O que deveria ser feito para diminuir o fluxo de migrações clandestinas?

Não se tratando de um fenômeno novo, o processo de migração, que hoje acontece em larga escala e em todo mundo, tornou-se significativo com o processo de expansão europeu, na época em que comumente nos referimos como “a era das grandes navegações”. As grandes expedições dos exploradores europeus tinham como um de seus objetivos encontrar e colonizar novos territórios. Essas novas colônias eram estabelecidas com o intuito de agregar novos territórios aos domínios da nação colonizadora, que buscava com isso expandir seu domínio político e, ao mesmo tempo, conquistar novas terras com recursos exploráveis que trariam maior poder econômico. Os colonos, europeus que saiam de sua terra natal e se encarregavam de construir e estabelecer o domínio de sua nação nesse novo território, foram os que deram início ao processo migratório de grande escala que hoje é característico de nossa realidade globalizada.

Hoje, o fenômeno da migração acontece em contextos completamente diferentes dos da época das grandes explorações. O processo de globalização, que também se inicia com as grandes navegações, “encolheu” nosso mundo, encurtou grandes distâncias, transformou o tempo de trajetos que levaria semanas, meses ou anos, em horas. A facilidade de deslocamento tornou-se um grande fator para aqueles que decidem pela migração. Já as motivações para essas migrações são inúmeras: a busca de melhoria de vida, a fuga de um conflito armado entre diferentes poderes, a perseguição cultural ou política de um grupo ou indivíduo, ou mesmo a busca pela experiência de convívio com diferentes culturas.

Convém então que especifiquemos, para compreendermos melhor, que nesse mesmo processo migratório existem diferenciações quanto ao objetivo do migrante e em qual sentido sua mudança se realiza. Falamos em imigração quando o movimento é de pessoas que entram em um país para fixar residência, enquanto que a emigração se refere ao processo em que as pessoas de um país deixam seu território para se fixarem em outro.

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É a partir da intensificação das migrações no período pós-Segunda Guerra Mundial que o fenômeno tornou-se uma preocupação política. Preocupações como a dissolução de identidades nacionais, ou a ideia de perda de uma identidade construída dentro de uma nação, ou revindicações de caráter econômico por parte dos indivíduos naturais daquela nação que se diziam prejudicados quanto à crescente concorrência na obtenção de empregos, passaram a ser vistas como ameaça ao bem-estar social das nações que recebiam grandes quantidades de imigrantes. As políticas de imigração passaram a ser endurecidas, restringindo a quantidade de imigrantes aceitos nos países alvos do grande deslocamento migratório.

Tópicos deste artigo

  • 1 - Imigração e legalidade

Imigração e legalidade

As exigências para a imigração legal são tão rígidas e inascíveis para a maioria das pessoas que desejam se deslocar para outros territórios, que a imigração ilegal acaba se tornando a única opção viável. Entre as exigências estão a existência de parentesco direto com um cidadão estadunidense, por exemplo, alta especialização em uma área profissional ou acadêmica, ser um investidor de grande quantia (de 500 mil a 1 milhão de dólares) ou empreendedor que gere emprego no país, dentre outros.

O exemplo mais claro está na grande quantidade de imigrantes ilegais que tentam ou que conseguem cruzar a fronteira dos Estados Unidos com o México, que é geralmente motivada pela busca de uma promessa de melhoria de vida. Esses imigrantes ilegais arriscam a própria vida, pagando grande quantia em dinheiro para que agentes facilitadores, chamados de “coiotes”, os ajudem a atravessar a fronteira. Entretanto, o risco de serem pegos, mortos ou acabarem como vitimas do tráfico de seres humanos, que vendem homens e mulheres sequestrados como trabalhadores escravos ou para a prostituição forçada, é grande.

Em nosso período, a imigração é tão comum que os teóricos convencionaram em chamar as últimas décadas de “a era das migrações”. Estima-se que em 1990 a população migrante do mundo era de 80 milhões de pessoas, já em 2010 estima-se que esse número aumentou para cerca de 214 milhões.

Vivemos em um período em que as fronteiras nacionais estão cada vez mais diluídas; a imigração, legal ou ilegal, passou a ser uma das características que definem as sociedades do nosso mundo contemporâneo.

Por Lucas Oliveira
Graduado em Sociologia

Mestre em Ciências Sociais (PUC-Rio, 2015)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2012)

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A imigração clandestina é o processo em que pessoas de um determinado país entram em outro de forma voluntária e sem se apresentarem aos órgãos estatais responsáveis pela migração. Por isso, as leis de migração são violadas e o estrangeiro que as comete são considerados clandestinos justamente por não constarem enquanto estrangeiros dentro do país em que entraram. A imigração clandestina acontece por todas as formas de entrada de um país, seja pelas fronteiras áreas, por água ou terrestres.

Embora seja diferente do refúgio, pois este último implica em uma fuga provocada pelas condições do país de origem, como uma guerra ou perseguição política a grupos específicos, a imigração ilegal também implica em problemas sociais. Comumente os imigrantes clandestinos são vítimas de trabalho escravo e de situações de extrema vulnerabilidade, como a prostituição e a exploração infantil. Convém também diferenciar emigração e imigração. O primeiro se refere ao movimento de saída de pessoas de um país para outro, enquanto imigração diz respeito ao movimento de chegada em um novo país.

O que deveria ser feito para diminuir o fluxo de migrações clandestinas?

Ilustração: Prazis Images / Shutterstock.com

O fluxo de imigração clandestina se estabelece principalmente dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos. Um exemplo clássico desse tipo de imigração se dá entre o México e os Estados Unidos. A fonteira entre os dois países é muito utilizada para a passagem de imigrantes ilegais de toda a América Latina para os Estados Unidos. Durante os anos 1990, por exemplo, um dos principais fluxos de imigração clandestina se dava entre Cuba e Estados Unidos. Outro fluxo comum acontece entre as ex-colônias e os países que as colonizaram, por exemplo entre diversos países africanos e países da Europa. Atualmente um importante fluxo migratório acontece nos países asiáticos entre si, para austrália e para os EUA.

Os fluxos migratórios demonstram que muitos são os motivos relacionados com a imigração ilegal, mas que ela está diretamente associada com as desigualdades sociais. Para muitas pessoas de países pobres ou em desenvolvimento a imigração surge como uma possibilidade de mudança de vida, mesmo que implique em condições de vida piores ou não muito diferente das que vivem em seus lugares de origem.

Fato é que existem incontáveis motivos para que uma pessoa decida imigrar ilegalmente. Pode partir de uma decisão pessoal, uma aventura, até fatores relacionados com o ambiente onde imigrante vive. Os imigrantes se movem por questões econômicas, pela situação política de seus países, por desespero, por esperança.

A sociologia vem durante muito tempo estudando o fenômeno da imigração. Autores da Escola de Chicago realizaram importantes trabalhos sobre comunidades de imigrantes nos Estados Unidos. Alguns desses trabalhos buscavam relacionar a violência com a presença de imigrantes e as consequências da imigração, como a pobreza. Uma das características dos imigrantes ilegais é formarem comunidades nos novos lugares onde chegam. Esta é uma maneira de manter sua identidade, de encontrar redes de proteção, aumentar as chances de encontrar emprego e de evitar a hostilidade de um novo país, cultura e povo.

É importante ressaltar que no mundo atual, com a facilidade das viagens, com o enorme fluxo de mercadorias, de trocas de todos os tipos e entre os mais diversos lugares do mundo, as pessoas são cada vez mais cerceadas do seu direito de ir e vir. Migrar, emigrar, imigrar envolve assumir riscos cada vez maiores e perigos incontáveis.

Referências Bibliográficas:

KIVISTO, P.; FAIST, T. Beyond a border: the causes and consequences of contemporary immigration. Pine Forge Press, New York, 2010.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/sociologia/imigracao-clandestina/

O que deveria ser feito para diminuir o fluxo de migração clandestina?

Para reduzir este fluxo, os países que apresentam saída de pessoas devem ser capazes de inserir estas pessoas na economia, por meio da abertura de postos de trabalho, enquanto os países que recebem, poderiam realizar investimentos nos países que apresentam saída destas pessoas.

O que deveria ser feito para diminuir o fluxo de imigrantes clandestinos em direção a países como os Estados Unidos?

Reforçar com equipamentos e soldados nas fronteiras é a melhor maneira de diminuir o fluxo clandestino.

Como podemos resolver os problemas causados pela imigração no Brasil?

Para amenizar o problema, é necessário, pois, que o governo brasileiro invista na estrutura básica de vida desses novos cidadãos, gerando empregos, moradias e aprimorando a saúde e a educação.

Quais as causas da migração clandestina?

Crises políticas, econômicas, conflitos armados e atualmente crises ambientais têm sido os principais fatores de deslocamento nos últimos anos. Só na fronteira dos EUA, de acordo com a BBC, mais de 1.7 milhões de pessoas foram presas em 2021 tentando entrar ilegalmente.