Como deve ser a relação entre professor e aluno na educação infantil?

Netânia Sales Pavan

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo ressaltar a importância da afetividade na educação infantil, descrevendo o valor do bom relacionamento entre professor e aluno para a construção do conhecimento das crianças nos anos iniciais do ensino fundamental. Para a construção deste trabalho foram utilizadas fontes bibliográficas, reflexões de diversos autores dentre eles: Wallon, Saltini, Freire, Ribeiro e Chalita. Reflexões essas que mostrou como a afetividade pode influenciar positivamente no processo de ensino-aprendizagem de crianças da educação infantil. Investigar sobre a afetividade em sala de aula, onde o professor é o principal mediador das atividades que propiciam a aprendizagem dos alunos, é um dos objetivos principais deste trabalho bem como demonstrar que através desse relacionamento estabelecido, pode-se desenvolver um grande progresso na aprendizagem dos mesmos. Nesse sentido foi constatado que a interação da afetividade entre professor e aluno por meio de sentimentos e moções possibilita a esse educador melhorar as intervenções pedagógicas no processo de ensino aprendizagem dos alunos na educação infantil.

Palavras-chave: Afetividade. Aprendizagem. Professor. Aluno.

INTRODUÇÃO

A sala de aula é um ambiente onde o professor se depara com muitos conflitos, emoções e desafios. E nesse ambiente há diversos comportamentos e atitudes que se não bem trabalhadas e compreendidas podem comprometer o relacionamento entre professor e o aluno, e por consequência, o processo de ensino aprendizagem.

Entendendo por assim dizer que afetividade nas práticas pedagógicas, desenvolvidas em sala de aula, é um tema com bastante relevância na área educacional, visto que, diferente do passado, há hoje diversas pesquisas que dão conta que afetividade é importante para a construção do conhecimento.

A presente pesquisa tem como objetivo ressaltar a importância da afetividade na educação infantil, descrevendo o valor do bom relacionamento entre professor e

aluno para a construção do conhecimento das crianças nos anos iniciais do ensino fundamental.

Investigar sobre a afetividade na sala de aula, onde o professor é o principal mediador das atividades que propiciam a aprendizagem dos alunos, é um dos objetivos principais deste trabalho bem como demonstrar que através desse relacionamento estabelecido, pode-se desenvolver um grande progresso na aprendizagem dos mesmos.

De acordo com o pensamento de Freire (1983 p. 29), não existe educação sem amor. "ama-se na medida em que se busca comunicação, integração a partir da comunicação com os demais (...)".

Portanto para que haja uma educação de sucesso, a afetividade se faz necessário, visto que através da convivência, na busca da melhor forma de ensinar o auno o professor realmente está interessado que seu aluno se desenvolva em todas as etapas necessárias para que seja um sujeito capaz de associar suas ideias e desenvolver suas habilidades de maneira a acrescentar na sua capacidade de aprendizagem.

Freire faz menção ao amor, é preciso amar o que se faz, para que o que se faz seja bem feito e alcance os objetivos propostos.

Por fim, através da leitura de livros, artigos, sites da internet, publicações em periódicos, etc. Procurarei analisar e discutir neste trabalho esse tema da afetividade em sala de aula, apresentando algumas relevâncias de autores como: Wallon, Saltini, Fereire, dentre outros.

AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM

A afetividade é um termo que engloba a emoção, o sentimento e a paixão, sendo estes estímulos entre si. As relações emocionais são ocasionais, instantâneas, diretas; os sentimentos caracterizam-se por reações mais pensadas e duradouras; já as paixões são permeadas pelo raciocínio, pela noção de realidade externa e pela busca de transformação de seus desejos em realidade. Segundo Pino (1997, p.128-131), fenômenos afetivos se referem às experiências subjetivas;

[...] os fenômenos afetivos representam a maneira como os acontecimentos repercutem na natureza sensível do ser humano, produzindo nele um

elenco de reações matizadas que definem seu modo de ser no mundo. Dentre esses acontecimentos, as atitudes e as reações dos seus semelhantes a seu respeito são, sem sombra de dúvida, os mais importantes, [...] são as relações sociais, com efeito, as que marcam a vida humana, conferindo ao conjunto da realidade que forma seu contexto (coisas, lugares, situações, etc.) um sentido afetivo.

O autor faz uma importante colocação ao que nos cabe analisar bem o contexto de vida que o aluno está inserido, tratar bem, se preocupar, se interessar pelo melhor do seu aluno sabendo assim que todas as suas atitudes dentro de sala, refletem suas experiências vividas.

Dessa forma é importante observar que o professor pode utiliza-se dos aspectos afetivos para promover o avanço cognitivo, já que a elaboração cognitiva funda-se na relação com o outro, com seu par. A relação educativa é permeada pela afetividade.

É de fundamental importância entender que as crianças desde bem pequenas sentem a necessidade de se relacionar com outras crianças, essa interação abre o leque de facilidades para aprendizagem. Sendo assim as crianças desde bem pequenas devem relacionar-se com outras crianças a fim de desenvolver a afetividade e aprendizagem. Assim, dá-se início a evolução da personalidade sempre lembrando que as emoções estão associadas a este processo. Segundo Wallon (2007, p.124):

A emoção compete o papel de unir os indivíduos entre si por suas relações mais organizadas e mais íntimas, e essa confusão deve ter consequência ulterior às oposições e os desdobramentos dos quais poderão gradualmente surgir às estruturas das consciências.

Portanto é nas relações familiares que a criança tem suas primeiras experiências afetivas, posteriormente no ambiente escolar esse processo vai se completando e se tornando cada vês mais significativo, pois a escola pode proporcionar essas oportunidades de interagir com outras crianças de diversas faixas etárias como também com o educador. Não deixando de lado as vivencias trazida de casa.

Para Wallon (1968, p.127), "a personalidade é constituída por duas funções básicas: Afetividade e inteligência". A afetividade vinculada às sensibilidades internas sendo orientadas para o mundo social, para a construção da pessoa; a inteligência, por outro lado, vinculam-se as sensibilidades externas, é orientada para o mundo físico, para a construção do objeto. A afetividade assume assim o papel

fundamental no desenvolvimento humano. É um domínio funcional, anterior a inteligência.

Sendo assim é necessário que o professor procure sempre trabalhar com três habilidades básicas: A educativa (conhecimento), a social e a afetiva, que é o lado emocional do ser humano. Para que isso ocorra o educador deve estar aberto ao diálogo, tendo o controle das diversas situações com autoridade, mas por sua vez procurando sempre conquistar o aluno.

Não há duvidas de que uma criança será mais rica em sentimentos a medida que sua vida afetiva seja repleta de emoções. Sendo assim, de acordo com o grau de inteligência será o tempo em que a criança poderá transformar suas emoções em sentimentos, A afetividade ajuda e direciona as ações, por isso a importância do bom relacionamento entre o professor e aluno, para que ambos convivam em um ambiente de harmonia, e assim a aprendizagem possa acontecer com mais facilidade, havendo maior rendimento e maior interação entre ambos.

O AFETO NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COGNITIVO

Todos os seres humanos desde seu nascimento tem a necessidade de afeto, para esse momento ela conta com o afeto familiar que é de vital importância para seu desenvolvimento, visto que é através do mesmo que a criança pode viver num processo favorável de socialização e integração familiar.

Nesse sentido podemos observar que uma convivência amorosa, a atenção dada a essa criança, o conversar, o brincar estimula o desenvolvimento infantil. A convivência com outros, a dependência de um adulto estimula seu aprendizado, o falar, o andar, o ver, o pegar são processos indissociáveis no desenvolvimento infantil e que será mais bem desenvolvido se bem estimulado.

Segundo Wallon (1968, 124), "a emoção é o primeiro e o mais forte vinculo entre os indivíduos. É fundamental observar o gesto, a mímica, o olhar, a expressão facial, pois são constitutivos da afetividade emocional".

É através das trocas no ambiente em que vivem que vão fazer os sentimentos se diferenciam. Os sujeitos vão se construindo através da interação com outros, o contato com outras culturas.

Para Piaget (1976, apud Turatti, Pessolado e Silva, 2011),

O afeto pode acelera ou retardar o desenvolvimento das estruturas cognitivas. O afeto acelera o desenvolvimento das estruturas, no caso de interesse e necessidade, e retarda quando a situação afetiva é obstáculo para o desenvolvimento intelectual. A afetividade não explica a construção da inteligência, mas as construções mentais são permeadas pelo aspecto afetivo. Toda conduta tem um aspecto cognitivo e um afetivo, e um não funciona sem o outro.

Chalita (2001, p. 232-233) ressaltou que o grande pilar da educação é, sem dúvida, a habilidade emocional.

Não é possível desenvolver a habilidade cognitiva e a social sem que a emoção seja trabalhada. A emoção trabalha com a libertação da pessoa humana. A emoção é a busca do foco interior e exterior, de uma relação do ser humano com ele mesmo, e com o outro, o que dá trabalho, demanda tempo e esforço, mas é o passaporte para a conquista da autonomia e da felicidade.

A afetividade é indispensável à produção do conhecimento e ao desenvolvimento cognitivo, pois a vivencia entre as pessoas oferece inúmeros conhecimentos, já que as pessoas pensam, sentem, e agem de forma diferente. Alem disso, é através dos relacionamentos que o indivíduo constrói a sua identidade e autoestima, muito importante no processo de ensino aprendizagem.

Ribeiro (2010) relata sobre a importância da afetividade para o desenvolvimento cognitivo:

A afetividade, portanto, é de suma importância para a vida, tanto quando a formação cognitiva ou o processo de conhecimento. A afetividade e a inteligência são dois aspectos inseparáveis no desenvolvimento e se apresentam de forma antagônica e complementar, pois se a criança tem algum problema no desenvolvimento afetivo isso acabará comprometendo seu desempenho cognitivo. O afeto é o estimulante, o que excita a ação e o pensamento, é o fruto da ação.

Esse sentimento de carinho e amizade entre professores e alunos deve acontecer de maneira natural, não podendo de nenhum modo deixar de existir na sala. Todos nos gostamos de frequentar um ambiente onde é acolhido e bem tratado e conviver com pessoas que gosta e admira. Se o aluno não sentir-se bem na escola, ele terá certo grau de dificuldade em ver o adquirir conhecimento como algo interessante e frequentar a escola se tornará uma obrigação desagradável e sentirá obrigado a estudar.

O PROFESSOR E SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Para a prática pedagógica, o conhecimento da afetividade, se faz muito necessário quer seja através das emoções, da força motora das ações ou desejo e da transferência, para o melhor desenvolvimento da aprendizagem do aluno consequentemente, para uma melhor relação entre este e o professor.

Ao refletir a afetividade no processo de ensino aprendizagem, percebemos muitas vezes, que esse tema não vem sendo levado em consideração por um numero razoável de educadores. A questão é que muitos professores pesam que o conhecimento, é o que mais importa deixando assim de lado a questão afetiva. Consequentemente ao pensarem assim, principalmente na educação infantil, que é um período em que os alunos experimentam as maiores experiências de interação e trocas entre as pessoas que os cercam, podem ser prejudiciais para o desenvolvimento das crianças, pois o professor deve compreender acima de tudo que a afetividade é fundamental para o desenvolvimento cognitivo. Sendo assim é de suma importância que o professor planeje bem suas aulas, para que assim possa proporcionar aos seus alunos atividades e brincadeiras estimulantes e os mesmos sintam alegria em participar e interesse em aprender. Paulo Freire (1996, p.159), faz uma abordagem que expressa bem à postura de um professor afetivo:

[...] como professor [...] preciso estar aberto ao gosto de querer bem aos educando e à própria prática educativa que participo. Esta abertura de quere bem não significa, na verdade, que, porque como professor, me obrigo a querer bem a todos os alunos de maneira igual. Significa, de fato, que a afetividade não me assusta que tenho de autenticamente selar o meu compromisso com os educando, numa prática específica do ser humano. Na verdade, preciso destacar como falsa a separação radical entre "seriedade docente" e "afetividade". Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e "cinzento" me ponha nas minhas relações com os alunos, no trato dos objetos cognoscíveis que devo ensinar. A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no exercício de minha autoridade.

Vemos que o professor com uma postura afetiva deve preocupar-se com o bem estar dos alunos, pois a criança, especialmente na educação infantil, deseja e necessita ser acolhida e amada e assim aos poucos irá suscitar a sua curiosidade para o aprendizado.

Ao educador cabe o papel de ter um olhar aberto e sensível, avaliando cuidadosamente sua prática pedagógica, para que assim possa trabalhar de maneira a compreender e contextualizar seus valores, buscando sempre ver a realidade de cada aluno para melhor aprendizagem dos mesmos. Quando o educador adquiriu essa sensibilidade no olhar, fica fácil pra ele identificar em qual estagio de desenvolvimento se encontra cada criança, passando assim a vivenciar o mundo de sonhos, alegrias e imaginação em que as crianças vivem. Ao conhecer cada um deles o educador dai passa a usar a estratégia que será mais eficiente que trará melhores resultados na educação de cada individuo. Para Saltini (2008, p. 100):

A inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, se dá o tempo todo, seja na sala ou no pátio, e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente. Essa inter-relação é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento.

Para o referido autor, a relação exercida entre o professor e aluno permite grande aquisição de conhecimentos, cada momento que é compartilhado pelos mesmos enriquece o aprendizado.

De acordo com Cláudio Saltini (2008, 70), "o educador serve de continente para a criança". Quando o autor fala de continente ele se refere ao local onde são colocadas as pequenas porções de construções de modo que tomam um significado, um sentido. Vemos também que educador e educando assumem um lugar bem diferente um do outro. Evidentemente os dois cooperam e interagem neste processo onde conhecimentos cognitivos e afetivos se misturam, cada qual com seu papel específico. É função do educador, preparar o espaço onde os alunos buscarão seus interesses. Sendo assim, todo objeto, todo local (na sala de aula e mesmo fora dela), toda situação que envolve a rotina escolar e não escolar contribui para aprendizagem. No entanto. Saltini (2008, p.101) afirma que para isso "é necessário que o educador seja antes de tudo um curioso, um pesquisador, possibilitando assim, à criança descobrir verdades, ao invés de impor conteúdos".

Piaget (1972, Discurso), certa vez disse:

O papel do mestre deve ser o de incitar à pesquisa e de fazer tomar consciência dos problemas, e não ditar a verdade: compreender é inventar ou reinventar, e dar uma lição prematura é impedir as crianças de encontrar ou redescobrir as soluções por si mesmas.

Ao professor é dada a responsabilidade de estabelecer uma relação com o grupo todo e com cada aluno individualmente, uma vez que cada ser é único e se diferencia dos demais. Essa relação deve ser tanto a nível cognitivo e afetivo, Saltini (2008, p. 89) defende que "o professor precisa oportunizar aos alunos situações em que elas evidenciem seus sentimentos na escola, não apenas sua inteligência ou sua capacidade de aprender".

Outros atributos indispensáveis a um professor afetivo é a paciência e a calma. Vemos muitas vezes, que meio a variados tipos de situações complicadas do dia a dia escolar, essas qualidades são de real importância e colabora para que haja harmonia no ambiente escolar. Nesse sentido Saltine (2008, p.102) orienta:

Observar a ansiedade, a perda de controle e a instabilidade de humor vai assegurar a criança ser o continente de seus próprios conflitos e raivas, sem explodir, elaborando-os sozinha ou em conjunto com o educador. A serenidade faz parte do conjunto de sensações e percepções que garantem a elaboração de nossas raivas e conflitos. Ela conduz ao conhecimento do si mesmo, tanto do educador, quanto da criança.

Existem diversos motivos pelos quais os alunos reagem a cada tipo de situações. Para compreendê-las melhor, o educador devera pesquisar a melhor forma de intervir para cada momento conflitante de acordo com a personalidade de cada individuo em questão, para que desta forma não atrapalhe no seu desenvolvimento.

Desta forma vimos que o artifício de educar é bem mais do que um simples repasse de conteúdos que muitas vezes julga-se ser o adequado.

Segundo Sandra e Moacir (2010),

Educar é ajudar o educando a tomar consciência de si mesmo, dos outros e da sociedade em que vive, bem como seu papel dentro dela. É saber aceitar-se como pessoa e principalmente aceitar o outro com seus defeitos e qualidades. É também, oferecer diversas ferramentas para que a pessoa possa escolher seu caminho entre muitos.

O professor é o personagem principal no processo de aquisição do conhecimento da criança, cabe a ele se preparar, tirar experiências de cada processo vivido para que assim possa enriquecer cada vez mais sua prática pedagógica.

Para haver um processo educativo de relevância, se faz necessário que algo mais permeie a relação professor x aluno. A afetividade que aproxima mais o educador do educando. Em relação a isso Arruda e Borges (2011) descreveram:

A aprendizagem e a afetividade na relação entre a criança e o professor devem caminhar juntas, pois é a partir da afetividade que a criança passa a ter confiança no professor e com isso algumas barreiras são superadas como, por exemplo, a dificuldade da criança em aprender determinados conteúdos, bem como desenvolver determinada atividade. É com diálogo, carinho que o professor constrói caminhos para chegar ao universo da criança a fim de ajudá-la a superar suas dificuldades.

O educador deve procurar esta bem consigo mesmo, tentar livra-se de problemas que possam interferir no seu desempenho profissional.

D'Andrea (2000 p.77) ressalta que:

O professor ideal seria aquele que além dos conhecimentos intelectuais, tenha uma personalidade sem muitos conflitos, uma vida familiar satisfatória e que seja capaz de orientar seus alunos em outros assuntos além dos relacionados às matérias que ensina, pois infelizmente, não é raro as crianças encontrarem mestres desajustados, infelizes, mais preocupados com sua situação econômica ou social do que com os alunos.

Não quero afirmar que o professor deva ser banido de problemas e viva uma vida perfeita livre de situações conflitantes, mas quero colocar que se espera desse profissional que ele tenha um mínimo de empatia, que goste realmente do que faz que esteja disposto a olhar além, que enxergue as diversas possibilidades em cada aluno, que procure conhecer, aceitar as diversidades e buscar aproveitá-las para transmissão de conhecimentos. Deve-se lembrar de que o ato de educar também é um ato social.

Quando o professor demonstra real interesse pelo educando, a aprendizagem torna-se verdadeiramente efetiva.

Assim, Malon e Santos (2008) acreditam que:

[...] O professor ao estabelecer um clima de confiança e uma atividade de respeito com o aluno passa a ser um grande mediador das aprendizagens destes. Uma das fontes motivacionais do ensino e da aprendizagem está no vínculo estabelecido entre educador e educando. A afetividade é um fator que precisa ser fortalecido nas relações educacionais dentro e fora da escola.

Para que a afetividade aconteça de forma significativa no cotidiano da sala de aula o educador deve está preparado. Deve ser conhecedor dando a devida importância para o bom relacionamento afetivo entre professor e aluno. Lembrando

que cabe a ele também uma função social, já que a criança depende da interação com o meio social em que está inserido, para que assim haja um desenvolvimento integral.

Nesse sentido Ribeiro (2010) afirma:

[...] percebe-se que há uma eminente necessidade, principalmente por parte dos educadores, de buscar conhecimento que trate sobre o tema da afetividade, pois este tema colabora para o desenvolvimento humano, visto que é na escola que a criança passa boa parte do seu tempo. O educador precisa entender a necessidade e ficar atento às atitudes das crianças para assim colaborar para o sucesso escolar e da vida do educando.

É de suma importância que o professor esteja aberto para buscar cada vez mais conhecimento a questão da afetividade, pois somente conhecendo mais, o trabalho poderá se bem relacionado e o desenvolvimento em sala de aula será bem mais proveitoso e seu êxito será certo.

Segundo Freire, não existe educação sem amor "ama-se na medida em que se busca comunicação, integração, a partir da comunicação com os demais. (...)".

Sendo assim a educação afetiva engloba a escola como um todo a parti do respeito, da aceitabilidade, da compreensão moral e da autonomia de ideias. Porque a afetividade não se resume somente em troca de carinho, mas é através dela que se prepara o caminho para o desenvolvimento cognitivo.

Turatti, Pessolato e Silva (2011), afirmam que "O ambiente escolar obviamente pode influenciar de maneira positiva ou negativa esse processo de autovalorização, dependendo do tipo de relações que a criança estabelece com seus pares e com os adultos nesse ambiente".

A qualidade dos relacionamentos que acontecem dentro da escola deve ser uma preocupação constante da mesma. Deve-se valorizar o desenvolvimento afetivo, e não só o cognitivo, pois todos são questões fundamentais para o bom desenvolvimento da criança.

Saltine (2008 p. 15) ressalta que:

As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído em demasia para a construção e neuróticos por não entenderem de amor, de sonhos e fantasia, de símbolos e de dores.

O professor precisa dessa forma, promover atividades que estimule o sentimento de amizade e auxilio mutuo entre as crianças, o sentimento de importância uns para com os outros. Amizade e simpatia se desenvolvem através das trocas, do compartilhar, interagir, do conhecer um ao outro. Se o ambiente escolar não permitir esse tipo de relacionar-se, torna-se impossível o desenvolvimento afetivo.

De Paula e Farias, (2010) diz que:

Para haver aprendizagem deve haver troca, essa troca deve ser permeada de afeto. Precisamos não só ensinar o currículo, mas ensinar a amar, a ter empatia com o outro, e isso se dá através do afeto e da afetividade. Para isso precisamos da família e do lúdico, pois é através do lúdico que podemos ensinar com afeto.

Precisamos conhecer o aluno, saber quem ele é, está disposto a ajudar, valorizá-lo, socializá-lo, daí a aprendizagem pode se tornar mais prazerosa.

Saltine (2008, p.63) afirma que:

O professor (educador) precisa obviamente ouvir a criança. Deve conhecê- la não apenas na sua estrutura biofisiológica e psicossocial mas também na sua interioridade afetiva, na sua necessidade de criatura que chora, ri, dorme, sofre e busca constantemente compreender o mundo que o cerca, bem como o que ela faz ali na escola.

O autor nos mostra a necessidade de buscarmos desenvolver um vínculo afetivo com nosso aluno, precisamos entender aceitar que as crianças também são dotadas de necessidades e sentimentos que precisam ser respeitados e trabalhados de maneira a estreitar os vínculos afetivos.

Em fim para se estabelecer uma postura afetiva, o professor precisa antes de tudo, tratar a todos os alunos com igualdade, sem demonstrar maior ou menor sentimento um pelo outro. Da mesma forma, manter o diálogo com todos os alunos envolvidos, fazendo com que a vida na escola seja algo vibrante, alegre e de interesse dos alunos.

METODOLOGIA

A elaboração deste trabalho se deu através de fontes bibliográficas, foram estudados conceitos sobre como a afetividade pode influenciar positivamente no processo de ensino-aprendizagem de crianças da educação infantil.

Através da coleta de dados em material já elaborado busquei respostas para as indagações propostas, por meio da leitura de livros, artigos científicos, periódicos, sites da internet dentre outros, atenciosamente avaliadas.

Para GIL, (1999, p. 65), a pesquisa bibliográfica é:

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituindo principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

Essa pesquisa foi de caráter qualitativo, pois foi feito um levantamento de dados que foram devidamente analisados no decorre do processo de desenvolvimento deste trabalho, e os descrevi de acordo com minha compreensão do objeto de estudo.

Ao analisar em qual método minha pesquisa melhor se encaixaria, achei mais conveniente engloba-la no método indutivo, que de acordo com Lakatos e Marconi (1991), o método indutivo "caminha para planos mais abrangentes, indo das constatações particulares às leis e teorias gerais, em conexão ascendente".

Ainda nesse contexto, pude perceber que essa pesquisa por ter sido feita de com o intuito de procurar conhecer e interpretar a realidade, descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los, ela pode se enquadrada na pesquisa descritiva que para Gil (1991), "as pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática".

Em fim, toda metodologia empregada na construção deste trabalho teve como base materiais bibliográficos, que por sua vez colaborou para que através desta pesquisa fosse assinalando a importância do fator afetivo e cognitivo como base para aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A afetividade acompanha o indivíduo desde sua concepção e nas fases psíquicas que se seguem.

Na fase escolar, principalmente na educação infantil, período fundamental para formação do caráter, a afetividade exerce uma função importante no

desenvolvimento cognitivo e intelectual que intercambia as relações sociais que estão se formando.

Entende-se, portanto que afetividade e a sensibilidade do professor acima de tudo, irão permear autonomia, sucesso e realizações individuais enquanto seres humanos e cidadãos conscientes de seu papel na sociedade.

A sala de aula é um verdadeiro cenário de desafios, conflitos e emoções. Ao abordar a importância da afetividade na relação professor aluno, foi apresentado diferentes atitudes e comportamentos, que se não forem compreendidos e trabalhados em sala de aula, comprometem o relacionamento entre professor e aluno no processo de aprendizagem.

Nesse sentido, quando o professor adota uma postura que expresse o interesse no sucesso dos seus alunos, respeitando seus limites e individualidades, promove um ambiente agradável e propício para aprendizagem, tornando o aprender prazeroso.

A interação da afetividade entre sentimentos e emoções possibilita ao professor melhorar as intervenções pedagógicas no processo de ensino aprendizagem dos alunos na educação infantil. O ato de ensinar requer afeto, quando existe prazer em aprender, certamente aprende-se melhor.

REFERÊNCIAS

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DE PAULA, Sandra. R.; FARIA, Moaci. A. Afetividade na aprendizagem. Disponível em: <http://www.facsaoroque.br>. (Acesso em: 06 set. 2012).

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MOLON, K.S.; SANTOS, B.S. O papel do professor para o desenvolvimento afetivo emocional do aluno. III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS. 2008.

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TURATTI, Maria Sueli; PESSOLATO, Alícia G. T.; SILVA, Marília Marinho. A importância da Afetividade na Educação da Criança. Disponível em:

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WERLANG, Sandra Danieli, Afetividade e Aprendizagem na Educação Infantil, Disponível em: <http://hdl.handle.net>. (Acesso em: 05 ago. 2012)

WALLON, Henri. A evolução Psicológica da criança. Edições 70. Lisboa, 1995.

. Origens do pensamento da criança. São Paulo. Manole, 1995.

Como deve ser a relação do professor com o aluno?

A relação entre professor e aluno é essencial para que a vivência escolar aconteça de forma plena e prazerosa. É a partir desse contato que se constrói um vínculo importante para superar as dificuldades, sanar as dúvidas e desbravar o conhecimento. Nesse sentido, afetividade e inteligência estão muito conectadas.

Como deve ser a relação professor e estudante no processo de ensinar e aprender?

A relação estabelecida entre professores e alunos, constitui o elemento fundamental do processo de ensino aprendizagem. É por meio dela que professores aprendem e ensinam, levando em consideração a realidade que ambos vivenciam, construindo uma relação de afeto e confiança.

Qual a importância de uma boa relação entre professor e aluno?

Um bom relacionamento entre professor e aluno, gera uma melhor aprendizagem, tornando-se um intercessor por meio de componentes motivacionais, afetivos e relacionais na contribuição do ato de aprender.

Como é a convivência entre professor e aluno em sala de aula?

Os professores devem estar dispostos a ouvir os alunos e reconhecer seus interesses e habilidades individuais, assim como seus conhecimentos anteriores. Além disso, eles devem demonstrar que se importam com os estudantes e têm prazer em ajudá-los no processo educacional.