É possível é possível estabelecer relações entre o desmatamento e O ciclo da água?

Desde a constituição das primeiras sociedades e o surgimento das primeiras civilizações, observa-se a existência de uma intensa e nem sempre equilibrada relação entre sociedade e natureza. Essa relação diz respeito às formas pelas quais as ações humanas transformam o meio natural e utilizam-se deste para o seu desenvolvimento. Além do mais, diz respeito também à forma pela qual as composições naturais – seres vivos, relevo, clima e recursos naturais – interferem nas dinâmicas sociais.

Por esse motivo, é importante entender a complexidade com que se estabelece a interação entre natureza e ação humana, pois, mesmo com a evolução dos diferentes instrumentos tecnológicos e das formas de construção da sociedade, a utilização e transformação dos elementos naturais continuam sendo de fundamental relevância.

Originalmente, os primeiros agrupamentos humanos, que eram nômades, utilizavam-se da natureza como habitat e também para a extração de alimentos. Com o passar do tempo, a constituição da agricultura no período neolítico possibilitou a instalação fixa das primeiras sociedades e, por extensão, o desenvolvimento de diferentes civilizações. Isso foi possível graças à evolução ocorrida nas técnicas e nos instrumentos técnicos, que permitiram o cultivo e a administração dos elementos naturais.

Com o tempo, as sociedades tornaram-se cada vez mais desenvolvidas e, consequentemente, produziram transformações cada vez mais avançadas em seus sistemas de técnicas, gerando um maior poder de construção e transformação do espaço geográfico e os consequentes impactos sobre a natureza. Portanto, a influência da ação humana sobre a dinâmica natural tornou-se gradativamente mais complexa.

Essa influência acontece de muitas formas e perspectivas, como é o caso das consequências geradas pelo desmatamento, retirada dos recursos do solo, alteração das formas de relevo para o cultivo (como as técnicas de terraceamento desenvolvidas pelos astecas), etc. Após o século XVIII, com o desenvolvimento da Revolução Industrial, podemos dizer que os impactos da sociedade sobre o meio natural intensificaram-se de maneira jamais vista, propiciando uma união de fatores que levou ao aceleramento da geração de impactos ambientais.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Mas é preciso considerar que a natureza também gera impactos sobre a sociedade. Essa perspectiva é de necessária compreensão para que não se considere o espaço natural como um meio estático, passivo, sem ação. Um exemplo mais evidente disso envolve os desastres naturais, como a passagem de um forte ciclone sobre uma cidade ou a ocorrência de um intenso terremoto. Essas são apenas algumas das muitas formas com que a natureza pode gerar mudanças no espaço geográfico e na constituição das ações humanas.

Em muitas abordagens, considera-se que há uma interação muitas vezes caótica e até reativa entre a natureza e a sociedade. Nesse ponto de vista, entende-se que os impactos gerados sobre a natureza reverberam, cedo ou tarde, em impactos gerados da natureza sobre a sociedade. Um exemplo seria o Aquecimento Global, fruto da poluição e da degradação ambiental (embora, no meio científico, essa teoria não seja um consenso).

Portanto, é preciso considerar que, independente da forma com que se estabelece essa complexa relação entre natureza e sociedade, é preciso entender que os seres humanos precisam conservar o espaço natural, sobretudo no sentido de garantir a existência dos recursos e dos meios inerentes a eles para as sociedades futuras. A evolução das técnicas, nesse ínterim, precisa acontecer no sentido de garantir essa dinâmica.

No Brasil, onde 62% da energia elétrica é gerada a partir da água, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o regime de chuvas é especialmente importante. O ciclo hidrológico é essencial para a manutenção dos ecossistemas e para a agricultura, que depende das chuvas para a produção. No caso das hidrelétricas, a chuva é essencial para aumentar os níveis de abastecimento dos reservatórios e garantir que a população terá segurança no fornecimento de energia.

Ao pensar no regime de chuvas, é natural que a primeira associação seja com fatores climáticos e os efeitos do aquecimento global. No entanto, de acordo com o secretário-executivo do Observatório das Águas (OGA), Ângelo José Rodrigues Lima, ainda não é possível afirmar que a atual crise hídricaesteja diretamente relacionada às mudanças climáticas.

De acordo com Lima, neste momento, é importante ter cautela. Para ele, há diversos motivos que levaram à situação de crise no abastecimento da população, principalmente fatores ligados à governança e à gestão política dos recursos hídricos. “Entre as causas estão o padrão atual de ocupação na área urbana e rural e o modelo da produção agrícola, combinados à falta de programas de reflorestamento e de revitalização de bacias hidrográficas”, diz.

Saiba Mais

É possível é possível estabelecer relações entre o desmatamento e O ciclo da água?

É possível é possível estabelecer relações entre o desmatamento e O ciclo da água?

Para o secretário-executivo do OGA, o que é possível concluir sobre as mudanças climáticas é que já há cenários em que os eventos extremos serão mais frequentes. “É muito provável que tenhamos períodos maiores de chuvas intensas e de secas. Portanto, neste cenário onde já temos impactos negativos pela falta de governança, é necessário estabelecer políticas de curto, médio e longo para enfrentar este desafio”, afirma.

De acordo com Lima, o Brasil tem uma avançada Política Nacional de Recursos Hídricos desde 1997. Porém, o básico dela, que são os instrumentos de gestão – como planos de bacias, outorga e cobrança pelo uso da água – não estão igualmente implementados em todos os estados. Sem estes instrumentos em pleno funcionamento, é muito mais difícil para o país se antecipar a possíveis crises e conflitos pelo uso da água.

Segundo Lima, além do governo federal, que vem desmantelando a gestão ambiental e modificou a gestão das águas, há governadores que, quando assumiram seus cargos, não investiram o suficiente e desmontaram as políticas ambientais que vinham sendo construídas. “Temos casos em que os recursos da cobrança pelo uso da água, que deveriam ser utilizados para implementar programas e projetos, foram desviados para outros fins”, afirma.

Além disso, o Brasil enfrenta desafios para a gestão das águas. Há, no país, diferença na distribuição do recurso natural e em densidade populacional. A grande dificuldade está em atender a demanda crescente de diferentes usos para o recurso em várias regiões.

Outra preocupação está relacionada à qualidade das águas. De acordo com um estudo nas bacias da Mata Atlântica, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica entre março de 2020 e fevereiro de 2021, há fragilidade da condição ambiental em 73% dos principais rios monitorados no país, nos 17 estados do bioma.

Segundo o secretário-executivo do OGA, quando se analisa o manejo e uso do solo, o modelo de produção agrícola, a concentração de ocupação na área urbana e o desmatamento, já não se pode mais colocar a culpa somente na ausência de chuva nesta nova crise hídrica.

Vale lembrar que a Floresta Amazônica é responsável pelas chuvas que chegam às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, por meio dos rios voadores. “O aumento do desmatamento em todos os biomas do Brasil provoca a diminuição das chuvas. Ao mesmo tempo, quando chove, por conta da ausência da cobertura vegetal, a água da chuva não se infiltra no solo. Isso impede a regularidade na quantidade de água durante o período seco”, diz.

Assine aqui a nossa newsletter

Qual é a relação entre o desmatamento e O ciclo da água?

O desmatamento e a impermeabilização do solo fazem com que a água da chuva chegue mais rápido aos cursos d'água e ao mar, além de modificar o regime de precipitação.

É possível é possível estabelecer relações entre o desmatamento e O ciclo da água?

Resposta verificada por especialistas. O desmatamento prejudica o ciclo da água, pois a atividade de desmatar as florestas acaba deixando o solo mais seco e isso ocasiona um clima mais seco e também promove um subsolo menos rico em água.

O que o desmatamento afeta no ciclo da água?

A degradação ambiental – seca, queimadas, superexploração de recursos naturais, desmatamento - reduz o nível de água dos rios e pode secar nascentes, ocasionando até o aumento da emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa.

Qual o impacto que as queimadas podem provocar no ciclo da água?

“As queimadas destroem a flora e reduzem a capacidade do solo de absorção de água quando chove, pois a vegetação foi perdida. O solo sofre a erosão e fica menos apropriado para recomposição vegetal da superfície”, explica.