Quais os principais elementos da filosofia no período do helenismo?

É sabido que Alexandre Magno, ou Alexandre, O Grande, foi um dos maiores conquistadores, estrategistas militares e administradores políticos da história universal. A expansão dos domínios do império da Macedônia, primeiro para toda a Hélade (o conjunto de cidades-estado que formava a Grécia Antiga, incluindo Esparta e Atenas), depois em direção à Anatólia (atual Turquia), ao Oriente Médio, então dominado pelos persas, e à Índia, foi um dos maiores feitos que o mundo já viu.

Com tal expansão, Alexandre não levou apenas pilhagens e guerras, tampouco assolamento de tradições e culturas. O império alexandrino caracterizou-se por levar também a cultura grega (chamada helênica) para todas as regiões que conquistou. Caracterizou-se também por integrar os elementos das culturas conquistadas, como aqueles da cultura persa (da qual Alexandre era um grande admirador), com os elementos da cultura grega. Esse processo construiu um mundo novo, ecumênico e integrado na Antiguidade que recebeu o nome de Helenismo ou Período Helenístico.

Os termos “helenismo” e “helenístico” foram criados pelo historiador alemão, especialista em cultura clássica, Johann Gustav Droysen. O objetivo de Droysen era estabelecer um quadro compreensivo sobre a interação da cultura helênica com a cultura asiática – isto é, desde a Pérsia até a Índia. Assim como os persas, que tiveram reis como Ciro, O Grande, um profundo apreciador da cultura estrangeira, Alexandre aprendeu a valorizar a cultura alheia sem descaracterizá-la. Chegou, inclusive, a casar-se com uma princesa persa, segundo os rituais típicos desse povo.

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A cultura helênica foi assimilando e absorvendo os valores das culturas conquistadas, ao passo em que também inseria nessas as suas características, como o racionalismo e a articulação política aberta. Segundo Droysen:

“A alma asiática é, de maneira geral, mais altiva, mais uniforme e mais limitada que a alma ocidental. Era impossível fazer tabula rasa dos seus preconceitos e costumes, bem como da individualidade profunda dos povos orientais. O trabalho de assimilação só podia se efetuar lentamente, por etapas sucessivas (...). O que triunfou sobre o Oriente, em última instância, não foram os gregos, mas a civilização helênica. Por esse fato, ela se investiu de uma importância primordial. Os elementos dessa civilização (...) eram o racionalismo e a autonomia democrática” [1]

Muitas cidades, como Alexandria, no Egito, tornaram-se grandes centros culturais no período helenístico, acomodando saberes científicos, filosóficos, religiosos e literários de imenso valor. Até mesmo durante o período de domínio do Império Romano, a cultura helenística persistiu, tornando-se a base da formação dos homens durante muitos séculos.

NOTAS:

DROYSEN, J. G. Alexandre: o grande. Rio de Janeiro: Contraponto, 2010, p. 330.

*Créditos da imagem: Shutterstock | mountainpix

0. Contexto Histórico

O Período Helenístico (ou Helenismo) foi uma época da história compreendida entre os séculos III e II a.C. no qual os gregos estiveram sob o domínio do Império Macedônico.

Foi tão grande a influência grega que, após a queda do Império, a cultura helenística continuou predominando em todos os territórios anteriormente por eles dominados.

Entre os séculos II e I a.C., os reinos helenísticos foram aos poucos sendo conquistados pelos romanos.

a) Império Macedônico

Os macedônios habitavam a região situada no norte da Grécia. Durante muito tempo esses povos eram chamados de bárbaros pelos habitantes da Hélade, região entre a Grécia central e a do norte – cujos habitantes eram chamados de Helenos – ainda que, como eles, fossem de origem indo-europeia.

Em 338 a.C. os gregos foram derrotados na Batalha de Queroneia, pela forças macedônicas, que em pouco tempo dominaram toda a Grécia.

Em 336 a.C., o imperador Felipe II é assassinado, assumindo o trono, seu filho, Alexandre Magno que, durante dez anos de seu reinado (333-323 a.C.), conquistou extensa região, formando o maior império até então conhecido.

O império de Alexandre Magno se estendeu pelo Egito, Mesopotâmia, Síria, Pérsia e Índia. Essas conquistas ajudaram a formar uma nova civilização.

Adotando o grego como língua comum, iniciou-se um processo de interpenetração cultural, onde algumas instituições permaneceram próximas ao padrão grego e em outras prevaleceu elementos orientais. É com essa civilização mista que se dá início ao período helenístico.

Depois da morte de Alexandre, sem deixar herdeiros, o império foi dividido entre seus generais, formando três grandes reinos:

  • Ptolomeu (Egito, Fenícia e Palestina);
  • Cassandro (Macedônia e a Grécia);
  • Seleuco (Pérsia, Mesopotâmia, Síria e Ásia Menor).

Assim, surgiram dinastias de soberanos absolutistas que enfraqueceram a unidade mantida nos tempos de Alexandre e aos poucos foram caindo sob o domínio romano.

b) A Civilização Helenística

A civilização helenística foi o resultado da fusão de diversas sociedades, principalmente grega, persa e egípcia.

A grande obra de Alexandre Magno no plano cultural sobreviveu ao esfacelamento de seu império territorial.

O movimento expansionista promovido por Alexandre foi responsável pela difusão da cultura grega pelo Oriente, fundando cidades (várias vezes batizadas com o nome de Alexandria) que se tornaram verdadeiros centros de difusão da cultura grega no Oriente.

c) Cultura Helenística

Nesse contexto, elementos gregos acabaram-se fundindo com as culturas locais. Esse processo foi chamado de Helenismo e a cultura grega mesclada a elementos orientais deu origem à Cultura Helenística, numa referência ao nome como os gregos chamavam a si mesmos – Helenos.

Os Helenos desenvolveram a pintura e a escultura, onde retratavam com perfeição a natureza e o movimento dos corpos. Um exemplo é a escultura de mármore, "Laocoonte e seus filhos".

Quais os principais elementos da filosofia no período do helenismo?
Laocoonte e seus filhos

No Oriente Médio, os principais centros de cultura helenística foram Alexandria (no Egito), Pérgamo (Ásia Menor) e a ilha de Rodes, no mar Egeu, com seus grandes palácios de mármore, ruas amplas, escolas, bibliotecas, teatros, academias, museus e até um Instituto de Pesquisas.

Sua arquitetura impressiona pela riqueza e pelo porte, como o altar de Zeus em Pérgamo (180 a.C.), que foi reconstituído e encontra-se no Museu de Berlim.

Quais os principais elementos da filosofia no período do helenismo?
Altar de Pérgamo

1. Filosofia Helenística

Quais os principais elementos da filosofia no período do helenismo?

Período em que a filosofia se expandiu para Roma

A palavra “helenística” deriva de helenismo, termo que corresponde ao período que vai de Alexandre Magno, o macedônico, até o da dominação romana (fim do séc. IV d. C. ao fim do séc. I d.C.). Alexandre foi o grande responsável por estender a influência grega desde o Egito até a Índia.

A filosofia helenística corresponde a um desenvolvimento natural do movimento intelectual que a precedeu e torna a defrontar-se muitas vezes com temas pré-socráticos; porém, sobretudo ela é profundamente marcada pelo espírito socrático. A experiência com outros povos também lhe permitiu desempenhar certo papel no desenvolvimento da noção de cosmopolitismo, isto é, da ideia de homem como cidadão do mundo.

As escolas helenísticas têm em comum a atividade filosófica, como amor e investigação da sabedoria, sendo esta um modo de vida. Elas não se diferenciavam muito na escolha da forma de sabedoria. Todas elas definiam a sabedoria como um estado de perfeita tranquilidade da alma. Nesse sentido, a filosofia é uma terapêutica dos cuidados, das angústias e da miséria humana, miséria resultante das convenções e obrigações sociais.

Todas as escolas helenísticas trazem certa herança socrática ao admitir que os homens estão submersos na miséria, na angústia e no mal, porque estão na ignorância; o mal não está nas coisas, mas no juízo de valor que os homens atribuem a elas. Disso decorre uma exigência: que os homens cuidem de mudar radicalmente seus juízos de valor e seu modo de pensar e ser. E isso só é possível mediante a paz interior e a tranquilidade da alma.

Mas se há semelhanças entre as escolas quanto ao modo de conceber a filosofia como terapia da alma, há também diferenças significativas. Há os dogmáticos, para os quais a terapia consiste em transformar os juízos de valor e há os céticos cínicos, para os quais se trata de suspender todos os juízos. Dentre as dogmáticas, que concordam que a escolha filosófica fundamental deve corresponder a uma tendência inata do homem, dividem-se em epicurismo, que entende que é a investigação do prazer que motiva toda atividade humana, e o platonismo, o aristotelismo e o estoicismo, para os quais, segundo a tradição socrática, o amor do Bem é o instinto primordial do ser humano.

O estoicismo e o epicurismo distinguem-se da filosofia platônico-aristotélica por uma consciência da urgência da decisão moral, mas têm diferenças e semelhanças na forma de conceber o método de ensino. Platonismo, aristotelismo e estoicismo têm em comum a missão de formar os cidadãos para serem dirigentes políticos. Essa formação visa atingir uma habilidade para o uso da palavra por meio de numerosos exercícios retóricos e dialéticos, extraindo os princípios da ciência política. Por essa razão, vários homens vão à Atenas, vindos da África, da Itália, etc., para aprender a governar. Mas antes precisam aprender a governar a si mesmo, para depois aprender a governar os outros. Exercitam a sabedoria para assimilar intelectual e espiritualmente os princípios de pensamento e de vida contida nela. O diálogo vivo e a discussão entre mestre e discípulo são os meios indispensáveis.

O ensino estoico segue tanto a dialética quanto a retórica, enquanto os discursos epicuristas seguiam uma forma resolutamente dedutiva, isto é, partiam dos princípios para chegar à conclusão.

O esforço estoico para apresentar a sua filosofia num corpo sistemático exigia de seus discípulos que tivessem sempre presente no espírito, por um trabalho constante da memória, o essencial de seus dogmas. A noção de sistema para estoicos e epicuristas não tem a ver com a construção conceitual, desprovido da intenção vital. O sistema tem como finalidade reunir sob forma condensada os dogmas fundamentais que não dispensam uma argumentação rigorosa, formulada em sentenças curtas (máximas) para ganhar força persuasiva e maior eficácia mnemotécnica (memória). Estas escolas têm o sistema como conjunto coerente de dogmas que estão intimamente ligados ao modo de vida praticado.

As escolas estoica e epicurista são consideradas dogmáticas por seguirem uma série de fórmulas construídas num corpo coerente que são essencialmente ligadas à vida prática. As escolas platônicas e aristotélicas são reservadas a uma elite que vive no ócio e tem tempo para estudar, investigar e contemplar, as escolas estoica e epicurista adotaram o espírito popular e missionário de Sócrates, dirigindo-se a todos os homens, ricos ou pobres, homens ou mulheres, livres ou escravos. Qualquer um que adote o seu modo de vida será considerado filósofo, mesmo que não desenvolva, por escrito ou oralmente, um discurso filosófico.

O ceticismo e o cinismo são também uma filosofia popular e missionária, de certo modo exagerado em suas tendências: o primeiro suspende o juízo sobre a realidade, duvidando de que seja possível algum conhecimento seguro e estável ou verdadeiro absolutamente; o segundo refere-se à total indiferença ao mundo e a si mesmo, promovendo um estado de tranquilidade interior e imperturbabilidade. Ambas dirigem-se a todas as classes da sociedade, instruindo com a própria vida, denunciando as convenções sociais e propondo um retorno à simplicidade da vida conforme a natureza.

2. Escolas do Helenismo

As escolas do Helenismo são assim chamadas por conta da região em que surgiram. No Mediterrâneo há um tempinho, por volta do século XVII a.C., uma proeminente civilização tomava forma. Seus cidadãos chamavam-se helenos, entretanto, acabaram sendo conhecidos mundo a fora como gregos. Confira na aula um resumo sobre Helenismo.

Quais os principais elementos da filosofia no período do helenismo?
Figura 1. Na mitologia helênica (grega) conta-se que um tal de Heleno teve três filhos e que deles se originaram as principais civilizações que viriam a compor a região que posteriormente ficaria conhecida como Grécia.

Agora que já sabemos por que elas são assim chamadas, bora lá descobrir o que foram essas tais escolas do Helenismo. A começar pelas coisas que as unem, as escolas do Helenismo possuem uma forte influência socrática.

Uma vez que, foram fundadas após a morte de Sócrates, famigerado filósofo ateniense que foi condenado à morte e um sujeito que ganhou bastante notoriedade com suas investigações acerca da vida.

Foi justamente nessa onda de investigação sobre a vida que as escolas do período Helenístico ficaram vidradas. Ora, a Filosofia começou tentando desvelar os mistérios acerca do mundo a sua volta com filósofos como Tales, Heráclito e Demócrito que tentaram explicar o cosmos, isto é, como e do que esse mundão é feito.

Todavia, Sócrates acabou mudando um pouco o foco do assunto. Não que ele tenha deixado de lado as questões metafisicas dos pré-socráticos. Mas, ele acabou ganhando notoriedade por trabalhar outros assuntos mais ligados à vida cotidiana.

a) Helenismo e características

Na “vibe” socrática de como viver a vida, as escolas do Helenismo cativaram em suas características uma certa Filosofia da boa vida. Isto é, elas investigam como nós podemos viver as nossas vidas de maneira que a angustia da existência não seja um fardo a ser carregado.

As principais escolas do Helenismo, ou ao menos as que ganharam mais notoriedade, foram: Os Estoicos, os Céticos, os Hedonistas, os Epicuristas, os Peripatéticos, os Ecléticos e os Cínicos.

Todas elas partilhavam de um amor incondicional pela sabedoria, entendendo que é só pela sabedoria que encontramos a harmonia com o cosmos.

Quais os principais elementos da filosofia no período do helenismo?
Figura 2. As diferentes abordagens sobre os acontecimentos mundanos é uma das coisas que diferencia as escolas helênicas.

Dentre as escolas do Helenismo que abordaremos aqui, talvez a mais peculiar delas seja a escola Cínica. O cinismo é uma corrente filosófica que foi fundado pelo filósofo Antístenes de Atenas. Filósofo esse que era discípulo do meu grande amigo Sócrates.

b) O Cinismo

O Cinismo enquanto corrente filosófica idealizava uma vida simples. Ora, para os filósofos Cínicos a maneira que levavam a vida não poderia divergir da sua Filosofia. Portanto, era comum aos filósofos Cínicos levarem uma vida simples, sem apego a coisas materiais.

As escolas do Helenismo buscam em essência uma maneira de alcançar a felicidade e como parte integrante delas, não poderia ter sido diferente com o Cinismo. Os Cínicos acreditavam que somente os virtuosos conseguiriam alcançar a Felicidade.

Bom até aí nada de revolucionário, o ilustre Aristóteles já falava da busca pela eudaimonia, isto é, da busca pela felicidade através das Virtudes.

O que divergia da busca aristotélica com as demais escolas do Helenismo era a maneira com que faziam isso. No caso dos Cínicos, era conveniente que os adeptos dessa corrente filosófica levassem uma vida simples e natural.

Mediante a aversão pelas riquezas, o desprezo pelo conforto e a busca pelo desapego, os Cínicos tentavam levar uma vida livre das convenções sociais.

    I. A origem do Cinismo e seus maiores representantes

Isso pode ser demonstrado pela própria arquitetura do nome, a palavra Cinismo vem do grego kynismós, que em uma tradução livre seria algo como cão, ou melhor dizendo, viver como um cão. A ideia é fazer referência a maneira a qual devemos viver para alcançar a felicidade.

O mais expressivo e famigerado dos Cínicos foi meu chapa Diógenes de Sínope. Reza a lenda que Platão certa vez disse que Diógenes era um Sócrates que enlouqueceu. Veja só o que Diógenes fazia para entender esse suposto escárnio do Platão.

Como bom adepto do Cinismo, Diógenes levara uma vida simples, rejeitando os confortos materiais, bem como o fizera Sócrates.

Entretanto, Diógenes achava que viver como Sócrates era muito “nutella”, o lance era ser mais “raíz”. Diógenes então levou ao extremo essa ideia de simplicidade, rejeitou então os valores mundanos e passou a morar num velho barril de vinho feito de argila!

Não obstante, Diógenes praticava a desobediência civil. Por exemplo, havia um certo receio de se comer no mercado de Atenas, mas é claro que esse filosofo fanfarrão ignorou o tabu e bateu aquele rango.

Quando indagado sobre quão inapropriado era isso, ele respondeu que era apenas adequado comer quando se tem fome.

    II. As histórias de Diógenes e sua simplicidade

Dizem que Diógenes andava por Atenas carregando uma lamparina em plena luz do dia, dizendo estar à procura de uma pessoa honesta, mas só encontrara pessoas mesquinhas, hipócritas e sujeitos cheios de si.

Há uma quantidade absurda de histórias sobre Diógenes que vão de algumas das obscenidades como se masturbar em público, urinar sobre as pessoas que o insultaram, e defecar em um teatro até seu encontro com Alexandre.

Plutarco narrou em sua obra Moralia, que certa vez Diógenes, já velho, estava em seu barril tomando um banho de sol, como era de seu costume quando apareceu em sua frente Alexandre, imperador de toda Grécia.

O conquistador disse que estava admirado com o filósofo e gostaria de conhecê-lo. Alexandre então em um gesto de reconhecimento disse a Diógenes que ele poderia pedir qualquer coisa.

Diógenes teria respondido: “Senhor, não tire de mim o que não pode me dar, quero apenas que saia da frente do sol.” Zeus do céu!

Quais os principais elementos da filosofia no período do helenismo?
Figura 3. A estátua de Diógenes e Alexandre em Corinto. Dizem que após ser “trolado” Alexandre partilhou do bom humor cínico e respondeu: “És sem dúvida um sábio, se eu não fosse Alexandre gostaria de ser Diógenes”.

Apesar de estapafúrdio – já que chamá-lo de excêntrico soa como um grande eufemismo – Diógenes foi bastante reverenciado no meio filosófico, principalmente pelos Estoicos, outra escola do Helenismo. Sendo inclusive considerado um ideal de filósofo.

Enfim, segundo o Cinismo a pessoa mais próxima da Felicidade é aquela que tem mais. Todavia, eles não se referiam a bens materiais, mas sim a pessoas que vivem em harmonia com a natureza, saciando suas necessidades ao passo que elas surgem, livre das convenções impostas pela sociedade e se satisfazendo com o mínimo.

c) O fundador do Estoicismo

Após a morte de Aristóteles, duas grandes escolas do Helenismo surgiram: o Estoicismo e o Epicurismo. Embora tivessem bastante coisa em comum, essas escolas divergiam em alguns pontos capitais.

O Estoicismo foi uma doutrina filosófica fundada por Zenão de Cítio, um discípulo de Diógenes de Sínope. Já de antemão aviso que Zenão não é nem de longe tão polêmico ou irreverente quanto seu mestre, mas sua Filosofia foi muito mais popular e duradoura.

A parada começou quando o barco de Zenão, que até então era um mercador, naufragou e ele perdeu toda a sua riqueza. Zenão acabou chegando em Atenas e lá teve contato com as idéias de Sócrates e seu discípulo Platão, bem como com a Filosofia de Aristóteles e os Peripatéticos.

Foi a partir daí que o fundador do Estoicismo percebeu que o mundo não material era mais agradável de viver do que aquele em que a sua versão mercadora vivia.

Assim, decidiu se dedicar ao estudo da Filosofia que eventualmente levou a fundação da escola estoica.

O nome Estoicismo vem da expressão grega stoà poikile, que em uma tradução livre seria algo como Pórtico das Pinturas, o local onde Zenão ensinava os seus discípulos em Atenas.

    I. As características do Estoicismo

Assim como os cínicos, Zenão tinha pouco interesse nas investigações metafisicas acerca do mundo. Ele buscava uma abordagem mais prática para Filosofia, falando de coisas como a morte, a felicidade e outros aspectos da vida cotidiana.

Tudo isso em detrimento às investigações dos seus antecessores que buscavam as origens do mundo ou mesmo a substância que originou o universo. De maneira simples, o Estoicismo prega que a Filosofia nos ensina a agir, não a falar.

Podemos entender a corrente estoica a partir do seu aspecto ético latente. Com isso quero dizer que o Estoicismo buscava atingir a felicidade a partir de uma conduta ética. Essa se baseava em certas virtudes que orientam o comportamento humano.

Para facilitar o entendimento, a galera do TED-Ed tem um vídeo explicando de maneira bem sucinta o que é o Estoicismo, se liga:


Partindo da premissa que diz que o cosmos é uma bagunça ordenada, ideia provavelmente inspirada na Filosofia de Aristóteles, o modelo Estoico sugere que exista um Logos. Isto é, uma estrutura racional do cosmos composta por relações de causas e seus efeitos.

Ora, é possível observar, e por meio da razão, entender essas causas e efeitos pois suas manifestações mundanas são cognoscíveis a nós. Assim, o Estoicismo afirmava que não é possível controlar todas as relações existentes no cosmos.

Todavia, é possível controlar como decidimos lidar com essas relações, ou seja, não podemos mudar as coisas a nossa volta, mas é possível mudar como lidamos com elas.

Exemplo:

Vou mandar um exemplo para ficar mais fácil. Imagine que você está planejando um “rolê” há muito tempo. Então finalmente chega o dia, você sai de casa feliz da vida rumo ao seu destino. No meio do caminho, o tempo muda abruptamente. Nuvens de chuva surgem e seu passeio pode estar da beira da ruína.

Do ponto de vista do Estoicismo, você tem duas alternativas: deixar que seu passeio seja arruinado ou entender que vai continuar chovendo até que a chuva decida cessar.

Um estoico analisaria essa situação e optaria pela segunda opção. Pois não há sentido racional em deixar que algo, que você não tem controle algum, acabe com um passeio que você programou.

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Figura 4: memento mori” é um conceito fundamental do Estoicismo que está em nossa cultura ainda hoje. Conta-se que os imperadores usavam um escravo na volta para casa (após grandes conquistas) para lembra-se que mesmo após grandiosos feitos eles ainda são meros mortais. O conceito refere-se a Morte como uma parada normal e certeira que não deve ser temida, mas sim, apreciada. Afinal, a vida é um “rolê” do qual jamais sairemos vivos.

d) Cinismo e Estoicismo

Seguindo a linha do Cinismo, o Estoicismo também busca o auto aperfeiçoamento do indivíduo, que é o caminho para a felicidade através das virtudes. Podemos reduzi-las essencialmente a quatro: sabedoria, temperança, justiça e coragem.

Em suma, o Estoicismo busca agir de acordo com a natureza. Mudar o que dá para mudar e mudar a forma com que lidamos com aquilo que não dá para mudar. Isso é, uma espécie de indiferença frente ao mundo (que os gregos chamaram de ataraxia).

Isso tudo pode ser feito a partir de uma vida centrada no auto aperfeiçoamento que se desenvolve ao praticar uma conduta ética fundamentada em quatro virtudes elementares.

Assim, quando uma pessoa consegue atingir um grau de autocontrole e consciência, ela consegue inspirar a mudança nos demais.

e) O Ceticismo e a dúvida

A outra escola do Helenismo que falaremos aqui é o Ceticismo, uma corrente filosófica da galera que é “cabreira” em acreditar nas coisas, isto é, o constante questionamento do mundo é o que caracteriza essa escola.

Quais os principais elementos da filosofia no período do helenismo?
Figura 5. A palavra Ceticismo vem do grego Sképsis, que em uma tradução livre quer dizer algo como investigação.

O fundador da escola, um sujeito chamado Pirro de Élida, acompanhou meu camarada Alexandre, o Grande – aquele que Diógenes pediu para sair da frente – nas suas aventuras pelo Oriente.

Dizem nas fofocas filosóficas que Pirro morreu lecionando. Enquanto andava com uma venda em seus olhos, um de seus estudantes o alertou a respeito de um abismo a sua frente, mas como bom cético que era, o cara não acreditou! Daí o filosofo descrente acabou caindo no abismo e batendo as botas.

No que o Ceticismo acredita?

De maneira resumida, o Ceticismo é a escola que refuta as verdades absolutas e se guia por esse espirito de dúvida. Para isso, mantém sempre uma postura neutra em relação aos acontecimentos do mundo, de maneira que não seja possível admitir a existência de quaisquer dogmas.

Os Céticos, assim como as demais escolas do Helenismo, estavam preocupados bem mais com as questões da práxis do que as viagens metafisicas de outrora.

Por conta disso, eles dedicaram bastante esforço e energia filosófica ao estudo da Felicidade.

Para os Céticos só era possível alcançar a felicidade se nós suspendêssemos os julgamentos acerca do mundo a nossa volta. Isso significava entrar num estado que eles chamavam de ataraxia, inclusive esse estado compartilha alguns atributos da escola estoica.

f) O Epicurismo

Para finalizar nossa jornada por entre as escolas do Helenismo, vamos agora falar sobre o Epicurismo. Essa corrente filosófica recebeu esse nome por conta de fundador Epicuro de Samos.

Passado a grande revolução da Filosofia – após Platão e seu pupilo Aristóteles – o foco das atividades filosóficas estava migrando. Saiamos da Metafísica e nos debruçávamos sobre a Ética.

Assim, o Epicurismo, bem como as demais escolas do Helenismo que vimos, abordou um pensamento mais voltado aos indivíduos e suas aflições cotidianas.

O Epicurismo busca a paz de espirito, para assim alcançar o objetivo das nossas vidas (felicidade). Para isso, ele conta com uma série de teorias bem sagazes acerca das coisas que nos afligem.

Quais os principais elementos da filosofia no período do helenismo?
Figura 8. Epicuro não conquistou multidões com suas ideias, mas elas se tornaram populares no século XVIII aparecendo nas teses dos filósofos Jeremy Bentham e John Stuart Mill.

    I. A arte de superar o medo da morte

Talvez o exemplo mais famoso do discurso epicurista seja aquele acerca da morte. Saca só essa fita: se o objetivo da vida é ser feliz, devemos analisar o que causa nossa infelicidade.

Para Epicuro nossa infelicidade se dava por conta dos nossos medos. Ademais, nosso maior medo é o medo da morte. Ora, ao superarmos o medo da morte, tiraríamos um imenso obstáculo de nossos caminhos rumo a felicidade.

Contudo, como é que se supera o medo do pavoroso encontro com Hades? Bom, se a morte é o fim das sensações corpóreas, logo, ela não pode ser dolorosa.

Ademais, ela também é o fim de nossa consciência, logo, tampouco ela pode ser mentalmente desagradável. Portanto, não há nada a temer na morte.

Ou como meu camarada Epicuro certa vez me disse: a morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a Morte, e quando existe a Morte, não existimos mais.

    II. Racionalidade do Epicurismo

Essa racionalidade do Epicurismo culminava na busca por um comportamento sempre moderado. Para os adeptos dessa corrente filosófica a vida deveria ser levada buscando sempre o prazer moderado, nunca em demasia.

Assim, estaríamos sempre em harmonia, pois com tudo na medida certa a Felicidade se torna sempre presente.

Deu para perceber que as escolas do Helenismo partilham de vários conceitos em suas abordagens, isso se deve principalmente pela mudança em que a Filosofia passou naquela época.

Aliás, as fundações dessas escolas aconteceram em um período bem próximo. Epicuro viveu de 341 até 270, Diógenes de 404 até 323, Zenão de 332 até 265 e Pirro de 318 até 272. Todos eles foram contemporâneos.

Enfim, esses filósofos deixaram valiosas lições sobre as maneiras que podemos levar a vida e conviver em sociedade. Muitos foram aqueles que fizeram uso da Filosofia produzida nessa época.

Cabe a nós agora, rever nossos conceitos acerca da vida numa época tão materialista como o século XXI, na qual as pessoas são tão pobres que a única coisa que elas têm é dinheiro.

Fonte:

Brasil Escola -  Disponível em < https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/periodo-helenistico-1.htm > Acesso em 11 abr. 2022. 
Curso Enem Gratuito -  Disponível em < https://cursoenemgratuito.com.br/helenismo/  > Acesso em 11 abr. 2022. 
Toda Matéria -  Disponível em < https://www.todamateria.com.br/periodo-helenistico-helenismo/ > Acesso em 11 abr. 2022. 

Qual desses elementos As filosofias do helenismo tinham em comum?

As escolas helenísticas têm em comum a atividade filosófica, como amor e investigação da sabedoria, sendo esta um modo de vida. Elas não se diferenciavam muito na escolha da forma de sabedoria. Todas elas definiam a sabedoria como um estado de perfeita tranquilidade da alma.

Quais são as principais características da filosofia helenística?

Principais características da Filosofia Helenística: - Um dos principais objetivos da filosofia helenística era refletir sobre a busca da felicidade interior (individual). - Valorização do conhecimento voltado para o “saber viver”. - Grande influência dos pensamentos dos filósofos gregos Aristóteles e Platão.

Quais são as principais correntes filosóficas do Período Helenístico e suas características?

O movimento dos corpos e as expressões teatrais ganharam destaque. A filosofia e as ciências também sofreram influências da cultura. Na filosofia surgem três correntes filosóficas: Estoicismo, Epicurismo e Ceticismo. As ciências se desenvolveram e a matemática, geometria e astronomia ganharam novos rumos.

Qual das características corresponde a filosofia no período do helenismo?

As características deste período do Helenismo são marcantes: Este período do Helenismo é marcado basicamente pelo paganismo e pela crença da capacidade humana de explicar os problemas humanos a partir das causas humanas. O fim do helenismo é por volta de 50 a.C. com o domínio militar exercido por Roma aos Gregos.