Como eram as relações internacionais durante a Guerra Fria?

As relações internacionais eram mais simples durante a Guerra Fria, afirmou nesta terça-feira (22) o secretário de Estado americano, John Kerry.

"Talvez não fosse muito evidente para os grandes líderes da época, mas durante a Guerra Fria era mais fácil do que hoje em dia", declarou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos durante um discurso em Washington.

Como eram as relações internacionais durante a Guerra Fria?
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, faz discurso em Washington nesta terça-feira (22) (Foto: J. Scott Applewhite/AP)

"As opções eram menos variadas, menos complicadas, mais contrastadas, mais claras: comunismo ou democracia, Oeste ou Leste. A cortina de ferro era uma grande linha de divisão", exemplificou.

"Devemos navegar em meio a um planeta muito mais complicado", indicou, mencionando o caso do Oriente Médio e das divisões internas no mundo muçulmano, entre xiitas e sunitas.

"Sem dúvida, devemos enfrentar problemas complicados na Ucrânia, lutamos na Síria e no Oriente Médio. Mas somos capazes de manter a calma em zonas amplas" do mundo, disse Kerry.

O secretário também enumerou recente êxitos diplomáticos, como os acordos sobre as armas químicas na Síria e o programa nuclear iraniano.

Entre as décadas de 40 e 60, "podíamos tomar decisões ruins e ganhar mesmo assim, porque éramos (os Estados Unidos) praticamente a única potência econômica e militar. Hoje não é mais o caso", concluiu.

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Guerra Fria é o nome utilizado para falar do cenário político internacional no período após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando Estados Unidos (EUA) - capitalista - e União Soviética (URSS) - socialista - polarizaram as relações internacionais. A expressão guerra fria define bem a situação existente naquele contexto porque as duas potências não chegaram a se enfrentar diretamente em um conflito armado. O fato de que ambas as potências possuíam a bomba atômica foi fundamental para que um conflito direto não acontecesse entre elas, pois sabia-se que uma vez iniciada uma guerra de fato, essa não acabaria sem a destruição total do inimigo e, talvez, de boa parte do planeta.

Como eram as relações internacionais durante a Guerra Fria?

A Guerra Fria polarizou o planeta entre Estados Unidos e União Soviética. Foto: Gutzemberg / Shutterstock.com

Desenhou-se então um cenário de disputa internacional por poder em que cada um dos lados aproveita-se de toda oportunidade para expandir seu domínio e influência pelo mundo. A fim de unir militarmente os países alinhados do Ocidente, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em 4 de abril de 1949, com a participação de Estados Unidos, Canadá, Portugal, Itália, Noruega, Dinamarca, Islândia, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, França e Reino Unido. Já os países alinhados a URSS, como Alemanha Oriental, Bulgária, Hungria, Polônia, Tchecoslováquia e Romênia organizaram-se, em 14 de maio de 1955, no Pacto de Varsóvia. As duas organizações tinham por objetivo garantir a proteção mútua dos seus membros, assim, caso um país fosse atacado, seus aliados deveriam intervir e/ou enviar ajuda.

Apesar de não terem combatido diretamente, Estados Unidos e União Soviética envolveram-se em conflitos através de guerras em países periféricos, como a Guerra do Vietnã (1959-1975), Guerra do Afeganistão (1979–1989) e a Guerra das Coreias (1950-1953), em que cada uma das potências apoiou belicamente um grupo armado diferente a fim de que seus interesses fossem defendidos naquelas regiões.

Investimentos em tecnologia, armas e propaganda foram elementos centrais na Guerra Fria. Cada um dos lados buscava provar para o mundo sua superioridade e a do modelo econômico que defendia. A competição chegou a ultrapassar os limites do próprio planeta Terra no final da década de 1950 com a chamada Corrida Espacial, isso é, a disputa pelo pioneirismo na conquista do espaço quando, em 4 de outubro de 1957, os soviéticos lançaram o primeiro satélite artificial do planeta, o Sputnik.

Em outubro de 1962, a tensão entre os dois países aumentou no episódio chamado de Crise dos Mísseis de Cuba, quando a URSS posicionou mísseis direcionados ao país inimigo na ilha caribenha, também comunista e sua aliada, em resposta aos mísseis instalados pelos estadunidenses na Turquia, país que fazia fronteira com os soviéticos.

Apesar de terem combatido juntos os países do Eixo - Alemanha, Itália e Japão - durante a Segunda Guerra Mundial, as relações entre Estados Unidos e União Soviética eram tensas. Os diferentes sistemas econômicos e políticos adotados pelos dois países eram antagônicos e concorrentes. De um lado, o capitalismo estadunidense e seu sistema político democrático; do outro, o comunismo soviético sob o comando autoritário de Stalin desde 1922.

Com o fim da guerra se aproximando, a relação entre os dois países ficava cada vez mais complicada e, quando o conflito de fato terminou, já era evidente que a colaboração entre as duas potências também havia chegado ao fim. O inimigo comum - nazismo - era o que os mantivera lado a lado e, uma vez derrotado, cada um dos países buscou tratar dos seus próprios interesses políticos, econômicos e territoriais.

Entre os dias 17 de julho e 2 de agosto de 1945, na cidade alemã de Potsdam, aconteceu a última das reuniões entre os Países Aliados, com a presença de Joseph Stalin, líder soviético; de Harry S. Truman, presidente dos Estados Unidos; e de Winston Churchill, primeiro-ministro britânico. O objetivo dessa conferência era decidir o futuro da Alemanha, derrotada, e dos territórios ocupados pelos nazistas. O resultado foi a divisão da Alemanha em quatro zonas, ocupadas pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Soviética. A capital alemã, Berlim, foi também dividida entre as quatro potências. A zona soviética formou a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental), comunista, e as outras três uniram-se para formar a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental).

Foi dessa divisão que emergiu um dos maiores símbolos da Guerra Fria, o Muro de Berlim. Erguido em agosto de 1961 pela Alemanha Oriental para impedir que sua população fugisse para o lado ocidental, o muro dividiu a capital alemã até 9 de novembro de 1989, quando o Partido Comunista da Alemanha Oriental anunciou que a população poderia atravessar a fronteira para a República Federal da Alemanha livremente. A queda do muro, como ficou conhecido o episódio, simbolizou também o fim da Guerra Fria, pois mostrava o enfraquecimento do comunismo e a proximidade do colapso soviético, o que ocorreu pouco mais de dois anos depois, em 26 de dezembro de 1991.

Referências:
http://www.history.com/topics/cold-war/cold-war-history
http://www.historylearningsite.co.uk/modern-world-history-1918-to-1980/the-cold-war/what-was-the-cold-war/
http://www.nato.int/

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/guerra-fria/

A afirmação de Thomas Hobbes (1588 – 1679) se encaixa bem ao período conhecido como Guerra Fria, fenômeno pós Segunda Guerra Mundial, que durou cerca de 45 anos. No Brasil, um dos principais efeitos desta conjuntura internacional foi:

Como eram as relações internacionais na Guerra Fria?

Com o fim da Guerra Fria o mundo veria uma nova ordem mundial, o sistema bipolar seria substituído pelo unipolarismo americano no campo das políticas internacionais e pelo multipolarismo regido por outras grandes potências como o grupo G7 (EUA, Reino Unido, Japão, Alemanha, França, Canadá e Itália).

Quais foram os acordos internacionais da Guerra Fria?

Criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma estratégia dos Estados Unidos para manter alianças militares para que pudessem se proteger em casos de ataque; Assinatura do Pacto de Varsóvia entre União Soviética e aliados, que tinha como objetivo a união das forças militares de toda a Europa Oriental.

Como se deu as relações geopolíticas no contexto da Guerra Fria?

Durante a Guerra Fria, a maioria dos conflitos na área de geopolítica seguia a lógica da bipolaridade, ou seja, geralmente envolvia os EUA (Estados Unidos da América) ou a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

Como ficaram as relações internacionais depois da guerra?

Com o fim da Segunda Grande Guerra, a Europa, continente mais poderoso até então, teve grandes perdas, inclusive de seu status no mundo. Estados Unidos e União Soviética tornaram-se os novos centros de decisões político-econômicas. Entretanto, ambos queriam alcançar o poder máximo e rivalizavam em dois blocos.