Os alimentos que chegam às feiras e nos mercados podem conter vestígios de defensivos agrícolas

Os alimentos que chegam às feiras e nos mercados podem conter vestígios de defensivos agrícolas

Agrotóxicos são produtos químicos, físicos ou biológicos que têm como objetivo proteger as lavouras de pragas que podem comprometer a produção e a qualidade do alimento que chega à mesa.

As pragas, por sua vez, são organismos vivos que podem causar prejuízos às plantas. Além de prejudicar o cultivo, esses organismos também influenciam na qualidade do alimento, podendo, inclusive, torná-los impróprios para o consumo.

Desde já, é importante saber que, embora agrotóxico seja o termo usado na legislação brasileira, existem muitos sinônimos: defensivos agrícolas, agroquímicos, pesticidas, praguicidas ou produtos fitossanitários. Os nomes são muitos, mas todos eles se referem à mesma coisa.

Para ajudá-lo a tomar decisões mais informadas e, assim, contribuir para uma alimentação segura e sem traumas, elaboramos um guia que traz as principais informações sobre o tema.

Tipos de agrotóxicos

Os agrotóxicos são formulados principalmente a partir de moléculas sintéticas. Dessa forma, podem ser classificados de acordo com o grupo químico ao qual pertencem e o seu modo de ação na praga. No entanto, o mais o comum é serem classificados segundo a natureza da praga que irão combater.

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Além disso, os agrotóxicos são classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) por níveis de toxicidade. No Brasil é obrigatório que no rótulo do produto, esteja presente a sua classificação toxicológica, seguindo as exigências da ANVISA.

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Assim, o agrotóxico pode ser visto como um remédio para uma planta doente. Como toda medicação, para que o defensivo agrícola cumpra a sua função é necessário seguir as instruções e recomendações.

Os agrotóxicos são produtos rigorosamente regulamentados, tanto o desenvolvimento de um novo produto como a sua utilização na lavoura, são fiscalizados por órgãos específicos.

O que significa dizer que precisam seguir procedimentos muito rigorosos de desenvolvimento e avaliações agronômicas, ambientais e toxicológicas antes da liberação de uso de cada produto.

Uso de agrotóxicos

O produtor só deve utilizar agrotóxicos registrados no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o registro garante que aquele produto químico não irá causar danos à saúde dos consumidores, animais e meio ambiente.

No caso do agrotóxicos os registros são aprovados para determinada cultura, ou seja, um produto químico aprovado para o morango não significa que ele está registrado para o tomate.

Por isso, é importante seguir as instruções presentes na bula e ter auxílio de um profissional da área.

Além disso, para que os  agrotóxicos sejam utilizados da melhor forma, faz-se necessário um planejamento individual para cada produto em determinada safra. Dessa forma, os produtos químicos, assim como outros insumos, podem ser utilizados em diversos momentos, desde o tratamento de sementes até a prevenção ou controle de pragas durante o desenvolvimento da cultura.

É importante ressaltar que, durante o ciclo de uma cultura deve-se fazer o monitoramento para verificar a presença de pragas que possam causar prejuízos à lavoura. Só então, determina-se a utilização ou não de um agrotóxico.

Benefícios e riscos do uso de agrotóxicos

O uso de defensivos garante benefícios para a agricultura. Os três mais importantes são:

Evitar a perda de alimentos

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que a incidência de pragas faz com que a perda anual de alimentos seja de 20% a 40%.

Tornar o preço dos alimentos mais acessível

Assim como uma mudança climática ou um desastre natural podem afetar o preço dos alimentos, quando as pragas atacam as lavouras o impacto também é repassado para o bolso do consumidor. Com a utilização do agrotóxico essa “surpresa” passa a não fazer mais parte do planejamento.

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Aumentar a produção na mesma área plantada

Com a eliminação das pragas é possível produzir mais utilizando menos área. Isso possibilita, dentre outras coisas, reduzir a necessidade de abrir novas áreas de cultivo.

Se os benefícios impressionam, algumas pessoas também se preocupam com o risco. O receio está nos efeitos causados ao meio ambiente e à saúde da população.

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Um relatório divulgado pela ONU, por exemplo, mostra que que pode haver intoxicações, principalmente em pessoas que trabalham diretamente com esses produtos.

Cabe destacar, entretanto, que, na grande maioria das vezes (90%) em que ocorre algum tipo de contaminação por agrotóxicos, os casos ocorrem em países em que as regulamentações de saúde, de segurança e de proteção ao meio ambiente são frágeis. Felizmente essa não é a situação do Brasil, onde as leis são rigorosas.

Agrotóxicos nos alimentos são seguros?

Dados como esses levantam a seguinte questão: o uso de agrotóxico é seguro?

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"Com o uso adequado, obedecendo o que estabelece a lei, o risco associado aos defensivos é bem reduzido."

Edivaldo Velini - Engenheiro agrônomo especialista em análise de resíduos.

O Brasil tem uma das legislações mais rigorosas do mundo para agrotóxicos. Uma pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um dos órgãos que fiscaliza a correta utilização dos defensivos, revelou que:

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O Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos (PARA), coordenado pela Anvisa, avaliou mais de 12 mil amostras de alimentos entre 2013 e 2015 e concluiu que praticamente todas as amostras estavam livres de resíduos agrotóxicos.

O PARA é um programa plurianual, concluído a cada 3 anos. No entanto, o relatório do primeiro ciclo do plano 2017 – 2020 já foi divulgado. Nesse período foram analisados 4.616 amostras distribuídas entre 14 produtos de origem vegetal e que juntos representam 30,86% da aquisição per capita diária, conforme dados do IBGE.

Novamente, os dados mostraram que mais de 99% dos alimentos, estavam seguros para o consumo.

“No momento da aplicação de defensivos é preciso ter atenção. Entretanto, para o consumidor, há pouquíssimo risco. Essa tecnologia está a favor do produtor e da produção agrícola.” Afirma Luiz Roberto Barcelos, produtor de melão e presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).

O uso de agrotóxicos não é sempre bem visto pelos consumidores. Um estudo britânico buscou entender o porquê de a atividade ter essa reputação. Os pesquisadores concluíram que o medo dos agrotóxicos é um problema de percepção de risco. Isto é, as pessoas não avaliam com precisão o risco que elas realmente correm, que é muito baixo.

Para garantir a segurança dos alimentos e da população, é preciso que o produtor siga as recomendações de aplicação dos produtos e que isso ocorra apenas com a autorização de um engenheiro agrônomo.

Como o agrotóxico funciona como um medicamento, o engenheiro agrônomo atua como o médico que prescreve uma receita. Neste caso, a receita agronômica – uma exigência legal desde 1989 para a compra de qualquer defensivo.

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Segurança para o consumidor

O Brasil conta com dois importantes programas de análise de resíduos de agrotóxicos nos alimentos. São eles: o Programa de Análise de Resíduos em Alimentos (PARA) da Anvisa e o Plano Nacional de Controle de Resíduos em Produtos de Origem Vegetal (PNCRC/Vegetal) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Esses dois programas fiscalizam o cumprimento das regras de aplicação dos defensivos na agricultura. Essas diretrizes obedecem protocolos estabelecidos pela ONU e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e têm como objetivo principal proteger a saúde dos consumidores.

Para realizar esse trabalho, os projetos contam com três indicadores para confirmar que os produtos comercializados são seguros:

  • Dose Letal 50 (DL50): forma de expressar o grau de toxicidade de um produto;
  • Ingestão Diária Aceitável (IDA): quantidade de uma substância química que pode ser ingerida por dia sem apresentar riscos à saúde;
  • Limite Máximo de Resíduos (LMR): valor máximo de resíduo de um agrotóxico permitido legalmente em um alimento.

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Segurança para o agricultor

O trabalhador do campo conta com diversos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para reduzir a exposição aos produtos químicos. Cada atividade apresenta EPIs específicos que devem ser utilizados de acordo com as recomendações presentes nas bulas dos produtos.

Os EPIs devem ser utilizados sempre que forem manipuladas embalagens de agrotóxicos – ainda que vazias -, durante todo o processo de aplicação, e toda vez que alguém entrar em uma área recém-tratada.

Resíduo de agrotóxicos nos alimentos. Como evitar?

A Anvisa assegura que os resíduos de agrotóxicos nos alimentos, quando presentes, não apresentam potencial de causar danos à saúde do consumidor. No entanto, existem algumas práticas que podem auxiliar os consumidores mais preocupados, são elas:

Lavar os alimentos com água corrente, podendo-se utilizar também uma bucha ou escovinha destinadas somente a essa finalidade, uma vez que a fricção auxilia na remoção de resíduos químicos presentes na superfície das frutas, verduras, legumes e cereais.

Optar por alimentos rotulados com a identificação do produtor, isso é rastreabilidade, o que contribui para o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos seus produtos e à adoção de Boas práticas agronômicas.

Priorizar alimentos da época, ou produzidos com técnicas de manejo integrado de pragas, reduz a exposição dietética a agrotóxicos.

O importante é não ter medo de consumir esses alimentos regularmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo de pelo menos 400 g/dia de frutas legumes e verduras.

O uso de agrotóxicos no Brasil

Como diria Jorge Ben, o Brasil é um país tropical e bonito por natureza. Seu clima quente e úmido e a falta de invernos rigorosos favorece o cultivo de diversos alimentos o ano todo. Isso garantiu destaque ao País que, na Era Vargas, passou a ser conhecido como “o celeiro do mundo”.

Contudo, essas condições climáticas também fazem com que haja mais ataques de pragas aqui do que em países de clima majoritariamente temperado, como o Canadá, os Estados Unidos e os países europeus.

Isso porque as temperaturas mais baixas e a incidência de neve evitam a sobrevivência das pragas. Em climas como o nosso, não há uma quebra no ciclo de desenvolvimento dos organismos invasores, o que faz com que eles estejam presentes durante todo o ano nas lavouras.

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"A produção de qualquer tipo de alimento em larga escala no Brasil necessita de uma proteção contra pragas e doenças."

Flávio Zambrone - Médico especialista em toxicologia.

Mesmo diante deste cenário, o Brasil é um dos países que se destaca por produzir grande quantidade de alimentos com uma baixa utilização de defensivos agrícolas.

De acordo com um estudo realizado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), o País é somente o 13º (entre 20) na lista de nações que mais utilizam agrotóxicos por quantidade de produto agrícola produzido. Ou seja, segundo esse critério, países europeus como Itália, Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, e Polônia, além de Japão, Coreia, Canadá, Austrália, Argentina e Estados Unidos empregam mais defensivos que o Brasil.

Como os agrotóxicos são aprovados no Brasil?

A aprovação de agrotóxicos no Brasil é um processo complexo que envolve muita pesquisa, dedicação e tempo.

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"De cerca de 150 mil moléculas desenvolvidas em pesquisas, apenas uma é aprovada."

José Otávio Menten - Engenheiro agrônomo e doutor em fitopatologia.

Ainda segundo Menten, as demais são eliminadas, pois apresentam características e efeitos inaceitáveis na legislação. O processo de obtenção de registro, para que o produto possa ser comercializado, leva entre 8 e 10 anos.

Para que um agrotóxico seja aprovado, é preciso apresentar estudos agronômicos, toxicológicos e ambientais. Esse padrão é internacionalmente adotado, o que possibilitou ao Brasil desenvolver, ao longo de 30 anos, produtos seguros e de boa qualidade.

Agrotóxicos na agricultura, existem regras?

Sim, elas existem e estão amparadas pela Lei 7.802/1989 e pelo Decreto 4.704/2002. Cada tipo de defensivo agrícola tem uma regra específica definida a partir de estudos agronômicos, toxicológicos e ambientais.

Também é possível encontrar informações mais detalhadas sobre a forma de aplicação na bula dos produtos, como quantidade do produto, modo de aplicação, momento adequado para realizar a aplicação, número recomendado de aplicações e o intervalo entre elas.

A responsabilidade sobre autorização e uso de produtos é dividida entre três órgãos oficiais: a Anvisa – ligada ao Ministério da Saúde, o Ministério da Agricultura (MAPA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), atrelado ao Ministério do Meio Ambiente.

Dessa forma, para ser autorizado e comercializado, um defensivo químico deve passar pelo MAPA para verificar a importância agronômica do pesticida, pelo Ibama para analisar os efeitos sobre o meio ambiente e pela Anvisa para analisar os efeitos no organismo humano.

Restrições Nacionais x Internacionais

É comum encontrar informações sobre a falta de autorização de uso de alguns agrotóxicos em outros países. Um dos motivos é que os produtos utilizados no Brasil podem não ser necessários em outros lugares.

Países frios têm tipos diferentes de pragas e isso influencia na regulamentação. Ou seja, não são todos os agrotóxicos utilizados no Brasil que são autorizados na Europa, por exemplo. O inverso também acontece.

Vale destacar que o Brasil é um importante exportador de alimentos e tem critérios de regulamentação exigentes em comparação com outras regiões que também adotam critérios rigorosos.

Fiscalização do uso de  agrotóxicos

A fiscalização é coordenada pela Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins – CGAA/DFIA/SDA-MAPA. É essa coordenadoria que faz a interlocução com a Anvisa e o Ibama.

Nos Estados, as ações da CGAA são desenvolvidas pelos Serviços de Fiscalização Agropecuária (SEFAGs) – presentes em todas as Superintendências Federais da Agricultura e da coordenação nacional e apoio das ações de fiscalização dos Estados.

Existem alternativas ao uso de agrotóxicos?

Um controle efetivo de pragas implica em uma criteriosa análise de cenário e na busca por soluções mais eficientes. Isso geralmente resulta na utilização de uma combinação de tecnologias. Ou seja, o agrotóxico é uma das opções utilizadas pelos agricultores brasileiros, mas não a única.

O agrotóxicos não deve ser utilizado de forma isolada, mas sim dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Com a adoção do MIP, as aplicações de defensivos são reduzidas em quase 50%. Fazem parte desse tipo de manejo, estratégias que combinam os métodos de controle cultural, mecânico, físico e biológico. São exemplos:

  • capina;
  • rotação de culturas;
  • a destruição de restos da cultura;
  • alteração da época de plantio ou colheita;
  • a poda ou desbaste;
  • cultura armadilha;
  • destruição de hospedeiros alternativos;
  • uso de armadilhas físicas;
  • coleta manual;
  • manutenção dos inimigos naturais;
  • feromônios.

O defensivo agrícola deve ser usado quando um ou mais desses métodos não se mostrar eficiente o bastante para evitar a perda de produtividade.

Alimentos orgânicos são mais seguros e nutritivos que os convencionais?

Assim como os demais, os orgânicos são seguros apenas se cumprirem as regras e as recomendações de especialistas.

As lavouras orgânicas também podem utilizar defensivos agrícolas para controlar pragas. Portanto, a preocupação com a segurança dos alimentos deve ser igual para os dois métodos produtivos. Do ponto de vista nutricional, não existem pesquisas científicas que comprovem que alimentos orgânicos são mais nutritivos do que os convencionais.

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"O agrotóxico não tem a capacidade de retirar nutrientes do alimento."

Juliana Ramiro - Engenheira agrônoma e doutora em fitopatologia.

As pesquisas realizadas até hoje apontam um nível de nutrientes praticamente idêntico entre frutas e hortaliças orgânicas e convencionais. Segundo a Engenheira Agrônoma Juliana Ramiro, é importante ressaltar ainda que “o agrotóxico não tem a capacidade de subtrair nutrientes da planta”.

Apesar de contarem com tipos diferentes de sistema de produção agrícola, tanto alimentos convencionais quanto alimentos orgânicos enfrentam o mesmo desafio: o controle de pragas nas culturas. Para isso, existem diversos métodos, entre os quais destacamos os três abaixo:

  • O cultural: baseado no conhecimento ecológico. Emprega práticas culturais como aração do solo, rotação de cultura, poda e plantio direto.
  • O químico: baseado no uso de produtos sintéticos ou não sintéticos.
  • O biológico: baseado no uso de organismos vivos para a eliminação de pragas.

Em todas as formas de produção, o uso desses métodos que varia conforme a necessidade, tipo de planta cultivada, local, clima etc. Vamos agora explicar melhor a diferença entre alimentos convencionais, orgânicos e transgênicos:

Alimentos convencionais

São alimentos que comumente encontramos em supermercados e feiras. Podem ser plantados em pequenas ou grandes áreas. A produção utiliza insumos e tecnologias agrícolas, seguindo regras rígidas para garantir a segurança do produtor e do consumidor.

Para controlar as pragas, combina o uso dos métodos químicos e/ou biológicos. É um modo importante para entregar alimentos em grande quantidade, tendo sua eficiência melhorada ao longo dos anos devido ao avanço da ciência agrícola.

Alimentos orgânicos

A produção de alimentos orgânicos não está completamente livre do uso de defensivos agrícolas. Muitas pessoas pensam que a grande diferença entre alimentos orgânicos e convencionais está na ausência do uso de agrotóxicos.

Porém, ambas as culturas podem utilizar defensivos. A real diferença é que os produtos usados no cultivo orgânico devem priorizar fontes naturais. O plantio é geralmente feito em escala reduzida. Por isso, e por conta da elevada necessidade de mão de obra, os alimentos orgânicos são mais caros que os convencionais e transgênicos.

Alimentos transgênicos

Por meio da biotecnologia, os organismos transgênicos tiveram o gene de outro ser vivo, não compatível sexualmente, inserido em seu DNA. Os alimentos transgênicos fazem parte do nosso dia a dia porque boa parte da soja e do milho comercializados no mundo todo é geneticamente modificada.

Atualmente, estima-se que quase a totalidade dos alimentos e bebidas industrializados contenham pelo menos um ingrediente derivado de milho e soja. As plantas transgênicas foram exaustivamente testadas (mais que as orgânicas e convencionais, por exemplo) e sempre mostram-se tão seguras quanto a variedades não modificadas.

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Mitos sobre os agrotóxicos

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O Brasil NÃO é o maior consumidor de defensivos agrícolas do mundo

O dado que coloca o Brasil em primeiro lugar da lista de consumidor de agrotóxicos leva em consideração apenas o volume comercializado, desconsiderando a área em que o produto é utilizado.

Por causa do clima quente e úmido favorável, o Brasil tem até 2,5 safras por ano e uma área plantada de 65 milhões de hectares. Devido ao clima frio, nos Estados Unidos, Canadá em países no norte da Europa, não há plantação durante grande parte do ano.

Se calcularmos a relação entre o uso de agrotóxicos por área plantada, o Brasil utiliza 2,3 kg de defensivo por hectare. Esse número fica bem abaixo do volume de países como Holanda (20,8kg/ha), Japão (17,5kg/ha), Bélgica (12kg/ha), França (6kg/ha) e Inglaterra (5,8kg/ha). Então, levando em consideração a área de produção, o Brasil não está nem entre os dez países com maior uso de agrotóxicos.

O brasileiro NÃO ingere 5 litros de agrotóxico por ano

Esse número é resultado da divisão do volume de produto vendido pelo total da população. Essa conta não está correta por vários motivos.

Em primeiro lugar, os defensivos agrícolas não são aplicados apenas em culturas de alimentos. Plantações de algodão, cana e eucalipto também recebem aplicação de agrotóxicos.

O algodão vira fibra, grande parte da cana vira etanol e o eucalipto é utilizado para produção de papel e móveis. Isso, sem contar os produtos para controle de pragas urbanas e industriais (ratos, baratas, mosquitos etc) que também são vendidos como agrotóxicos.

Também deve ser levado em consideração que o agrotóxico é aplicado em toda a planta, mas, em muitos casos, ela não é inteiramente comestível. No feijão, por exemplo, as folhas e o caule não são usados para alimentação, e comemos apenas os grãos.

A exposição aos defensivos NÃO significa câncer, malformação ou outras doenças

Não existe nenhuma pesquisa que comprove a relação direta entre agrotóxicos e doenças. As instruções e a fiscalização dos produtos garantem a segurança da utilização dos defensivos, de modo a não permitir efeitos negativos na saúde humana e animal.

Corroborando com esse entendimento, o Cancer Research UK, centro de pesquisa sobre a doença criado em 2002, afirma que: “frutas e vegetais algumas vezes apresentam pequenas quantidades de resíduos de agrotóxicos, mas não há evidência que esses resíduos aumentam o risco de câncer nas pessoas que os consomem”.

O uso de agrotóxico NÃO causa doenças em crianças por meio de contaminação do leite materno

Não há nenhuma relação entre eventuais resíduos de agrotóxicos no leite materno e problemas de saúde em crianças. A OMS definiu doses diárias de defensivos que são aceitáveis no leite materno. O limite máximo é de 6 mil partes por bilhão no leite. Ou seja, não existe motivo para preocupação.