Qual é o tipo de relação entre o boi e as bactérias que vivem no seu estômago?

Mutualismo

Na natureza, todos os seres vivos estão intimamente ligados e relacionados; estreita é a interdependência entre animais e vegetais, nutrindo-se estes do húmus, utilizando-se do gás carbônico aqueles, tirando das plantas todos os elementos indispensáveis à vida.

Os microrganismos que habitam um ecossistema exibem diferentes tipos de associações ou interações. Algumas das associações são neutras ou indiferentes; outras são benéficas ou positivas; outras, ainda, são prejudiciais ou negativas.

O mutualismo é um exemplo de relação simbiótica na qual cada organismo recebe benefícios da associação. O modo pelo qual se manifesta esse benefício é variado. Cada uma das bactérias Lactobacillus arabinosus e Streptococcus faecalis produz um metabólito essencial, exigido pelo outro. Num meio quimicamente definido, desprovido de ácido fólico e de fenilalanina, ambos crescem porque:

  • o Lactobacillus arabinosus produz o ácido fólico exigido pelo Streptococcus faecalis;
  • o Streptococcus faecalis produz a fenilalanina requerida pelo Lactobacillus arabinosus.

Tendo em vista sua importância econômica, as associações dos microrganismos do leite e seus produtos têm sido intensivamente estudadas. As culturas iniciadoras consistem em flora mista, compreendendo, usualmente, a presença de Streptococcus lactis, de Leuconostoc dextranicum e de Leuconostoc citrovorum. O Streptococcus lactis fermenta a lactose até ácido cítrico que é, então fermentado pelos outros dois microrganismos, até a obtenção de compostos voláteis como o diacetil e o acetilmetilcarbinol. A associação é mutualística pois o Streptococcus lactis, sozinho, pode formar, apenas, pequenas quantidades de substâncias voláteis, ao passo que as duas espécies do gênero Leuconostoc não produzem essas substâncias se o pH do meio não estiver baixo.

Os estudos efetuados sobre o efeito da produção de ácidos na fermentação do citrato em culturas com os Leuconostoc mostraram que a maior produção de diacetil ocorre entre pH 4,1 e 4,4. Já que tais organismos não podem crescer no baixo pH necessário à formação dos produtos voláteis, torna-se necessário que seja atingida uma alta população antes que o pH caia até o nível inibitório.

Os animais ruminantes - bois, girafas, carneiros, cabras, veados, camelos - alimentam-se fundamentalmente de capim e de outras plantas herbáceas. O alimento ingerido - "cortado e logo engolido" - voltará à boca para ser remastigado - ruminado - e, então, novamente engolido.

Os estômago dos ruminantes apresentam-se dividido em quatro câmaras: pança ou rúmen, retículo ou barrete, folhoso ou ômaso, coagulador ou abômaso. O verdadeiro estômago é representado pela 4a câmara, sendo as três primeiras dilatações do esôfago.

Qual é o tipo de relação entre o boi e as bactérias que vivem no seu estômago?

A pança - com volume de 100 litros na vaca - funciona como um enorme recipiente com um sistema de cultura contínua, visto que o animal engole alimento que se mistura com a saliva e a flora microbiana que aí reside. O material colocado no rúmen é constituído de celulose, oriunda do pasto ou da forragem. Esses animais, contudo, não elaboram celulase, enzima exigida para a digestão da celulose.

Esta digestão se torna possível em virtude da presença de uma associação mutualística com bactérias e protozoários especializados. A pança contém uma população numerosa e diversificada de microrganismos - há dezenas de bilhões de micróbios por mililitro de rúmen líquido. Tais germes proporcionam as enzimas necessárias à degradação da celulose e à formação dos produtos finais que os mamíferos podem usar como alimento.

Qual é o tipo de relação entre o boi e as bactérias que vivem no seu estômago?

As bactérias típicas do rúmen são anaeróbias obrigatórias - gêneros Bacteroides, Ruminococcus, Streptococcus, Succinimonas, Selenomonas, Methanobacterium etc. Há, ainda, grande número de protozoários ciliados que coabitam na mesma câmara - Entodinium, Diplodinium, Isotrichia - os quais são os predadores dominantes do rúmen, alimentando-se, continuadamente, da flora bacteriana.

Característica muito importante do meio ambiente do rúmen é a constância de alimento disponível para os microrganismos, o que se deve aos hábitos alimentares dos ruminantes. As atividades metabólicas dos germes celulolíticos levam à formação de celobiose e de glicose. Tais produtos são metabolizados por outros microrganismos, com a produção de dióxido de carbono, metano e uma mistura de ácidos graxos (usados como fontes energéticas para o animal).

Os microrganismos existentes no rúmen também funcionam na digestão e outros carboidratos complexos, tais como o amido e a pectina, assim como na digestão de carboidratos solúveis, de proteínas e de lipídios. Além dessas funções digestivas, os germes do rúmen sintetizam aminoácidos, proteínas e vitaminas usadas pelo hospedeiro, assim como por algumas espécies da microflora da pança.

Qual é o tipo de relação entre o boi e as bactérias que vivem no seu estômago?

As vacas, assimilando as proteínas bacterianas, podem produzir um leite rico em proteínas, mesmo comendo predominantemente carboidratos. Há vantagens em adicionar sais de amônia à ração desses animais, pois além de aumentar o teor proteico do leite, o processo é muito mais barato do que uma ração com proteínas.

Após passar um tempo na pança e no barrete, o alimento é compactado e regurgitado de volta à boca - inversão involuntária do peristaltismo do esôfago - sendo calmamente mastigado (ruminação). Quando for novamente engolido, passa diretamente para o ômaso (3a câmara) - o que é possível pela existência de uma prega longitudinal na parede do esôfago. Aí continua a fermentação, além da ação mecânica, sobre o alimento que irá para a última câmara (coagulador).

É no coagulador que atua o suco gástrico, digerindo os alimentos, e ainda boa quantidade das bactérias mutualísticas. Portanto, além de garantirem a digestão da celulose pela enzima celulase que produziram, essas bactérias, quando digeridas, fornecem ainda as substâncias que sintetizaram - aminoácidos, proteínas e vitamina B12.

Qual é o tipo de relação entre o boi e as bactérias que vivem no seu estômago?

Qual é a relação entre o boi e as bactérias que vivem no seu estômago?

Os bovinos são herbívoros, mas, apesar disso, não produzem uma enzima denominada celulase, necessária para quebrar a celulose das folhas., Esse trabalho, então, é realizado pelas bactérias que, em troca, ganham alimentação e moradia.

O que são microrganismos mutualista?

A maneira como micro-organismos e seus hospedeiros se associam pode oscilar radicalmente, desde uma interação benéfica de mutualismo, em que a interação entre esses dois organismos pode ser tão íntima a ponto de um não viver sem o outro, até o parasitismo, em que um micro-organismo se beneficia em detrimento do ...