Quais foram os protagonistas do tráfico de escravos

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É chamado de Tráfico negreiro o envio arbitrário de negros africanos na condição de escravos para as Américas e outras colônias de países europeus durante o período caracterizado como colonialista.

Durante a Idade Moderna, primordialmente depois que se descobriu a América, in- tensificou-se o comércio escravo, sem qualquer limite quanto à crueldade praticada, visava-se somente o lucro que se obteria com a venda de homens, mulheres e crianças vindas direto da África para as Américas.

A escravidão ocorre desde a origem de nossa história, quando os povos que eram derrotados em combates entre exércitos ou armadas eram aprisionados e transformados em escravos por seus dominadores. O povo hebreu é um exemplo disso, foram comercializados como escravos desde os primórdios da História. Os escravos eram usados nos trabalhos mais pesados e toscos que se pode imaginar.

A explicação encontrada para o uso da mão-de-obra escrava fazia alusão a questões religiosas e morais e à suposta preeminência racial e cultural dos europeus.

Os portugueses já utilizavam o negro como escravo desde o ano de 1432, trazido pelo português Gil Eane, utilizando-os nas ilhas da Madeira, de Açores e Cabo Verde, anteriormente à efetivação da colonização brasileira.

No Brasil a escravidão passou a ser utilizada na primeira metade do século XVI, devido à produção de açúcar. Os portugueses transportavam os negros oriundos da África para serem usados como mão-de-obra escrava nos moinhos de cana-de-açúcar do Nordeste.

Os africanos aprisionados pelos portugueses quando aqui chegavam eram cedidos por um determinado preço, como se fossem uma mercadoria qualquer. Os que tinham uma saúde mais perfeita chegavam a ser comercializados pelo dobro do valor em comparação aos velhos e fracos.

A tarvessia do continente africano para o Brasil era feita nos porões dos navios negreiros, com os negros empilhados da maneira mais insalubre e desumana possível, sendo que muitos deles nem sequer chegavam vivos, tendo seus corpos atirados ao mar.

Nas fazendas açucareiras os escravos trabalhavam de sol a sol, recebendo para vestir apenas um pedaço de pano ou qualquer peça de vestuário velha, dormiam nas senzalas – barracões escuros, úmidos e com quase nenhuma higiene –, acorrentados para não fugirem.

Os castigos eram freqüentes, sendo o chicote a punição mais utilizada no Brasil colônia. Aos negros era vedado o direito de exercer sua religião de ascendência africana e manter a sua cultura – festas e rituais africanos eram terminantemente proibidos –, eram obrigados a professar a religião católica, determinação dos senhores de engenho, e a comunicar-se utilizando a língua portuguesa.

Apesar das proibições, os negros, ocultamente, realizavam seus rituais e suas festas; foi neste período que se desenvolveu um tipo de luta que ficou muito conhecida aqui no Brasil: a capoeira. Eles também desenvolveram o candomblé, a umbanda, e outras religiões, nas quais ritos africanos eram mesclados a elementos do catolicismo, dando origem ao famoso sincretismo religioso brasileiro.

O negro não aceitou a escravidão pacificamente, as agitações ocorriam quase regularmente nas fazendas, escravos em bandos fugiam, criando nas florestas os célebres quilombos - lugares aonde habitavam apenas escravos fugitivos - ali viviam em liberdade para realizar seus rituais, suas festas e também para falar sua própria língua. O quilombo mais importante foi o de Palmares, cujo líder foi Zumbi.

Em 1850 foi aprovada a Lei Eusébio de Queiroz, a qual punha um fim ao comércio negreiro; em 28 de setembro de 1871 foi sancionada a Lei do Ventre Livre, concedendo liberdade aos filhos de escravos que nascessem a partir daquele momento. Finalmente, no ano de 1885, foi anunciada a Lei dos Sexagenários, que contemplava com a liberdade os escravos com mais de 60 anos.

Foi só no final do século XIX que definitivamente a escravidão, a nível mundial, foi abolida de vez do quadro negro da história. No Brasil a Abolição só se deu no dia 13 de maio de 1888, com o anúncio público e oficial da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel.

Fontes
https://web.archive.org/web/20220420045315/https://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/escravidao.htm
http://www.zbi.vilabol.uol.com.br/otrafico.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%A1fico_negreiro

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/trafico-negreiro/

A exploração da costa africana, a chegada dos europeus à América do Norte e do Sul durante o século XVI e a posterior colonização deste continente representam os grandes condicionalismos do tráfico intercontinental de escravos na Idade Moderna.
Portugal foi a primeira potência europeia a satisfazer as suas carências de mão de obra através da importação de escravos, para colmatar a crónica carência de trabalhadores agrícolas. Este comércio de escravos começou por volta de 1444, e na década de 60 do século XV o país importava, anualmente, à volta de 700 a 800 escravos do continente africano, capturados, na sua maioria, por outros africanos.
O exemplo de Portugal foi seguido pela Espanha. Contudo, Portugal continuou a manter o monopólio deste tráfico por cerca de um século.

Captura de escravos em África

No século XV, também os comerciantes árabes no Norte da África exportavam africanos oriundos da África Central para serem levados para os mercados da Arábia, do Irão e da Índia.
No século XVI, os colonializadores espanhóis fixados na América Latina tentaram forçar a população autóctone a trabalhar no campo, mas esta não sobreviveu ao trabalho duro e às doenças transmitidas pelos europeus, para além de contar com a proteção dos Jesuítas. Assim, para suprir a sua necessidade de trabalhadores braçais, os espanhóis viram-se obrigados a recorrer aos escravos africanos. O trabalho no continente americano, fosse nas minas de prata do Perú e do México, fosse nos engenhos de açúcar brasileiros, ou mais tarde no labor das minas de ouro e diamantes neste território, foi o principal responsável pelo incremento do tráfico entre os séculos XVI e XVIII.
A Inglaterra aderiu a este tráfico na segunda metade do século XVI, pretendendo interferir no abastecimento das colónias espanholas antes servidas pelos portugueses. A França, a Holanda, a Dinamarca e as próprias colónias americanas entraram neste comércio como competidores, e em 1713 o direito exclusivo de abastecer de escravos as colónias espanholas foi concedido à British South Sea Company.
Na América do Norte, o primeiro carregamento de escravos africanos chegou a Jamestown, na Virgínia, em 1619, pelas mãos de senhores ingleses com destino, principalmente, às plantações de tabaco. Aqui, os escravos africanos tinham um estatuto de limited servitude, um estatuto semelhante ao dos nativos americanos. De início, o número de escravos que chegavam a estas colónias não era tão significativo ao ponto de exigir a definição de um estatuto especial, mas o estatuto que reconhecia a escravatura veio a ser apontado no Massachusetts em 1641, e depois, no estado de Connecticut em 1650, e na Virgínia em 1661. Estes estatutos diziam respeito, sobretudo, a escravos fugitivos.
Com o desenvolvimento das plantações de algodão e tabaco nas colónias do Sul, na segunda metade do século XVII, aumentou consideravelmente o número de escravos importados para serem canalizados para os trabalhos agrícolas. Esse incremento do tráfico de escravos motivou a transformação de algumas cidades costeiras do Norte em grandes mercados de escravos.
Nas colónias do Norte, os escravos eram normalmente usados como criados domésticos e no comércio. Nas colónias do Atlântico Central eram encaminhados para a agricultura.
Os escravos africanos vieram a tornar-se uma peça fundamental para o desenvolvimento das colónias inglesas da América do Norte, em especial as do Sul do território, o que justificou uma alteração na legislação. Na altura da Guerra da Independência Americana (1775-1783), não eram vistos como servos, mas como escravos no sentido exato do termo, e as leis determinavam o seu estatuto em correlação direta com o seu dono.
Em termos formais, os escravos na América do Norte não tinham direitos, mas a tradição conferia-lhes algumas regalias como o direito à propriedade privada, ao casamento, tempo livre, entre outros, que a grande maioria dos donos não tinha obrigação, porém, de cumprir.
Não havia nesta época o respeito pelos direitos humanos, como hoje lhe chamaríamos. As escravas podiam ser violadas pelos seus senhores, ou as famílias divididas por várias plantações. Teoricamente, castigos físicos brutais como mutilações, o acorrentamento e o assassinato de escravos eram proibidos por lei, mas foram demasiadas vezes uma realidade até ao século XIX.
A Dinamarca foi o primeiro país da Europa a abolir a escravatura em 1792, seguida da Inglaterra em 1807 e pelos Estados Unidos da América em 1808 (estes últimos, teoricamente). No Congresso de Viena de 1814-1815 a Grã Bretanha influenciou outros estados a seguirem o exemplo da abolição da escravatura.
Do Tratado de Ashburton assinado entre a Inglaterra e os Estados Unidos em 1842, ficou acordado que cada um destes países manteria uma esquadra na costa africana para levar a cabo esta proibição. Em 1845, as operações conjuntas das forças navais da França e da Inglaterra foram substituídas pelo direito mútuo de busca. As limitações no abastecimento de escravos conduziram a uma melhor observância, por parte dos seus donos, das suas condições de vida.
Em 1848, os escravos franceses começaram a ser libertados e em 1863 foi a vez dos holandeses. As Repúblicas sul-americanas, saídas do processo de descolonização desta região do globo na primeira metade do século XIX, levaram à emancipação dos escravos na altura em que estes países se tornavam independentes. No Brasil, no entanto, a escravatura só foi abolida em 1888, no culminar de uma série de debates e lutas.

Quem eram as pessoas que participaram do tráfico de escravos?

Os africanos obtidos para escravidão eram prisioneiros de guerra revendidos ou eram capturados em emboscadas elaboradas pelos traficantes. A principal feitoria portuguesa instalada na África foi a de Luanda, e os escravos angolanos corresponderam a 75% do total desembarcado no Brasil.

Quais eram os principais traficantes de escravos?

Senegâmbia: os portugueses chamavam essa região de Guiné, e ela foi a grande fonte de escravos no século XVI. Angola e Congo: maiores fontes de escravos para os portugueses durante o século XVII. Costa da Mina e Benin: maiores fornecedores de escravos para os portugueses no século XVIII.