Show No último mês de maio, a Netflix lançou a segunda temporada de “O Mecanismo”, série brasileira inspirada na Operação Lava Jato que mostra referências a fatos da política nacional misturadas com situações de ficção. Na primeira temporada, esta coluna abordou o que era verdade ou não nas cenas apresentadas pela produção. Agora, chegou a vez de saber quais foram os acontecimentos reais retratados no segundo ano ou que se tratam apenas de casos ficcionais criados para a trama. Lan�amentos 29 Abr Curiosidade 24 Abr Para seguir uma ordem que facilite o decorrer da história, o texto é dividido por cada um dos oito episódios, com os principais ocorridos e suas diferenças ou semelhanças com o mundo real. Confira:
Episódio 1Marco Rufo 100% ficcional
Personagem inspirado no delegado aposentado Gerson Machado, que seria responsável pelo começo da Operação Lava Jato, Marco Ruffo (Selton Mello) passa a ter 100% das suas ações ficcionais nesta segunda temporada. Como o papel de Gerson foi apenas como um precursor de toda a história na vida real, a série mantém Ruffo como um protagonista que atua nos bastidores da investigação policial. Desta maneira, seus atos passam a ser decisivos nas referências ao que foi fato no Brasil. Secret�ria Maria Tereza
A trama mostra a secretária Maria Tereza (Anna Cotrim) como uma funcionária responsável pelos pagamentos de propina da empreiteira Miller & Bretch. Após a companhia parar de pagar a clínica de dependentes químicos onde seu filho estava internado, devido ao seu contato com Ruffo, passa a colaborar com a Lava Jato. Na vida real, a personagem retrata Maria Lúcia Tavares, secretária da Odebrecht presa pela Polícia Federal após ter seu nome citado em documentos apreendidos. Ela passou a colaborar com a PF pouco tempo depois de ter sido detida. Tornozeleira eletr�nica de Ibrahim
Em um dos acontecimentos “fake” da série, o doleiro Roberto Ibrahim (Enrique Diaz) consegue retirar a tornozeleira eletrônica com um papel alumínio, para enganar a polícia e realizar contrabando de cigarros pessoalmente. Na realidade, Alberto Youssef – inspiração para o personagem – permanece em prisão domiciliar desde novembro de 2016, quando deixou a cadeia. Até o momento, não há qualquer sinal de nova atuação criminosa do doleiro. Episódio 2Cunhada de Ibrahim
A série mostra que a cunhada de Ibrahim, junto com a sua esposa, pegou R$ 20 mil de uma das contas que ligavam Ricardo Bretch (Emílio Orciollo Netto) ao doleiro. Contudo, a falecida cunhada de Youssef, na vida real, somente aparece quando o juiz Joaquim Pereira Alves, da 3ª Vara Criminal de Maringá, afirma que ela era usada como laranja para efetuar movimentações financeiras ilegais. Episódio 3Ricardo Brecht, o �ltimo empreiteiro a ser preso
Na trama da Netflix, o presidente da Miller & Brecht foi o último do chamado “Clube dos 13” – como era chamado o grupo das maiores empreiteiras do país – a ser detido pela Polícia Federativa. A situação foi semelhante na realidade: Marcelo Odebrecht também ficou mais tempo sem ir para a cadeira, dentre os oligarcas da construção civil. A sua detenção foi considerada um troféu para os investigadores. Episódio 4Habeas corpus de Ricardo Bretch negado pelo STF
Em “O Mecanismo”, a defesa de Ricardo Bretch teve habeas corpus negado pelo STF e teve de continuar na prisão – mesmo com expectativas de sua soltura. Na vida real, o ministro Dias Toffoli também manteve a detenção de Marcelo Odebrecht, em 3 de março de 2016, após pedido que já havia sido negado anteriormente pelo STJ. Lista de perguntas e respostas em depoimento
Na ficção, Ricardo Brecht entrega ao juiz Paulo Rigo (Otto Jr.) uma lista com 60 perguntas e respostas em seu depoimento, após ter o habeas corpus negado pelo STF. A série apresenta o chefe da empreiteira declarando todos os itens da relação, de forma a antecipar as questões e formulasse as suas próprias – além de responder o que quisesse. Em seu depoimento feito no dia 30 de fevereiro de 2015, Marcelo Odebrecht chegou a dar a lista de 19 páginas com as 60 perguntas e respostas prontas a Sergio Moro. Episódio 5Ibrahim e o contrabando no Paraguai
O quinto episódio da segunda temporada de “O Mecanismo” é caracterizado pela perseguição de Ruffo a Roberto Ibrahim no Paraguai, onde o doleiro realizava contrabando de cigarros em uma casa noturna. A situação da vida real consiste na mesma já explicada do primeiro episódio: Youssef não chegou a ser detido novamente e vive com tornozeleira eletrônica desde que fechou acordo com a Polícia Federal. Nomes de partidos
No final do episódio, Ruffo cita – na narração – nominalmente os partidos PT, PMDB e PSDB. Esse é uma mudança de tom adotada na série durante a segunda temporada. Na primeira, o Partido dos Trabalhadores, por exemplo, era mencionado pela sigla PO (Partido Operário). Outras situações, como a alternância entre chamar “Polícia Federativa” ou “Polícia Federal”, também demonstram a alteração para este ano da trama. Se, por um lado, a criação do universo passa a ter inconsistência; por outro, a criação de José Padilha cria mais referências ao mundo real. Episódio 6Penha e Janete
O episódio 6 aborda a ideia de um Impeachment de Janete, tratada pelo então vice-presidente Samuel Thames (Tonio Carvalho), o senador Lúcio Lemes (Michel Bercovicht) – referência a Aécio Neves – e o presidente da Câmara e deputado Carlos Henrique Penha (Augusto Madeira). Este último chega ainda a tentar negociar com a presidente uma saída para ele não levar o pedido adiante no Legislativo, mas Janete se fecha a negociações. O personagem desempenha um papel semelhante ao de Eduardo Cunha, quando conduziu o processo de Impeachment de Dilma, com quem não conseguia manter diálogos para qualquer acordo. Episódio 7Dela��o de Tom Carvalho
Antes que Ricardo Brecht aceitasse falar tudo o que sabia, Tom Carvalho (Carlos Meceni), empreiteiro da OSA, confessa as reformas em um triplex e um sítio para o ex-presidente Gino (Arthur Kohl). No entanto, a delegada Verena (Carol Abras) afirma ser melhor checar as informações antes de fechar acordo de delação premiada. O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, iniciou as negociações em abril de 2016 com a Lava Jato e deu as declarações sobre Lula, as quais foram importantes para a sentença contra o ex-presidente. Somente quase três anos depois, a delação premiada do executivo foi fechada. Condu��o coercitiva de Gino
Outro acontecimento importante na trama foi a condução coercitiva de Gino para depor na PF. A série mostra um constrangimento por parte dos policiais para executar a operação e ainda credita o dia 4 de março de 2016 para o ocorrido. Além de ter ocorrido a condução coercitiva do ex-presidente Lula na vida real, a data completa também foi a mesma da citada pela série. Grampo no seguran�a de Gino
O episódio ainda exibe a interceptação da conversa entre Gino e a presidente Janete Ruscov, na tentativa de colocar o ex-presidente como ministro do seu governo para ganhar foro privilegiado, por meio do celular grampeado do segurança de João Higino. O áudio foi divulgado pelo juiz Rigo propositalmente. A situação aconteceu de forma semelhante na realidade, quando Dilma e Lula tiveram o áudio da conversa revelado por Moro. Até mesmo o telefone grampeado no mundo real era do segurança do ex-presidente. Episódio 8Power Point
O último episódio exibe uma apresentação em Power Point criada por Dimas Donatelli, com os indícios de culpa do ex-presidente Gino nos casos de corrupção ligados às empreiteiras. O famoso Power Point foi uma referência à versão original e real criada por Deltan Dallagnol e mostrada durante a denúncia contra Lula. Depoimento de Ricardo Brecht
Ao decidir colaborar com a Lava Jato, Ricardo Bretch admite ter contribuído com partidos políticos de forma ilegal. Ele declara nunca ter conversado sobre o tema com a presidente Janete, mas confessou ter entregado R$ 15 milhões ao senador Lemes e R$ 10 milhões ao vice-presidente Thames. O que foi falado na série se trata da adaptação exata do depoimento dado por Marcelo Odebrecht, após fechar acordo de delação premiada, sobre Dilma, Aécio Neves e Michel Temer. Refer�ncia a Bolsonaro
Por último, no momento de votação do Impeachment de Janete Ruscov, surge um deputado com discurso sobre a ditadura militar, de 1964, e cita o “coronel que apavora a presidente Janete”. O personagem consiste em uma referência ao atual presidente Jair Bolsonaro, o qual teve uma fala semelhante na hora de dar seu voto para o afastamento da então presidente Dilma Rousseff. O que você achou da segunda temporada de “O Mecanismo”, da Netflix? Participe conosco! Quem é o mago do mecanismo na vida real?Pessoas. Quem é Ricardo Brecht na vida real?Emílio Orciollo NettoRicardo Brecht / Interpretado pornull
Quando saiu a segunda temporada de O mecanismo?A Netflix anunciou, nesta segunda-feira (29), a volta da série “O Mecanismo”. A segunda temporada da produção brasileira, dirigida por José Padilha, estreia no dia 10 de maio.
Quantos episódios tem a segunda temporada de O mecanismo?Os oito episódios da segunda temporada de O mecanismo estão disponíveis a partir desta sexta-feira (10/5) na Netflix. Após uma primeira temporada polêmica, a série nacional O mecanismo, sobre os desdobramentos da Operação Lava-Jato, está de volta.
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