Qual o nome da linguagem indígena?

Quando falamos de línguas indígenas, a primeira coisa que se pensa é que no Brasil todos os povos falam Tupi. Mas a diversidade de línguas indígenas no nosso país é enorme!

Nos dias de hoje, existem mais de 6 mil línguas diferentes em todo o mundo! Desse conjunto, mais de 154 línguas são faladas pelos povos indígenas no Brasil, pertencentes a muitas e diferentes famílias linguísticas! Você imaginava que eram tantas assim?

Qual o nome da linguagem indígena?
Línguas indígenas faladas atualmente no Brasil. Fonte: Instituto Socioambiental, 2009.

Muitos povos, muitas línguas

Mais do que servir para a comunicação, cada língua indígena revela uma forma diferente de ver e compreender o mundo. Ao descrever os objetos, as paisagens e as situações do cotidiano, as palavras expressam um modo de pensar construído por gerações e gerações de um povo: saberes únicos. Por isso, o desaparecimento de qualquer língua é uma perda para toda a humanidade.

Além disso, todas as línguas – indígenas ou não – são ricas e complexas: têm extensos conjuntos de palavras, das mais simples às mais abstratas. Por isso, para garantir a comunicação, as línguas se adaptam à realidade e à história dos povos.

Assim, como os povos que as falam, as línguas não ficam paradas no tempo: têm passado, presente e futuro.

Existem povos que não falam mais suas línguas?

Como diz o historiador José Bessa Freire: “A língua é arquivo da história, é a canoa do tempo, responsável por levar os conhecimentos de uma geração à outra”. Por isso, uma língua está em risco de extinção quando os falantes:

  • param de usá-la;
  • só a usam em um número pequeno de situações de comunicação;
  • deixam de transmiti-la de uma geração para outra.

Essa é a situação de alguns povos indígenas no Brasil atual. Em 1550, logo após a ocupação portuguesa, o número de línguas era muito maior: cerca de 1300 línguas diferentes. Mas muitas delas desapareceram durante a colonização; outras continuam ameaçadas ainda hoje.

Um exemplo é o dos povos que vivem no Nordeste, a mais antiga região de colonização do Brasil. Foi lá que surgiram os primeiros aldeamentos missionários, locais onde se fazia a catequese: a conversão dos índios ao catolicismo e ao jeito de ser do colonizador. Nesses aldeamentos do período colonial, diferentes povos indígenas eram obrigados a viver juntos, sendo escravizados, maltratados – e obrigados a abandonar suas línguas.

Mesmo assim, algumas línguas indígenas resistiram aos impactos da colonização nessa região, como é o caso do Ya-tê, do povo Fulni-ô, no Pernambuco.

Ouça aqui um álbum cantado em Ya-tê e em Português, do grupo Fethxa, formado por músicos do povo Fulniô!

Existem muitas palavras usadas pelos brasileiros – como nomes de coisas, lugares, animais, alimentos – que têm origem nas línguas da família Tupi-Guarani, como aquelas que eram faladas pelos povos Tupinambá e Tupiniquim.

Confira abaixo um exemplo retirado da reportagem da EBC Tupi deu importantes contribuições ao português.

"Meu xará, carioca da Tijuca, foi ao Pará surfar a pororoca, em um rio infestado de piranhas e jacarés. Nas margens, viu jaguares, quatis e capivaras. No céu, sobrevoavam araras, tucanos e urubus. Enquanto estava lá, bebeu suco de caju e de maracujá. Comeu pipoca, mandioca, carne de tatu e de paca. Visitou uma taba amazônica e foi cutucado por um curumim curioso. Dormiu em uma oca cheia de cupim e ficou com o corpo coberto de perebas. Foi atendido por um pajé. Depois de algum tempo, quando já estava na pindaíba, voltou para casa".

O Tupinambá era a língua mais falada na época do contato com os indígenas pelas missões, entre os séculos XVI ao XVII, chegando a ser proibida no século XVIII! Aprender a língua Tupinambá foi de extrema importância para os portugueses durante a colonização, pois desenvolveram a partir dela o Nheengatu. Segundo linguistas, uma grande parte dos nomes de aves e quase a metade dos nomes populares de peixes no Brasil vem da língua Tupinambá!

Veja na tabela abaixo algumas palavras da língua Tupinambá que foram incorporadas ao vocabulário do Português falado no Brasil.

Você nem deve perceber a quantidade de palavras indígenas que usamos diariamente. São milhares de palavras de origem Tupi e de outras línguas indígenas que falamos para nos comunicar, mas dificilmente sabemos de onde elas vêm e qual o real significado.

As palavras de origem indígena fazem parte do nosso cotidiano e foram incorporadas ao português brasileiro. Seria impossível que isso não acontecesse, pois o Brasil é o lar de vários povos originários. Nesse contexto, a influência das línguas indígenas na língua portuguesa fica bem clara.

A colonização foi responsável por muitas transformações dolorosas no país e diversos povos indígenas e suas línguas foram desaparecendo. Entretanto, a língua portuguesa ainda absorveu fortemente a linguagem e algumas palavras dos povos indígenas.

Se você ainda desconhece a grande quantidade de palavras que usamos todos os dias sem saber que são de origem indígena, vamos mudar isso e conferir agora mesmo a importância de conhecer mais sobre essa diversidade cultural e as palavras indígenas que adotamos em nosso vocabulário.

A importância de conhecermos a origem das palavras indígenas

Qual o nome da linguagem indígena?

O uso de termos indígenas no nosso dia a dia não é novidade. Nós sabemos que a cultura brasileira tem referências diversas. Como habitantes nativos do país, os indígenas têm uma influência muito forte não apenas nas palavras, mas também na culinária, nos costumes e tradições.

Entender o passado é importante para que se identifique de onde surgiram tantas diferenças. Apesar de falarmos a língua portuguesa, existiam inúmeras línguas faladas pelos indígenas. Uma parte delas eram oriundas do tupi, considerada uma língua “tronco”.

A partir desse tronco é que surgiu o tupinambá, que foi escolhido pelos portugueses como uma das bases da nossa língua — uma vez que serviria para que os colonizadores pudessem se comunicar com os nativos. Por outro lado, essa escolha também foi responsável pelo apagamento de outras línguas indígenas que eram faladas em diversos povos.

Compreender esse contexto nos ajuda a pensar na valorização das diferenças. Nem tudo diz respeito à nossa bolha, e ter um olhar mais aguçado nos permite entender a diversidade cultural em que estamos inseridos. Por mais que você nem pense ou reflita sobre o assunto, o Brasil é um país que tem uma estrutura indígena bem forte.

Dessa maneira, conhecer sobre o passado nos ajuda a observar o presente e aprender sobre a nossa cultura. Desenvolver a empatia e perceber o próximo abre caminho para observar as origens e as heranças do nosso país — e a linguagem é uma das formas de fazer isso.

Lista de palavras de origem indígena e seus significados

Mesmo sem ter a menor noção da origem, você deve utilizar tantas palavras indígenas no seu dia a dia que terá até um susto com algumas delas. A maioria dessas palavras são substantivos, mas também encontramos adjetivos e verbos.

É difícil calcular toda a contribuição linguística dos indígenas para o português brasileiro, mas é estimado que só do Tupi ainda usamos cerca de 10.000 palavras. No entanto, além do Tupi ainda temos várias outras línguas, e essa é só uma dos milhares de dialetos.

Dito isso, vamos a uma lista de palavras indígenas que foram incorporadas ao português, que você deve usar no cotidiano e nem sabe da origem delas. Veja a primeiro a lista de palavras que têm relação com alimentos:

  • Abacaxi (ïwaka’ti): ï’wa “fruta” mais “ka’ti” e significa algo que recende.
  • Açaí (ïwasa’i): é o fruto que deita água, que chora, que dá sumo.
  • Aipim (aipĩ): é algo que nasce ou brota do fundo.
  • Capim: (ka’apii): “ka’a” é mato e “pii” é um adjetivo de fino, delgado.
  • Jabuticaba (ïwapotï’kaba): significa a “fruta em botão”.
  • Jerimum (iurumún): vem do tupi e significa abóbora.
  • Mandioca (mandióka): “oka” casa de Mani (essa é a que na cultura indígena deu origem à planta).
  • Pitanga (pytánga): é algo que tem a cor vermelha.
  • Samambaia (çama-mbai): significa algo “trançado de cordas”, e faz referência às raízes da planta.
  • Maniçoba (mandi’sowa): é a comida preparada com a folha da mandioca, chamada de “maniva”.
  • Mingau (minga’u): recebe esse nome por ser uma “comida que gruda”.
  • Moquear (mokaen): a palavra significa assar ou deixar seco o alimento para que fique mais conservado.
  • Moqueca: quer dizer peixe assado embrulhado em folhas, que geralmente é folha de bananeira ou de caeté.
  • Paçoca (pa’soka): vem de “po-çoc” e tem o sentido de esmigalhar o alimento com a mão.
  • Pipoca (pi’póka): é o grão que estoura.

Você com certeza usa essas palavras, não é mesmo? Agora, confira outras que têm uso mais geral e que surgem em conversas no nosso cotidiano.

  • Arapuca (ara-púka): quer dizer armadilha.
  • Caatinga (kaa-tínga): “ka’a” é mato ou vegetação e “tinga” significa claro, branco.
  • Capenga: vem de “akanga”, que é “osso” e “penga”, que significa “quebrado”. Portanto, é algo ou alguém que puxa a perna, é manco.
  • Carioca (kara’ïwa): é como os indígenas chamavam o “homem branco”.
  • Catapora: “ta’ta” significa “fogo”, algo que arde, e “pora” é aquilo que salta.
  • Inhaca: vem de “yakwa” e tem o sentido de “odoroso”, alguma coisa que tem o cheiro forte.
  • Jacaré (jaeça-caré): o bicho recebeu esse nome porque ele “olha de banda”.
  • Jururu (yuru-ru): significa “pescoço pendido” e quer dizer que alguém está triste, que fica de cabeça baixa.
  • Maracanã (paracau-aná): são muitos papagaios juntos.
  • Nhenhenhém (nheeng-nheeng-nheeng): é o famoso “blá-blá-blá”, a conversa fiada.
  • Pereba (pe’rewa): é como os indígenas chamam uma ferida, um machucado, a chaga.
  • Peteca (pe’teka): mostra algo que é para bater com a palma da mão.
  • Pindaíba: “pi’nda” é anzol e “haste” é vara. Portanto, é uma vara de pescar.
  • Sabiá (s-apia): é o pássaro pintado.
  • Sapecar (sa’pek): vem do tupi e quer dizer chamuscar.

Viu só como você conhece essas palavras e nem sabia da origem de muitas delas? Esses são apenas alguns exemplos, pois existem uma infinidade de termos que ainda usamos e que são herdadas dos povos originários.

Conhecer mais sobre a nossa história faz que o respeito pelos muitos povos brasileiros seja fortalecido, até por percebermos que há muitas contribuições suas permeadas em nossas vidas. Além disso, ensinar as palavras indígenas para os pequenos é interessante para que eles reflitam sobre como somos constituídos e formados de origens diversas — isso evita racismo, xenofobia e outros preconceitos.

A leitura é uma fonte de informação incrível. Os livros nos permitem entrar em contato com outros mundos e fortalecer a empatia. O clube de leitura do Quindim tem uma curadoria que seleciona obras infantis que agregam ainda mais na vida das crianças, com conteúdos que reforçam a cultura brasileira. Aproveite para conhecer e escolha o plano ideal!

Qual o nome da língua indígena?

Entre as línguas indígenas do Brasil, os troncos linguísticos com maior número de línguas são o tupi e o macro-jê. Existem também povos que falam o português; no entanto, estes casos são considerados como perdas linguísticas ou identidades emergentes.

Quais são as linguagens indígenas?

Existem dois grandes troncos de línguas indígenas no Brasil, o Tupi e o Macro-Jê, além de famílias linguísticas que, por não apresentarem graus de semelhanças suficientes, não podem ser agrupadas em troncos, a saber: karib, pano, maku, yanoama, mura, tukano, katukina, txapakura, nambikwara e guaikuru.

O que é a língua dos índios?

Uma língua indígena ou língua autóctone, é um língua que é nativa para uma região e falada por povos indígenas, mas foi reduzida ao nível de uma língua minoritária. Esta língua seria de uma comunidade linguisticamente distinta que fixou-se na área há muitas gerações.