Quando é a hora de procurar um psicanalista?

Quando é a hora de procurar um psicanalista?

  • quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
  • PSICANÁLISE

“[A psicanálise] Ocupa-se de coisas simples, que são também imensamente complexas. Ocupa- -se do amor e do ódio, do desejo e da lei, dos sofrimentos e do prazer, de nossos atos de fala, nossos sonhos e nossas fantasias. A psicanálise ocupa-se de coisas simples e complexas, mas eternamente atuais.” Juan-David Nasio (trecho do livro O prazer de ler Freud). Quando falamos em clínica psicanalítica, logo descartamos a ideia de medicalizações e outros recursos que dão suporte externo ao tratamento a ser realizado. Mas se não existe manuseio medicamentoso, por que fazer análise? Existem inúmeras questões que surgem quando o assunto é psicanalítico, entre elas podemos destacar:

Quem pode fazer análise? Quando devo procurar um psicanalista? Para que fazer análise? Responder essas questões requer uma singularidade do indivíduo, porque, ao se deparar com a clínica, as realidades existentes muitas vezes são simplesmente esquecidas ou ignoradas por inúmeros motivos. Algumas pessoas enfrentam determinadas situações em que a cegueira psíquica leva-as a procurar diversos tipos de recursos de cura antes de se decidirem pelo tratamento com um profissional psicanalista. Quando essa procura pela análise finalmente acontece, tais pessoas chegam ao profissional sem nenhuma perspectiva de mudança, visto que o desespero se torna latente. Mas é preciso ir além do senso comum que acredita que a psicanálise é indicada apenas para casos extremos.

Dentro da pluralidade de motivos que levam as pessoas em busca de um psicanalista - muitas vezes, entendidos como a “luz do fim do túnel” - podemos destacar que a análise pode e deve existir como instrumento de apoio aos diversos assuntos que as pessoas lidam diariamente e que ela pode ser acessada por todos. É muito comum ouvir que é necessário algum tipo de patologia para a busca de um psicanalista, mas existem situações comuns que não são patologias e que incomodam e muito. Por exemplo, alguns medos que não são em grandes proporções, suas causas são conscientemente desconhecidas, mas eles evitam que certas atitudes sejam tomadas.

Outro exemplo é um término de relacionamento que aparentemente foi tranquilo, mas uma das duas pessoas não consegue se relacionar afetivamente com outra, mesmo depois de um certo tempo ter se passado. A perda de uma pessoa muito querida gera uma dor que, muitas vezes, atrapalha o contato com a família, com os amigos, prejudica o trabalho e que não é apenas deixando de lado que essa situação vai deixar de existir. Esses são apenas alguns casos que exemplificam que fazer análise, ir em busca de um psicanalista, faz-se necessário em muitos momentos. É preciso enfrentar paradigmas impostos pela sociedade e barreiras criadas pelo próprio indivíduo para o amadurecimento na busca das causas de desconforto, de uma forma que se alcance o equilíbrio de sua própria existência.

Matérias Publicadas

Quando é a hora de procurar um psicanalista?

​A questão quanto ao momento de procurar uma psicoterapia é constantemente levantada pelos pacientes e pelos próprios psicólogos/psicanalistas;

20 MAI 2018 · Leitura: min.

O que faz com que o sujeito face ao seu sofrimento se movimente para, diante do outro, poder voltar para si mesmo? Dunker em "Quando é hora de procurar uma psicoterapia?" levanta algumas reflexões interessantes. Sendo a vida, assim como o próprio sofrimento, uma experiência tragicômica o que marca essa virada decisória que direciona o desejo dos sujeitos para o trabalho de análise/psicoterapia?

Quando é hora de procurar uma psicoterapia?

FEVEREIRO DE 2015 CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER

A vida não vem sem sofrimento e miséria. Se isso fosse suficiente para determinar a procura de ajuda seria simples: psicoterapia para todos. Não penso que seja este o caso. Há situações como dependências químicas, disposições de personalidade e sintomas específicos para os quais a maior dificuldade é procurar tratamento. Se o sintoma deixasse o sujeito pedir ajuda, "meio caminho já teria sido andado". Nesta linha a psicoterapia só seria possível para aqueles para quem ela já não é mais necessária.

Pedir ajuda é um grande sinal de salubridade psíquica. Indica que você foi capaz de perceber e autodiagnosticar uma forma de sofrimento. Sugere também que você entende que isto não é apenas uma deficiência moral, uma insuficiência de sua educação ou uma ofensa ao seu sistema de crenças. O autodiagnóstico é parte do processo de cura. O clínico tenderá a interpretar este movimento crítico como parte de seu desejo de transformação. Antigos filósofos já diziam que era difícil suportar a ideia de ser "libertado pelo outro", tanto porque isso indica passividade e fraqueza, quanto porque seria uma liberdade falsa, obtida por meios que não são próprios. Esta oposição entre resolver-se por si, "aceitando-se como você é", ou pedir ajuda e ficar dependente nas "mãos do outro" deve ser superada. Como em tudo mais na vida, atravessamos problemas e nos tornamos autônomos com os outros e não sem eles. Contudo, isso não explica quando um sintoma se torna insuportável a ponto de demandar tratamento.

Os verdadeiros sintomas não se definem pelo código social de condutas desejáveis, mas por duas formas específicas de relação que mantemos com o que fazemos. Há os sintomas baseados na forma "ter que", definidos pela coer-citividade. Exemplo. Trabalho, como todo mundo, todo dia, e me queixo ou me felicito nele. Isso pode ser um sofrimento "suportável". No entanto outra pessoa dirá: "eu tenho que" ir trabalhar, porque se não for "algo acontecerá", sentirei angústia extrema, serei criticado impiedosamente pelo chefe, e assim por diante. Há aqui o recobrimento de um "comportamento aceitável" (trabalho) por uma disposição patológica (coerção subjetiva a).

A segunda família de sintomas obedecem à gramática do "não posso com". São situações que podem parecer irrelevantes, ou plenamente aceitas socialmente, mas que são vividas com sofrimento adicional. Exemplo: "não posso com baratas, com ratos, com pessoas deste 'tipo', com mulheres desta 'forma', com perdas, com ganhos" e assim por diante. O diagnóstico que autoriza um tratamento psicoterápico está mais atento a esta incidência "subjetiva" do "ter que" ou do "não posso com" do que com a norma de vida esperada para alguém ou época.

Ainda que únicos os sofrimentos são igualmente trágicos e cômicos. Eles são o que as pessoas têm de melhor e também de pior. São como obras de arte que se tornam o bem mais precioso e inarredável de alguém, são também sua religião particular, feita de ritos, mitos, orações e devoções. Quando temos um nome para o mal-estar, uma história para nosso sofrimento, os sintomas revelam-se uma maneira de dizer o que não pode ser dito por outras vias. Talvez a função do psicoterapeuta ou do psicanalista seja parecida com a de um carteiro que pega cartas embaralhadas, as cartas de nosso destino, e ajuda a entregar as que podem ser entregues, reenviar as que estão sem destinatário e cuidar daquelas que ainda não foram escritas.

As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.

Para quem é indicada a psicanálise?

A psicanálise é útil para o tratamento do sofrimento psíquico em geral (depressão, fobia, angústia, transtornos alimentares, dificuldades sexuais, compulsões, adições, dentre outros).

O que o psicanalista faz na primeira consulta?

Na primeira consulta o profissional te explicará como é o trabalho dele e qual o objetivo. Na Psicanálise, ao contrário do que muitos pensam e alguns divulgam, existe sim acolhimento da dor do outro e interação e empatia.

Como saber se preciso de psicólogo ou psicanalista?

O Psicólogo, então, é alguém que fez uma faculdade de Psicologia, ou seja, que fez matérias sobre essas diferentes linhas sem se aprofundar em nenhuma necessariamente. Já o psicanalista é um profissional da Medicina ou da própria Psicologia, que fez uma formação específica em Psicanálise.

Em que a psicanálise pode ajudar?

Além de promover o autoconhecimento e melhorar o controle emocional, a terapia psicanalítica é utilizada para descobrir traumas da infância, depressão, transtornos de ansiedade, problemas sexuais, entre outras questões internas, e tratá-las.