O que significa responsabilidade social e qual a importância dela para as organizações?

Foi-se o tempo em que preocupações relativas a tudo que envolve o bem-estar da sociedade, era papel apenas do Estado.

O conceito de responsabilidade social, entre seus muitos desdobramentos, faz transbordar para além do dever do Poder Público o papel de garantidor de direitos fundamentais da sociedade e torna a iniciativa privada um importante ator nessa missão.

Compreender o que é responsabilidade social e sua importância no mundo moderno, é uma necessidade e as empresas que não participarem disso, podem ficar para trás no futuro. Podem mesmo comprometê-lo, se não o fizerem!

O que é responsabilidade social?

A compreensão plena do que é responsabilidade social, é fundamental para que as empresas que pensam em aderir, não o façam apenas porque seus concorrentes o fazem, ou porque os consumidores cada vez importam-se mais com isso, ou porque há um conjunto de leis que as empurram nesse caminho ou que lhes dão benefícios ao serem responsáveis socialmente, ou ainda por simples “modismo”.

Sim, há quem veja como tendência e até modismo!

A verdadeira responsabilidade social, é voluntária e consciente. Mais que isso, deve ser permanente e crescentemente relevante.

Uma empresa é socialmente responsável, quando ela adota um conjunto de políticas – regras de comportamento e de ações – que visam proporcionar bem-estar interna e externamente, ou seja, na sociedade na qual estão inseridas.

No passado não muito remoto, esse bem-estar era visto como apenas papel do Estado, em suas diferentes esferas (federal, estadual e municipal).

No caso do Brasil, isso fica claro até em termos constitucionais. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, determina que é dever do Estado garantir educação e saúde, entre outras coisas. Isso é parte do que se entende como bem-estar social.

Não há como pensar em bem-estar da sociedade, se as pessoas não têm acesso à educação, à saúde, à segurança, ao trabalho, à previdência social e muitos outros direitos que são previstos na Constituição Federal.

Mas por volta das décadas de 70 e 80, começou a ganhar importância a crença de que não cabe apenas ao Estado zelar por esse bem-estar.

Em quase contraposição ao paradigma capitalista de que o principal objetivo de uma empresa é a busca desenfreada por lucros cada vez maiores, ganhou espaço a compreensão que isso só é possível se a sociedade da qual faz parte essa mesma empresa, é próspera e tem garantidos os seus direitos mais fundamentais.

Foi então que as empresas começaram a perceber que isso – a busca pelo bem-estar – precisava acontecer internamente. Assim, os Recursos Humanos e Departamentos Pessoais das empresas, passaram a instituir políticas que atendessem essas necessidades fundamentais dos seus colaboradores – saúde, educação, alimentação, etc – acreditando que ao fazê-lo, eles renderiam mais, seriam mais dedicados, resultando em maiores lucros e menos custos.

A isso convenciona-se chamar de responsabilidade social corporativa (RSC) e que também produz efeitos na Qualidade de Vida no Trabalho (QVT).

Aos poucos, as empresas passaram a perceber que não bastava que seus funcionários tivessem atendidas suas necessidades essenciais, se a sociedade da qual fizessem parte, também não tivesse. Daí suas iniciativas passaram a ir além dos muros da empresa.

Em um momento seguinte, o que se viu foi desde ações de contribuição com causas sociais, apoios diversos à ONGs e até mesmo a criação de institutos e fundações com atuação social.

Essa ampliação do papel e da atuação com vistas a sociedade como um todo, chamou-se de responsabilidade social empresarial, cuja sigla usualmente adotada é, RSE.

O elevado nível de industrialização e tudo que isso significou, como maiores níveis de poluição ambiental, o aquecimento global e suas consequências e a preocupação com o esgotamento de recursos naturais não renováveis, trouxeram a ampliação dessa preocupação – o meio ambiente.

Disso tudo, veio o entendimento de que não há como garantir bem-estar social, se o meio ambiente está sob ameaça!

As empresas que têm essa preocupação, diz-se que agem com Responsabilidade Social Ambiental (RSA).

Essas são as três principais manifestações de responsabilidade social quando se pensa em uma empresa.

Mas há também a responsabilidade social individual, quando os indivíduos norteiam seus pensamentos e condutas visando o bem-estar coletivo e o meio ambiente.

Por que é importante ter Responsabilidade Social?

Pode parecer para muitos, que já está respondida essa pergunta.

Mas a questão é bem mais ampla do que aparenta! Vamos tratar com um pouco mais de profundidade alguns pontos.

Não é Filantropia ou Assistencialismo!

Embora possa parecer para uns como sendo o mesmo que Filantropia (amor a humanidade), não é.

Tampouco é assistencialismo, que é quando se busca dar algum amparo momentâneo ou pontual às camadas sociais menos favorecidas.

Vai além de ambos, porque não se limita à humanidade e porque não é momentâneo. A verdadeira responsabilidade social é global em tudo que isso implica, além de ser permanente e crescente.

Por exemplo, doações para desabrigados de uma enchente, é uma manifestação de assistencialismo. É importante, mas não caracteriza-se como responsabilidade social ampla e plena. Além de não ser uma ação contínua, está atuando nos efeitos e não nas causas.

Não vai impedir ou mesmo diminuir as chances de que outra aconteça.

Geralmente as ações caracterizadas como de responsabilidade social, buscam eliminar ou pelo menos minimizar as causas de problemas sociais e seus efeitos.

Assim, entre muitas possíveis ações, a retirada das famílias das áreas de risco ou a execução de obras que diminuam os riscos de enchentes, são exemplos típicos de responsabilidade social.

Um outro possível exemplo, uma colaboração isolada em um programa como o Criança Esperança, embora também importante, não faz da empresa doadora uma engajada na causa.

Países ou mesmo regiões dentro do próprio Brasil com menores desigualdades sociais, precisam menos de ações deste tipo.

Inclusão Social

Não há como falar em responsabilidade social, sem falar em inclusão social.

Há muitos grupos que são direta ou indiretamente excluídos ou não têm atendidos os direitos fundamentais ou mesmo os direitos universais humanos, por pertencerem a uma classe social, ou pelo seu nível de instrução, ou por serem portadores de alguma deficiência física, ou por gênero, ou raça ou outro fator, ou uma combinação deles e que nesses casos, provocam um agravamento do seu isolamento.

A realidade, é que independentemente do grupo e da razão que leva a algum nível de exclusão, essas pessoas acabam por não terem as mesmas oportunidades e o pior, seus direitos – que são os mesmos de todos – atendidos.

Quando uma empresa desenvolve e aplica políticas de inclusão de quaisquer grupos, ela assume que é também responsável pelo bem-estar social e pela garantia dos direitos a todos.

Nesse sentido, passa a ser desnecessário por exemplo, que exista uma lei que garanta a existência de postos de trabalho a um percentual mínimo de funcionários portadores de deficiência física, ou o tão discutido e até mesmo criticado, sistema de cotas raciais para ingresso na universidade pública.

O meio ambiente

Possivelmente o aspecto que mais deixa clara a essência da responsabilidade social, seja o meio ambiente.

Não porque o homem seja menos importante. Mas justamente pelo contrário, já que não há como conceber bem-estar sem sustentabilidade, sem preocupação ambiental, sem olhar para o futuro e o mundo que as novas gerações vão herdar.

Nos casos mais extremos e na contramão da responsabilidade social ambiental, sendo na verdade trágicos, temos o torpe assistencialismo prestado pela empresa Vale nos casos de Mariana e Brumadinho e que aos olhos de muitos, só existiu por força da opinião pública e de poucas e insuficientes ações do poder público.

As muitas mortes e os prejuízos materiais e ambientais decorrentes, são o exemplo mais cruel de uma empresa que não tem responsabilidade social ambiental alguma.

Mas não é preciso ir ao extremo. A indústria eletroeletrônica, é certamente um dos principais atores no comprometimento do meio ambiente, seja pelo uso desenfreado de matérias-primas oriundas de recursos não renováveis, como pelos processos de fabricação que geram poluentes diversos, pelo consumo de energia não renovável, pela mão-de-obra utilizada e pela forma como realiza o descarte do lixo eletrônico (e-lixo) e por fim, quando seus produtos tornam-se obsoletos ou chegam ao final de sua vida útil.

Inclusive essa mesma indústria de eletroeletrônicos consome direta e indiretamente matérias-primas de empresas como a Vale e outras que agem de maneira semelhante na sociedade e no meio ambiente.

Quantas enchentes, crises hídricas e outros problemas que aparentemente são de cunho ambiental, mas que na verdade são gerados ou agravados por ausência de políticas de responsabilidade social ambiental por parte das empresas?

Qual o impacto da poluição de rios e mananciais? Qual o preço cobrado pela degradação de um rio como o Tietê, que corta boa parte do estado de São Paulo e que no passado foi fonte de sustento para as populações ribeirinhas?

O uso de agrotóxicos na produção de alimentos e de tantos outros produtos químicos na indústria alimentícia, que prejuízos não causa a toda a população que os consome? Quantas das doenças do homem moderno, não são consequência desse uso desenfreado?

O quanto o sistema público de saúde poderia ser aliviado se muito dessa irresponsabilidade social e ambiental não existisse?

Esse é só um dos muitos e possíveis desdobramentos!

Branding

O processo de construção de uma marca, passa por muita coisa. “Fazer branding”, é algo que não é novo.

Mas a partir da responsabilidade social ambiental, branding ganhou uma significação ainda mais ampla.

Cada vez mais os consumidores estão dispostos a até pagar mais caro pelos produtos de empresas que de fato mostram-se responsáveis nos âmbitos social e ambiental.

Há um interesse crescente por parte dos consumidores, por como é constituída a mão de obra de uma fábrica antes de consumir um produto. Se a matéria-prima usada, é reciclável e/ou é originária de reciclagem. Se não são feitos testes com animais. Se a empresa tem uma fundação ou instituto com ação social, ou se pelo menos apoie de maneira importante uma ONG ou entidade do terceiro setor com esse papel.

A construção da imagem de uma marca, cada vez está mais influenciada por fatores que vão além da qualidade intrínseca do produto e passam pelo papel social que a empresa por detrás dela, desempenha.

Como ter uma empresa responsável social e ambientalmente?

O primeiro ponto é compreender que esse é um processo cultural e comportamental.

Leva tempo e deve se manter ao longo do tempo e das gerações.

Muitos de nós somos frutos de uma sociedade que nasceu e cresceu diante de um outro paradigma, segundo o qual o consumismo é natural, o lucro acima de tudo também e que o bem-estar individual pode estar acima do coletivo.

A visão holística, ou seja, que as partes exitem e são importantes, mas é o todo que tem a maior importância, deve predominar.

Em outras palavras, uma empresa não pode ser próspera, se os seus consumidores também não são e se o ambiente em que eles – consumidores – e ela própria vivem, for degradado ou seu futuro está sob risco.

Uma vez que essa compreensão faça parte das pessoas que compõem a empresa – do mais baixo ao mais alto escalão – a instituição de políticas que traduzam essa responsabilidade em ações concretas, passa a ser mero formalismo.

Empresas orientadas a responsabilidade social ambiental, têm como características:

  • Políticas de recursos humanos que valorizem seus colaboradores, suas necessidades e desejos, sua inclusão social e o bem-estar de suas famílias;

  • Instituem políticas de promoção de bem-estar e integração com a comunidade local (bairro) e mesmo nas áreas em que atua, por meio do consumo dos seus produtos e/ou serviços;

  • Atuam em iniciativas público-privadas de caráter social e ambiental, sem que seja por força de lei ou de incentivos fiscais, mas tão somente de forma voluntária;

  • Priorizam e estabelecem relações comerciais e parcerias com fornecedores que mantenham políticas iguais ou semelhantes, ampliando e fortalecendo um clima de responsabilidade social ambiental global;

  • Em todos os níveis de atendimento prestado, há a preocupação com o atendimento aos direitos humanos, a inclusão social e a igualdade;

  • Instituem em seus processos produtivos e operacionais, métodos com o menor impacto negativo possível ao meio ambiente, priorizando a sustentabilidade.

Conclusão

A responsabilidade social, é assumir o papel que se deve ter na obtenção do bem-estar de cada integrante da sociedade. É incluir em cada política e consequentemente em cada ação realizada por uma empresa, da respectiva responsabilidade perante a sociedade e o menor impacto possível ao meio ambiente, agindo de modo sustentável, ou seja, sem consequências de maior ou menor severidade para as atuais gerações, assim como as futuras.

O que é responsabilidade social e qual sua importância?

Responsabilidade social (RS) é uma estratégia composta por ações voluntárias de empresas em benefício da sociedade, incluindo aí iniciativas voltadas ao público interno, como um treinamento de colaboradores, e também externo, como um projeto que envolve a comunidade do entorno.

Qual o significado da responsabilidade social para as empresas?

A responsabilidade Social Empresarial está ligada a uma gestão ética e transparente. A organização torna-se responsável por sua relação com funcionários, fornecedores, clientes, comunidade local, sociedade e meio ambiente, devendo minimizar seus possíveis impactos negativos.