para que, posteriormente, chegue ao esôfago. Nesse último órgão, os movimentos peristálticos levam o alimento até o estômago. Esse caminho dura, em média, 10 segundos.

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    O movimento peristáltico no esôfago é um movimento ondulado que, literalmente, empurra o bolo alimentar em direção ao estômago. Esse movimento é tão eficiente que garante o sentido do alimento mesmo que fiquemos de cabeça para baixo.

Como é feito o controle do sistema digestório pelo sistema nervoso autônomo e sistema nervoso entérico?

Observe o movimento peristáltico ocorrendo no esôfago

  • Estômago

    No estômago, movimentos peristálticos também estão presentes e garantem que o bolo alimentar misture-se com o suco gástrico produzido por esse órgão. A mistura formada deixa de ser chamada de bolo alimentar e passa a ser chamada de quimo.

  • Intestino

    No intestino delgado, os movimentos peristálticos garantem, principalmente, a movimentação do quimo, mas também ajudam na homogenização com enzimas digestivas, secreções e a bile, processo em que o quimo transforma-se em quilo. A movimentação da massa alimentar ocorre por dois tipos de movimentos peristálticos, um movimento lento e limitado a pequenas porções do intestino e movimentos longos e rápidos que garantem a movimentação em longos segmentos.

    No intestino grosso, mais precisamente no cólon, também ocorrem movimentos peristálticos, entretanto, esses recebem o nome de movimentos de massa. Esses movimentos garantem a preparação para o processo de defecação.

    Você sabia que o nosso cérebro está intimamente conectado com o intestino graças ao sistema nervoso entérico? Já ouviu dizer que o intestino é o segundo cérebro? O sistema nervoso entérico, junto dos sistemas nervosos simpático e parassimpático, constituem o sistema nervoso autônomo. A magnitude e complexidade do sistema nervoso entérico é imensa e contém tantas neurônios como a medula espinhal.

    Os principais componentes do sistema nervoso entérico são duas redes ou plexos de neurônios, o plexo mientérico e o submucoso. Nesse artigo de Psicologia-Online, te explicamos o sistema nervoso entérico e sua fisiologia, assim como a sua relação com as emoções.

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    Índice

    O que é o sistema nervoso entérico: o segundo cérebro

    O sistema nervoso exerce uma profunda influência em todos os processos digestivos, como a motilidade, o transporte de íons associados à secreção e à absorção, e o fluxo sanguíneo gastrointestinal. Parte desse controle é produzido pelas conexões existentes entre o sistema digestivo e o sistema nervoso central, mas o sistema digestivo também está dotado do seu próprio sistema nervoso local, denominado sistema nervoso entérico.

    A conexão intestino-cérebro, também chamada de relação intestino-cérebro, pode soar como algo muito estranho, mas na verdade, não é! A maioria das pessoas se refere a esse conceito sem sequer saber que o está fazendo. Por exemplo, quando está sob estresse, você come mais do que o normal ou apresenta sinais de indigestão? Agora você saberá porque!

    Intestino: segundo cérebro

    Por vezes, quando nos estressamos, sentimos dores gástricas, assim como dores intestinais. Isso se deve a que o nosso trato gastrointestinal contém muitos nervos (especificamente 200 - 600 milhões de neurônios) que vão desde o esôfago até ao ânus. Esse sistema se chama sistema nervoso entérico e é a razão pela qual o intestino também é chamado de segundo cérebro.

    Este segundo cérebro é sensível às emoções que ameaçam a nossa vida, ou seja, a resposta de combate ou fuga e os sinais que captam serão enviadas à outra rede nervosa do nosso intestino, o sistema nervoso central, para executar a resposta, como a ativação dos centros de defecação (o que se traduz em ir mais vezes ao banheiro) ou a alteração da produção de suco gástrico através de sinais enviados ao estômago.

    Além disso, para reagir às emoções, necessitamos este sistema nervoso entérico, já que garante um bom fluxo sanguíneo em direção ao intestino e uma digestão adequada dos alimentos.

    Sistema nervoso entérico: fisiologia e componentes

    Para entender o que é o sistema nervoso entérico é preciso conhecer sua composição. Ele está formado principalmente por dois plexos, os quais estão incrustados na parede do trato digestivo e se estendem desde o esôfago até ao ânus:

    • O plexo mientérico está situado entre as capas do músculo da túnica muscular e, de forma adequada, exerce um controle sobre a motilidade do trato digestivo.
    • O plexo submucoso que, como o seu nome indica, está enterrado na submucosa. A sua função principal é detectar o ambiente dentro do lumen, regular o fluxo sanguíneo gastrointestinal e controlar a função das células epiteliais. Em regiões onde estas funções são mínimas, como o esófago, o plexo submucoso é escasso e pode faltar em secções.

    Além dos plexos nervosos entéricos maiores, existem plexos menores embaixo da serosa, dentro do músculo liso circular e na mucosa.

    Dentro dos plexos entéricos existem três tipos de neurônios a maioria das quais são multipolares:

    • Os neurônios sensoriais recebem informação dos receptores sensoriais na mucosa e no músculo. Foram identificados pelo menos cinco receptores sensoriais diferentes na mucosa, que respondem a estímulos mecânicos, térmicos, osmóticos e químicos. Foram encontrados quimiorreceptores sensíveis aos ácidos, à glucosa e aminoácidos que, em suma, permitem a "degustação" dos conteúdos lumínicos. Os receptores sensoriais no músculo respondem ao alongamento e à tensão. Coletivamente, os neurônios sensoriais entéricos apresentam um grupo completo de informações sobre o conteúdo intestinal e o estado da parede gastrointestinal.
    • Os neurônios motores dentro do plexo entérico controlam a motilidade e secreção gastrointestinal, e possivelmente a absorção. No desempenho dessas funções, os neurônios motoras atuam diretamente sobre um grande número de células efetoras, incluindo o músculo liso, as células secretoras (principais, parietais, mucosas, enterocitárias, exócrinas pancreáticas)
    • Os neurônios internos são, em grande medida, responsáveis por integrar a informação dos neurônios sensoriais e de proporcioná-la aos neurônios motores entéricos. ("programadores").

    Agora que você já sabe o que é o sistema nervoso entérico e como ele é formado poderá entender a conexão entre intestino e emoções.

    Como é feito o controle do sistema digestório pelo sistema nervoso autônomo e sistema nervoso entérico?

    Relação entre intestino e emoções

    Outro exemplo de estilo de vida para ilustrar esta relação intestino-cérebro, ou intestino e emoções, seria o papel da serotonina e como os níveis de serotonina no nosso corpo podem afetar o nosso estado de ânimo e sono. A serotonina é um neurotransmissor produzido pelo nosso cérebro e pelo trato gastrointestinal, sendo este último o maior produtor de serotonina. A relação entre neurotransmissores e emoções é muito estreita, pelo que, nesse caso, podemos observar uma relação direta entre as emoções e o sistema nervoso entérico.

    Aproximadamente, 80-90% da serotonina do nosso corpo é produzida no nosso trato gastro-intestinal.

    Serotonina e melatonina

    Foram encontrados níveis baixos de serotonina em pessoas com depressão, e não é de estranhar que a serotonina tenha sido chamada de "hormônio da felicidade". Além disso, o nosso cérebro usa serotonina para produzir melatonina, um hormônio da fundamental para ajudar-nos a dormir. Logo, a quantidade de serotonina que o corpo produz teria um impacto direto na qualidade e quantidade do seu sono.

    O microbioma intestinal e a nossa saúde emocional e mental

    Poucas pessoas sabem disso, mas a população da bactéria intestinal tem um impacto na saúde emocional e mental, assim como na nossa capacidade para dormir durante a noite. Um estudo que contou com 40 mulheres saudáveis concluiu que as mulheres com um porcentagem mais alto da espécie de bactérias Prevotella nas suas fezes apresentaram uma maior propensão a experienciar emoções negativas depois de verem imagens negativas em comparação com as mulheres com uma porcentagem mais alta da espécie de bactérias Bacteroides nas suas fezes.

    Da mesma forma, os indivíduos com autismo parecem ser mais susceptíveis a problemas gastrointestinais como a doença intestinal inflamatória e o intestino permeável, e isso pode se dever à alteração da composição microbiana do intestino. Contudo, quando este grupo de indivíduos recebe uma determinada cepa probiótica, notaram uma melhoria na integridade da barreira intestinal, assim como uma redução nas condutas relacionadas caracteristicamente com o autismo.

    Por último, existe uma estreita relação entre as nossas bactérias intestinais e o sono. As bactérias no nosso intestino ajudam na produção de serotonina (que logo passa a formar melatonina), mas você sabia que a nossa população microbiana intestinal pode ser afetada pela falta de sono ou por um sono de má qualidade? Isso significa que existe um círculo vicioso de privação de sono, má qualidade do sono e má saúde intestinal. Se você quer conhecer mais informação sobre esses dados curiosos, pode consultar o projeto MetaHIT de Francisco Guarner.

    Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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    Como ocorre a regulação do sistema nervoso entérico pelo sistema nervoso autônomo?

    Sistema nervoso entérico: mais do que processos digestivos Existem três tipos de neurônios nessa região do nosso corpo: neurônios eferentes, neurônios aferentes e interneurônios. Os neurotransmissores que regulam os processos desse conjunto de fibras nervosas são a acetilcolina, noradrenalina e adrenalina.

    Como o sistema nervoso controla o sistema digestivo?

    O controle neural da função gastrointestinal é predominantemente regido pelos neurônios intrínsecos do sistema nervoso entérico, embora possa haver modulação por parte de neurônios extrínsecos provenientes do sistema nervoso simpático, parassimpá- tico e neurônios sensoriais.

    Qual a função do sistema nervoso autônomo no trato digestivo?

    Os neurônios que se originam centralmente projetando-se para o trato gastrointestinal são responsáveis pela manutenção das funções de digestão e absorção dos nutrientes provindos dos alimentos ingeridos, secreção, motilidade intestinal e defecação, mecanismos de defesa e perfusão vascular.

    O que é o sistema nervoso entérico e como ele interage com o sistema nervoso autônomo?

    O sistema nervoso entérico é conhecido como "cérebro do intestino". Ele funciona de forma independente, mas algumas interações complexas existem com o sistema nervoso autônomo. Existem dois grandes grupos de plexos na parede do trato gastrointestinal.