Por que este era chamado de tropeiros e qual foi sua importância para a economia da região Sul no período colonial?

Durante o período colonial, a empresa açucareira foi o grande investimento dos portugueses nas terras brasileiras. Contudo, as necessidades de consumo das populações nativas serviram para o desenvolvimento de outras atividades econômicas destinadas à subsistência. Tais empreendimentos econômicos ficaram comumente conhecidos como atividades acessórias ou secundárias e costumava abranger o plantio de pequenas e médias culturas e produção de algodão, rapadura, aguardente, tabaco e mandioca.

Nesse cenário a atividade pecuarista também começou a ganhar espaço com a importação de algumas reses utilizadas para o trabalho nos engenhos de açúcar. Com o passar do tempo, o crescimento do rebanho de gado acabou causando problemas no interior das plantações de açúcar, que tinham parte de sua plantação destruída pela ação desses animais. Com isso, o lucro a ser alcançado com a produção açucareira se incompatibilizava com a incômoda presença do gado dentro das fazendas.

A questão chegou a ser tratada pelas autoridades metropolitanas, que estabeleceram um decreto que proibia a realização de qualquer atividade pecuarista nas regiões litorâneas do Brasil. A medida, apesar de seu caráter visivelmente restritivo, acabou impulsionando a criação de gado no interior do território de forma extensiva com o uso de pastagens naturais. Segundo algumas estimativas, no século XVII, a atividade alcançava várias regiões nordestinas e contava com mais de 600 mil cabeças.

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Além de se constituir enquanto uma atividade econômica alternativa aos projetos de exploração colonial, a pecuária também instituiu novas relações de trabalho alheias ao uso da mão-de-obra escrava. Geralmente, a pecuária necessitava de um pequeno número de trabalhadores e tinha sua mão-de-obra composta por trabalhadores livres de origem branca, negra, indígena ou mestiça. Além disso, o pagamento pelos serviços prestados era comumente realizado com o repasse de novos animas que surgiam no rebanho.

Com o surgimento das atividades mineradoras nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a pecuária ampliou seu mercado consumidor estabelecendo novas frentes de expansão no Nordeste e na região Sul do território. Além de servir para o abastecimento da população, a atividade pecuarista também consolidou um próspero comércio de eqüinos e muares usados para o transporte de pessoas e mercadorias. Geralmente, eram organizadas feiras em alguns centros urbanos do interior onde esses animais eram negociados.

Além de ocupar uma importante posição no ambiente colonial, a expansão da pecuária foi de grande importância no processo de ampliação do território. Paralelamente, após a decadência da atividade mineradora no interior, a pecuária também se consolidou como uma nova atividade que substituiria o vazio econômico deixado pelo escasseamento das minas.

Por Rainer Sousa
Graduado em História

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUSA, Rainer Gonçalves. "Pecuária no período colonial"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/pecuaria-no-periodo-colonial.htm. Acesso em 08 de dezembro de 2022.

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A região Sul possui paisagens um pouco diferenciadas do restante do país em seus aspectos naturais e humanos. Em razão de sua localização geográfica ao sul do Trópico de Capricórnio, que proporciona latitudes mais elevadas, assim como a ocorrência de áreas com grandes altitudes, possui a predominância do clima subtropical, com a presença de invernos um pouco mais rigorosos do que os registrados na maior parte do Brasil. A região também apresenta características sociais e culturais relacionadas a outros grupos étnicos. A maioria da população é constituída por descendentes de imigrantes europeus italianos, alemães e eslavos.

Por muito tempo o Brasil meridional esteve fora do alcance dos interesses portugueses, estando distante das células iniciais de colonização e consequentemente do eixo econômico estabelecido entre o Brasil e a Metrópole, como no caso do ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste. Era uma região que não tinha a especialidade de produzir algum tipo de monocultura e que também não detinha algumas das drogas do sertão mais requisitadas pela metrópole.

No litoral paranaense, a mineração, no início do século XVII, deslocou os paulistas para a região, onde foi fundada a Vila de Paranaguá (1648). A divulgação de dados superestimados quanto a localização de jazidas de ouros conduziu os paulistas até o rio do Prata. Em 1680, foi construído na margem esquerda do Prata o forte que marcou a fundação da Colônia de Sacramento (atual Colônia, no Uruguai).

Entre as cidades de Laguna (Santa Catarina) e a Colônia de Sacramento foi constituído o comércio de gado, sendo um local de organização de expedições entre Rio Grande do Sul e São Paulo. Na segunda metade do século XVIII, ocorreu a introdução da mão-de-obra de açorianos para o povoamento contínuo da área entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. O interesse português era o de fixar o homem na terra através da agricultura, algo que a pecuária não conseguia estabelecer.

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A ocupação do extremo sul do território brasileiro foi realizada por luso-brasileiros, também durante o século XVIII. No Rio Grande do Sul, a pecuária atendia às necessidades do próprio estado, de Santa Catarina e, mais tarde, de Curitiba, com a fabricação de couro e charque. A pecuária não contribuiu para a formação de contingente de população, mas para a posse da maior parte do território.

No século XIX, a chegada de imigrantes alemães, italianos e eslavos modificou profundamente a ocupação da região, pois esses povos iniciaram um povoamento ligado às atividades agrícolas realizadas em pequenas e médias propriedades de cultivos de subsistência, introduzindo novos cultivos como o trigo e a uva. As condições climáticas mais semelhantes ao clima europeu e, por outro lado, desfavoráveis às lavouras tropicais, reduziram a presença de latifúndios.

Dessa forma, a partir de 1820 teve início o primeiro contingente de imigração alemã, com destaque para as áreas correspondentes aos atuais municípios de São Leopoldo (Rio Grande do Sul), Rio Negro (Paraná) e São Pedro de Alcântara (Santa Catarina). Na segunda metade do século XIX, muitos desses imigrantes começaram a rumar no sentido oeste da região, interiorizando a ocupação.


Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP

Qual foi a importância dos tropeiros para a economia da região Sul no período colonial?

Além das mulas, a mercadoria mais valorizada na época, os tropeiros (proprietários e/ou condutores de tropas) transportavam também gêneros alimentícios, produtos manufaturados, inclusive os importados da Europa, e também faziam intercâmbio de informações.

Qual a importância dos tropeiros no período colonial?

O tropeiro foi de fundamental importância no período, pois, em tempos de escravidão e de uma sociedade senhorial pautada pela moral católica de valorização do ócio, o transporte de mercadorias, visto como algo marginal, ficou a cargo de homens livres, pobres, que o desempenharam por ser uma forma de garantir sua ...

Por que eles eram chamados de tropeiros?

Tropeiro, condutor de tropa, arrieiro ou bruaqueiro é a designação dada aos condutores de tropas ou comitivas de muares e cavalos entre as regiões de produção e os centros consumidores no Brasil a partir do século XVII.

Por que os tropeiros foram importantes?

Os tropeiros prestaram, assim, importante contribuição ao desenvolvimento das regiões por onde passaram e foram responsáveis pela integração econômica e cultural entre muitas regiões longínquas do Brasil Colônia, com o aparecimento de vilas, freguesias e cidades.