Porque a pecuária não se desenvolveu na mesma hora que a atividade canavieira?

O desenvolvimento da pecuária no período colonial aconteceu com o próprio processo de colonização, quando os portugueses trouxeram as primeiras reses para a realização da tração animal, o consumo local e o transporte de cargas e pessoas. Com o passar do tempo, o aumento dessa população bovina gerou um problema aos plantadores de cana. Afinal de contas, o gado acabava ocupando um espaço que era originalmente reservado ao desenvolvimento da economia açucareira.

Com o passar do tempo, a criação de gado passou a ocupar regiões do interior do território que não interferissem na produção de açúcar do litoral. Tal experiência, ocorrida principalmente na região Nordeste, fez com que os primeiros criadores de gado adentrassem o território e rompessem com os limites do Tratado de Tordesilhas. No século XVIII, essa experiência foi potencializada por um decreto da Coroa Portuguesa que proibia a criação de gado em uma faixa de terras de oitenta quilômetros, da costa até o interior.

Seguindo o fluxo de diferentes rios, os criadores de gado adentravam o território e, consequentemente, expandiam involuntariamente as possessões coloniais. Ao mesmo tempo em que favoreciam o alargamento das fronteiras, a atividade pecuarista desenvolvia relações sociais e econômicas que se distanciavam dos padrões tradicionalmente ditados pelas plantations agroexportadoras e escravistas do litoral brasileiro.

Geralmente, os trabalhadores ligados à pecuária eram brancos, mestiços, índios e escravos alforriados. A existência de escravos era minoritária e grande parte desses trabalhadores – na qualidade de vaqueiros e peões – recebiam uma compensação financeira, considerada regular, pelos seus serviços. Os vaqueiros, que coordenavam as atividades junto ao gado e comandavam os peões, recebiam um quarto das crias do rebanho nascidas ao longo de um período de quatro ou cinco anos.

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Por meio desse sistema, vemos que a pecuária colonial também era marcada por interessante mobilidade social, que permitia que os vaqueiros se tornassem donos do seu próprio rebanho. Paralelamente, vemos que a pecuária colonial destoava das políticas econômicas privilegiadas pela Coroa Portuguesa. Ao invés de produzir riqueza visando à conquista do mercado externo, a pecuária desse tempo concentrava-se no abastecimento das cidades e outros povoamentos do território brasileiro.

Através da consolidação da economia mineradora, observamos que a pecuária passava também a atingir a região Sul do nosso território. As condições do relevo e da vegetação desse espaço motivaram a fundação de fazendas de gado voltadas para o abastecimento de vários centros urbanos, formados nesse período. Além do charque, um tipo de carne seca, os pecuaristas dessa região também lucravam com a exportação de couro e animais de transporte.

Com a crise mineradora, notamos que a pecuária se espalhou por outras regiões do território brasileiro, como, Goiás, Minas e Mato Grosso. Nesse momento, a pecuária já ocupava uma posição sólida no desenvolvimento da economia. Além de contar com características próprias, a pecuária nos revela traços de nossa colonização que extrapolam os limites do interesse metropolitano e da exploração voltada para as grandes potências.

Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Mundo Educação

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Novos tempos: atividade canavieira tem maior formalização do agronegócio

Porque a pecuária não se desenvolveu na mesma hora que a atividade canavieira?

No que diz respeito ao trabalho infantil, a atividade canavieira é uma das que têm as menores representatividades: 0,7%. 

A atividade canavieira conseguiu virar o jogo em um assunto que, por muitos anos, foi seu ponto fraco: o cumprimento da legislação trabalhista. De acordo com análise feita pelo Cepea/UsSP, o cultivo da cana-de-açúcar é, entre todas as atividades agropecuárias, a que tem hoje o maior grau de formalização, cerca de 80%.

O número acima faz parte do levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, e mostra que, em São Paulo, a formalização na atividade canavieira supera os 90%. Para se ter uma ideia do que ocorre no setor, os cultivos de mandioca e de milho, por exemplo, têm taxas de formalização inferiores a 5% e 10%, respectivamente.

“Esse cenário da atividade canavieira é resultado dos esforços feitos por órgãos governamentais, instituições de classe, organismos internacionais e empresários do setor sucroenergético nos últimos anos, que têm contribuído, direta ou indiretamente, para melhorar as condições dos trabalhadores desse segmento do agronegócio brasileiro, que foi por muitos anos alvo de severas críticas”, comenta a pesquisadora do Cepea responsável pela análise, Mirian Rumenos Piedade Bacchi.

O estudo entende por formalização na agricultura e pecuária o registro em carteira de trabalho das diferentes categorias de empregados rurais, cuja figura pode ser definida como toda pessoa física que, em propriedade rural, presta serviços de natureza não eventual ao empregador rural, mediante salário. O empregador rural, de outro lado, é a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados.

“O trabalho rural passou a receber mais atenção no Brasil somente após 1988, quando foi promulgada Constituição Federal. Até então, estas atividades eram exercidas em caráter informal. Atualmente, os direitos dos trabalhadores rurais são definidos em legislação específica. Através dessa legislação, o trabalhador rural foi equiparado ao urbano, pois teve seus direitos ampliados, incluindo o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Poucas são atualmente as diferenças entre a legislação trabalhista para o setor urbano e rural”, compara Mirian.

Seguir à risca a legislação trabalhista, além de uma obrigatoriedade legal, também abre portas comerciais. Dentre os inúmeros indicadores utilizados para avaliar responsabilidades socioeconômicas e a consequente sustentabilidade de uma cadeia produtiva, a erradicação da mão de obra infantil e a formalização no mercado de trabalho recebem atenção especial não apenas da sociedade brasileira, mas também de potenciais importadores, cada vez mais exigentes.

Mirian lembra em seu estudo que a meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), expressa em documento que trata de Desenvolvimento Sustentável, é eliminar todas as formas de trabalho infantil até 2025. Para alcançar este objetivo, diz ela, programas do governo e de ONGs são necessários.  “Das empresas empregadoras, espera-se transparência e o compromisso social de cumprir minimamente os aspectos legais no que diz respeito ao emprego de adolescentes, buscando, quando possível, complementar os serviços relacionados à saúde, treinamento e educação oferecidos pelos órgãos governamentais ou entidades defende ela.

Ainda no que diz respeito ao trabalho infantil, considerando-se os setores agrícolas e da pecuária brasileiros, verifica-se que a atividade canavieira, segundo dados da PNAD apresentados pela Abrinq, é uma das que têm as menores representatividades em termos de exploração de indivíduos na faixa de 10 a 17 anos. O indicador ficou em 0,7%, sendo precedido apenas pelas de cultivo de frutas cítrica, cultivo de uva, apicultura e criação de animais de grande porte, exceto bovinos. Em contrapartida, o cultivo do milho, criação de bovinos e criação de aves são aquelas que têm as maiores representatividades, sendo elas de 13,4%, 12,9% e 16,4%, respectivamente.

Equipe SNA/Rio

Porque a pecuária não se desenvolveu na mesma área de atividade canavieira?

Pois a pecuaria é a criação de gado e a atividafe canavieira é uma agricultura e se fossem feitos juntos correria o risco do gado comer o canavial. Por que a cana necessita de um local de plantio específico.Se desenvolve principalmente no Nordeste com a mão de obra escrava.

O que é a atividade canavieira?

É caracterizada pela produção de álcool hidratado para atender o crescente consumo dos veículos movidos a etanol (ABDALA; RIBEIRO, 2011). O terceiro momento foi a desaceleração e crise do Programa (1986 a 1995), na qual o setor canavieiro passou por processo de desregulamentação estatal.

Onde a pecuária se expandiu nesse período?

Além do charque, um tipo de carne seca, os pecuaristas dessa região também lucravam com a exportação de couro e animais de transporte. Com a crise mineradora, notamos que a pecuária se espalhou por outras regiões do território brasileiro, como, Goiás, Minas e Mato Grosso.

Como se desenvolve a pecuária na região Nordeste?

A partir dos engenhos de cana-de-açúcar, que se localizavam principalmente no litoral nordestino, foi possível aos colonos que aqui habitavam conquistar o sertão da colônia e iniciar o povoamento dessa região. A pecuária desenvolveu-se inicialmente em torno dos engenhos de cana-de-açúcar.