A nova versão do Guia Alimentar para a População Brasileira completou cinco anos no início de novembro. Ele foi lançado no dia 5 de novembro de 2014 pelo Ministério da Saúde. A mensagem de que se deve evitar alimentos ultraprocessados é uma das inovações do documento, que rompeu com paradigmas ao falar sobre agricultura, sustentabilidade e mudanças culturais que prejudicam a boa alimentação. Show Vale lembrar que o principal objetivo do guia é oferecer à população informações confiáveis sobre alimentação saudável e também sobre a prevenção de doenças crônicas como obesidade e diabetes para ajudar os brasileiros a fazerem melhores escolhas alimentares. Relacionadas"Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados. A regra de ouro é: descasque mais e desembale menos", diz o guia. Em outras palavras, prefira grãos, legumes, verduras e raízes a biscoitos industrializados, salgadinhos, iogurtes repletos de açúcar, macarrões instantâneos e refrigerantes. Guias alimentares apareceram com força nos Estados Unidos dos anos 1980, quando a obesidade se tornava uma preocupação, e tomaram força na década seguinte com uma recomendação oficial da FAO (Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e da OMS (Organização Mundial de Saúde) para que os países publicassem diretrizes gerais nessa área. Imagem: ReproduçãoNo Brasil, a primeira versão editada pelo Ministério da Saúde é de 2006. O documento era voltado especialmente a profissionais da área e primava por recomendações alimentares divididas por nutrientes e porções; ou seja, havia um aspecto muito mais prescritivo. A versão mais recente, de 2014, rompe com tudo isso. "No Guia anterior havia a tendência de falar a partir dos nutrientes, como se uma alimentação saudável pudesse se fechar na questão dos nutrientes", analisa Maria Laura Louzada, integrante do Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde) da USP (Universidade de São Paulo). Ela atuou na equipe que formulou o documento. Se oito anos antes a obesidade era uma questão que ganhava relevância aos poucos, em 2014 já não havia dúvidas da gravidade da situação. O público-alvo também era outro, o que se reflete no próprio nome da publicação: a população brasileira. O Guia não divide alimentos por nutrientes, nem prescreve porções de ingestão diária. No lugar, preocupa-se com os métodos de processamento dos alimentos, emitindo um alerta de que se evite ultraprocessados. "O Guia Alimentar para a População Brasileira é um marco, principalmente, pela inclusão de considerações sobre sustentabilidade da dieta e por utilizar uma classificação de alimentos baseada no nível de processamento", diz Carlos González-Fischer, pesquisador na Universidade de Buenos Aires e autor de uma revisão sobre guias feita para a FAO. Ele analisou todos os documentos publicados ao redor do mundo. Apenas quatro entre os 83 existentes falam sobre sustentabilidade. E o do Brasil é o único com uma abordagem holística, preocupando-se não apenas com o impacto ambiental de ultraprocessados, mas com questões sociais e econômicas. "A depender de suas características, o sistema de produção e distribuição dos alimentos pode promover justiça social e proteger o ambiente; ou, ao contrário, gerar desigualdades sociais e ameaças aos recursos naturais e à biodiversidade", resume o Guia. A clareza do documento brasileiro é também algo raro. Nos Estados Unidos, as diretrizes são revisadas a cada cinco anos, num processo sempre marcado por tensões e pressões empresariais. Pesquisas científicas e reportagens comprovam como essas pressões levam a orientações confusas. A versão americana de 2015, por exemplo, tem cinco regras-chave que têm foco em nutrientes, algo de difícil compreensão para as pessoas em geral.
No caso brasileiro, a elaboração das linhas gerais do documento foi dividida entre o Ministério da Saúde e o Nupens, coordenado pelo professor Carlos Monteiro, da Faculdade de Saúde Pública da USP. Ele é o criador da classificação NOVA, que justamente divide os alimentos de acordo com o processamento. Maria Laura Louzada entende que o documento do Ministério da Saúde posicionou "de forma quase definitiva" esse novo paradigma. "A partir do guia a gente viu que as coisas não estavam separadas. Que os alimentos ultraprocessados tinham um perfil pior de nutrientes sim, e que também estavam associados à forma como as pessoas consumiam. Estavam ligados com a tendência de estar menos à mesa e associados a um maior impacto ambiental. Foi a partir do conceito de ultraprocessamento que começamos a pensar nos modos de comer, nos modos de produção dos alimentos. Com certeza foi uma escala." Com base no Guia, o Ministério da Saúde editou uma portaria proibindo a comercialização de ultraprocessados em suas dependências, o que inclui autarquias e centros de pesquisa. O Uruguai publicou um documento muito parecido ao brasileiro e, a partir dele, decidiu promover uma série de políticas de desestímulo ao consumo desses produtos. A Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do ministério criou manuais de orientação para a aplicação do Guia no Sistema Único de Saúde, em particular entre as equipes que trabalham no atendimento dos programas de saúde da família. E elaborou uma versão resumida do Guia e vídeos que condensam as ideias-chave. Confira 10 dicas para uma alimentação saudável e adequada baseadas nas informações do guia:
Fonte: Ministério da Saúde Caso queira acessar o guia completo, clique aqui ou a versão de bolso, reduzida, aqui (ambos em pdf).
Podcasts do UOL Quais as recomendações do Guia alimentar brasileiro?Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados. Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades. Limite o consumo de alimentos processados. Evite alimentos ultraprocessados, que são aqueles que sofrem muitas alterações em seu preparo e contêm ingredientes que você não conhece.
Quais são as principais recomendações para uma alimentação saudável?Alimentação saudável: dicas para você conseguir manter. Alimente-se devagar. ... . Beba, no mínimo, 2 litros de água por dia. ... . Reduza os níveis de açúcar. ... . Dê preferência para alimentos integrais. ... . Inclua alimentos orgânicos em sua alimentação. ... . Aposte em lanches saudáveis. ... . Coma a salada primeiro. ... . Consuma frutas todos os dias.. Qual o principal objetivo do Guia Alimentar para a População Brasileira?Baseado no cenário epidemiológico brasileiro e nas evidências científicas, o Guia Alimentar tem por objetivo contribuir para a orientação de práticas alimentares que visem à promoção da saúde e à prevenção de doenças relacionadas à alimentação.
Qual é a regra de ouro do Guia Alimentar para a População Brasileira?Evite alimentos ultraprocessados. REGRA DE OURO: Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados.
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