O que é parada cardiaca

O que é parada cardiaca
Diretor Médico do HMD, Dr. Euler Manenti explica sobre o caso

Fonte: GZH

A Eurocopa — o campeonato europeu de seleções de futebol – ficou marcada por um dos casos de maior emergência da medicina: a parada cardíaca súbita. Foi o que aconteceu com Christian Eriksen, jogador de 29 anos da Dinamarca, em uma partida contra a Finlândia. Televisionado para praticamente todo o mundo, este drama chamou atenção e levantou dúvidas.

Esse tipo de situação não é tão incomum no Brasil, onde mais de 320 mil mortes súbitas ocorrem todos os anos — apenas cerca de 10% das pessoas sobrevivem a uma parada cardíaca assim. O tratamento rápido é muito importante porque, para cada minuto que passa sem atendimento, a chance de uma pessoa resistir cai até 10%.

Entre as perguntas suscitadas pelo caso Eriksen, estão: é o mesmo que um ataque cardíaco? Se também chamam de “morte súbita”, como trouxeram o jogador à vida novamente? É causada por doenças ou condições de saúde prévias? Dr. Euler Manenti, Diretor Médico do Hospital Mãe de Deus, cardiologista e intensivista, explica algumas questões.

A diferença para o ataque cardíaco


A parada cardíaca súbita ocorre quando o coração para de bater repentinamente e não deve ser confundida com um ataque cardíaco.

Durante um ataque cardíaco, o suprimento de sangue ao músculo cardíaco é reduzido ou bloqueado, mas o coração continua batendo. No entanto, pode haver danos ao músculo cardíaco. Normalmente, a pessoa sabe que algo está acontecendo e pode falar sobre seus sintomas.

Durante uma parada cardíaca, entretanto, o sistema elétrico do coração dá uma espécie de pane, e o coração para de bombear sangue. Pense na maneira como as luzes piscam antes que a energia seja cortada. Geralmente, a pessoa está inconsciente, e o pulso pode não ser encontrado.

Há relação entre o ataque e a parada?


A relação entre os eventos pode existir. Em alguns casos, um ataque cardíaco pode desencadear os problemas elétricos que causam a parada cardíaca súbita. Mas esses fatos não precisam acontecer ao mesmo tempo.

Sabe-se que sobreviventes de ataque cardíaco têm quatro a seis vezes mais probabilidade de ter morte súbita do que a população em geral.

Quem pode ser acometido?


A chamada “morte súbita” pode acontecer a qualquer pessoa, em qualquer idade, e mesmo sem doenças cardíacas. Mas cerca de 80% dos casos são devido à doença arterial coronariana. Além disso, é mais provável quando existe uma história de morte súbita na família: pai, filho ou irmão.

Condições de risco

  • Doença coronariana (problemas nas artérias do coração, principalmente em fases agudas)
  • Angina instável e infarto do miocárdio
  • Mudanças estruturais no coração (por exemplo, um músculo cardíaco hipertrofiado ou um coração dilatado, o também chamado “coração grande”)
  • Insuficiência cardíaca (função de bombeamento reduzida)
  • Ataque cardíaco (75% das pessoas que sofrem parada cardíaca súbita tiveram um ataque cardíaco, muitos dos quais não foram diagnosticados)
  • Estresse físico, como trauma, perda de sangue, desidratação, desequilíbrio eletrolítico ou, em casos raros, atividade física muito intensa
  • Problemas cardíacos congênitos

Como reconhecer uma parada cardíaca súbita


Em geral, o primeiro sinal é desmaiar ou parecer estar sem vida. Você pode não sentir o pulso da pessoa.

E como agir diante de um caso desses?


Metade das vítimas não tem alguém por perto para ajudar. Sem uma ação rápida para reviver o coração, a pessoa pode morrer em minutos. É vital aplicar manobras de ressuscitação (leia abaixo) e um choque elétrico para restaurar o batimento cardíaco normal o mais rápido possível. Siga estes passos:

  • Ligue imediatamente para o 191 ou peça para outra pessoa ligar
  • Confira se outra pessoa próxima está disponível, peça que ela procure um desfibrilador externo automático (DEA) e tente manobras de ressuscitação enquanto isso
  • Um DEA é um dispositivo portátil que pode detectar uma alteração prejudicial no ritmo cardíaco (arritmia) e dar um choque elétrico, chamado de desfibrilação. Os DAE deveriam estar disponíveis em muitos locais, incluindo shoppings, quadras esportivas, aeroportos, centros comunitários e prédios de escritórios. São encontrados também em ambulâncias
  • O tratamento eficaz para um evento de parada cardíaca é restaurar o ritmo normal do coração por meio de um desfibrilador como o DEA, que pode ser usado por leigos.

A manobra de ressuscitação

  • A falta de um desfibrilador não deve atrasar o tratamento pelas pessoas próximas à vítima. Manobras imediatas de ressuscitação melhoram significativamente as chances de sobrevivência:
  • Ao lado da vítima, de joelhos, posicione os braços estendidos, com os dedos entrelaçados, no centro do tórax
  • Com o peso do seu corpo, faça compressões rápidas e fortes (a profundidade deve ser de pelo menos 5cm)
  • A frequência deve ser de 100 a 120 por minuto – ou cerca de cinco a cada 3 segundos
  • Certifique-se de que, entre cada compressão, a pressão seja totalmente reduzida e o peito volte à posição normal
  • Tente fazer até a chegada do Samu ou da ajuda de um DEA

O que leva uma pessoa ter uma parada cardíaca?

A parada cardíaca ocorre quando o coração deixa de bombear sangue e oxigênio para o cérebro e para outros órgãos e tecidos. Às vezes, uma pessoa pode ser reanimada após a parada cardíaca, especialmente se o tratamento for iniciado imediatamente.

O que que significa parada cardíaca?

Parada cardíaca é a cessação da atividade mecânica do coração, que resulta na ausência de fluxo sanguíneo circulante. A parada cardíaca impede que o sangue flua para os órgãos vitais, privando-os de oxigênio e, se não tratada, resulta em morte.

Como saber se uma pessoa está tendo uma parada cardíaca?

Os sintomas mais comuns de uma parada cardiorrespiratória incluem dor no peito, falta de ar, suor frio, sensação de palpitação, tonturas, desmaios e vista turva ou embaçada. Além desses sintomas, a ausência de pulso ou a falta de respiração indicam que o coração parou de bater.

O que acontece depois de uma parada cardíaca?

A principal sequela em casos de parada cardiorrespiratória são as lesões cerebrais. Isso se deve ao fato de o cérebro não suportar a falta de oxigenação (hipóxia) acima de cinco minutos. A partir desse momento, o paciente poderá apresentar lesões sérias, até mesmo irreversíveis.