Quem foi o primeiro presidente brasileiro após o término da ditadura militar?

O marechal Humberto Castello Branco foi o primeiro presidente brasileiro durante o período da Ditadura Militar. Seu governo iniciou-se a partir da escolha do marechal para presidente em eleição indireta realizada em 11 de abril de 1964 e estendeu-se até 1967. O governo de Castello Branco foi o responsável por implantar as bases do aparato repressor que se estabeleceu durante o que ficou conhecido como “anos de chumbo”.

Tópicos deste artigo

  • 1 - Posse de Castello Branco
  • 2 - AI-1 e o início da repressão
  • 3 - AI-2 e AI-3
  • 4 - Política econômica

Posse de Castello Branco

Humberto Castello Branco assumiu a presidência do Brasil em 15 de abril de 1964 e substituiu Ranieri Mazzilli, que presidiu o país de maneira provisória após a destituição de João Goulart com o Golpe Civil-Militar de 1964. Na eleição indireta realizada em abril de 1964, Castello Branco concorreu com Juarez Távora e Eurico Gaspar Dutra, mas saiu vencedor, recebendo praticamente 99% dos votos.

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AI-1 e o início da repressão

Castello Branco já assumiu o governo com o Brasil regido pelo decreto conhecido como Ato Institucional nº 1. O AI-1, como também se chama esse ato, cumpria exatamente o objetivo de justificar a deposição de João Goulart e de criar o aparato jurídico para permitir que a ditadura impusesse a repressão e a perseguição aos seus opositores políticos.

O AI-1 não anulou a Constituição de 1946, mas realizou modificações pontuais na Carta Constitucional do país. Ele deu poderes para que o governo de Castello Branco realizasse inúmeros expurgos tanto nos meios militares quanto nos meios civis. O historiador Boris Fausto fala que, em números conservadores, a repressão iniciada a partir do AI-1 resultou no expurgo de cerca de 1400 pessoas da burocracia civil e cerca de 1200 nas Forças Armadas|2|.

No campo político, 41 parlamentares tiveram seus direitos políticos cassados – a maioria era composta por políticos do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Também foram cassados os mandatos de governadores notoriamente nacionalistas que não haviam compactuado com o golpe, como foi o caso dos governadores de Pernambuco, Sergipe e Goiás (Miguel Arraes, Seixas Dória e Mauro Borges, respectivamente).

Leia também: O que é Golpe de Estado?

Com o AI-1, também se iniciou uma forte repressão aos movimentos sociais. Os dois grandes alvos foram o movimento estudantil e o movimento dos camponeses. A sede da UNE foi invadida e incendiada e logo a organização foi colocada na clandestinidade. Outro movimento que sofreu foram as Ligas Camponesas, que foram duramente reprimidas e também colocadas na ilegalidade.

O historiador Marcos Napolitano aponta que a repressão instaurada a partir do governo de Castello Branco tinha os seguintes objetivos: “acabar com a elite reformista de esquerda e centro-esquerda, dissolver os movimentos sociais organizados e reorganizar o Estado na direção de uma nova etapa de acumulação de capital”|3|.

Um dos mecanismos mais importantes da repressão que surgiram com o AI-1 foram os Inquéritos Policiais Militares (IPM). Os IPMs eram mecanismos de investigação e repressão que a ditadura utilizava para combater os opositores, chamados de subversivos. Eram realizados, em geral, por coronéis radicais. Logo após o golpe, mais de 10 mil pessoas tornaram-se réus pelos IPMs|4|.

O AI-1 tinha data de validade para funcionar, pois, em 31 de janeiro de 1966, o decreto perderia sua validade. Até outubro de 1965, novas eleições deveriam ser realizadas. Isso dava esperanças para muitos de que a normalidade da democracia retornasse ao país, mas o regime militar possuía outros planos.

AI-2 e AI-3

O Ato Institucional nº 2 foi decretado no final de 1965 e foi uma resposta da insatisfação que existia nas Forças Armadas com o governo de Castello Branco. O presidente brasileiro era enxergado como muito moderado, e as pressões levaram o presidente a endurecer mais ainda o regime. O AI-2 fortaleceu o poder do Executivo e decretou que a escolha dos presidentes aconteceria a partir de eleições indiretas.

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Quadros conservadores bastante influentes da sociedade romperam abertamente com a Ditadura Militar. Destacaram-se os nomes de Carlos Lacerda e Ademar de Barros, mas principalmente o primeiro por ter fundado um grupo político que repercutiu consideravelmente na época: Frente Ampla.

A Frente Ampla foi criada por Carlos Lacerda como movimento de oposição à Ditadura Militar. O jornalista e político demandava o retorno das eleições presidenciais diretas e defendia a continuidade do projeto de desenvolvimento econômico do país. Lacerda procurou seus antigos desafetos, Juscelino Kubitschek e João Goulart, e convenceu ambos a aderir ao seu movimento. A Frente Ampla foi colocada na ilegalidade no começo de 1968.

Veja também: Governo de Juscelino Kubitschek e Governo de João Goulart (Jango)

O Ato Institucional nº 3 foi decretado em fevereiro de 1966 e estipulou o sistema bipartidário no país. Houve então o surgimento da Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), este conhecido como oposição consentida. O AI-3, além disso, decretou que eleições para governadores e prefeitos também seriam indiretas.

Outros destaques que podem ser feitos a respeito do governo de Castello Branco foi a criação do Serviço Nacional de Informação (SNI), além da Lei de Segurança Nacional e o decreto do AI-4, que autorizou a redação de uma nova Constituição para o Brasil, outorgada em março de 1967. No entanto, o enfraquecimento de Castello Branco nas Forças Armadas resultou na escolha de Artur Costa e Silva como o novo presidente do país.

Política econômica

Na política econômica, o governo de Castello Branco ficou caracterizado pela adoção de uma política de austeridade que tinha como objetivos principais o controle da inflação e o combate ao endividamento público. Exatamente para isso foi criado o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG).

O PAEG buscava exatamente reduzir o endividamento do governo, principalmente a partir do controle dos gastos. Com o PAEG, foi decretada uma nova política de reajuste salarial, na qual o governo criou um cálculo para que o reajuste do salário do trabalhador sempre fosse menor que a inflação do ano anterior. Assim, o caráter de austeridade da política econômica do governo tornava-se perceptível com o controle sobre os salários.

O governo de Castello Branco também criou uma série de exigências para permitir que uma greve fosse realizada. Na prática, a Lei de Greve tornava praticamente impossível a realização de greves no país. Por fim, também foram facilitadas as condições de demissão de funcionários com a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

A política de austeridade implantada por Castello Branco deu resultados, e a inflação no país cedeu e reduziu-se a partir de 1965. De toda forma, o PAEG é enxergado por muitos historiadores como uma ação do governo para atender aos interesses do grande empresariado que havia apoiado o Golpe de 1964, pois arrochou salários e criou mecanismos que facilitavam a demissão dos trabalhadores.

O único ponto do governo que desagradou fortemente ao empresariado nacional foi o controle sobre a liberação de crédito. Essa política, no entanto, foi revogada durante o governo de Costa e Silva. Considera-se que a política de austeridade de Castello Branco abriu o caminho para o que ficou conhecido como “Milagre Econômico”.

|1| Ato Institucional nº 1. Para acessar, clique aqui.
|2| FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 399.
|3| NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2016, p. 71.
|4| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 457.

*Créditos da imagem: FGV/CPDOC

Por Daniel Neves
Graduado em História

Quem foi o primeiro presidente após a ditadura militar?

Observação: Foi o primeiro Presidente eleito pelo voto popular depois de 25 anos de regime de exceção. Seu curto período de Governo foi marcado por escândalos de corrupção o que levou a Câmara dos Deputados a autorizar a abertura do processo de Impeachment em 02.10.1992 e Collor foi afastado do poder.

Quais foram os presidentes depois da ditadura militar?

Ex-presidentes vivos.
José Sarney. serviu de 1985–90. n. 1930 (92 anos).
Fernando Collor. serviu de 1990–92. n. 1949 (73 anos).
Fernando Henrique Cardoso. serviu de 1995–2003. n. 1931 (91 anos).
Luiz Inácio Lula da Silva. serviu de 2003–11. n. 1945 (77 anos).
Dilma Rousseff. serviu de 2011–16. n..

Quem foi o segundo presidente do Brasil após a ditadura militar?

Ditadura militar brasileira.

Qual é o nome do primeiro presidente brasileiro?

Cerimônia de posse do Presidente Deodoro da Fonseca como primeiro Presidente da República, em 26 de Fevereiro de 1891.