Relatório da UNESCO repensar a educação

Material foi apresentado em painel no VII Congresso de Educação da FENEP

Atualizado em: 19 de julho de 2022

Qual papel a educação pode desempenhar na formação dos cidadãos? O que devemos continuar fazendo? O que devemos deixar de fazer? O que é preciso reinventar? Foi com o objetivo de encontrar respostas para esses questionamentos que a Unesco reuniu especialistas no mundo inteiro durante dois anos. O resultado dessas reflexões está no Relatório “Reimaginar nosso futuro juntos, um novo contrato social para a educação”, apresentado no VII Congresso de Educação da FENEP, no dia 1 de julho. O painel contou com a participação da Coordenadora do Setor de Educação da UNESCO no Brasil, Maria Rebeca Otero Gomes e a mediação da Vice-Presidente da FENEP e Vice-Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Amábile Pacios.

Clique aqui e assista ao painel na íntegra.

Maria Rebeca contou que o material foi produzido a partir da necessidade de se criar um novo contrato social para a educação, a fim de se corrigir as injustiças do passado e transformar o futuro. “O relatório evidencia a necessidade urgente de repensar a educação frente aos desafios da atualidade. E traz dados que justificam essa necessidade, como índices altos de abandono escolar, de analfabetismo funcional, agravado pela pandemia da Covid-19”, salientou a coordenadora. Para a produção do material, participaram mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, entre especialistas, profissionais de educação e estudantes, que compartilharam suas ideias por meio de webinários temáticos.

Segundo a coordenadora da Unesco, o relatório aborda questões sobre a aprendizagem, como por que aprendemos, o que devemos aprender, como devemos ensinar e aprender, ou seja, os métodos utilizados, e como devemos organizar os espaços de aprendizagem. Entre as conclusões do documento está que deve haver uma transformação na educação, considerando três grandes mudanças recentes nas sociedades, relacionadas à globalização, à mudança climática e à revolução digital. A partir desses cenários, o relatório defende que a educação seja baseada em direitos humanos e respeito à diversidade cultural; a integração da educação ambiental esteja presente em todos os programas escolares; e o ensino de ferramentas digitais remotas para incutir tanto o domínio técnico como o senso crítico necessários ao seu uso adequado.

Maria Rebeca antecipou que a Unesco está organizando uma Cúpula da Educação Transformadora, que será elaborada na sede das Nações Unidas, em setembro deste ano, com a participação de ministros da educação de todos os países membros da ONU. O objetivo é implementar a recuperação da educação no pós-pandemia e transformar a educação trazendo a pedagogia da colaboração e da solidariedade.

A especialista acredita que a escola particular pode ser parceira da educação pública, contribuindo para a diminuição das diferenças entre essas duas áreas. “Alem de promover espaços de diálogos entre a rede pública e a privada, as escolas particulares poderiam compartilhar materiais e parte do conhecimento produzido”, sugeriu. Outra forma de fazer esse trabalho, na visão da especialista, é promovendo dentro de seus espaços privados discussões a respeito de temáticas como inclusão, diversidade, mudanças climáticas e igualdade de gênero. “A escola precisa promover uma educação que forme um cidadão global, que ele consiga interagir na sua comunidade. Essa é a visão de educação da Unesco para a educação”, salientou a palestrante.

A educação é o motor do mundo. Esse é o mote do Relatório de Monitoramento Global da Educação 2016, realizado pela UNESCO, cujo tema é “Educação para as Pessoas e o Planeta: criar futuros sustentáveis para todos”. Segundo o levantamento, é necessário repensar a educação para que ela extrapole o conceito de transmissão de informações. Ela precisa ser a ferramenta para o desenvolvimento, formando seres humanos com as habilidades necessárias para a construção de um mundo melhor.

O objetivo do relatório lançado neste ano é começar a monitorar e discutir os principais desafios relacionados à educação e ao cumprimento das metas descritas na Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelece as ações necessárias para a prosperidade do planeta.

Segundo a UNESCO, a educação tem um papel chave nesse processo e, com o auxílio do relatório, será possível analisar quais as políticas e programas de educação mais favoráveis para alcançar as prioridades da agenda, como questões políticas, ambientais, sociais e econômicas.

Muito além do diploma

A coordenadora de Educação da UNESCO no País, Rebeca Otero, em entrevista à Agência Brasil, afirmou que os brasileiros precisam fazer o exercício de repensar sua educação. Segundo ela, nossos processos são muito focados em metas, como o vestibular e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), além de os currículos serem baseados somente nos materiais didáticos e certos conteúdos programados. Para ela, a educação no Brasil ainda não é vista como um instrumento de melhoria da vida da população.

Rebeca Otero também explicou que a educação precisa ser construída com base em quatro pilares, que são aprender a conhecer, a fazer, a ser e a viver juntos. Para a coordenadora, é importante fomentar a autonomia e o desenvolvimento, além de estimular a troca de ideias, a liberdade de expressão e o respeito. Com isso, se faz a educação.

Educação e o futuro

Todos os 17 objetivos e 169 metas da agenda 2030 da ONU caminham para um mesmo destino: o desenvolvimento sustentável do planeta, das questões sociais e da qualidade de vida. Nesse processo, a educação é colocada como protagonista e, por esse motivo, precisa ser repensada para suprir as ausências e auxiliar nos objetivos.

Entre as análises feitas no relatório está a questão dos conhecimentos ambientais, um dos temas chave da agenda. Os dados mostram que cerca de 40% dos alunos de 15 anos de idade têm apenas noções básicas do assunto. Em alguns países da América Latina, como Brasil e Argentina, o percentual sobre para 60%. Segundo a UNESCO, é essencial que as escolas apresentem os problemas ambientais aos alunos, bem como as consequências para o planeta e as formas de evitá-los.

Além do tema ambiental, o estudo da UNESCO abordou outro assunto de importância para o futuro: a relação entre educação e trabalho. Os dados apontam que muitos sistemas educacionais não estão acompanhando as demandas do mercado, que exige profissionais cada vez mais qualificados. Segundo o relatório, é possível que em 2020 não haja profissionais suficientes para suprir essas necessidades e que exista uma ausência de 40 milhões de trabalhadores com ensino superior.

A Unesco também concluiu que o principal fator que dificulta a educação é a pobreza. Por outro lado, a organização aponta o acesso ao ensino como uma das ferramentas que diminuem esse problema. Os dados do relatório mostram que os jovens mais pobres têm cerca de cinco anos a menos de escolarização do que os ricos, em uma análise feita em 101 países de média e baixa renda, com pessoas de 20 a 24 anos.

  • Fonte: Universia Brasil

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