O que provocou a crise econômica no Japão entre o final do século 20 e 21?

A Restauração Meiji, que aconteceu em 1868, foi o processo de derrubada do xogunato e restabelecimento do poder para a família imperial japonesa. Esse processo resultou no desenvolvimento e modernização econômica do Japão a partir do final do século XIX, transformando a nação em uma potência regional.

Antecedentes

Antes da Restauração Meiji, o Japão estava sob o domínio do xogunato Tokugawa desde 1603. O xogunato era uma forma de governo em que os chefes militares (chamados de xoguns) exerciam o poder, e Tokugawa era a família que exercia o poder no Japão de maneira hereditária. A família imperial japonesa existia, mas estava sob o controle dos xoguns. A Restauração Meiji foi, portanto, a derrubada do governo dos xoguns e o restabelecimento do poder da família imperial japonesa.

Durante o xogunato Tokugawa, o Japão esteve sob uma política de isolamento na qual o país não mantinha contato com o exterior e proibia outras nações de usarem os portos japoneses conforme o relato a seguir:

Os Tokugawa, a família de xoguns que governou o Japão no século XIX, haviam imposto um sistema de Estado policial que isolou o país do mundo exterior, a tal ponto que a construção de navios oceânicos era proibida e os japoneses que tinham a infelicidade de naufragar fora das costas do Japão e eram resgatados por barcos estrangeiros não tinham permissão para voltar a seu país|1|.

O isolamento japonês só foi suspenso após pressões americanas durante a década de 1850 para forçar a abertura dos portos e da economia japonesa ao mercado internacional. A restauração monárquica veio da insatisfação das elites econômicas japonesas com a abertura dos portos. Assim, passaram a apoiar a derrubada dos xoguns e a restauração da monarquia.

A Restauração foi consolidada em 1868 quando o Imperador Meiji (seu nome era Mutsuhito) ascendeu ao trono como Imperador japonês. Ao contrário do que esperavam as elites, o Imperador Meiji aprofundou as reformas e acentuou as transformações que estavam em curso no Japão.

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Modernização no Japão

O Imperador Meiji nomeou uma série de pessoas especializadas, chamadas de burocratas, para implantar as mudanças que desejava. Além disso, muitos estrangeiros foram contratados para auxiliar nas reformas. A influência estrangeira nas reformas japonesas foi evidente porque:

Da Bélgica vem o modelo do Banco Japonês; da Alemanha, o do exército; dos Estados Unidos, o da escola primária, do sistema bancário nacional; da França, o do exército, da escola primária, da polícia civil, da polícia militar, do sistema judiciário; da Grã-Bretanha, o da marinha, do sistema telegráfico, postal e de poupança|2|.

Entre as mudanças implantadas, podemos citar a padronização do idioma japonês para eliminar as diferenças de dialeto e promover maior integração da população com o projeto de modernização, além do fim de determinados privilégios de classe. Entre esses privilégios de classe que deixaram de existir, destacam-se o fim da exploração dos senhores de terra sobre o feudo e sobre os camponeses e a abolição da classe guerreira dos samurais, que vivia à custa de pagamentos do governo.

Outro ponto importante da modernização foi a reformulação do ensino, que visava a garantir para as novas gerações a integração com o novo governo e implantar a obediência e disciplina na população. Assim, o ensino foi utilizado como ferramenta de transmissão de princípios nacionalistas e para implantação do culto à personalidade do Imperador, o que ficou conhecido como Xintoísmo de Estado. O Imperador era visto como encarnação da deusa Amaterasu, deusa do sol do Xintoísmo, tradicional religião japonesa.

As reformas implantadas transformaram a economia japonesa, inserindo-a no capitalismo emergente. Com isso, o Japão logo se firmou como potência asiática. Com o fortalecimento econômico, o país passou a alimentar um sentimento imperialista que visava ao controle da China.

|1| BEHR, Edward. Hiroíto – por trás da lenda. São Paulo: Globo, 1991, p. 31.

|2| ORTIZ, Renato. O próximo e o distante: Japão e modernidade – mundo. São Paulo: Brasiliense, 2000, p.54.

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Historicamente, o Japão esteve isolado do Ocidente até a chegada das primeiras embarcações mercantilistas portuguesas, em 1542. Esse primeiro contato não teve efeitos positivos, principalmente por causa dos interesses lusitanos em propagar o cristianismo entre os japoneses pela ação dos jesuítas. Na primeira metade do século XVII, o governo nipônico realizou a execução de milhares de cristãos japoneses e determinou o fechamento dos portos.

Entre os séculos XVII e XIX, o Japão era controlado pelo xogum, uma espécie de primeiro-ministro de poder hereditário que tinha amplos poderes. Além disso, observamos a presença de uma ampla aristocracia (damaios) que exercia o poder local através dos samurais, uma classe de guerreiros profissionais. Ao longo do tempo, o domínio da família Tokugawa sob o xogunato acabou desenvolvendo uma frequente disputa de poder com os grandes proprietários.

A partir de 1850, as nações ocidentais passaram a desenvolver estratégias políticas que pressionavam a abertura política e econômica japonesa. Em 1854, sob o comando do almirante Perry, uma esquadra norte-americana impôs a abertura dos portos nipônicos ao mercado mundial. Por meio de sérias ameaças militares, os japoneses foram obrigados a assinar tratados comerciais com diferentes países.

Buscando reagir ao processo de dominação, os japoneses permitiram que seus jovens fossem enviados à Europa e os Estados Unidos para estudarem em universidades voltadas para os campos de ciência e tecnologia. Com o passar do tempo, a população japonesa começou a dominar o conhecimento necessário para a criação de suas primeiras indústrias. Em pouco tempo, esse projeto de modernização também foi seguido pelo campo político, com a chamada Revolução Meiji.

Manifestações de cunho nacionalista passaram a se opor ao domínio absoluto do xogunato. Dessa forma, com o apoio do Exército e da Marinha, Mitsuhito, o imperador Meiji, empreendeu uma série de reformas que deram uma nova feição política ao Japão. O antigo poder político dos donos de terra foi substituído por um sistema de prefeituras locais subordinadas ao poder central. Além disso, houve a instalação de um Poder Legislativo formado por um parlamento bicameral.

A partir desse novo momento, as atividades econômicas se voltaram para o desenvolvimento agrícola e a formação de uma consistente indústria de base. Paralelamente, um novo sistema de cobrança tributário permitiu que o governo arrecadasse impostos que ampliaram a realização de investimentos na economia e o incremento de suas forças armadas.

Em pouco tempo, o Japão se transformou em um belo exemplo de modernização nos campos político e industrial para todo o Oriente. Já nos fins do século XIX, os japoneses passaram a integrar o movimento imperialista realizando a dominação de territórios na China, na Coreia e na Ilha de Formosa (atual Taiwan). No início do século XX, a vitória militar contra os russos consolidou o Japão enquanto potência imperialista e principal rival econômica dos Estados Unidos na região do Pacífico.

Por Rainer Sousa
Graduado em História

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Qual o motivo da crise econômica do Japão?

O Japão entrou em recessão pela primeira vez desde 2015, pois sua economia já enfraquecida foi ainda mais prejudicada pelo impacto das medidas de contenção do coronavírus nos negócios nacionais e estrangeiros.

O que aconteceu com a economia do Japão?

A economia do Japão se recuperou nos últimos três meses de 2021 uma vez que a queda nos casos do coronavírus ajudou a aumentar o consumo, embora o aumento dos custos de matérias-primas e o salto em novas infecções pela variante Ômicron afetem as perspectivas.

O que causou a crise econômica no Japão no início de 1990?

Isso se deveu principalmente ao estouro da “bolha econômica”. De 1990 a 1992, o valor dos terrenos urbanos e do índice do mercado de ações foi reduzido para quase metade. Como resultado, os bancos japoneses acumularam US $ 800 bilhões em ativos realizados.

Quais são as causas apontadas pelo texto para o início da crise econômica no Japão?

A crise eclode em 1991, quando os preços desses ativos desabam, dificultando o pagamento dos empréstimos feitos. Sem conseguir receber os créditos, o setor bancário é o mais prejudicado. No decorrer da década, o Produto Interno Bruto (PIB) japonês apresenta baixo crescimento.