Sobre a atuação do Brasil na Primeira Guerra Mundial é correto afirmar que

Sabemos que a Primeira Guerra Mundial foi um divisor de águas na História das guerras, sobretudo em virtude da mobilização de um grande contingente de pessoas e da modernização dos armamentos utilizados. O Brasil participou da guerra ao lado das potências da Tríplice Entente, lideradas por Inglaterra, França e, um pouco depois, pelos Estados Unidos da América. Pelo fato de, após a Proclamação da República (1889), ter havido uma maior aproximação política com os EUA, o Brasil começou a fazer também uma espécie de “deslocamento diplomático” a partir do início dos anos 1910, saindo do eixo europeu e entrando no eixo americano. Com a efetiva entrada dos EUA na guerra, em 1917, o Brasil também seguiu a mesma diretriz.

  • Controle do comportamento político dos alemães em território brasileiro

Em 26 de outubro de 1917, submarinos do Império Alemão torpedearam navios brasileiros, o que implicou a formal declaração de guerra contra a Tríplice Aliança por parte do Brasil. Uma das medidas tomadas inicialmente pelo Governo brasileiro, à época chefiado pelo presidente Venceslau Brás, foi controlar as atividades políticas, econômicas e financeiras dos alemães radicados no Brasil naquela época, já que havia uma tensão muito grande em torno do nacionalismo europeu exacerbado. Como diz o historiador Olivier Compagnon:

Em 16 de novembro, o Congresso brasileiro vota a lei de guerra que proíbe aos alemães estabelecidos no país qualquer comércio e qualquer relação financeira com o exterior, põe termo aos contratos públicos que envolvam fornecedores alemães e proíbe aos alemães a obtenção de concessões de terra. Os bancos e as companhias de seguro alemães são submetidos a uma fiscalização excepcional. [1]

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A contribuição propriamente militar do Brasil para a guerra ocorreu de forma limitada, nos campos da Aeronáutica e da Marinha, como veremos a seguir.

  • Contribuição propriamente militar

Ao contrário de outras potências da época, o Brasil não possuía um conjunto de forças armadas tão moderno e sofisticado. Nossa contribuição, na qualidade de país beligerante membro da coalizão aliada (Tríplice Entente), começou, como aponta Olivier Compagnon, na conferência realizada em Paris, em 30 de novembro a 3 de dezembro de 1917. A partir de então, “13 oficiais aviadores brasileiros integraram o 16º grupo da Real Força Aérea Britânica” e, além disso, o Brasil enviou à França uma missão médica que funcionou na Rua de Vougirard, em Paris, até fevereiro de 1919”. [2]

Ainda houve a contribuição dada pela Divisão Naval de Operações em Guerra (DNOG), que era considerada integrada à força naval britânica e composta principalmente pelos cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul e pelos contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina. O problema foi que boa parte dos combatentes brasileiros que ocupavam essas embarcações foi dizimada pela gripe espanhola em Dacar, no Senegal, em setembro de 1918. O restante conseguiu completar as operações até o início do ano seguinte.

NOTAS

[1] COMPAGNON, Olivier. O adeus à Europa: a América Latina e a Grande Guerra. Trad. Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. p. 146.

[2] ibid. p. 146.

*Créditos da imagem: Marinha do Brasil

A entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial ocorreu em 1917, após navios brasileiros terem sido torpedeados por submarinos do Império Alemão.

Sobre a atuação do Brasil na Primeira Guerra Mundial é correto afirmar que
Venceslau Brás assinando a declaração de guerra

O Brasil teve uma participação modesta na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), já que não possuía grandes recursos bélicos. Assim sendo, o país limitou-se a fornecer apoio pontual, em colaboração nos combates aéreos e marítimos, bem como no auxílio aos feridos nos campos de batalha. Para compreendermos os motivos que levaram o Brasil a entrar na “Grande Guerra”, é necessário que saibamos um pouco do contexto diplomático da época.

Mudança do eixo diplomático brasileiro

Durante toda a fase imperial e até mesmo antes de 1822, quando o Brasil fazia parte do Reino Unido de Portugal e Algarves, o Brasil esteve diplomaticamente atrelado à Inglaterra, de modo que seu trânsito político-econômico ocorria mais na relação transatlântica do que com o continente americano. O advento da República, em 1889, mudou esse quadro, pois o Brasil deslocou seu eixo diplomático de Londres para Washington, aderindo, assim, à perspectiva da Doutrina Monroe, defendida pelos Estados Unidos.

26 de outubro: declaração de guerra

Em 3 de abril de 1917, um navio mercante dos Estados Unidos foi torpedeado por submarinos alemães e, no mesmo dia, um navio brasileiro também o foi no Canal da Mancha. Isso provocou o rompimento das relações diplomáticas dos dois países com o Império Alemão. Pouco tempo depois, os Estados Unidos entraram na guerra contra a aliança entre austríacos e alemães. Depois de outros navios brasileiros serem torpedeados novamente, na costa do Mar Mediterrâneo, o então presidente Venceslau Brás assinou – após aprovação no Congresso – a declaração de guerra contra a Tríplice Aliança no dia 26 de outubro de 1917.

Com a formalização da declaração de guerra, a primeira medida que o Governo brasileiro tomou foi na direção de conter um eventual levante dos imigrantes e descendentes de imigrantes alemães no terreno nacional. Em 16 de novembro, foi votada uma lei no Congresso que proibia, segundo o historiador Olivier Compagnon:

[…] aos alemães estabelecidos no país qualquer comércio e qualquer relação financeira com o exterior, põe termo aos contratos públicos que envolvam fornecedores alemães e proíbe aos alemães a obtenção de concessões de terra. Os bancos e as companhias de seguro alemães são submetidos a uma fiscalização excepcional. [1]

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As medidas propriamente bélicas foram tomadas meses depois.

Participações pontuais na guerra

O Brasil enviou à guerra uma divisão de sete navios de combate. Entre eles, estavam os cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul e os contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina. Essa divisão, segundo o historiador Luís de Alencar Araripe, a 7 de maio de 1918:

[…] zarpou para Gibraltar, onde se reuniria à esquadra britânica, para participar da guerra antissubmarina. A Divisão de Operações de Guerra, composta de dois cruzadores e cinco contratorpedeiros, um navio auxiliar e um rebocador, sob o comando do contra-almirante Pedro Max Fernando de Frontin. A Divisão só chegou a Gibraltar em novembro de 1918, retida que foi na costa africana pela terrível pandemia que foi a gripe espanhola. [2]

Além dessa divisão marítima, outra contribuição pontual do Brasil à guerra ocorreu no combate no ar, em auxílio à aviação de guerra britânica e aos feridos em combate. Como destaca, novamente, o historiador Alencar Araripe:

Aviadores brasileiros combateram ao lado dos pilotos britânicos e franceses. Oficiais do Exército serviram na Frente Ocidental, em unidades do Exército Francês. Um deles, o tenente José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, como general, foi o grande reformador da Escola Militar de Realengo, criador da mística do cadete de Caxias. Oitenta e seis médicos, incluindo dezessete professores de Medicina, quase todos civis, comissionados oficias, integraram a Missão Médica que partiu do Brasil a 18 de agosto de 1918 e até o fim da guerra trabalhou no hospital Franco-Brasileiro, mantido pelos brasileiros residentes em Paris. [3]

Os brasileiros permaneceram na Europa até os primeiros meses de 1919. Em 25 de junho desse mesmo ano, a Divisão Naval de Operações de Guerra foi dissolvida.

NOTAS

[1] COMPAGNON, Olivier. O adeus à Europa: a América Latina e a Grande Guerra. Trad. Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. p. 146.

[2] ARARIPE, Luís de Alencar. “Primeira Guerra Mundial”. In: MAGNOLI, Demétrio. História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2013. p. 342-343.

[3] Ibid. p. 343.

Por Me. Cláudio Fernandes

Por Cláudio Fernandes

O que é correto afirmar sobre a atuação do Brasil na Primeira Guerra Mundial?

O Brasil teve uma participação modesta na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), já que não possuía grandes recursos bélicos. Assim sendo, o país limitou-se a fornecer apoio pontual, em colaboração nos combates aéreos e marítimos, bem como no auxílio aos feridos nos campos de batalha.

Qual foi a participação brasileira na Primeira Guerra Mundial?

Entre outras ações, o governo do Brasil enviou alguns pilotos de avião, o oferecimento de navios militares e apoio médico. Incumbidos de proteger o Atlântico de possíveis ataques de submarinos alemães, sete embarcações foram usadas na Primeira Guerra: dois cruzadores, quatro contratorpedeiros e mais um navio auxiliar.

O que é correto afirmar sobre a Primeira Guerra Mundial?

De acordo com o texto, é correto afirmar que a Primeira Guerra Mundial: teria sido resultado dos conflitos entre as forças da antiga ordem feudal e as da nova ordem socialista, especialmente depois do triunfo da Revolução Russa.

Qual foi a influência da Primeira Guerra Mundial no Brasil?

"O principal legado da Primeira Guerra Mundial para o Brasil foi revelar nosso atraso político e econômico. O país perdeu oportunidades de usar o conflito, a começar pela decisão de escolha de lado.