Quais as falhas nas amostras podem interferir no resultado de um exame laboratorial?

Os exames laboratoriais continuam sendo um dos principais recursos utilizados pelos médicos, auxiliando-os no parecer e diagnóstico em sua prática clínica. Mas, se os devidos cuidados não forem tomados, os resultados podem não ser tão precisos e comprometer todo um serviço de saúde.

Por isso, é importante preparar a sua equipe para que o seu laboratório não cometa erros na coleta de sangue e tenha o reconhecimento e a confiabilidade dos médicos e pacientes pelos serviços prestados.

Se você tem interesse pelo tema, fique atento! Reunimos as maiores falhas cometidas pelos laboratórios e o ajudaremos a se manter longe delas. Continue a leitura e saiba mais!

Não utilizar os materiais adequados

O uso de materiais incorretos no laboratório pode ocasionar interferências nos resultados, o que, por si só, é inadmissível.

Essa falha ainda pode gerar sérias complicações e transtornos ao paciente e ao médico, demandando até mesmo sua repetição ou o início de um tratamento desnecessário.

Não identificar as amostras corretamente

De acordo com as boas práticas para o setor, a identificação é uma etapa que deve acontecer antes mesmo da coleta de sangue.

Assim, em primeiro lugar, deve ocorrer a identificação do tubo e, em seguida, proceder com a colocação da amostra de sangue coletada. No entanto, esse tipo de erro é bem comum e alguns laboratórios acabam se confundindo e misturando amostras.

Para evitar essa situação e oferecer resultados fidedignos, é fundamental informar todos os dados pessoais do paciente. Além disso, conhecer e observar as instruções da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial pode contribuir para uma atuação mais confiável.

Não padronizar os procedimentos

A falta de padronização em laboratórios pode comprometer drasticamente os resultados dos exames, bem como a credibilidade do laboratório.

Em geral, isso é um forte indicador de que o laboratório não segue as normas exigidas para cada etapa, desde a solicitação do médico até a entrega do laudo final.

Padronizar processos em um laboratório tem como objetivo evitar falhas e estabelecer um padrão de qualidade durante todo o manuseio da amostra de sangue, nas três fases do processo:

  • fase 1: pré-analítica;
  • fase 2: analítica;
  • fase 3:pós-analítica.

Não estar atento à variação cronobiológica

É de extrema importância estar atento à questão da variação cronobiológica — alterações cíclicas de um determinado parâmetro em função do tempo —, pois ela pode alterar os resultados dos exames.

Na fase pré-analítica, é preciso verificar esse aspecto. Por isso, considere idade, gênero, atividades físicas, jejum, dieta e uso de medicamentos para fins terapêuticos ou não.

Esse tipo de investigação mais detalhada é muito importante e evita imprecisões nos exames solicitados.

Não prevenir a hemólise

Vários fatores induzem aos erros da coleta de sangue na fase pré-analítica. Uma delas é a hemólise — quebra das hemácias. Nesse caso, o tubo passa a ser descartável, devido à perda de sua funcionalidade.

Essa situação é consequência de algumas falhas, como:

  • não cumprimento da ordem de coleta;
  • falta de homogeneização ou inversão do tubo pós-coleta;
  • volume incompatível como o tubo;
  • coleta de sangue por meio do sistema aberto com seringas.

Por isso, é fundamental que você adote métodos e procedimentos eficazes, evitando a hemólise e as demais situações que possam afetar a qualidade e precisão dos resultados laboratoriais.

Apesar da possibilidade dos laboratórios cometerem erros na coleta de sangue, é recomendável que você procure investir em qualificação e em padronização a fim de não sofrer com os transtornos causados por esse tipo de situação.

Então, diante da responsabilidade que o laboratório assume ao realizar os exames, torna-se necessário tomar as providências cabíveis para evitar e controlar as variáveis que infelizmente acontecem e interferem nos resultados.

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Cuidados na fase pré-analítica garantem a precisão dos resultados dos exames

Uma das principais finalidades dos testes laboratoriais é auxiliar o raciocínio médico após a obtenção da história clínica e a realização do exame físico. Para tanto, todas as fases de execução dos testes, sobretudo a pré-analítica, devem ser conduzidas seguindo o rigor técnico necessário para garantir a segurança do paciente e resultados exatos.

Segundo a literatura científica, a fase pré-analítica concentra a maior parte dos equívocos que podem gerar resultados não consistentes com o quadro clínico do paciente. Estima-se que problemas nessa etapa sejam responsáveis por cerca de 70% dos erros ocorridos nos laboratórios. Entre eles, vale destacar os aspectos relacionados à orientação do paciente, como a necessidade ou não do jejum e o intervalo adequado deste, o tipo de alimentação, a prática de exercício físico, o uso de medicamentos capazes de interferir na análise e mudanças abruptas nos hábitos da rotina diária precedendo a coleta.

Apesar de o controle do laboratório sobre tais variáveis ser limitado, é possível contornar muitas dessas inadequações por meio da orientação do paciente, seja pelo médico que solicita o exame, seja pelo laboratório clínico, que fornece as informações pelos diversos canais de comunicação com o cliente.

Por último, convém lembrar que a escolha inapropriada de testes ou de seus painéis também pode constituir um erro pré-analítico. Nesse sentido, a interação entre o médico-assistente e o patologista clínico sempre se mostra salutar.

As fases da análise laboratorial

A realização de exames divide-se, classicamente, em:

• Fase pré-analítica: começa na coleta de material, seja ela feita pelo paciente (urina, fezes e escarro), seja feita no ambiente laboratorial.
• Fase analítica: corresponde à etapa de execução do teste propriamente dita.
• Fase pós-analítica: inicia-se no laboratório clínico e envolve os processos de validação e liberação de laudos, encerrando-se após o médico receber o resultado final, interpretá-lo e tomar sua decisão.

O controle do laboratório sobre os erros em cada uma dessas fases é variável, porém todos têm impacto na conduta adotada pelo médico assistente.

Conheça os fatores pré-analíticos que mais interferem nos exames

As condições pré-analíticas comumente abordadas no laboratório clínico incluem variação cronobiológica, gênero, idade, posição, prática de atividade física, dieta, jejum e uso de drogas para fins terapêuticos ou não. Em uma abordagem mais ampla, outras circustâncias também precisam ser consideradas, a exemplo da realização de procedimentos terapêuticos ou diagnósticos, cirurgias, transfusão de sangue e infusão de soluções, entre outras. A coleta e a adequação de amostras igualmente têm papel essencial para um exame confiável.

Variação cronobiológica

Essa alteração envolve as alterações cíclicas na concentração de determinados parâmetros em função do tempo, podendo ser diária, mensal, sazonal, anual etc. A circadiana, por exemplo, ocorre nos níveis séricos de cortisol e ferro. As coletas realizadas à tarde fornecem resultados mais baixos do que os obtidos nas amostras coletadas pela manhã.

Posição

A mudança rápida na postura corporal determina variações no teor de alguns componentes séricos. Quando o indivíduo se move da posição supina para a ereta, ocorre um afluxo de água e substâncias filtráveis do espaço intravascular para o intersticial. Assim, proteínas de alto peso molecular e elementos celulares elevam-se relativamente até que o equilíbrio hídrico se restabeleça. Por essa razão, níveis de albumina, colesterol, triglicérides, hematócrito e hemoglobina, além de drogas que se ligam a proteínas e também os leucócitos, podem ser superestimados (em torno de 8% a 10%) se a coleta de sangue for feita antes da estabilização do equilíbrio hídrico.

Gênero

Alguns exames de sangue e urina apresentam níveis significativamente distintos entre homens e mulheres devido a variações hormonais, metabólicas e de massa muscular, entre outras. As alterações típicas do ciclo menstrual também se refletem em outras substâncias. A aldosterona fica cerca de 100% mais elevada na fase pré-ovulatória do que na folicular. De qualquer modo, os intervalos de referência para esses parâmetros são específicos para cada gênero.

Faixa etária
Certos indicadores bioquímicos possuem nível sérico dependente da idade, o que se deve a fatores como maturidade funcional dos órgãos e sistemas, conteúdo hídrico e lipídico, massa corporal, limitações funcionais da senilidade, etc. Em situações especiais, os intervalos de referência devem considerar essas diferenças. Convém ponderar que as mesmas causas de variações pré-analíticas que afetam os resultados laboratoriais em jovens interferem nos resultados de idosos, mas com intensidade maior nestes últimos. Doenças subclínicas também são mais comuns na maturidade e precisam ser levadas em conta na interpretação dos resultados.

Jejum

A necessidade do jejum decorre do fato de os valores de referência dos testes terem sido estabelecidos em indivíduos nessa condição. Ademais, a refeição pode alterar a composição sanguínea momentaneamente – sem o pré-requisito, cada exame teria de ser analisado à luz do que a pessoa ingeriu. A maioria dos exames exige três horas de jejum, com exceção da glicemia (oito horas) e do perfil lipídico (12 horas), dentro do qual, vale lembrar, existe considerável variação intraindividual nos lipídios plasmáticos, da ordem de 5% a 10%, para o colesterol total, e superior a 20%, para os triglicérides. Na população pediátrica e de idosos, o tempo sem alimentação deve guardar relação com os intervalos das refeições. Para crianças mais novas, o jejum pode ser de uma ou duas horas.

Dieta

A amplitude das alterações de parâmetros no plasma ainda depende da composição da dieta e do tempo decorrido entre a ingestão e a coleta da amostra. Alimentos que contêm muita gordura, por exemplo, fazem subir a concentração de triglicérides, da mesma forma que dietas ricas em proteínas promovem níveis elevados de amônia, ureia e ácido úrico.

Álcool e fumo

Da mesma forma que os medicamentos, o álcool e o fumo determinam variações nos resultados de exames laboratoriais por seus efeitos in vivo e in vitro. Mesmo o consumo esporádico de etanol pode ocasionar alterações significativas e quase imediatas na glicose, no ácido lático e nos triglicérides. Já o uso crônico eleva a atividade da gamaglutamiltransferase. O tabagismo, por sua vez, aumenta a concentração de hemoglobina, a quantidade de leucócitos e de hemácias e o volume corpuscular médio, além de reduzir o HDL-colesterol e elevar a adrenalina, a aldosterona, o antígeno carcinoembriogênico e o cortisol.

Atividade física

O efeito dos exercícios sobre alguns componentes sanguíneos é, em geral, transitório e decorre da mobilização de água e outras substâncias entre os diferentes compartimentos corporais, das variações nas necessidades energéticas do metabolismo e da modificação fisiológica que a atividade condiciona. Desse modo, dá-se preferência à coleta de amostras com o paciente em condições basais, que são mais facilmente reprodutíveis e padronizáveis. O esforço físico ainda é capaz de aumentar a atividade sérica de enzimas de origem muscular, como a creatinoquinase (CK), a aldolase e a aspartato aminotransferase, pelo aumento da liberação celular. Pode haver ainda hipoglicemia, elevação da concentração de ácido láctico em até dez vezes e aumento nas atividades das enzimas renina e CK em até quatro e dez vezes, respectivamente. As variações chegam a persistir por 12 a 24 horas, a depender da intensidade do exercício e do grau de condicionamento físico do indivíduo.

Gestação

Existem mecanismos que mudam o nível das substâncias no plasma durante a gravidez, os quais decorrem de vários fatores, como a hemodiluição de proteínas totais e albumina, as deficiências relativas em função do maior consumo de ferro e ferritina e o aumento das proteínas de fase aguda, como a velocidade de hemossedimentação, apenas para citar alguns.

Medicamentos em uso

Uma vez que podem se constituir em interferentes, os fármacos usados pelo paciente devem ser protocolados para evitar alterações que acabem induzindo o médico a erros na interpretação dos valores encontrados. Tais interferências ocorrem in vivo, quando o medicamento modifica o resultado, como a hiperglicemia causada pelo uso de corticoides ou a elevação da atividade da CK total pelo uso de estatinas.

Coleta e adequação da amostra têm papel preponderante para um exame confiável

Entre os fatores pré-analíticos, devemos citar ainda as variáveis de coleta, que têm como agentes as condições do material biológico (como a temperatura), o tempo excessivo de garroteamento, o sangue colhido em locais de acesso venoso com infusão de líquidos e até a hospitalização, que pode afetar os resultados.

No que concerne a amostras obtidas pelo paciente, merece atenção a coleta de urina de 24 horas, que exige cuidado para evitar perdas das micções e garantir sua conclusão no mesmo horário em que foi iniciada. Abaixo, confira alguns dos fatores mais importantes nesse contexto.

Temperatura

A temperatura ideal para a coleta deve ser de 22-25oC. Já a necessária para o armazenamento das amostras tem de ficar entre 2oC e 8oC para inibir o metabolismo das células e estabilizar certos constituintes termolábeis. Para a dosagem de potássio, a refrigeração de amostra não centrifugada não pode passar de duas horas, uma vez que tal processo é capaz de impedir a glicólise, que alimenta a bomba de potássio, e promover sua saída para o meio extracelular, elevando o resultado do teste. É oportuno lembrar que as amostras para alguns exames requerem transporte refrigerado, tais como catecolaminas, amônia, ácido láctico, piruvato, gastrina e paratormônio.

Hemólise

Durante a coleta, os fatores que provocam hemólise devem ser prevenidos. Desse modo, os tubos precisam permanecer na posição vertical até a completa coagulação do sangue, quando, então, é possível centrifugá-los. A hemólise afeta substancialmente a dosagem de alguns elementos, como desidrogenase láctica, aspartato aminotransferase, potássio e hemoglobina. Outros testes, como os que medem ferro, alanina transferase e T4, são moderadamente influenciados por soros hemolisados. E há aqueles que sofrem pequenas influências desse processo, tais como fósforo, proteína total, albumina, magnésio, cálcio e fosfatase ácida.

Luz

Alíquotas para dosagem de bilirrubina, betacaroteno, vitamina A, vitamina B6 e porfirinas devem ser preservadas ao abrigo da luz, pois sofrem interferência desta.

Infusão de líquidos e medicamentos

A coleta de sangue tem de ser realizada sempre em local distante da instalação do cateter, preferencialmente no outro braço e, se possível, pelo menos uma hora após o fim da infusão.

Quais os fatores que podem interferir nos resultados de análises laboratoriais?

6 fatores que alteram os resultados de exames de laboratório.
Postura. ... .
Jejum. ... .
Hábitos alimentares. ... .
Álcool e tabaco. ... .
Prática de atividade física. ... .
Uso de medicamentos..

Quais as principais falhas que ocorrem no momento da coleta?

Durante a coleta das amostras, vários erros podem ser cometidos como:.
Proporção errada entre sangue e anticoagulante nos tubos de coleta..
Utilização de tubos de coleta errados..
Volume de amostra insuficiente para a testagem..
Falta de identificação do paciente nos tubos de coleta..

Quais os principais fatores que interferem em uma leitura precisa das amostras laboratoriais?

Entre eles, vale destacar os aspectos relacionados à orientação do paciente, como a necessidade ou não do jejum e o intervalo adequado deste, o tipo de alimentação, a prática de exercício físico, o uso de medicamentos capazes de interferir na análise e mudanças abruptas nos hábitos da rotina diária precedendo a coleta.

Quais são as fontes de erros podem ocorrem em testes laboratoriais?

Desde a solicitação do exame pelo médico podem ocorrer erros: letra ilegível, nome do paciente incompleto, falta da idade, do sexo, da cor, da profissão (as vezes é muito importante), dados clínicos, uso de medicamentos etc.