Quais os fatores que contribuíram para o declínio do Império Romano?

Após o auge vivido nos dois primeiros séculos da Era Cristã, o Império Romano viveu anos de extrema dificuldade. Uma série de fatores reuniu-se para que um dos maiores impérios do mundo Antigo viesse a ruir paulatinamente, podemos apontar a crise do sistema escravista, a estagnação comercial, a diminuição da produção agrícola e a pressão exercida pelos povos germânicos que viviam nas fronteiras do império.

Durante o auge da economia imperial, a produção de riquezas dependia intimamente do vasto número de escravos. Provenientes das regiões dominadas por Roma, esses escravos eram utilizados nas grandes propriedades responsáveis pelo abastecimento da população romana. No entanto, a falta de escravos (observada a partir do século III) acabou gerando uma recessão econômica sentida pela diminuição da produção agrícola e a diminuição dos impostos arrecadados pelo império.

Ao atingir os limites máximos de suas conquistas militares, os exércitos romanos não mais conseguiram o mesmo número de escravos outrora observado. Com isso, houve a escassez da mão-de-obra escrava causando o encarecimento dos gêneros alimentícios. Dessa maneira, as grandes propriedades começaram a ser arrendadas, fazendo com que a base da economia agrícola romana centrasse na pequena propriedade. Com pequenas unidades de produção, a utilização de escravos se tornou ainda mais desvantajosa.

Além disso, outro fator de importância religiosa contribuiu para a crise escravista. A ascensão do ideário cristão fez com que a escravidão fosse vista de forma negativa. Muitos proprietários convertidos ao cristianismo libertaram seus escravos em prova de sua nova fé. Além disso, os próprios escravos atraídos pela palavra cristã negavam-se a privar-se de sua liberdade. Com isso, a economia romana teve que se adaptar a novas formas de trabalho e produção que contornassem a nova situação.

O sistema de arrendamento promoveu a associação entre escravos, agricultores livres e os antigos grandes proprietários. Nessa nova modalidade, o camponês arrendatário recebia um lote de terras onde poderia produzir seu próprio sustento. Em troca, ele deveria destinar parte de sua produção ao proprietário de terras. Dessa forma, as cidades deixavam de ser o grande centro da economia romana. O processo de ruralização fez com que o extenso sistema de cobrança de impostos e o comércio perdessem o grande papel outrora desempenhado.

O governo romano não tinha como se sustentar da mesma forma. Com isso, uma série de reformas administrativas foi adotada nessa época. Os contingentes do exército foram reduzidos e muitos dos povos que viviam às margens do império ganharam terras para que evitassem a invasão de outros estrangeiros. Os chamados povos confederados passaram a formar a principal força militar romana.

A inviabilidade de um vasto império foi marcante durante o reinado de Diocleciano. Em seu governo, o antigo império único foi divido em dois: Império Romano do Oriente e Império Romano do Ocidente. Além disso, a tetrarquia foi instituída, sistema onde um imperador (Augusto) era auxiliado por um imperador menor chamado César. Depois de vinte anos o César ascendia ao cargo de Augusto e nomeava um novo César que deveria seguir a mesma trajetória.

Com a morte de Diocleciano, os imperadores disputaram o poder entre si. Desses conflitos, Constantino saiu vitorioso e voltou a centralizar o governo nas mãos de um único imperador. Escapando da decadência econômica da cidade de Roma, transferiu o império para a cidade de Constantinopla e buscou apoio político ao oficializar o culto cristão.

No século IV, o avanço intermitente dos povos germânicos deu sinais da derradeira extinção do Império. Pressionados pelos hunos e à procura de terras mais férteis, os germânicos invadiram as possessões romanas. Somente no século V, com a invasão dos hérulos à cidade de Roma, vemos a derrocada final do Império Romano. A queda do último imperador romano, Rômulo Augústulo, encerrou o antigo Império Romano.

Por Rainer Sousa
Mestre em História

Graduada em História (Udesc, 2010)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)

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O Império Romano passou por uma severa crise no terceiro século. A partir desse momento a manutenção de seu território e a sustentação do império foram difíceis, e foi preciso pensar em estratégias para a saída da crise. A defesa de um território extenso custava caro aos cofres públicos e demandava atenção do exército romano. As invasões a terras do Império passaram a ser constantes, gerando disputas contra os povos invasores, o que onerava também a administração do Império. Enfrentando uma crise financeira e de defesa do território, o Império Romano precisou pensar em alternativas para sua manutenção e sustentação.

Diocleciano tentou salvar o Império Romano a partir da sua divisão em quatro regiões, que seriam comandadas por quatro imperadores. Era o regime de tetrarquia. Estipuladas quatro capitais, cada uma recebia um imperador e uma coroa próprios, responsáveis por administrar as terras, oferecer segurança, e defender a região. No entanto a tetrarquia também não foi suficiente para solucionar os problemas do Império. Além das constantes disputas entre os próprios imperadores, o sistema custava caro, pois previa a instalação de quatro centros de administração pública com seus funcionários e sua guarda, não resolvendo também a questão financeira. Isso levou a uma nova crise que, somada às invasões bárbaras, ocasionou na divisão do Império Romano.

No início do século IV as invasões bárbaras eram constantes e ameaçavam a integridade do Império Romano. Foi Teodósio, em 395, que propôs a divisão do Império Romano em duas partes: o Ocidental e o Oriental. O primeiro tinha sede em Ravena, que depois foi realocada para Milão, enquanto o segundo tinha sede no Bizâncio.

Quais os fatores que contribuíram para o declínio do Império Romano?

Império Romano após a divisão criada pelo Imperador Teodósio. Em vermelho, o Império Romano do Ocidente, e em roxo, o Império Romano do Oriente (ou Império Bizantino). Ilustração: Geuiwogbil / Wikimedia Commons / CC-BY-SA 3.0

No entanto nem essa nova divisão foi eficiente o suficiente para conter as invasões bárbaras, nem para recuperar as finanças do Império. No século V os povos bárbaros, provenientes do norte da Europa, tomaram diversas partes do território romano. Os visigodos tomaram a península ibérica, os vândalos o norte da África, os francos parte da Gália e os Anglo-saxões a Bretanha. Os saques a Roma foram constantes e culminaram na deposição do último imperador romano do Ocidente, Rômulo Augusto, no ano de 476, marcando o fim do Império Romano como conhecemos na antiguidade. O Império Romano do Oriente – também conhecido como Bizantino – teve uma longa vida e sobreviveu até o ano de 1453.

Neste contexto as invasões bárbaras e os saques a Roma são fundamentais para se compreender o processo que levou à queda do Império Romano do Ocidente. No século V Roma foi saqueada diversas vezes: pelos visigodos em 410, pelos vândalos em 455, e pelos Hérulos em 476. Estes últimos foram responsáveis por uma invasão a um império já enfraquecido. As invasões bárbaras e os saques dão início ao processo de declínio do Império Romano, que se desintegrou em 476, ano que marca não apenas o fim do Império do Ocidente, mas também o período histórico que chamamos usualmente de Idade Antiga. O período de sobrevivência do Império do Oriente, até o ano de 1453, ano de sua queda, é marcado pelo que chamamos de Idade Medieval. Foi também neste período que ocorreu uma difusão e maior adesão ao cristianismo, inicialmente entre os componentes das classes mais pobres da população, mas chegando também às elites romanas.

Bibliografia:

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/divisao-do-imperio-romano/

Qual foi o motivo da crise do Império Romano?

Retração das guerras (fim das conquistas militares) = crise da mão de obra escrava = crise agrícola = deficit orçamentário = aumento de impostos = alta do custo de vida. No século III, teve início à crise do Império Romano, abalado por profundos problemas econômicos, políticos, militares e religiosos.

Quais foram os fatores que contribuíram para o declínio do Império Romano?

A extensão do Império romano, o enfraquecimento do poder militar, problemas económicos, corrupção e instabilidade política e social e as invasões bárbaras, foram as principais causas da queda do Império Romano do Ocidente.

Como foi o declínio do Império Romano?

Foi resultado de uma crise que se instalou a partir do século III d.C. Desagregação é o termo que os historiadores utilizam para explicar a queda do Império Romano, que aconteceu em 476 d.C., quando o último imperador romano, Rômulo Augusto, foi destituído por Odoacro, rei do povo germânico hérulo.

Quais são as razões que explicam o declínio de uma das partes do Império Romano eo apogeu da outra no mesmo período?

O declínio de uma das partes do império romano e o apogeu da outra no mesmo período pode ser explicada pelo fato de que a região oriental era mais rica e possuía controle sobre as rotas de comércio com a Ásia e o Oriente médio, além do fato de que ambas competiram entre si.