Qual é a causa do campo magnético terrestre é qual sua importância?

Magnetismo Terrestre

05 maio 2015
P�rcio de Moraes Branco

A descoberta de que a Terra possui um campo magn�tico, comportando-se como um grande im�, ocorreu em 1600, com trabalhos do f�sico e m�dico ingl�s William Gilbert.

A origem desse campo magn�tico e as suas consequ�ncias para a Terra ainda s�o objeto de estudo, mas sua import�ncia � incontest�vel. Foi ele que permitiu as grandes navega��es, pelo uso da b�ssola (os modernos navios usam GPS). � ele tamb�m que nos protege das part�culas carregadas de eletromagnetismo provenientes do Sol (vento solar), a 700 km/s, e de outros pontos da gal�xia (al�m de afetar seriamente as transmiss�es de r�dio e televis�o, h� evid�ncias de que as tormentas magn�ticas aumentam as ocorr�ncias de ataques card�acos).

No n�cleo externo da Terra, acredita-se haver ferro e n�quel em estado de fus�o, a cerca de 3 mil km de profundidade. Esse fluido est� em constante movimento, o que gera correntes el�tricas e, por consequ�ncia, um campo magn�tico. Essa explica��o, chamada de Teoria do D�namo, � atualmente a mais plaus�vel para compreender-se como � gerado o campo magn�tico do planeta. As alt�ssimas temperaturas do n�cleo da Terra, muito acima do chamado Ponto Curie, n�o permitem que o ferro e o n�quel estejam no estado s�lido, de modo que eles n�o podem estar funcionando como um �m�.

Esse � o campo magn�tico interno, que � o principal. Mas h� tamb�m o campo magn�tico externo � gerado pelo vento solar e pela ionosfera (por��o da atmosfera entre 50 e 1.000 km de altitude) � e o campo crustal � gerado pelas rochas magn�ticas que existem na camada mais superficial da Terra, principalmente o basalto. Todas essas fontes externas de magnetismo, por�m, respondem por apenas 10% do magnetismo do nosso planeta.

Qual é a causa do campo magnético terrestre é qual sua importância?
Embora possa parecer natural que a Terra tenha um campo magn�tico, � bom lembrar que V�nus n�o o tem. J�piter, em compensa��o, possui um que � 20 mil vezes mais intenso que o da Terra; e o de Marte acredita-se que j� foi mais intenso do que �.

Teoricamente, um campo magn�tico estende-se infinitamente, ficando mais fraco com o aumento da dist�ncia da sua fonte. O campo magn�tico da Terra estende-se por v�rias dezenas de milhares de quil�metros, constituindo a chamada magnetosfera da Terra.


Inclina��o magn�tica

Se deixarmos oscilar livremente a agulha de uma b�ssola, ela ficar� paralela � superf�cie terrestre em zonas perto do Equador, mas se posicionar� verticalmente em pontos pr�ximos aos polos Norte e Sul. Portanto, a inclina��o da agulha varia entre -90� no polo magn�tico Sul e 90� no polo magn�tico Norte, passando por 0o no Equador. Esse valor � o que se chama de inclina��o magn�tica.


Declina��o magn�tica

Todos sabem que a agulha de uma b�ssola aponta para o Norte em uma das extremidades e para o Sul na outra. Mas � preciso lembrar que o Norte mostrado pela b�ssola � o Norte Magn�tico, n�o o Norte Geogr�fico (aquele mostrado nos mapas). A diferen�a normalmente n�o � grande o suficiente para alterar nossa vida cotidiana, mas quem trabalha com pesquisa de campo, cartografia, levantamentos aerofotogr�ficos, topografia etc. precisa saber a diferen�a entre os dois valores.

O �ngulo entre as dire��es do Norte Geogr�fico e do Norte Magn�tico chama-se declina��o magn�tica. Ela varia de lugar para lugar na Terra e varia tamb�m ao longo do tempo. Para saber qual a declina��o magn�tica de um ponto qualquer da Terra, pode-se consultar um mapa que mostre o valor da declina��o magn�tica daquela �rea, quando ela foi calculada e qual a varia��o anual desse valor. A�, pode-se saber o valor atual, multiplicando-se a varia��o anual pelo n�mero de anos decorridos desde a leitura fornecida pelo mapa e somando (ou subtraindo) a declina��o mostrada no mapa.

O valor da declina��o magn�tica � usualmente encontrado em mapas editados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica - IBGE e pela Diretoria de Servi�o Geogr�fico do Ex�rcito.

No exemplo abaixo, retirado de um mapa do Ex�rcito, l�-se que a declina��o magn�tica no centro do mapa era, em 1975, 6� 09’ 01” (seis graus, nove minutos e um segundo). O mapa informa tamb�m que ela aumenta 9,4’ por ano na regi�o.

Qual é a causa do campo magnético terrestre é qual sua importância?

Qual é a causa do campo magnético terrestre é qual sua importância?

Ao lado, outro exemplo de representa��o gr�fica da declina��o magn�tica, tirado de uma imagem de radar do Projeto Radambrasil. Note-se que a ponta norte da agulha volta-se na verdade para o polo sul, e vice-versa. Na pr�tica, por�m, representa-se o norte magn�tico pr�ximo ao norte geogr�fico para deixar mais clara a diferen�a.

O mapa abaixo, do Instituto Portugu�s do Mar e da Atmosfera, � um mapa de isog�nicas. Ele mostra a declina��o magn�tica em todo o mundo em 2005. Os pontos ao longo de uma linha t�m todos a mesma declina��o.

Qual é a causa do campo magnético terrestre é qual sua importância?
No site do Observat�rio Nacional, pode-se obter a declina��o e a inclina��o magn�tica de qualquer ponto do Brasil, desde que sejam fornecidas suas coordenadas.

Os polos magn�ticos podem migrar v�rios quil�metros por ano e eles s�o independentes nesse aspecto, de modo que a varia��o de um polo nada tem a ver com a do outro. Al�m disso, eles n�o est�o em posi��es diametralmente opostas no globo. Em 2005, o polo sul magn�tico estava a 2.835 km de dist�ncia do polo sul geogr�frico e o polo norte, a 890 km do polo norte geogr�fico.


Intensidade do campo magn�tico

A intensidade de um campo magn�tico � medida com uma unidade chamada tesla. O campo geomagn�tico � expresso com o subm�ltiplo nanotesla (nT), que vale 10-9 tesla.

A primeira medida de intensidade do campo geomagn�tico foi feita por Carl Friedrich Gauss em 1835 e repetida desde ent�o. Isso permitiu observar que ela sofreu uma redu��o de 10 a 15% durante os �ltimos 150 anos.

Nas regi�es polares, a intensidade do campo na superf�cie da Terra � em torno de 70 mil nT; j� na regi�o equatorial, cai para metade desse valor, aproximadamente.

Na regi�o do Atl�ntico Sul, h� uma grande �rea onde a intensidade magn�tica � bastante baixa, sendo por isso chamada de Anomalia Magn�tica do Atl�ntico Sul. Grande parte dessa �rea abrange o Brasil.

Os valores extremos para a intensidade do campo total s�o 24 mil nT na Anomalia Magn�tica da Am�rica do Sul e 66 mil nT na regi�o entre a Austr�lia e a Ant�rtica.


Linhas de for�a

Se colocarmos um �m� debaixo de uma folha de papel e sobre ele deixarmos cair limalha de ferro, aparecer� um desenho formado por muitas linhas (figura abaixo). Essas linhas s�o as linhas de for�a do campo magn�tico
e seu conjunto define o campo magn�tico do �m�.

Qual é a causa do campo magnético terrestre é qual sua importância?
Quanto mais pr�ximas estiverem umas das outras as linhas de campo, maior ser� a intensidade do campo. Linhas de campo afastadas representam campos magn�ticos mais fracos.

Por conven��o, diz-se que as linhas de for�a partem do polo Norte para o polo Sul. Essa conven��o, entretanto, n�o � adotada pelos geof�sicos para o campo magn�tico da Terra. Consideram eles que as linhas partem do polo Sul para o Norte (figura � direita).


Revers�es magn�ticas

Os polos magn�ticos terrestres est�o pr�ximos aos polos geogr�ficos da Terra. Mas isso n�o acontece sempre, pois eles podem migrar bastante e at� mesmo reverter sua polaridade, ou seja, o polo norte magn�tico pode se tornar polo sul e vice-versa. Isso j� aconteceu pelo menos 170 vezes em 100 milh�es de anos de evolu��o do nosso planeta.

Qual é a causa do campo magnético terrestre é qual sua importância?

Como se sabe que houve essas revers�es? Pelo exame das rochas. A lava n�o possui magnetismo porque a alta temperatura n�o permite que os �tomos se ordenem de modo a gerar essa propriedade. Mas � medida que sua temperatura diminui, levando � forma��o de uma rocha vulc�nica, isso come�a a se tornar poss�vel e os �tomos de ferro e n�quel nela existentes come�am a se alinhar de acordo com o campo magn�tico terrestre do local onde isso est� ocorrendo. Estudando essas rochas hoje, pode-se verificar qual � a orienta��o magn�tica nelas preservada e, sabendo a idade da rocha, sabe-se ent�o onde estavam os polos magn�ticos � �poca de sua forma��o.

As revers�es magn�ticas n�o s�o peri�dicas, ou seja, n�o ocorrem dentro de per�odos determinados e previs�veis. Em m�dia, h� um intervalo de 250 mil anos entre uma e outra. A �ltima ocorreu h� 780 mil anos (Revers�o Brunhes-Matuyama), mas n�o se pode dizer que estamos na emin�ncia de nova revers�o, porque h� mudan�as que levaram bem mais tempo que isso para ocorrer.

Um per�odo em que o campo magn�tico terrestre manteve de modo bastante est�vel a mesma polaridade � chamado de cron. A dura��o de um cron geralmente � de 50 mil a 5 milh�es de anos. Se a polaridade se manteve est�vel por um tempo bem maior (dezenas de milh�es de anos, digamos), o per�odo � chamado de supercron.

Pode acontecer tamb�m de os polos magn�ticos se situarem pr�ximos � linha do Equador, oscilando ali por um per�odo geralmente inferior a 10 mil anos, e terminando por voltarem � polaridade original. Essas fases s�o chamadas de excurs�es magn�ticas.

Os cientistas ainda n�o conseguem explicar o porqu� das invers�es; teoricamente a Terra deveria girar ao contr�rio para que elas ocorressem. Eles tentam desenvolver em laborat�rio experimentos que levem a entender como ocorrem as revers�es magn�ticas, e uma descoberta que fizeram foi que elas s�o precedidas de uma diminui��o na intensidade do campo magn�tico terrestre. Como estudos recentes registraram uma redu��o na intensidade do campo magn�tico da Terra, levantou-se a hip�tese de uma poss�vel mudan�a de polaridade. Os cientistas, entretanto, s�o categ�ricos ao afirmar que n�o h� evid�ncias suficientes para acreditar numa invers�o polar iminente, at� porque uma invers�o desse porte leva, em m�dia, 5 mil anos para ser produzida. Tampouco h� ind�cios de que o campo magn�tico terrestre possa perder sua intensidade, deixando o planeta desprotegido frente �s radia��es c�smicas.

Mas o que acontecer� em nosso planeta caso venha a ocorrer uma revers�o? Alguns autores acreditam que a vida n�o correr� nenhum risco. O ser humano est� no planeta h� algumas centenas de milhares de anos e nesse per�odo ocorreram muitas revers�es sem que tenha se estabelecido uma correla��o entre elas e o desenvolvimento humano. Tampouco h� conex�o entre revers�es do campo magn�tico terrestre e as grandes extin��es de esp�cies ao longo da hist�ria geol�gica da Terra.

Mas Tarso Paulo Rodrigues, professor de F�sica do Col�gio Augusto Laranjeira e da Escola Nova, acredita que uma revers�o provocaria “enormes altera��es planet�rias. Os sistemas de navega��o que utilizam b�ssolas estariam totalmente ultrapassados e at� mesmo a migra��o dos p�ssaros e peixes, que se orientam de acordo com as linhas desse campo (magn�tico), estaria seriamente amea�ada. Todas essas transforma��es ainda iriam provocar uma intensa tempestade eletromagn�tica”.

Como foi dito atr�s, experimentos mostraram que as revers�es s�o precedidas de redu��o na intensidade do campo magn�tico da Terra. E isso est� se verificado atualmente, com uma redu��o de 1% na intensidade a cada 10 anos. Se isso continuar acontecendo e nesse mesmo ritmo, dentro de 1.500 anos a intensidade do campo magn�tico chegar� a zero. Mas isso � apenas uma previs�o bastante rudimentar, longe de ser uma certeza, pois a din�mica do n�cleo terrestre � muito complexa e as varia��es s�o ainda muito imprevis�veis.

As varia��es do campo magn�tico que ocorrem ao longo de muito tempo s�o chamadas de varia��es seculares. Aquelas mais r�pidas s�o os impulsos geomagn�ticos.
Por raz�es ainda n�o bem conhecidas, os impulsos geomagn�ticos n�o ocorrem ao mesmo tempo em diferentes lugares da Terra. Um impulso registrado em um observat�rio em 1969 s� foi registrado em outros tr�s anos depois. Al�m disso, h� impulsos globais e outros que ocorrem apenas em regi�es localizadas.


Fontes

HISTORY CHANNEL. Profecias - Magnetismo Terrestre. https://www.seuhistory.com.

INSTITUTO Portugu�s do Mar e da Atmosfera. Geomagnetismo. https://www.ipma.pt/pt/enciclopedia/geofisica/geomagnetismo/index.html . Acessado em 11 de junho de 2013.

MAGNETISMO Terrestre. IN: Energia e Movimento. Editorial Sol 90, 2007. Trad. Mart�n Ernesto Russo. p. 34. (Atlas Visual da Ci�ncia).

OBSERVAT�RIO NACIONAL. Magnetismo da Terra. http://www.on.br/ead_2012/site. Acessado em 5 de junho de 2013.

PAPA, A. R. R. & PONTE-NETO, C. F. O campo geomagn�tico. Surpresas em curto e longo prazos. Rio de Janeiro, Ci�ncia Hoje, 39:18-25. Set. 2006. il.

RODRIGUES, T. P. O campo geomagn�tico. S�o Paulo, Folha de S. Paulo, 13.01.2005. Fovest, p. 7.

QUANDO a Terra gira torna-se um imenso �m�. S�o Paulo, Superinteressante, janeiro 1966. p. 21.

WIKIPEDIA. Magnetismo Terrestre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Magnetismo_terrestre. Acessado em 11.06.2013.


Fotos

Wikip�dia, salvo informa��o em contr�rio.

Qual é a causa do campo magnético terrestre e qual sua importância?

O campo magnético terrestre é o que possibilita a existência das bússolas, utilizadas para localização no espaço. Graças a essa invenção, as grandes navegações puderam acontecer. O campo magnético terrestre impede a entrada de partículas com alta velocidade vindas do Sol (vento solar).

Qual a causa do campo magnético da Terra?

A hipótese mais aceita diz que o campo magnético da Terra se origina das intensas correntes elétricas que circulam em seu interior. É sabido que o Sol é a estrela do nosso sistema solar. Sabemos também que ele emite milhões de partículas por segundo para todas as direções do espaço.

Qual é a causa do magnetismo?

O que gera o magnetismo? O magnetismo acontece quando as partículas negativas, os elétrons, movimentam-se sendo atraídos ou repulsados por outras partículas. logo é a movimentação deles que gera o magnetismo.

Por que o campo magnético da Terra é importante para os seres vivos?

A importância do Campo Magnético para a manutenção da vida O magnetismo terrestre atua como um escudo de proteção para o Planeta. As linhas de energia que “saem” do polo norte magnético em direção ao polo sul magnético desviam da superfície terrestre as partículas emitidas pelos ventos solares.