Pelo fato da história portuguesa ser longa, me reterei aqui apenas a realizar um esboço de um quadro amplo e geral da história dos descobrimentos e da colonização, logo não me aprofundarei em fatos específicos da história colonial de suas colônias, embora farei menções há alguns desses fatos. Show Antes de adentrar o século XV onde se iniciou a expansão marítima portuguesa, farei um breve resumo da história de Portugal até a sua formação como reino, já que Portugal foi um dos primeiros reinos europeus a se unificar e se formar propriamente. Portugal fica localizada na Península Ibérica, e atualmente possui 92.090 km2 de território, isso incluindo seus domínios sobre o Arquipélago da Madeira e o Arquipélago dos Açores. A população portuguesa de acordo com o último censo feito em 2011, consta de mais de 10 milhões de portugueses. O país pertence desde 1986 a União Européia. Portugal só possui duas fronteiras geográficas, ao norte e leste esta a Espanha, ao oeste e sul o Oceano Atlântico. A ocupação da península Ibérica remonta há milhares de anos, tendo sido encontrados vestígios de mais de 5000 a.C. Ainda na Antiguidade, tribos Celtas vindas do centro da Europa se estabeleceram na península, se misturando com os povos locais, de tal miscigenação surgiram os Lusitanos. Entre os séculos VIII a.C e VII a.C, os Fenícios chegaram ao que hoje é o sul da Espanha, posteriormente foram os Gregos e depois os Cartagineses. Não se sabe ao certo se os fenícios e os gregos chegaram até a região da Lusitânia na época, já que acredita-se que os mesmos ficaram restritos a costa espanhola, no entanto os cartagineses do século IV a.C ao II a.C, dominaram vários territórios na península, porém a Lusitânia ficou de fora, embora expedições foram realizadas na tentativa de sua conquista. No século II a.C, o chefe dos lusitanos, Viriato (?-139 a.C) combateu por vários anos os Romanos, impedindo que os mesmos conquistassem a Lusitânia. Viriato é considerado um herói ancestral do povo português. Após a morte de Viriato, anos depois novas batalhas levaram gradativamente a derrota dos lusitanos e dos povos vizinhos. No ano I d.C toda a península estava sob o domínio do Império Romano. No século V, com a queda do Império Romano, uma leva de povos germânicos chegaram a península: Vândalos, Visigodos, Suevos, Alanos e Búrios. Nesse caso, os suevos e visigodos dominaram grande parte da península, enquanto os demais só vieram de passagem ou foram expulsos da região. Nessa época esses povos bárbaros, como os romanos se referiam, começaram a ser cristianizados e os mesmos dariam origens aos reinos cristãos ibéricos.
A partir da formação das capitanias, houve um aumento na leva de colonos para as ilhas. Além da exploração da madeira em si, passou-se a cultivar vinículas para a produção de vinho (o qual hoje é dito um dos melhores de Portugal); o desenvolvimento da apicultura para a venda de mel e cera; a plantação de alguns cereais como trigo e aveia, o desenvolvimento da pesca, e até mesmo o cultivo de cana de açúcar, a qual era exportada para
Flandres (na Bélgica) e a Itália. A cana de açúcar fora trazida pelos árabes e já havia sido plantada na Hispânia e na Lusitânia, daí ser uma planta conhecida pelos portugueses há vários séculos. Na ilha de Porto Santo cultivavam-se e exportavam-se o anil e sangue de dragão (a substância é extraída do dragoeiro), utilizados na tinturaria.
Não se sabe ao certo a data de descoberta de cada uma das ilhas. Se tomarmos Diogo de Silves como descobridor das ilhas orientais, Santa Maria e São Miguel em 1427 e depois, Frei Gonçalo Cabral como descobridor das ilhas centrais, algo que de fato ele fez, embora não se saiba a data exata, das nove ilhas que formam o arquipélago, sete já haviam sido descobertas antes de 1439, data na qual o infante D. Pedro, enviou alguns rebanhos de ovelhas junto com
colonos para as ilhas, embora que acredita-se que desde 1432 as ilhas já vinham sendo ocupadas. Entre 1450 e 1452 as últimas ilhas do arquipélago, Flores e Corvo foram descobertas por Diogo de Teive em companhia do espanhol Pêro Vasques de la Frontera.
"Os Açores serviram de terreno experimental para a cultura de cereais, o que permitiu um maior abastecimento da Metrópole e das praças marroquinas, que se viam om frequência desprovidas de trigo, cevada e aveia. O clima úmido das ilhas também permitiu que nelas se incentivasse a criação de gado vacum e ovícula, o que juntamente com o pescado favorecia o sustento dos habitantes. Não resultaram as tentativas para fomentar a cultura sacarina nos Açores,
pois a produção obtida em várias ilhas foi sempre diminuta. A urzela e o pastel, colhidos em São Jorge e São Miguel, representaram um benefício para a economia do arquipélago, por serem plantas tintureiras de excelente qualidade". (SERRÃO, 1994, p. 76).
O Cabo Bojador (1434)
O Cabo Bojador fica ao sul das Ilhas Canárias, marcando até o ano de 1434 o ponto limite do avanço das navegações de descobrimento dos portugueses. O arquipélago das Canárias hoje pertence a Espanha, porém desde a Antiguidade já era conhecido e no século XIV os portugueses reivindicaram sua redescoberta e posse, porém o papa na época, Clemente VI atribuiu a posse das ilhas aos castelhanos e desde então os portugueses tentaram conquistá-la dos
mesmos, mas acabaram fracassando.
Seguindo a transposição do Bojador, Afonso Gonçalves Baldaia em 1435 descobriu a Angra dos Ruivos (atual Cabo Ganet) e no ano seguinte, chegou a foz do rio do Ouro. Ele também nomeou a região de Porto de Galé, posteriormente se tornou um porto ocupado pelos portugueses. Continuando a viagem para o sul, o navegador Nuno Tristão descobriu o Cabo Branco e a Baía de Arguim, onde na qual fundou uma feitoria
para comercializar com os nativos, tal façanha ocorreu na década de 1440.
Do Bojador à Serra Leoa (1434-1460)
"Assim se consolidou o plano henriquino que se estende até 1460, quando as caravelas portuguesas haviam já atingido a Serra Leoa. Com acidentes marítimas de vária ordem, um quarto de século bastou para conduzir os navios do Infante ás portas do golfo de Guiné. Não se torna possível enumerar o rol de Descobrimentos, quase todos de realização anual, que ocorreram nesse período. Vários navegadores deixaram então marca dos seus feitos, se bem que a História nem
sempre faça ressaltar seus nomes". (SERRÃO, 1994, p. 77).
O arquipélago de Cabo Verde (1445?)
Sabe-se que no ano de 1462 todas as ilhas já haviam sido descobertas, e a colonização teve início. Assim como na Madeira e nos Açores, tais ilhas não eram habitadas por humanos, isso favoreceu a ocupação dessas terras. Ao mesmo tempo, o clima favorecia o cultivo de alguns cereais, a criação de animais, e o plantio da cana de açúcar, produto muito exportado da ilha.
Mas após o regresso de Pedro de Sintra em 1462, as viagens para o golfo ficaram paradas por quase oito anos, devido a falta de dinheiro no Tesouro português, falta essa causada em grande parte devido as despesas com as guerra no Marrocos, já que os portugueses ainda estavam determinados de o conquistarem. Nessa época o rei regente era D. Afonso V, o qual ganhou o cognome de o, Africano, devido as suas vitórias no Marrocos, Alcácer Ceguer (1458),
Anafé (1464), Arzila (1471), posteriormente Tânger, Larache entre outras cidades. Porém, tudo isso teve um preço, as despesas foram enormes, causando um rombo nos cofres do país, isso levou o rei a suspender as viagens de descobrimento, e somando-se a tal fato, ainda havia a falta de interesse do monarca por essas expedições, e a questão envolvendo a sucessão no reino de Castela, na qual, D. Afonso V estava interessado de realizar um
casamento entre um de seus filhos com uma das filhas do próximo herdeiro de Castela. Prestes João foi um rei cristão lendário que acreditava-se governar um rico país localizado no oriente. Dependendo da época, as histórias sobre seu reino, sugeriam que ele vivesse na Ásia ou na África, entretanto, os portugueses e espanhóis acreditavam que tal lugar pudesse ser real, estavam esperançosos de
poder conhecer as imensas riquezas que se dizia que o mesmo possuía.
A colonização da Costa da Mina e das regiões posteriores já descobertas, fora realizada de fato sob o governo de D. João II o qual assumiu o trono em 1477, quando seu pai, Afonso V abdicou do mesmo e se retirou para um convento. Será no governo de D. João II que a "nova era de ouro" dos descobrimentos se procedeu, já que o mesmo, assim como seu falecido tio D. Henrique, possuía grande interesse por esse assunto.
"Assim se ergue, no curto espaço de um mês, o Castelo de São Jorge da Mina, coroado por uma alta torre e envolvido por uma grande muralha. Dentro do recinto ergueram-se casas para a guarnição, constituída por Azambuja e mais 60 homens e 3 mulheres, tendo restantes membros da expedição voltado a Lisboa". (SERRÃO, 1994, p. 84). O fato de importar escravos da Costa dos Escravos se tornou tão habitual, que nos mercados do Brasil, era comum ouvir os mercadores de escravos, falarem em "negros da Guiné" e "negros da Mina", como forma de se referir a procedência dos mesmos, embora que não necessariamente tais homens e mulheres tenham nascido naquelas terras, já que era comum "caçar" escravos nas regiões vizinhas, especialmente em aldeias e vilas. A importância da Mina fora tamanha que em 15 de março de 1486 o rei D. João II expediu um documento elevando o Castelo de São Jorge da Mina, a condição de feitoria para cidade, assim o mesmo se tornou a primeira cidade portuguesa da África. No século XVII, os holandeses conquistaram o castelo e parte da região.
As ilhas de São Tomé e Príncipe (1471)
Devido ao baixo número de colonos, a população era composta por escravos, e também por prisioneiros de Portugal, já que por alguns anos as ilhas serviram como local de deportação de certos prisioneiros, os quais passavam ali a trabalharem incondicionalmente. Em 1493, o rei nomeou Álvaro de Caminha, capitão-mor de São Tomé, e após tal fato as relações entre a Metrópole e a capitanias melhoraram, já que o rei passou a dar maior atenção as
necessidades dos colonos nas duas ilhas. Não obstante, no século XVI, São Tomé e Príncipe se tornaram um dos principais produtores de açúcar da África, além de também cultivarem laranjas, limões e outros frutos, como também estarem ligados ao tráfico negreiro. As notícias de que haviam ainda terras para o sul, ao mesmo tempo animaram e desanimaram o intrépido D. João II, o qual estava ansioso em descobrir o fim do continente africano e se chegar ao Oceano Índico e alcançar as Índias e se possível o Reino de Prestes João. De acordo com mapas da época, embora acreditasse que o planeta fosse plano, nos mapas retratavam que os
continentes conhecidos ficavam no centro desse plano, rodeados pelos oceanos, assim, já se sabia que havia uma forma de se chegar as Índias por via marítima, porém se desconhecia o caminho e a distância.
O responsável pelas descobertas do Congo e de Angola foi o navegador Diogo Cão, um nome que por vários anos ficou renegado e esquecido na história portuguesa, devido há alguns problemas históricos que envolviam o seu misterioso sumiço, já que após 1485, não se fazem mais menções ao seu nome, pois acredita-se que tenha morrido nesse ano; no entanto outros historiadores sugerem que Diogo só veio a falecer em Portugal, tempo depois, mas não se sabe o motivo
desse seu anonimato.
Chegando a essa região chamada de Reino do Congo ou Kongo, Diogo ficou sabendo que havia um poderoso rei que governava aquelas terras, e era conhecido pelo título de manicongo ("senhor do Congo"). A fim de realizar um contato amigável e pacífico, Diogo Cão escolheu alguns marinheiros e lhes deu mercadorias para serem oferecidas como presente ao monarca, dessa forma, tais homens foram desembarcados e guiados por nativos, seguiram viagem para
M'Banza Kongo, a capital do reino. Porém, Diogo Cão não ficou para esperar o retorno de seus mensageiros, e decidiu prosseguir viagem.
"Porém, como os companheiros tardassem na volta, o comandante seguiu viagem e foi até o cabo do Lobo, actual Santa Maria, onde afixou o padrão de Santo Agostinho. Avançando mais ainda, Diogo Cão atingiu a Lucira Grande, a que pôs o nome de angra de João de Lisboa, crê-se que por haver sido este nauta o primeiro a descer em terra. A viagem teria conduzido ao descobrimento do litoral do território que veio a ser Angola". (SERRÃO, 1994, p. 87).
Tendo chegado até a angra de João de Lisboa, Diogo decidiu retornar para o Congo, a fim de buscar seus marujos e saber se os mesmos haviam feito contanto com o manicongo. Mas quando retornou ao local onde havia deixado seus homens, os mesmos não haviam retornado ainda. Sem querer esperar mais, Diogo convenceu alguns congolenses a irem com ele para Lisboa, e assim se procedeu, e em 1484, ele retornou para Portugal, onde disse para
o rei que havia descoberto novas terras e acreditava está próximo de chegar ao fim do continente.
Os congolenses foram bem recebidos e bem tratados na Corte, e no ano de 1485, Diogo retornou para o Congo, lá ele reencontrou seus marujos, os quais haviam vivido esse tempo na Corte do manicongo, assim teve início a uma relação amistosa entre os dois reinos. Posteriormente foram enviados missionários para o Congo para darem início a pregação do cristianismo naquelas terras, e em 1509 o manicongo Nzinga-a-Nkuwu converteu-se ao cristianismo e adotou o
nome de D. João I do Congo. Posteriormente os reis que o sucederam também passaram a seguir o cristianismo e a usarem nomes cristãos. A capital, M'Banza Kongo fora rebatizada para São Salvador do Congo.
No entanto, algumas versões dizem que ele acabou adoecendo na viagem e faleceu na Serra Parda, outras dizem que ele morreu no navio enquanto estava à caminho de volta; outros apontam que ele morreu na ilha Ano Bom próximo a São Tomé. De qualquer forma, embora seu nome tenha ficado renegado na história, hoje ele voltou a receber seu mérito por ter liderado tais expedições, que contribuíram para Bartolomeu Dias chegar no Oceano Índico
poucos anos depois. O esforço é grande e o homem é pequeno Eu, Diogo Cão, navegador, deixei Este padrão ao pé do areal moreno E para diante naveguei. ... E ao imenso e possível oceano Ensinam estas Quinas, que aqui vês, Que o mar com fim será grego ou romano: O mar sem fim é português. Estrofes I e III do poema Padrão, Fernando Pessoa.
"Compreende-se assim a determinação do rei português em aproveitar os benefícios resultantes das viagens de Diogo Cão. No ano de 1487 ordenou a aparelhagem de uma frota, com a nau S. Cristóvão, a caravela S. Pantaleão e um barco de apoio, para que nomeou comandante Bartolomeu Dias. Além de ser patrão na nau régia, conhecia bem a navegação do Atlântico, já estivera em missão no Castelo da Mina e usufruía a confiança do monarca como um dos
seus melhores servidores". (SERRÃO, 1994, p. 89).
No dia 6 de janeiro de 1488, fora avistado a Serra dos Reis, porém uma repentina tempestade tirou as três naus do curso, mas por sorte, eles conseguiram recuperar o percurso e acabaram retornando a costa e avistaram um cabo, que fora batizado de Cabo das Tormentas, devido ao fato ocorrido. No entanto, posteriormente, o rei D. João II não gostou desse nome, e o mudou para Cabo da Boa Esperança, tal nome se conserva até hoje, e fica
localizado na atual Cidade do Cabo (Cape Town).
Retornado para a segurança próxima a costa, Dias continuou com a viagem e chegou posteriormente a uma angra que ele batizou de Vaqueiros (hoje Fish Bay), e em 3 de fevereiro chegaram a angra de São Brás (atual Mossel Bay), lá eles colocaram um padrão de São Gregório (os padrões eram cruzes que indicavam que aquela terra foi descoberta por Portugal). Dias depois eles descobriram a foz de um rio, que foi batizada de Rio Infante,
devido ao fato de ter sido João Infante ter o batizado, pela questão de ter ido a terra tomar posse daquele local a Coroa portuguesa. Jaz aqui, na pequena praia extrema, O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro, O mar é o mesmo: já ninguém o tema! Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro. Epitáfio de Bartolomeu Dias, Fernando Pessoa.
Cristóvão Colombo (1451-1506) ainda é um homem de passado controverso, muitas hipóteses questionam se ele realmente nasceu em Gênova, ou teria nascido em Portugal ou Espanha. De qualquer forma, a historiografia aceita, diz que Colombo nasceu em 1451 em uma cidade portuária da República de Gênova, sendo filho do mercador de lãs Domenico de Columbo. Sabe-se também que Cristóvão tinha um irmão mais velho, chamado Bartolomeu o qual era cartógrafo e
trabalhou alguns anos em Portugal. Acerca de sua infância muito é desconhecido, mas acredita-se que desde sua adolescência já viajasse junto com o pai, para Espanha e possivelmente Portugal ainda nessa época. Por volta de 1470 ou 1471, Cristóvão se mudou para Portugal, indo morar na ilha de Porto Santo no arquipélago da Madeira. Sobre tal data ainda existem divergências; cronistas da época apontam diferentes datas para a mudança de Colombo de
Gênova para Portugal, logo as datas variam de 1470 a 1477, e outros dizem que Colombo não chegou a viver em Portugal, pelo menos não antes de 1481.
Quando Colombo fora apresentar sua teoria e o mapa de Toscanelli ao rei D. João II, tais hipóteses não eram desconhecidas pelo rei naquela época. Fernando Martins de Reriz era amigo de Toscanelli e em 1476 já havia enviado uma carta deste para o então rei D. Afonso V, o qual não deu atenção a teoria do italiano. Posteriormente quando Colombo se apresentou, D. João II, também não deu muita atenção as ideias do navegador, os motivos não são bem claros, já
que de fato Portugal empreendia expedições pelo ocidente do oceano, tentando encontrar novas ilhas e terras, porém acredita-se que o resultado da viagem de Diogo Cão quando o mesmo retornou em 1483, avivou ainda mais a esperança de se está próximo do fim da África, e logo cada vez mais perto do Oceano Indíco e a rota para as Índias.
Em 3 de agosto partindo de Palos de la Frontera, Colombo seguiu com seus três navios em direção ao desconhecido. Em 12 de outubro de 1492, fora avistado terra, e Colombo aportou numa ilha que fora batizada por ele de San Salvador (hoje Bahamas). Acreditando que aquela terra fosse nas Índias, ele chamou os nativos erroneamente de índios.
A proposta portuguesa acabou pulando de 250 léguas para 370 léguas, passando a usar como marco referente a ilha de Santo Antão no Cabo Verde, assim em junho de 1494, o rei D. João II e sua comitiva seguiram para Tordesilhas onde encontraram os Reis Católicos e sua comitiva, e lá embora pela grande mudança sugerida pelo rei português, os Reis Católicos aceitaram, e por fim, fora assinado o Tratado de Tordesilhas, o qual permitia os portugueses apenas
explorarem as terras que estivessem dentro dessa marca, que por coincidência ou já planejado, veio a ser a costa do futuro Brasil.
Além dessa mudança da delimitação dos limites, os acordos chegados anteriormente na bula papal, reconhecendo a exclusividade espanhola em explorar as terras descobertas por Colombo, e a exclusividade portuguesa com o caminho de Bartolomeu Dias, permaneceram. Em 1506, o papa Júlio II reconheceu oficialmente os desígnios propostos em Tordesilhas, porém os problemas não acabaram por aí. Devido ao fato de não saberem na época as reais proporções do
planeta, muitos geógrafos e cartógrafos contestaram até onde ia os limites estipulados por Portugal no tratado, havendo variações para mais e para menos do que fora delimitado. De qualquer forma, no século XVII Portugal já havia quebrado o tratado, adentrando cada vez mais pelo interior da América do Sul. Após todo o rebuliço envolvendo a descoberta de Colombo, a bula Inter Coetera e o Tratado de Tordesilhas, em 1495 o rei D. João II, o "Príncipe Perfeito", como ficou conhecido, veio a falecer aos 40 anos antes de poder concretizar seu grande sonho de enviar uma expedição às Índias. Seu herdeiro, D. Afonso, havia falecido aos 16 anos devido a uma queda de cavalo próximo ao rio Tejo, entretanto, o rei possuía um filho bastardo, chamado Jorge, mas a rainha Leonor fez de tudo para que o bastardo não se torna-se o herdeiro, assim, pelo fato de não possuir outros filhos varões ou irmãos, a sucessão recaiu para o parente homem mais próximo do rei, seu primo e cunhado D. Manuel, irmão de sua esposa.
Devido a todo incidente recente, D. Manuel I decidiu adiar os planos para a expedição às Índias. Hoje ainda se contesta se D. João II já tivesse preparado tudo, e apenas coube a seu sucessor dá a permissão de partirem. No entanto, existem alguns relatos que indicam que antes de D. Manuel ordenar a viagem de Vasco da Gama em 1497 para as Índias, D. João II teria realizado algumas missões ultramarinas, enviando navios até a costa oriental africana, seguindo a
rota descoberta por Bartolomeu Dias. Porém, ainda hoje tais afirmações são contestáveis. Enquanto isso, Afonso sondava a situação do mercado no Mediterrâneo oriental, e as relações políticas no Egito. Posteriormente, como Covilhã apontou em seu relato, ele teria viajado por volta de 1490 para a África onde seguiu viagem até a Etiópia, porém ele disse que aquele não seria o Reino de Prestes João; no entanto, ainda continuou a viajar pela costa oriental, visitando as
cidades mercantis, tendo chegado até Sofala, no sul do continente, a última parada dos navios árabes na África. Sofala era conhecida por receber carregamentos das minas de ouro do Império Monomotapa. O Caminho das Índias (1497-1499) Não obstante, Vasco era um antigo amigo do rei Manuel, desde infância, provavelmente esse fora um dos fatores de sua escolha, embora que Vasco também já fosse reconhecido como um bom navegador e profissional. Outro fato a sublinhar, é que embora seu pai tenha sido nomeado capitão dessa missão, por costume de Portugal, a tarefa teria que ser atribuída ao filho mais velho de Estevão, o qual era Paulo da Gama, porém, o rei escolheu Vasco,
que era alguns anos mais novo.
Assim, Vasco da Gama seguiu viagem à bordo da São Gabriel, tendo como piloto, o experiente Pêro de Alenquer; na São Rafael, o capitão era Paulo da Gama e o piloto João de Coimbra; na Bérrio, o capitão era o experiente Nicolau Coelho e o piloto Pêro Escobar, o qual já havia viajado com Bartolomeu e Diogo Cão. Por fim, na naveta, o capitão era Gonçalo Nunes e Afonso Gonçalves o seu
piloto. A bordo de cada navio havia um escrivão para realizar os relatos da viagem, sendo estes, Diogo Dias, João de Sá, Álvaro de Braga e Álvaro Velho. No entanto, de todos, fora Velho o mais assíduo relator da viagem, escrevendo em alguns momentos pormenores da jornada. Baseado nos relatos dos mesmos, sabe-se que após passarem pelas Canárias, a armada fora pega em um nevoeiro o que fez os navios se dispensarem, entretanto prevendo que isso poderia vim a ocorrer, o capitão Vasco acertou com os demais capitães, que em caso de isso acontecesse, eles deveriam se reencontrar na ilha de Santiago em Cabo Verde, e assim o fizeram dias depois. Lá permaneceram poucos dias, reparando os navios e os reabastecendo, então voltaram a seguir viagem. De acordo com o relato de Álvaro Velho, nos três meses seguintes não se avistou terras, já que a rota escolhida por Vasco da Gama cruzava o oceano a uma distância bem grande da costa africana, diferente da viagem de Bartolomeu Dias. Segundo, consta no relato, o capitão assim decidiu o percurso, pois acreditava evitar os ventos contrários que sopravam do sul. Porém, a escolha de tal
trajeto, os fez navegar a meio caminho da América do Sul, da costa do Brasil.
No dia 24 de abril eles zarparam, tendo conseguido bons ventos e tendo a experiência de Ahmed, eles levaram apenas 23 dias para chegar a Índia. No dia 18 de maio avistaram as montanhas de Calicute, e no dia 20 aportaram no porto da cidade. Após empecilhos, desvios, paradas, ameaças; 312 dias depois de terem deixado Portugal a expedição chegava finalmente a sonhada Índia.
Vasco enviou João Nunes o qual sabia falar a língua árabe para terra. Andando pelo porto ele acabou encontrando dois árabes de Túnis (atual capital da Tunísia) que sabiam falar castelhano e genovês, naquela época, muitos portugueses entendiam fluentemente o castelhano. Assim, os três conversaram, e os árabes mostraram grande surpresa por verem um português lá, ainda mais vindo pelo mar. Nunes relata que lhe fora oferecido pão com mel naquela
refeição, e o sabor não poderia ser mais doce.
Depois de conversarem e se apresentarem, Vasco tratou de dá presentes ao rei, mas foi aí que a situação começou a se complicar. Como presentear um soberano imensamente rico? Chegando de volta ao Atlântico, os ventos alísios que sopravam via sul-norte, ajudaram imensamente as duas naus a viajarem com rapidez pelo oceano. Porém, antes de chegarem a arquipélago do Cabo Verde, Paulo da Gama adoeceu gravemente, Vasco preocupado com o irmão, após aportar em Cabo Verde, deu o comando da armada para João de Sá, alugou uma caravela e partiu com o irmão na frente, já que os dois navios ficariam mais alguns dias em Cabo Verde para reparo, abastecimento e descanso da tripulação. Mas pouco tempo depois de deixar Cabo Verde, a saúde de Paulo piorou, então Vasco temendo que o irmão falece-se no navio, pediu que mudassem a rota para os Açores. Quando chegaram a ilha Terceira, seu irmão faleceu, e ali fora sepultado. Mais de um mês depois, Vasco retornou para Portugal, sendo que seus homens já haviam chegado antes, e dado as boas notícias ao rei, sobre o sucesso da viagem. Vasco da Gama chegou em Portugal entre agosto e setembro de 1499, amargurado pela morte do irmão, permaneceu nove dias em Restelo orando para Nossa Senhora em um convento próximo. Nesse período, recebeu a visita de fidalgos e outros senhores, lhe parabenizando pelo retorno e o sucesso da viagem. Depois de seu tempo de luto, ele seguiu para a Corte, e lá foi recebido como um herói pelo rei D. Manuel I. Participou de festas e desfiles, recebeu uma pensão de 300$000 réis por ano, dada pelo rei; a chefia das vilas de Sines e Vila Nova das Milfontes; recebeu o título de Dom, assim como, também seu irmão Aires e sua irmã Teresa; além do direito de comercializar com a Índia, usando navios da Coroa, e sem precisar pagar impostos alguns na alfândega. A empolgação do rei era tanta, que ele enviou cartas aos Reis Católicos, ao papa e outros soberanos da Europa contando a novidade. Colombo pode ter descoberto o "Novo Mundo", mas Vasco da Gama encontrou "o caminho das Índias". A venda das especiarias compradas em Calicute, cobriram totalmente as despesas da viagem, e em valores de hoje, seria algo em torno na casa de centenas de milhões, o lucro conseguido. Nos anos seguintes, que os navios iam e vinham pela rota Lisboa-Calicute, Portugal se tornou a nação mais rica do continente, e Lisboa uma das mais importantes cidades da Europa. Vasco ainda voltaria posteriormente a retornar a Índia, e anos depois se tornou vice-rei dos domínios ultramarinos portugueses na Índia, tendo governado de 1522 a 1524.
Vasco da Gama, o forte Capitão, Que tamanhas empresas se oferece, De soberbo e de altivo coração, A quem Fortuna sempre favorece, Pera se aqui deter não vê razão... Trecho da estrofe 44, do Canto I, Os Lusíadas, Luís de Camões. No entanto, Vasco e os outros capitães contaram sobre os problemas ocorridos com o samorim e os mercadores árabes, e até mesmo disse que se fosse o caso teriam que usar a força para firmar sua autoridade na Índia. E assim, D. Manuel I, o fez. Imediatamente mandou preparar uma nova expedição para a Índia, tudo seria maior, ao invés de quatro navios, iriam treze, e ao invés de 150 homens, iriam dez vezes isso. O capitão escolhido para essa nova empreitada era o fidalgo Pedro Álvares Cabral. Mas, antes de Cabral chegar a Índia, ele decidiu fazer uma visita a América do Sul, ou teria sido por acaso? Labrador e Terra Nova (1499-1500) Assim, seguindo quase que a mesma rota de Lavrador e Barcelos, eles chegaram a uma ilha de fato que batizaram de Terra Nova. Em um documento de 12 de maio de 1500, D. Manuel I reconheceu a descoberta dos dois irmãos, e estes voltaram a Terra Nova, porém na segunda viagem de Gaspar em 1501, o qual havia partido com três caravelas, seu navio acabou se perdendo dos demais, e nunca mais foi encontrado, as outras duas caravelas, procuraram em vão por ele,
então retornaram para Portugal, afim de noticiar o rei. Gaspar estava ansioso em desbravar a região que ele chamou de "terra verde", embora que hoje não se saiba exatamente onde ficava tal região, se seria ou não perto de Terra Nova.
Em 1502, seu irmão Miguel partiu em viagem à Terra Nova, decidido a encontrar o irmão, mas para azar do destino, este também não retornou e nunca mais fora visto. Até hoje, se desconhece o que realmente aconteceu com os dois irmãos e suas tripulações. No entanto, uma singela pista sugere, que Miguel tenha vivido alguns anos na América do Norte. "MIGVEL CORTEREAL V DEI HIC IND AD 1511"
Entretanto, sabe-se que após a morte dos irmãos Corte Real e de Lavrador em 1505, a coroa portuguesa acabou desistindo de colonizar as terras descobertas por eles, o fato pode ser bem simples: D. Manuel I, estava mais interessado no comércio com a Índia, após a viagem de Vasco da Gama, e a extração do pau-brasil na América do Sul. Porém uma questão fica evidente nessa descoberta, o limite estipulado pelo Tratado de Tordesilhas havia sido quebrado anos antes do que se pensava, já que Labrador e Terra Nova, pelo o que consta no tratado, fazia parte dos domínios espanhóis. Brasil (1500)
Baseado na pesquisa do professor Luciano Pereira da Silva, a partir da análise de outras fontes documentais do início do reinado de D. Manuel I, o mesmo aponta que em 1498, o rei teria enviado o navegador Duarte Pacheco Pereira (1460-1533) em uma missão especial para averiguar a existência de terras no limite delineado no Tratado de Tordesilhas e no relato de Álvaro Velho, um dos escrivãs da armada de Vasco da Gama. Segundo
o relato de Velho, em 18 de agosto de 1497, enquanto haviam retomado a viagem a partir do Cabo Verde, seguindo uma rota aberta para pegar as correntes cíclicas do Atlântico sul, o mesmo relata que a tripulação avistou gaivotas voando no horizonte, logo Velho constatou que poderia haver terra para o ocidente, não muito distante, possivelmente uma ilha ainda desconhecida. A partir de tal relato, Duarte Pacheco viajou para Cabo Verde e de lá partiu para oeste, em
busca de tais terras.
A segunda expedição espanhola, que teria passado pela costa brasileira foi realizada pelo navegador Vincente Yánez Pinzón, o qual partiu com destino as Antilhas, mas ventos desfavoráveis o levaram a ter que aportar em Cabo Verde, e de lá ele voltou a seguir viagem para oeste, tendo avistado um cabo em janeiro de 1500, o qual batizou de Santa Maria de la Consolácion (atualmente cabo de Santo Agostinho em Pernambuco). Pinzón teria chegado ao Brasil
três meses antes de Cabral. Porém pelo o que consta, este não teria aportado em terra, mas continuou a seguir rumo ao norte, contornando o continente, até alcançar a foz do rio Amazonas e depois do rio Orenoco, e de lá seguiu para a ilha de Hispaniola (atualmente Cuba). Mesmo que Pinzón tenha avistado terras e aportado ou não, este não reivindicou tais terras para si e para a Espanha, simplesmente, passou por ali. Por fim, a terceira expedição espanhola ocorreu
com Diogo de Lepe, o qual fora nomeado para comandar uma expedição ao Golfo de Pária na América Central. O mesmo teria partido de Sevilha, mas devido a problemas com os ventos acabou chegando a costa pernambucana, mais ou menos na altura de onde Pinzón passou, de lá prosseguiu para o norte até encontrar o caminho para as Antilhas.
Assim como Vasco da Gama era um nobre, estava intimamente ligado a Corte, Cabral também pertencia a nobreza, e possuía certo prestígio perante o rei D. Manuel I, tal fato lhe agraciou para ser indicado como capitão-mor na segunda viagem para as Índias. Junto a Cabral seguiram outros importantes e experientes capitães e pilotos da época, dentre os quais: Bartolomeu Dias e seu irmão Diogo Dias; Nicolau Coelho, Pêro Escobar, ambos haviam sido pilotos
na armada de Gama; Vasco de Ataíde; Sancho de Tovar; Simão de Miranda; Aires Correia, entre outros. Nessa expedição também ia um escrivão de nome Pêro Vaz de Caminha (1450-1500) imortalizado na história pela carta que escreveu a D. Manuel I falando sobre as belezas naturais da terra recém descoberta.
Em 21 de abril, a armada avistou algas na superfície e gaivotas sobrevoando os navios, então avistaram no horizonte uma mancha marrom-esverdeada, era terra. Em meio ao horizonte, Cabral avistou um monte o qual batizou de Monte Pascoal, devido ao fato de estarem no mês da Páscoa. No dia seguinte, eles decidiram desembarcar em terra firme e conhecer os nativos que haviam avistado de longe na praia.
Em 22 de abril alguns barcos e membros da tripulação aportaram em terra, e Cabral reivindicou aquelas terras ao rei D. Manuel I de Portugal, e a batizou de Ilha de Vera Cruz, devido ao fato de estarem no período de Páscoa e também por acreditarem no início que se tratava-se de uma ilha e não de uma porção do continente americano.
Quando os portugueses chegaram a praia ficaram curiosos em ver os índios andando nus, embora que alguns já deveriam saber que os mesmos assim o fizessem, devido ao relato de Colombo, o qual também conta que os índios andavam sem roupa e não tinham vergonha de seus pudores. Os portugueses encontraram uma baía segura e amistosa para a ancoragem, Cabral a batizou de Porto Seguro.
"Este texto foi definido por Capistrano de Abreu, com inteira justiça, como 'a carta de baptismo do Brasil'. O notável historiador chamou a atenção para a novidade, ao mesmo tempo de valor histórico e literário, de um país ter encontrado o primeiro cronista na hora da sua revelação ao Mundo. Por isso, considera a carta de Pêro Vaz de Caminh, numa alegoria de belo significado, como 'o diploma natalício lavrado à beira do berço de uma nacionalidade futura'".
(SERRÃO, 1992, p. 316 apud ABREU, 1929, p. 238-239).
Finalmente a 2 de maio, Cabral decidiu que era hora de partir e retomar o rumo para a Índia. Mas antes de partir, ele escolheu dois degredados (criminosos forçados ao trabalho), para ficarem ali com os nativos, afim de aprenderem a língua dos mesmos e seus costumes. Porém, dois marujos acabaram desertando de um dos navios e fugiram para floresta e nunca mais foram vistos. Assim, quatro portugueses ficaram em Vera Cruz. Cabral escolheu Gaspar de
Lemos capitão de uma das naus, para levar a carta de Caminha, e os presentes dados pelos índios para Portugal, assim a esquadra se despediu e tomaram direções diferentes, Lemos seguiu em direção a Cabo Verde e o restante da armada para o cabo da Boa Esperança.
O nome da ilha se deve ao fato de que em 16 de fevereiro de 1504, D. Manuel I concedeu ao navegador e mercador Fernando de Noronha (1470-1540) monopólio na extração do pau-brasil em Santa Cruz e o designou como capitão donatário dessa ilha. Assim, Fernando mudou o nome da ilha de São João da Quaresma e lhe deu seu próprio nome, o qual permanece até hoje.
Ilha de São Lourenço (Madagáscar) (1500)
Acreditando que estivessem na costa oriental africana, Diogo ordenou que continuassem a ir em frente, afim de chegar a Sofala ou Moçambique, mas a medida que o navio cruzava aquelas águas azuis, passando diante de praias brancas e frondosas e verdejantes florestas, eles constataram que não se tratavam do continente, mas sim de uma grande ilha.
Em 1501 o navegador galego João da Nova (1460-1509) recebeu a missão do rei D. Manuel I de viajar para a Índia, o mesmo conduziu em sua viagem quatro naus. Em 5 de março a armada de Nova deixou Portugal e seguiu a mesma rota de Cabral, aportando posteriormente no Brasil. Não se sabe quanto tempo ele permaneceu lá, mas sabe-se que tenha chegado na altura do cabo de Santo Agostinho. Depois da visita ao Brasil, ele voltou a seguir viagem e
em 13 de maio fora avistado terra, uma pequena ilha a qual ele batizou de Conceição (hoje Ilha de Ascensão), dali ele prosseguiu viagem para o cabo da Boa Esperança, quando passou por este, a armada de Pedro Álvares Cabral já havia passado por ali e seguia em retorno a metrópole.
Chegandoà Índia a situação já era bem diferente do que fora vista na época da viagem de Vasco da Gama; Cabral havia conseguido do samorim de Calicute o direito de fundar uma feitoria no reino, além de ter também estabelecido relações comerciais nos reinos vizinhos de Cochim, Cananor e Coulão, sendo estes mais amigáveis e receptíveis aos portugueses, já que em Calicut, Cabral teve problemas com alguns mercadores
árabes que chegaram a atacar a feitoria portuguesa lá. Em tais reinos foram fundados posteriormente feitorias e fortalezas.
Na viagem de volta em 1502, em 1 de abril, a armada de João da Nova avistou outra ilha, a qual fora batizada de Santa Helena. Ambas as ilhas nunca chegaram a serem colonizadas pelos portugueses, até que no século XIX, os ingleses tomaram conta das mesmas. Santa Helena é conhecida por ter sido o último local de exílio de Napoleão Bonaparte, onde o mesmo veio a falecer em 1821. Atualmente a ilha conta com uma população de cerca de 5 mil
habitantes, tendo a capital chamada Jamestown.
Devido a ocupação francesa do arquipélago o nome das ilhas passou para Amirante (almirante em francês), entretanto os franceses disputaram o controle daquelas ilhas contra os ingleses por vários anos, até que se entenderam no século XIX, tendo a Inglaterra ganho a disputa sobre as ilhas. Chamado de arquipélago das Seychelles, este em 1976 conseguiu sua independência da Inglaterra, deixando de ser colônia dos mesmos e se tornando uma nação. Dali, a armada seguiu viagem para o Cabo da Boa Esperança. Na ocasião dessa viagem, ia consigo seu primo Afonso de Albuquerque o qual viria a ser vice-rei da Índia. No entanto nessa missão, o rei os enviou para conquistar a ilha de Socotorá, a mesma visitada por Diogo Dias seis anos antes. D. Manuel I acreditava que devido a localização da ilha, seria um ponto-chave no controle
daquelas águas as quais os portugueses chamavam de "golfão". De fato a vitória ocorreu e a ilha fora conquistada.
Atualmente as duas ilhas descobertas por João da Nova, e as duas por Gonçalo e Tristão pertencem ao governo britânico, compondo o território ultramarino britânico de Santa Helena. Todas as quatro principais ilhas são habitadas hoje.
Ao todo as principais ilhas do arquipélago são: Maurícia, Rodrigues, Reunião, Agalega, Tremolin, São Brandão. Entretanto, existem algumas ilhotas e atóis próximas as mesmas. Mascarenhas não chegou a colonizar tais ilhas, de fato Portugal não se interessou de ocupá-las, e posteriormente os ingleses e franceses as ocuparam. Hoje, tais ilhas compreendem o território da República Maurícia, ex-colônia francesa e britânica. Mascarenhas
também descobriu a ilha Diogo Garcia (1512), hoje pertencendo ao Território Britânico do Oceano Índico, ao sul da Índia. Em 1511, os portugueses conquistaram Malaca, se tornando um importante e estratégico ponto comercial e de acesso as especiarias vindas das ilhas que hoje formam a Indonésia; e no mesmo ano, Duarte Fernandes chegou ao Reino de Sião
(Tailândia) e Rui Nunes da Cunha chegou ao Reino de Pegu (Myanmar). Ambas as expedições, eram para formar laços amigáveis e comerciais com esses pequenos reinos, os quais eram produtores das especiarias cobiçadas pelos portugueses. Os portugueses acreditavam que em tal arquipélago se encontravam algumas das principais fontes das especiarias que haviam ido buscar, como pimenta, cravo, canela, baunilha,
benjoim, noz-moscada, etc. De fato, encontraram várias dessas especiarias espalhadas pelas ilhas, no entanto, parte da população que ali habitava havia sido islamizada pelos árabes, logo eram hostis aos recém cristãos que chegavam aquelas ilhas tropicais vindos de muito longe.
Os portugueses haviam sido os primeiros europeus que se conhece a chegar as Molucas, embora que Marco Polo, seu pai e seu tio já tinham passado pela Indonésia e visitado as ilhas de Sumatra e Java no século XIII. Em 1512, Abreu e Serrão tentaram negociar com o rei da ilha de Ternate para estabelecer uma feitoria ali, já que a ilha era um dos principais centros produtores de cravo, entretanto o rei era muçulmano e se recusou a aceitar a proposta dos
portugueses e isso levou a um conflito, a nau de Serrão acabou naufragando na costa de Ternate, e a iniciativa de se fundar uma feitoria ali fracassou, porém anos depois uma nova expedição seria enviada para realizar tal façanha.
Embora Timor tenha sido avistada em 1512, apenas em 1515 é que a ilha fora visitada e posteriormente passou a ser ocupada, tal fato advém de uma carta enviada pelo navegador Rui de Brito Patalim ao rei D. Manuel I, o qual recebeu essa carta em 1514, onde Patalim falava que naquela ilha ainda não explorada havia grande quantidade de sândalo, mel, cera entre outras especiarias. D. Manuel I autorizou a expedição de Patalim a Timor em 1515 e gradativamente
as visitas foram se tornando regulares até que se fundaram uma colônia na região, especialmente na porção oriental. Sabe-se que muitos frades dominicanos se mudaram para o Timor para evangelizar os nativos. Posteriormente, Timor se tornou uma colônia oficial portuguesa e assim permaneceu até 1975.
Porém, o imperador chinês não estava a fim de realizar acordos mercantis com os portugueses, não em sua terra propriamente, já que juncos chineses costumavam ir para Malaca e Goa vender seus produtos aos indianos, portugueses e árabes, porém o imperador não gostava da ideia de ter esses estranhos europeus na "porta de casa", tal fato retardou em vários anos a fixação de uma feitoria portuguesa no império celestial.
A descoberta da Austrália? (1520-1529)
"Alguns dados tornam possível aventar o nome dos possíveis descobridores e o ano certo ou aproximado das suas viagens. Fernão Lopes de Castanheda regista que uma fusta com 25 homens seguiu, em Julho de 1525, de Ternate para as Celebes. Após uma viagem acidentada e que fez desgarrar a embarcação, em Setembro aportaram a uma 'terra muito viçosa daruoredo em que auia muitos cocos & figos como os da India & inhames. E assi auia muitas galinhas & algus
ligumes'.
Entretanto existem quem contradiz tal teoria, defendendo que a terra descoberta pelos portugueses não teria sido a Austrália mais sim, outras ilhas da Indonésia, como Palau e a Nova Guiné. Não obstante, acredita-se que em 1522, Cristóvão de Mendonça teria sido o capitão português responsável por chegar a Austrália, entretanto ainda naquele ano, Diogo Lopes de Sequeira, teria aportado na chamada "ilha do Ouro". Entretanto, devido a
falta de mais documentos, não se sabe ao certo se a terra avistada por Cristóvão e Diogo tenha sido a mesma vista posteriormente por Gomes e Diogo da Rocha, já que a Indonésia é formada por milhares de ilhas e isso dificulta um mapeamento das visitas portuguesas a esse vasto arquipélago.
Japão: os portugueses na terra do sol nascente (1543)
Entretanto, algumas fontes contestam a data da chegada de Portugal ao Japão, indicando que os marinheiros Fernão Mendes Pinto, Diogo Zaimoto e Cristóvão Borralho, teriam chegado acidentalmente antes de junho naquelas ilhas desviados por uma tempestade que levou seu navio ali a aportar.
No final da década de 1540, os primeiros jesuítas chegaram ao Japão com a missão de pregar o cristianismo entre aqueles pagãos. Sabe-se que em 1548 o jesuíta São Francisco Xavier (um dos co-fundadores da Companhia de Jesus), conheceu em Malaca, um japonês que sabia falar razoavelmente português e fora chamado de Angero, o mesmo mostrou interesse para a fé cristã e fora batizado ali. Francisco Xavier indagou de onde ele veio, e os marinheiros lhe responderam que ele veio do Japão, uma terra pagã ao norte.
"Com o reiterado apoio dos mercadores, o jesuíta seguiu em Junho de 1549 para o Japão, levando mais dois padres e três nipônicos que se tinham convertido em Goa. Contava com o apoio de Roma e que o imperador mandasse um a embaixada a Portugal a pedir o envio de outros missionários". (SERRÃO, 1994, p. 294).
Considerações finais:
E tu nobre Lisboa, que no mundo Facilmente das outras és princesa... Trecho do canto III, est. 57, Os Lusíadas, Luis de Camões. NOTA: O primeiro vice-rei da Índia fora D. Francisco de Almeida nomeado em 1505. O cargo de vice-rei da Índia fora continuo até o ano de 1765, posteriormente os líderes eram chamados de governador (tal título já era usado desde 1515, já
que nem todo mundo recebeu o título de vice-rei, cargo de maior prestígio) e capitão-geral da Índia, embora que posteriormente voltou-se a adotar o título de vice-rei, sendo o último a utilizar esse título, D. Manuel Francisco Zacarias de Portugal e Castro, que ostentou o título de 1826 a 1835. Após tal data, os demais chefes passaram a adotar o título de governador e capitão-geral. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Qual foi o caminho que os portugueses fizeram para chegar as Índias?Vasco da Gama partiu de Portugal em julho de 1497, com uma frota de 4 embarcações, e se dirigiu à rota marítima do Cabo da Boa Esperança, ou, simplesmente, rota do Cabo.
Porque os europeus precisavam de um caminho alternativo para os índios?Um dos fatores que mais contribuiu para que Portugal e Espanha descobrissem o caminho para as Índias foi a expansão marítima desenfreada e os interesses mercantilistas dos dois países. Em Portugal, a Escola de Sagres fez com que este objetivo fosse atingido com pioneirismo.
Que mudanças a chegada dos portugueses a Índia provocou no Oriente e na Europa?Resposta. Resposta:O. sucesso dos portugueses, ao chegarem à Índia Ocidental e aí criarem uma presença marítima permanente, representou uma mudança revolucionária na direção e organização do antigo comércio transcontinental, que ia desde Cantão, na China, até Alexandria e Veneza, no Mediterrâneo.
O que o primeiro navegador português que chegou a Índia buscava lá?Resposta: Ele foi em busca de especiarias, como tintas, ervas e plantios que eram na sua maioria gengibre, canela, pimentas e etc.
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