Um eclipse total do Sol é observável em todos os locais do planeta

O eclipse solar total que vai acontecer na madrugada deste sábado (4) tem um aspecto curioso: ele será projetado principalmente em algumas áreas da Antártida, continente que basicamente não é habitado por humanos. "Vai ser mais ou menos para pinguim ver", brinca Cássio Barbosa, astrofísico do Centro Universitário FEI.

O fenômeno está previsto para começar por volta das 4h, no horário de Brasília, e terá uma duração média de uma hora.

Mesmo que existam alguns pesquisadores no continente gelado, a faixa principal em que o fenômeno poderá ser visto não é ocupada pelas principais bases de estudo, fazendo com que seja muito difícil de ele ser observado por humanos.

Esse tipo de eclipse que cai em lugares com pouco ou nenhum povoamento de pessoas é recorrente. Segundo Barbosa, "como a Terra é 75% água, é comum ter [esses fenômenos] em cima do oceano Pacífico e não ter ninguém para ver, por exemplo".

Um eclipse pode ser de dois tipos —o solar, que é quando a Lua passa na frente do Sol e tampa a estrela, e o lunar, evento em que a sombra da Terra é projetada por cima da Lua. O primeiro caso pode ocorrer somente na Lua nova, enquanto o lunar é possível de acontecer durante a Lua cheia.

Para que o fenômeno transcorra, também é preciso, claro, um alinhamento entre as órbitas da Lua, do Sol e da Terra. Barbosa explica que é como se se criasse uma linha reta que passa pelos três.

"Uma linha que sai do Sol, passa pela Lua e chega à Terra. Nessa composição, temos um eclipse solar. [...] Quando a linha é Sol, Terra e Lua, acontece o lunar", resume.

Algo que explica por que o eclipse não é visível integralmente em todo o planeta é a rotação da Terra, movimento que ela faz no seu próprio eixo. Dessa forma, o instante em que o eclipse acontece sempre irá corresponder a uma porção do globo, aquela que estará na posição onde é viável ver a sombra projetada.

Esse aspecto de que o eclipse não é observável por todos também se dá por razão do formato do planeta. "Se a Terra fosse plana, o sol iluminaria todo mundo por igual e você veria [o eclipse de qualquer ponto]", explica Barbosa.

Normalmente, ocorrem dois eclipses solares por ano. Em junho de 2021, já aconteceu um no hemisfério Norte, atingindo a Groenlândia, Escandinávia e parte da Rússia.

Para 2022, estão previstos um no oceano Pacífico, tocando uma pequena porção da América do Sul, e outro que cortará os continentes europeu, africano e asiático.

Outra curiosidade dos eclipses solares são os efeitos que eles trazem para o ambiente que atingem. Por exemplo, os ventos diminuem de intensidade e as temperaturas tendem a cair alguns graus.

Barbosa cita o caso de um eclipse solar que ele acompanhou no Chile, em que "todo mundo precisou vestir casacos rapidamente" por conta da onda fria que o fenômeno trouxe. "A temperatura chegou a cair uns sete graus", recorda.

Mesmo assim, o astrofísico chama atenção que, como a Antártida já é um continente muito frio, é provável que o eclipse não diminua tanto assim a temperatura.

Outra alteração que é fácil de observar durante um eclipse solar é o comportamento dos animais. Eles normalmente alteram suas ações por conta de seus instintos indicarem que já anoiteceu, diante da escuridão repentina.

"Se for um local com bastantes passarinhos [ou com outros animais barulhentos], de repente, fica tudo quieto", afirma Barbosa.

Um eclipse total do Sol é observável em todos os locais do planeta
Imagem do último eclipse total do sol ocorrido em 21 de agosto de 2017 e observado nos EUA. Fonte: NASA.

Hoje cientistas do mundo todo aguardam ansiosamente pelo evento astronômico do ano, o único eclipse total do Sol observável de 2019! O que torna esse evento ainda mais especial é que dessa vez ele será observado na América do Sul!

Durante a tarde de hoje o Sol será completamente coberto pela Lua em uma trajetória de oeste para leste que cobre partes do Chile e Argentina. Primeiro passará pelas regiões do Atacama e Coquimbo, no Chile, por volta das 16h38 (hora local) e depois pelas províncias Argentinas de San Juan, La Rioja, San Luis, Córdoba, Santa Fe e norte de Buenos Aires a partir das 17h40 (hora local) e depois seguirá para o Oceano Atlântico.

— NASA (@NASA) June 29, 2019

No Brasil o eclipse poderá ser visto de forma parcial, ou seja, com a Lua cobrindo somente uma parte do Sol, em estados das regiões Sul, Centro-Oeste, Sudeste e Norte (com exceção do extremo norte), mas na Região Sul o eclipse será maior, com mais da metade do Sol sendo encoberto pela Lua, nas demais regiões a Lua cobrirá menos da metade do Sol. Em Porto Alegre o auge do eclipse parcial ocorrerá as 17h50, em São Paulo será por volta das 17h54, assim como no Rio de Janeiro, Campo Grande e Curitiba, em Belo Horizonte e Cuiabá o auge será às 17h56.

Esse eclipse será especial para a ciência pois ele passará pela região do Chile que concentra alguns dos maiores e mais avançados telescópios do mundo! No interior da região de Coquimbo, as margens do deserto do Atacama, está localizado o Observatório de La Silla, que possui 10 telescópios sofisticados mantidos pelo Observatório Europeu do Sul (ESO).

On 2 July, we will provide a live webcast of the 2019 eclipse #LaSillaTSE. If you're planning to incorporate our broadcast fill out this form so we can promote your event: https://t.co/KjYhCu3Jrd https://t.co/RiMA7fIqwz pic.twitter.com/Xck8Tm46lP

— ESO (@ESO) June 27, 2019

Outra coincidência torna esse eclipse ainda mais especial, nesse ano comemora-se os 100 anos do histórico eclipse solar de 1919! O eclipse de 29 de maio de 1919 foi um dos mais importantes da história, pois através dele foi possível comprovar a teoria da Relatividade Geral proposta por Albert Einstein. As fotos tiradas antes e depois do eclipse que ajudaram a provar essa teoria foram feitas na cidade de Sobral, no Ceará. No eclipse de amanhã os cientistas do La Silla pretendem realizar o mesmo experimento feito em 1919!

Os eclipses totais do Sol são relativamente raros, isso porque a cada ano é possível observar pelo menos um em algum ponto do planeta, mas a situação muda quando analisamos a relação inversa, ou seja, a frequência de ocorrência de eclipses totais do Sol em determinado ponto do planeta. Isso quer dizer que os eclipses ocorrem de ano em ano, mas em locais diferentes do planeta, podem-se passar mais de 300 anos para que um eclipse total do Sol ocorra novamente em determinado lugar da Terra.

— Paola Bueno (@PaolaGBueno) July 1, 2019

O próximo eclipse total do Sol está previsto para o dia 14 de dezembro de 2020, e passará novamente entre o Chile e Argentina, porém mais ao sul de ambos os países! No caso do Brasil teremos que esperar mais alguns anos, já que o próximo eclipse total está previsto para 2045 entre a costa da região Norte e norte da Região Nordeste do país. Mas até lá presenciaremos outros eventos astronômicos fascinantes!

E possível ver o eclipse total do Sol em todos os lugares do mundo?

O único lugar onde o fenômeno poderá ser visto em sua totalidade é na Antártica. Em outro locais, observadores serão capazes de acompanhar um eclipse solar parcial, quando o Sol, a Lua e a Terra não estão exatamente alinhados.

Em qual região pode ser observado o eclipse total do Sol?

O fenômeno só poderá ser observado por quem estiver na parte sul da América do Sul, especialmente no extremo do continente, onde o eclipse será mais intenso, abrangendo entre 40% e 54% do disco do Sol.

O que e um eclipse solar total?

Tipos de Eclipse Solar a) eclipse solar total: ocorre quando a Lua encobre totalmente a luz solar. Dessa forma, o dia transforma-se em noite durante a duração do fenômeno. b) eclipse solar parcial: acontece quando apenas uma parte do Sol é encoberta pela Lua.

Por que um eclipse solar não pôde ser observado em todos os locais do planeta Terra?

Um eclipse do Sol pode ser visto apenas em um ponto da Terra, que move-se devido à rotação da Terra e da translação da Lua. A distância da Lua em relação à Terra determina a quantidade de luz que é coberta do Sol, bem como a largura da penumbra e escuridão total (mais ou menos cem quilômetros).