Quais regiões apresentam os maiores deslocados internos

Em janeiro de 2021, o ciclone Eloise deslocou moradores de Mungassa Inharimue, cidade de Beira, em Moçambique. Foto: OIM/Sandra Black

Genebra – Um recorde de 59,1 milhões de pessoas foram deslocadas internamente em 2021, de acordo com o Relatório Global sobre Deslocamento Interno (GRID, na sigla em inglês) do Centro de Monitoramento de Deslocamento Internacional (IDMC, em inglês), lançado recentemente. São 4 milhões de pessoas a mais vivendo em deslocamento no final de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020.

Nos últimos 15 anos, os desastres provocaram a maioria dos deslocamentos internos, com números anuais significativamente maiores do que os relacionados a conflitos e violência. O ano de 2021 não foi exceção – 23,7 milhões de deslocamentos internos, principalmente na Ásia-Pacífico, e resultantes de eventos relacionados ao clima, incluindo inundações, tempestades e ciclones. Com os impactos esperados das mudanças climáticas e sem ações climáticas ambiciosas, os números provavelmente aumentarão nos próximos anos.

Conflitos e violência provocaram 14,4 milhões de deslocamentos internos em 2021, um aumento de quase 50% em comparação com o ano anterior. A maioria dos deslocamentos internos ocorreu na África, particularmente na Etiópia e na República Democrática do Congo. Violência e conflitos também deslocaram um número sem precedentes de pessoas, no Afeganistão e em Mianmar.

O relatório deste ano inclui um foco especial no deslocamento interno de crianças e jovens, que representam mais de 40% do número total de pessoas deslocadas internamente em 2021. O relatório explora os impactos do deslocamento interno em seu bem-estar e seu futuro e preenche lacunas de dados e conhecimento que são essenciais para encontrar soluções duradouras que abordem os riscos e impactos do deslocamento em crianças e jovens hoje e no futuro e, por fim, contribui para construir sociedades mais resilientes e sustentáveis.

Permanecem lacunas na forma como entendemos e abordamos o deslocamento interno em contextos de conflito e desastre. A OIM, Agência da ONU para as Migrações, tem orgulho de fazer parceria com o IDMC e fornecer dados confiáveis e precisos por meio de sua Matriz de Monitoramento de Deslocamento (DTM, em inglês), a maior fonte mundial de dados primários sobre deslocamento interno. Com base em um relacionamento de longa data, a OIM e o IDMC assinaram uma Parceria Global em 2018 para unir forças na melhoria de dados e acelerar a formulação de políticas e ações sobre deslocamento interno. Desde 2020, a OIM também copreside a Aliança Internacional de Dados para Crianças em Movimento (IDAC, na sigla em inglês), uma coalizão de governos, organizações internacionais e regionais, ONGs, grupos de reflexão, acadêmicos e sociedade civil com o objetivo de melhorar estatísticas e dados sobre migrantes e crianças deslocadas à força. Compreender, gerenciar e adaptar-se às tendências de mobilidade humana é crucial para garantir que a assistência humanitária e os serviços essenciais cheguem às pessoas onde são mais necessários.

A OIM congratula o recém-lançado relatório GRID do IDMC como uma ferramenta valiosa para a organização e outros parceiros humanitários e governos em suas respostas à evolução das necessidades das comunidades afetadas por crises em todo o mundo.

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Kennedy Okoth,

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Em maio, o número de pessoas obrigadas a se deslocar no mundo atingiu a marca de 100 milhões, estimou a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

Até o final de 2021 este número era de 89,3 milhões, estatística que já era 8% maior do que o registrada em 2020 e bem mais do que o dobro de pessoas na mesma situação em 2011.

Além das crises humanitárias na África e em países como o Afeganistão, a invasão da Ucrânia pela Rússia está fazendo com que as pessoas fujam de perseguições, conflitos, violência, violações dos direitos humanos em uma velocidade nunca antes vista após a Segunda Guerra Mundial. 

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Legenda: Crianças sentadas do lado de fora da barraca da família no acampamento improvisado de Alzhouriyeh, na zona rural de Homs, na Síria.

Foto: © UNICEF

Hoje, uma em cada 78 pessoas na Terra está em situação de deslocamento, apontou nesta quinta-feira (16) a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Até maio de 2022, o ACNUR estima que mais de 100 milhões de pessoas foram deslocadas forçosamente em todo o mundo devido a perseguições, conflitos, violência, violações dos direitos humanos ou eventos que perturbaram a ordem pública.

O número de pessoas forçadas a deixar suas casas tem crescido ano após ano durante a última década e se encontra no nível mais alto desde que começou a ser registrado, consolidando uma tendência que só pode ser revertida por um novo e combinado esforço em favor da paz, disse a agência. 

Ao final de 2021, o número de pessoas deslocadas por guerras, violência, perseguições e abusos de direitos humanos era de 89,3 milhões (um crescimento de 8% em relação ao ano anterior e bem mais que o dobro verificado há 10 anos), de acordo com o relatório “Tendências Globais”, uma publicação estatística anual do ACNUR.

Desde então, a invasão da Ucrânia pela Rússia – que causou a mais veloz e uma das maiores crises de deslocamento forçado de pessoas desde a Segunda Guerra Mundial – e outras emergências humanitárias na África e Afeganistão, por exemplo, elevaram este número para a marca dramática de 100 milhões.

“Os números subiram em todos os anos da última década”, disse o alto comissário da ONU para refugiados, Filippo Grandi. “Ou a comunidade internacional se une para enfrentar esta tragédia humana, resolver conflitos e encontrar soluções duráveis, ou esta tendência terrível continuará”, completou.

O último ano foi notável em relação ao número de conflitos que se intensificaram e outros que surgiram: 23 países, com uma população combinada de 850 milhões de pessoas, enfrentaram conflitos de intensidade média ou alta, de acordo com o Banco Mundial.

Enquanto isso, a escassez de comida, a inflação e a crise climática estão aumentando a privação das pessoas e exigindo uma maior resposta humanitária no momento em que as projeções de financiamento para muitas dessas situações se apresentam sombrias.

Refugiados - Em 2021, o número de pessoas refugiadas atingiu a marca de 27,1 milhões. Chegadas aumentaram significativamente em Uganda, Chade e Sudão – entre outros países. A maioria destas pessoas é acolhida por países vizinhos com poucos recursos. O número de solicitantes do reconhecimento da condição de refugiado chegou a 4,6 milhões (um crescimento de 11%).

O ano anterior também verificou o 15º crescimento anual consecutivo no número de pessoas deslocadas dentro de seus próprios países, que chegou a 53,2 milhões. O aumento foi motivado por violência crescente ou conflitos em diferentes lugares, como Mianmar. O conflito em Tigray e em outras regiões da Etiópia levou a um deslocamento de milhões de pessoas dentro do país. Insurgentes no Sahel causaram novas ondas de deslocamento forçado, particularmente em Burquina Faso e no Chade.

Soluções - A velocidade e o volume do deslocamento têm superado a disponibilidade de soluções para as pessoas deslocadas – como retorno ao país de origem, reassentamento e integração local. Ainda assim, o relatório “Tendências Globais” traz alguns sinais de esperança. O número de retornos entre pessoas refugiadas e deslocadas internamente cresceu em 2021, retornando aos níveis anteriores à pandemia de COVID-19, com a repatriação voluntária subindo 71% – embora os números totais ainda sejam modestos. Cerca de 5,7 milhões de pessoas deslocadas à força retornaram para suas regiões ou países de origem em 2021, incluindo 5,3 milhões de deslocados internos e 429,3 mil pessoas refugiadas.

“Enquanto testemunhamos novas e terríveis situações de refugiados simultâneas às já existentes que permanecem ativas e sem solução, também verificamos exemplos de países e comunidades trabalhando juntos para encontrar soluções às pessoas deslocadas”, acrescentou Grandi.

“Isto tem acontecido em lugares específicos – como a cooperação regional para a repatriação de costa-marfinenses – e essas importantes decisões precisam ser replicadas e aumentadas em todos os lugares”, completou o alto comissário.

Américas - Na região das Américas, também há exemplos de boas práticas. “De todas as pessoas refugiadas e deslocadas à força, cerca de 20% delas estão nas Américas”, disse o diretor do escritório regional do ACNUR para a região, Jose Samaniego. “Os esforços dos países desta região para regularizar, oferecer proteção e integrar localmente estas pessoas são exemplos de solidariedade que requerem um maior apoio da comunidade internacional”, completou o diretor.

Embora o número de pessoas apátridas tenham crescido discretamente em 2021, cerca de 81,2 mil delas adquiriram nacionalidade ou a confirmaram, configurando a maior redução de casos de apatridia desde que o ACNUR iniciou a campanha #IBelong (#EuPertenço) em 2014.

Principais dados do relatório “Tendências Globais 2021”, do ACNUR

Ao final de 2021, o número de 89,3 milhões de pessoas incluía:

  • 27,1 milhões de refugiados, sendo 21,3 milhões de pessoas refugiadas sob o mandato do ACNUR e 5,8 milhões de pessoas refugiadas da Palestina sob o mandato da UNRWA
  • 53,2 milhões de pessoas deslocadas internamente
  • 4,6 milhões de solicitantes do reconhecimento da condição de refugiado
  • 4,4 milhões de pessoas da Venezuela deslocadas fora do seu país
  • A Turquia abrigava 3,8 milhões de pessoas refugiadas (a maior população em todo o mundo), seguido por Uganda (1,5 milhão), Paquistão (1,5 milhão) e Alemanha (1,3 milhão). A Colômbia acolhia 1,8 milhão de pessoas venezuelanas deslocadas fora do seu país.
  • O Líbano abrigava a maior população de pessoas refugiadas per capita (em relação aos habitantes do país): uma pessoa refugiada para cada oito habitantes. Em seguida, vem a Jordânia (uma para cada 14) e a Turquia (uma para cada 23).
  • Mais de dois terços (69%) das pessoas refugiadas vieram de apenas cinco países: Síria (6,8 milhões), Venezuela (4,6 milhões), Afeganistão (2,7 milhões), Sudão do Sul (2,4 milhões) e Mianmar (1,2 milhão).
  • Quatro dos 10 países de origem com maior número de solicitantes de asilo estão na América Latina e no Caribe: Nicarágua (2º lugar), Venezuela (4º), Haiti (5º) e Honduras (6º). Ao final de 2021, havia mais de 1,1 milhão de pessoas refugiadas e solicitantes de asilo de El Salvador, Honduras e Guatemala em todo o mundo. As solicitações de reconhecimento da condição de refugiado apresentadas por pessoas da Nicarágua em 2021 foram cinco vezes maiores que no ano anterior.

Quem são os deslocados internos?

São pessoas deslocadas dentro de seu próprio país, pelos mesmos motivos de um refugiado, mas que não atravessaram uma fronteira internacional para buscar proteção.

Qual a situação dos deslocados internos no mundo atual?

São 4 milhões de pessoas a mais vivendo em deslocamento no final de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020. Nos últimos 15 anos, os desastres provocaram a maioria dos deslocamentos internos, com números anuais significativamente maiores do que os relacionados a conflitos e violência.

Quais as causas dos deslocamentos internos?

Além de desastres naturais ou o deslocamento induzido pelo desenvolvimento, na maioria das vezes as causas do de slocamento são aquelas que têm provocado, ou pelo menos contribuído, com os conflitos armados ou situações de violência.

Quais as estimativas no mundo para os deslocados internos?

Mais uma vez o mundo apresentou aumento no número de pessoas forçadas a se deslocar de seus locais de origem, incluindo aquelas que buscaram abrigo em outro país. Ao final de 2021, eram 89,3 milhões de pessoas nessa condição, sendo 27,1 milhões como refugiadas e 53,2 milhões como deslocadas internas.