1 transplante de coração de porco

O paciente de 57 anos, com doença cardíaca terminal que fez história como a primeira pessoa a receber um coração de porco geneticamente modificado, faleceu na  terça-feira (8), no Centro Médico da Universidade de Maryland, segundo o hospital. As informações são da Reuters.

David Bennett havia passado por uma cirurgia de transplante nos Estados Unidos. Ele recebeu coração de porco geneticamente modificado, em 7 de janeiro de 2022.

Seu estado clínico começou a piora há vários dias, de acordo com o hospital, em comunicado emitido nesta quarta-feira (9). A nota dizia que Bennett recebeu “cuidados paliativos compassivos” depois que houve entendimento que seuquadro era irreversível.

O hospital também informou que antes de consentir em receber o transplante, “Bennett foi totalmente informado dos riscos do procedimento, e que o processo era experimental com riscos e benefícios desconhecidos”, disse o hospital.

Segundo informações do hospital, o paciente conseguiu se comunicar com a  família horas antes de morrer.

Relembre o caso

Na época, a  Food and Drug Administration dos EUA, órgão similar à Anvisa, concedeu autorização de emergência para a cirurgia em 31 de dezembro de 2021.

Bennett tinha uma doença cardíaca terminal, e o órgão do animal era “a única opção disponível atualmente”, de acordo com o comunicado emitido.

Ele foi considerado inelegível para um transplante de coração convencional ou uma bomba de coração artificial após revisões de seus registros médicos.

“Era morrer ou fazer esse transplante. Eu quero viver. Eu sei que é um tiro no escuro, mas é minha última escolha”, disse Bennett antes da cirurgia, em 7 de janeiro.

Após a cirurgia, o transplante de órgão havia demonstrado, pela primeira vez, que um coração de animal geneticamente modificado pode funcionar como um coração humano sem rejeição imediata pelo corpo.

Depois que Bennett foi transplantado, seu filho chamou o procedimento de “milagre”.

(Com informações da Reuters)

De  Rodrigo Barbosa  com Lusa  •  Últimas notícias: 12/01/2022

1 transplante de coração de porco

Direitos de autor  AP/AP

É uma estreia mundial: um norte-americano de 57 anos recebeu um transplante de um coração proveniente de um porco geneticamente modificado.

A operação foi realizada por uma equipa do Centro Médico da Universidade de Maryland, que recebeu uma autorização especial da agência reguladora norte-americana, face ao caráter terminal do paciente, David Bennett.

Em comunicado, Bennett disse que decidiu submeter-se à cirurgia pois a alternativa era morrer e "era a [sua] última hipótese", já que ele não era elegível para o transplante de um coração humano.

Bartley Griffith, cirurgião do Centro Médico da Universidade de Maryland:"É significativo porque não uma fonte de substitutos para orgãos humanos. [...] Há pessoas que, devido à escassez de corações humanos, não são incluídas nas listas de transplantes, devido à idade e outras razões."

A operação, que durou sete horas, foi realizada na passada sexta-feira.

Apesar de não ter havido rejeição imediata e do paciente estar, segundo os médicos, a recuperar bem, será preciso ainda esperar antes de declarar a cirurgia como um sucesso que, poderá assim, mudar e salvar vidas no futuro em todo o mundo.

1 transplante de coração de porco

David Bennett, de 57 anos, sobreviveu dois meses após a cirurgia inédita realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland (EUA), em janeiro

1 transplante de coração de porco

(Foto/AFP)

O primeiro coração de porco geneticamente modificado transplantado em um ser humano apresentava um vírussuíno, de acordo com Bartley Griffith, que realizou o procedimento. David Bennett, de 57 anos, sobreviveu dois meses após a cirurgia inédita realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland (EUA), em janeiro. Ainda é cedo para apontar qual foi a causa da morte do paciente e o papel do citomegalovírus suíno nela, destacou.

"Estamos começando a entender por que ele morreu", disse Griffith, em evento da Sociedade Americana de Transplante, no dia 20 de abril, segundo a revista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, a MIT Technology Review. O cirurgião acredita que o "vírus" pode ter sido o "ator" que desencadeou "tudo isso".

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A sobrevida de dois meses de Bennett, de qualquer forma, é uma grande vitória para a medicina e para a ciência. Para comparação o primeiro humano a receber transplante de coração convencional em 1967, viveu mais 18 dias. Nos anos seguintes, a técnica foi melhorada e vem salvando milhares de vidas.

Ao Estadão, a Universidade de Maryland reforçou que a causa da morte ainda é estudada. A instituição apenas apresentou resultados preliminares em um evento científico. "A pesquisa continua averiguando várias causas potenciais. Entre essas causas potenciais está o estado avançado de insuficiência cardíaca do paciente antes do transplante", afirmou, em nota.

A Universidade declarou que não há evidências de que o vírus tenha causado uma infecção no paciente ou infectado quaisquer tecidos ou órgãos além do coração. Também disse que o porco doador foi criado em uma instalação projetada para evitar infecções, e que ele passou por diversas testagens - inclusive pouco antes do transplante.

Transferir vírus suínos inofensivos aos porcos para humanos e desencadear pandemias, por exemplo, sempre foi um temor dos pesquisadores do xenotransplante. Para que isso não ocorra, a edição genética é fundamental para inativá-los. Essas alterações também são importantes para evitar desencadear uma reação imunológica do organismo humano. O coração recebido por Bennett contava com dez genes modificados.

Segundo a revista do MIT, o citomegalovírus encontrado não é capaz de infectar células humanas, porém, pode estar associado a reações que prejudicam o órgão e o receptor. Estudos com babuínos mostraram que quando a presença do vírus era detectada, a sobrevida passava de mais de seis meses para poucas semanas.

Ao jornal americano The New York Times, Griffith contou que a equipe fazia exames frequentes para acompanhar a saúde do órgão e do paciente. Em um deles, 20 dias após o procedimento, pequenos sinais do vírus foram detectados. Passados mais 20 dias Bennett ficou gravemente doente, e testes subsequentes mostraram um aumento acentuado da presença do DNA viral. A empresa de biotecnologia americana Revivicor, que cedeu o órgão, ainda não se manifestou.

O paciente, porém, sabia que corria esse risco antes de fazer o procedimento. Bennett não tinha outra escolha. Com doença cardíaca terminal, ele havia sido considerado inelegível para o transplante convencional ou para receber bomba cardíaca artificial. "Era morrer ou fazer esse transplante", declarou o americano. "Sei que é um tiro no escuro, mas é minha última escolha", disse.

A Food and Drug Administration (FDA), agência americana similar à Anvisa, no fim de 2021, deu autorização emergencial para Bennett receber o coração suíno.

Avanço

O procedimento pelo qual Bennett passou, junto a alguns outros testes pré-clínicos, inauguraram uma nova fase na pesquisa dos xenotransplantes (entre espécies distintas). Ganha espaço na comunidade científica a compreensão de que vale a pena autorizar testes do tipo.

David Cooper, cirurgião do Hospital Geral de Massachusetts (EUA) e um dos pioneiros nas pesquisas de xenotransplantes, disse à revista Nature que está na hora de "irmos para as clínicas" para ver como esses órgãos se comportam em humanos. Por ora, um grupo específico de pacientes deve receber o órgão modificado: doentes em fase terminal, quando o transplante seja a única terapia viável.

O transplante de um porco comum cria rejeição hiperaguda, que exige explante imediato. Por isso, cientistas modificam geneticamente esses animais. A edição envolve "knockouts" (bloqueios) e "knock-ins" (adições) de genes.

O pesquisador pega células de porcos recém-nascidos, bloqueia os genes responsáveis pela produção dos açúcares que geram a rejeição e insere genes humanos para moderar a resposta imune do paciente. A célula modificada é introduzida em um óvulo sem núcleo (sem material genético).

A busca por "órgãos adicionais" tem por trás uma limitação dos transplantes homólogos: não há órgãos suficientes para quem precisa e milhares morrem nas filas de espera - o que deve aumentar com a tendência de envelhecimento populacional.

Veja Também

Como está o homem que fez transplante do coração de porco?

David Bennett, de 57 anos, morreu no último mês de março. O coração do homem que recebeu o órgão geneticamente modificado de um porco estava com um vírus suíno, o porcine cytomegalovirus, segundo o médico que realizou o transplante inédito no mundo.

Onde foi feito o primeiro transplante de coração de porco?

O procedimento foi feito no dia 7 de janeiro deste ano por uma equipe da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.

O que aconteceu com o transplante de coração de porco?

David Bennett, de 57 anos, fez o transplante de coração em 7 de janeiro deste ano e morreu no dia 9 de março. Em comunicado à imprensa, a Faculdade de Medicina da instituição americana de ensino explicou que a morte de Bennett foi causada por um "conjunto complexo de fatores" que causou insuficiência cardíaca.

Porque homem que recebeu coração de porco morreu?

O homem que recebeu um transplante de coração de porco geneticamente modificado e morreu dois meses depois da cirurgia inovadora realizada nos Estados Unidos recebeu o órgão infetado com um citomegalovírus suíno, o que poderá ter contribuído para a sua morte, a 8 de março.