O que provocou a crise financeira na França?

A Revolução francesa é um marco na História da Humanidade. É a linha de separação entre a Idade Moderna e a Idade Contemporânea. A sua eclosão foi precedida de uma enorme crise financeira e económica que potenciou a necessidade de mudanças políticas e sociais, estimuladas pelas ideias iluministas que criticavam o absolutismo e a sociedade de ordens. A reunião dos Estados Gerais, em maio de 1789, foi o espoletar de uma série de acontecimentos que alteraram a face da França.

No início do século XVIII, a França era a maior nação da Europa ocidental. As grandes cidades tinham uma assinalável dinâmica económica, o mercantilismo tinha dado à França algum impulso no comércio interno e externo. Porém, a França era um país rural, com técnicas agrícolas arcaicas que dificultavam o crescimento da produção.

A posse da terra estava na mão da alta nobreza e do alto clero. Os grupos privilegiados fixaram-se na corte, em Versalhes, não apostaram no desenvolvimento agrícola e interessavam-se essencialmente em cobrar impostos.

A França era um estado absoluto, o rei concentrava em si todos os poderes: legislativo; executivo e judicial. Após séculos de resistências senhoriais ao poder real, Luís XIV (1638-1715) submeteu os grupos privilegiados, fazendo de Versalhes o centro da corte e de toda a burocracia estatal. A nobreza e o clero ficaram dependentes do poder real que dava benesses e privilégios. A corte vivia num grande fausto o que provocou imensas críticas numa sociedade que já não era a mesma dos séculos anteriores. A França, em meados do século XVIII, estava em profunda crise: moral, financeira, económica e social.

Os iluministas, os letrados, criticavam a corte e os grupos privilegiados. Não estavam dispostos a nenhuma mudança social e política. Os ideais de soberania da nação; separação dos poderes; as críticas à sociedade de ordens, aos privilégios adquiridos pela tradição e à teoria da origem divina do poder dos reis iam fazendo o seu caminho.

Do ponto de vista financeiro, a França aumentou as despesas durante todo o século XVII e XVIII. Por um lado, a construção do Estado absoluto exigiu mais meios financeiros para sustentar um crescente aparelho burocrático. Por outro lado, as sucessivas guerras continentais em que Luís XIV se envolveu, a participação na guerra dos sete anos (1756-1763) e a ajuda fornecida à independência dos EUA deixaram os cofres vazios.

Os empréstimos eram avultados e os juros muito elevados. A corte, muito criticada pela exuberância, gastava apenas 10% do orçamento, mas o luxo era obsceno e contrastava com as enormes dificuldades da grande maioria da sociedade francesa. Os ministros de Luís XVI reconheciam o problema e tentaram arranjar soluções. Os privilegiados rejeitavam todas as reformas, principalmente a taxação da propriedade e tudo o que mexesse nos seus privilégios.

Para além da situação financeira, os anos de 1770 e 1780 foram de alarme económico. Existiram uma série de maus anos agrícolas, os alimentos escasseavam e os preços subiam. A indústria francesa tinha uma forte concorrência inglesa, que estava em forte expansão. Havia desemprego urbano e enormes dificuldades no campo.

A crise financeira e económica potenciou a crise social. O artífice urbano sofria com um salário que não era o suficiente para sobreviver. O pequeno proprietário não obtinha lucro e tinha dificuldade em vender os produtos. O mundo rural viu as colheitas diminuídas, os impostos estatais não davam descanso e os impostos senhoriais estavam sempre presentes. Os senhores e o Estado exigiam mais em tempos de crise.

O terceiro estado uniu-se contra os privilegiados, uma pequena minoria que controlava a riqueza da França. Houve motins em agosto de 1787 e maio de 1788. Ao lado dos assalariados agrícolas, dos camponeses, dos pequenos proprietários, dos artífices urbanos colocou-se um grupo de letrados, intelectuais, dos que viviam dos rendimentos do comércio e das rendas fundiárias. São o estrato mais alto do terceiro estado, a quem chamamos burguesia. Reclamavam a soberania da Nação, o fim dos privilégios de grupo, o reconhecimento do mérito como único critério para a ascensão social.

Face ao impasse, reclamou-se a convocação dos Estado Gerais que já não se reuniam desde 1614. Luís XVI decidiu marcar a reunião para 1 de maio de 1789, em Versalhes.

O início dos Estados Gerais revelou as contradições da sociedade francesa. O terceiro estado recusou os formalismos e as práticas tradicionais de representação social. Recusou-se a reunir em separado: exigiu uma reunião conjunta com todos os grupos sociais. Após a tentativa de boicote dos privilegiados, o terceiro estado fez o juramento da sala do jogo da pela: não se separarem até a França ter uma constituição.

Constitui-se como Assembleia Nacional Constituinte. São os verdadeiros representantes da França. O rei e os seus aliados tentaram usar a força, levando à revolta do povo de Paris e à tomada da Bastilha a 14 de julho de 1789.

A queda da prisão da Bastilha simboliza o fim do Antigo Regime às mãos dos grupos populares mais desfavorecidos e é um marco da História mundial. Este momento de rutura marca o início da era contemporânea e é uma baliza incontornável na periodização da História da Humanidade.

Que razões levaram à crise financeira na França?

A crise econômica francesa era motivada pelos elevados gastos do país (o governo francês gastava 20% a mais do que arrecadava). Esses gastos foram agravados pelo envolvimento do país em conflitos no exterior. A existência de privilégios de classe no país também contribuía para a crise.

Qual foi o principal agravante para a crise financeira da França?

Essa crise econômica foi em parte resultado dos altos gastos do rei com os luxos da corte francesa, mas, principalmente, pelo envolvimento da França em dois conflitos: a Guerra dos Sete Anos e a Revolução Americana.

O que fez com que a crise financeira se agravasse na França?

Entre estes, podem-se destacar o envolvimento da França em várias guerras, os altos gastos da Corte de Luís XVI da França, o antigo regime francês, a ascensão da burguesia, a manutenção do mercantilismo e os ideais do Iluminismo.

Qual era a situação financeira da França?

A economia da França contraiu 0,1% no primeiro trimestre de 2021, mostraram dados oficiais revisados hoje (28), entrando em recessão conforme luta para se recuperar da crise provocada pela pandemia.