O que aconteceu com a verdadeira imagem de Nossa Senhora Aparecida?

No dia 12 de outubro é celebrada a festa de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Nesta data, é considerado feriado em todo o território nacional, desde 30 de julho de 1980, e também é comemorado o Dia das Crianças.

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Conhecida como protetora do Brasil, a santa é uma das mais veneradas em todo o país e tem uma basílica dedicada a ela na cidade de Aparecida do Norte, em São Paulo, considerado o maior santuário mariano do país.

O local reúne fiéis de todo o mundo que vão participar de celebrações religiosas e muitos fazem até peregrinações até a basílica. Em 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude realizada no Brasil, o Papa Francisco visitou o santuário.

Conheça a história

A padroeira do Brasil é lembrada pelos devotos em momentos de aflição. Ela foi encontrada no rio Paraíba do Sul, em São Paulo, pelos pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia. Durante uma pescaria e após várias tentativas sem sucesso, eles apanharam na rede a imagem de uma santa sem cabeça.

Ao lançar a rede outra vez, a cabeça da santa foi apanhada e, depois disso, eles tiveram abundância na pesca dos peixes. A imagem de Nossa Senhora da Conceição, feita de terracota, tinha 36 centímetros de altura e 2,5 quilos. 

É por isso que alguns fiéis costumam se referir à santa como Nossa Senhora da Conceição Aparecida. A principal teoria é de que a santa tenha sido jogada na água por alguma pessoa que queria se livrar dela, já que estava quebrada. 

Em 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros. O local atraía fiéis de vários lugares e precisou ser ampliado. Muitas pessoas se reuniam para rezar aos pés da Senhora “Aparecida”, como ficou conhecida, e foi necessário construir uma basílica.

No ano de 1904, o Papa Pio X deu ordem para coroar a imagem de modo solene. A santa que foi encontrada no rio pelos pescadores é mantida até os dias de hoje no santuário de Aparecida. Em 1955 começou a ser construída uma basílica maior e em 1984 a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica de Aparecida Santuário Nacional, sendo o “maior Santuário Mariano do mundo”.

*Com informações da Canção Nova

A noite de 16 de maio, lá para os fins do outono brasileiro de 1978, já estava mais escura do que de costume em Aparecida quando um apagão de dois minutos deixou o santuário definitivamente nas trevas na última missa do dia, interrompendo o sermão do padre e assustando os fiéis a prepararem-se para a sagrada comunhão. Nessa altura, o vulto de um homem pulou dois metros e meio até ao nicho onde estava a imagem de Nossa Senhora Aparecida, partiu a soco as três camadas de vidro que a protegiam, pegou-a nas mãos e levou-a para fora do santuário. Logo ali, a cabeça da santa descolou-se do corpo, pela primeira vez desde 1717, estilhaçando-se no chão.

A polícia e os fiéis correram pelas ruas de Aparecida como num filme de ação atrás do homem de 19 anos, identificado como Rogério Marcos de Oliveira, que embora alcançado pelo guarda João Batista, jogou o corpo da santa ao chão e escapou. Enquanto as freiras Egide e Efigénia recolhiam os cacos, um grupo de fiéis perseguiu Rogério com o intuito de o linchar. Para acalmar os homens, o padre Lino, um dos redentoristas responsáveis pelo templo, gritou "era falsa, a imagem era falsa". Foi a primeira mentira - piedosa - da igreja durante o episódio. A segunda ocorreria mais tarde.

Na sequência, o padre Izidro, reitor do santuário, ligou para o Vaticano para pedir conselhos sobre como restaurar a peça sagrada. De Roma, sossegaram-no e aconselharam-no a recorrer a Pietro Maria Bardi, o artista italiano cocriador do aclamado Museu de Arte de São Paulo (MASP), de modo a que ele nomeasse um restaurador profissional da instituição para se ocupar da santa. "Fui apresentada, dias depois, a Nossa Senhora, ou melhor, aos 165 pedaços de Nossa Senhora que sobraram. Quando os vi, fiquei em pânico", conta ao DN a restauradora e artista plástica Maria Helena Chartuni.

"Eu era devota de Aparecida em criança mas aos 12 anos visitei o santuário e não me comovi, por causa da escuridão e do excesso de comércio, daí que durante a adolescência, como qualquer bom adolescente, a tenha deixado de lado", conta Maria Helena, que tinha 35 anos na época do restauro e hoje conta 74. "Perante a situação, 165 pedaços de santa, fora outros milimétricos à volta, pedi a ela que me ajudasse e durante 33 dias dediquei-me ao trabalho com relativo sossego." O relativo sossego deveu--se à notícia falsa veiculada pelo padre Izidro de que a imagem tinha sido transferida para o Vaticano - a segunda mentira piedosa no processo - de modo a acalmar as televisões e os jornais brasileiros que, durante meses, não falaram noutro assunto.

Alarmado, um professor cristão chegou a considerar em artigo no jornal Folha de S. Paulo que o atentado à santa fora um aviso para o Brasil, por ter aprovado por aquela altura o divórcio, como Fátima, em 1917, fora um aviso da ameaça bolchevique para o mundo.

Numa sala com a fechadura trocada e vedada por um cordão de segurança, a que apenas Chartuni, Bardi e os padres responsáveis pelo santuário tinham acesso, a restauradora classificou as peças, selecionou as colas e definiu o método de trabalho, começando pelo manto, depois pelas mãos e terminando na cabeça, cujo lado direito ficou literalmente em pó. Juntada cera de abelha para proteger a obra, a Padroeira do Brasil ficou como nova após um mês e dois dias.

"Durante o restauro entendi que aquilo que eu julgava lenda, que ela havia sido pescada no rio, primeiro o corpo e depois a cabeça, era verdade, ela esteve, de facto, na água", assegura. "Por isso e pelo contacto durante séculos a velas e a candeeiros, da sua cor natural, algo em torno do bege, passou a castanha ou negra".

Ao fim dos tais 33 dias, Maria Helena percorreu num carro do corpo dos bombeiros, lado a lado com a santa restaurada, o percurso de mais de 200 quilómetros da Avenida Paulista, sede do MASP, até ao santuário de Nossa Senhora Aparecida. "Os fiéis fizeram um corredor humano durante cada centímetro do caminho, chorando, rezando, cantando, e aí se deu a minha transformação, foi algo que aconteceu sem qualquer tipo de marketing católico, eram as pessoas, a santa e a fé delas - e bastava."

Mas exatamente um ano depois, o padre Lino, o da primeira mentira, telefonou-lhe a pedir ajuda novamente. O padre Izidro, o da segunda mentira, sentindo-se um restaurador nato, havia resgatado a santa negra e pintara a peça com tinta para automóvel mais clara. "Quando levantei o véu, não queria acreditar ela estava cinza, parecia de gesso, só foi salva por causa da cera de abelha, tive de dizer ao padre Izidro para ele não mexer mais no meu trabalho, assim como eu não dava as missas dele."
De então para cá, Maria Helena Chartuni vem visitando e tratando a sua obra mais aplaudida todos os 39 anos desde o atentado. Para o imaginário católico brasileiro, ela é uma salvadora da pátria.

E Rogério Marcos de Oliveira, um vilão brasileiro. Encontrado com sangue pelas mãos e pelos braços, por ter quebrado o vidro a soco, pela polícia horas depois do atentado junto ao rio Paraíba - o mesmo onde há 300 anos foi pescada a santa -, levaram-no a um hospital para receber tratamento. A seguir, a uma esquadra de polícia, de onde haveria de sair dois dias depois para um sanatório, por indiciar problemas mentais. O agressor de Aparecida, que já havia atingido semanas antes a imagem de São José da sua paróquia, na cidade de São José dos Campos, confessou depois que era um iconoclasta decidido a destruir todos os santos que encontrasse.

Em São Paulo

Quem destruiu a imagem de Nossa Senhora Aparecida?

Rogério Marcos de Oliveira, de 19 anos, aproveitou-se do blecaute, pulou subindo no nicho da imagem de Nossa Senhora Aparecida, quebrou o vidro protetor no terceiro golpe, pegou a imagem, gerando gritaria na igreja. Ao descer, a coroa ficou presa no vidro quebrado, depois caindo e sendo amassada.

Onde está a imagem original de Nossa Senhora?

A imagem original de Nossa Senhora Aparecida, que fica protegida no nicho dentro do Santuário Nacional de Aparecida (SP), recebeu um manto novo, que foi trocado após uma doação de uma família devota.

Quantas vezes a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi quebrada?

4. Atentado contra a imagem. A imagem encontrada por pescadores no Rio Paraíba já foi quebrada em mais de 200 pedaços, isso porque um garoto de 19 anos que participava da missa na Basílica Histórica, se aproveitou de um apagão para quebrar, aos socos, o vidro onde estava a figura e roubá-la.

Quem jogou a imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio?

Há 300 anos, uma pescaria se transformou num dos fatos mais importantes do catolicismo brasileiro. Atentos à ordem da Câmara de Guaratinguetá de obter o máximo possível de peixes para recepção do novo governador, três pescadores – Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves – jogaram as redes no Rio Paraíba.