Que maneira os ciclos naturais interferem nas atividades dos povos indígenas?

De segunda a sexta, o despertador de Joaquim toca às seis da manhã. Hoje é seu aniversário de dez anos, mas nem por isso ele pode dormir até mais tarde. Logo cedo, os parentes de Joaquim, que vivem no Sul, ligaram para desejar um feliz aniversário ao garoto. De quebra, o convidaram a passar um mês, durante o verão, na casa deles. No cotidiano de Joaquim, assim como no nosso, é fácil encontrarmos várias referências de tempo e de espaço: hora, dia, estações do ano — como o verão — e pontos cardeais, como o Sul, por exemplo. Elas são utilizadas porque tornam nossa vida mais fácil.

Que maneira os ciclos naturais interferem nas atividades dos povos indígenas?

Imagine se o relógio de cada aluno marcasse uma hora diferente dos demais! A turma jamais chegaria junta à escola, certo? Por isso, é preciso que haja um horário comum. Ou seja, uma unidade de tempo que vale para um grupo de pessoas, que pode ser de um mesmo país, religião ou tribo. Tribo?! Sim, senhor! Assim como nós, os índios também adotaram unidades de tempo e espaço… Aliás, elas se parecem muito com as nossas!

Não é à toa. Afinal, as unidades de tempo e espaço indígenas foram estabelecidas de acordo com os ciclos dos corpos celestes. Como assim? Bem, há cerca de quatro mil anos, os índios já percebiam que os fenômenos naturais se repetiam: o dia é seguido da noite; o mar sobe e desce constantemente; a época do ano em que faz frio (inverno) é seguida daquela em que as flores nascem (primavera), depois vem a quente e úmida (verão) e o período em que as flores caem (outono), e depois tudo recomeça! Eles observaram que os ciclos são influenciados pelos movimentos aparentes do Sol e da Lua ou pela posição de certas estrelas no céu. E não pararam por aí!

Notaram ainda que tais ciclos influenciam o comportamento dos seres vivos. Isto é, conforme a época do ano, por exemplo, as árvores florescem, os animais procriam e os frutos germinam. A partir dessas observações, os indígenas procuraram definir o melhor momento para plantar e colher alimentos, caçar, pescar e até comemorar datas especiais. Então, criaram objetos com funções parecidas as dos nossos relógio e calendário para organizar tais atividades ao longo de seu ano!

Pode-se dizer que o Sol foi quem mais despertou a atenção dos índios. A maioria das tribos brasileiras mede o tempo a partir do movimento aparente desse astro no céu, com o Relógio Solar. Feito de uma haste cravada verticalmente no chão, ele perrmite saber as horas pela posição da sombra projetada num terreno horizontal. O instrumento também permite identificar as estações do ano e os pontos cardeais — Norte, Sul, Leste e Oeste — pela posição do nascer e do pôr-do-sol, que varia ao longo do ano.

Que maneira os ciclos naturais interferem nas atividades dos povos indígenas?

Arte computacional de gravuras rupestres representando o Sol e a Lua (imagem: reprodução/Arqueoastronomia brasileira)

Você deve estar curioso para saber como os índios medem o tempo à noite, sem o auxílio do Sol. Bem, de noite um outro astro entra em cena: a Lua! Ela é o segundo corpo celeste mais importante para os habitantes da floresta. A Lua possibilita não só medir o tempo, como também saber a melhor hora para caçar e pescar. Quer saber como? Então continue a leitura!

Os textos sobre astronomia indígena foram escritos com a ajuda do professor de física Germano Bruno Affonso, da Universidade Federal do Paraná.

5 maneiras que os povos indígenas estão ajudando o mundo a alcançar a #FomeZero

17 Agosto 2019ODS

FAO destaca que povos indígenas e seus sistemas alimentares podem fornecer respostas à insegurança alimentar e às mudanças climáticas.

Os povos indígenas constituem apenas 5% da população mundial, mas são no entanto, gestores vitais do meio ambiente.

De acordo com Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, 28% da superfície terrestre do mundo, incluindo algumas das áreas florestais mais ecologicamente intactas e biodiversas, são gerenciadas principalmente por povos indígenas, famílias, pequenos proprietários e comunidades locais.

Que maneira os ciclos naturais interferem nas atividades dos povos indígenas?

A TerraMatch reúne uma série de recomendações baseadas na qualidade do solo e nos tipos de árvores para facilitar a tarefa por parte de governos, inciativas privadas e cidadãos.

Florestas

A agência da ONU aponta que essas florestas são cruciais para reduzir as emissões de gases e manter a biodiversidade. Os alimentos indígenas também são particularmente nutritivos, e seus sistemas alimentares associados são notavelmente resilientes ao clima e bem adaptados ao meio ambiente.

Para a FAO, os modos de vida dos povos indígenas e seus meios de subsistência podem ensinar ao mundo muito sobre como preservar os recursos naturais, suprir e cultivar alimentos de maneira sustentável, vivendo em harmonia com a natureza. A agência acredita que mobilizar o conhecimento que se origina desse patrimônio e desses legados históricos é importante para enfrentar os desafios que a agricultura e os alimentos enfrentam hoje e no futuro.

Na lista abaixo a FAO apresenta cinco das muitas maneiras em que os povos indígenas estão ajudando o mundo a combater a mudança climática:

  • 1. Suas práticas agrícolas tradicionais estão melhor adaptadas a um clima em mudança

    Ao longo dos séculos, os povos indígenas desenvolveram técnicas agrícolas adaptadas a ambientes extremos, como as grandes altitudes dos Andes ou os campos secos do Quênia. Suas técnicas testadas pelo tempo, como terraços para evitar a erosão do solo ou jardins flutuantes para fazer uso de campos inundados, são bem adequados para os eventos climáticos cada vez mais extremos e mudanças de temperatura provocadas pela mudança climática.

  • 2. Conservam e restauram florestas e recursos naturais

    Os povos indígenas se veem ligados à natureza e como parte do mesmo sistema que o ambiente em que vivem. Eles adaptaram seus estilos de vida para se adequar e respeitar seus ambientes. Nas montanhas, os sistemas de manejo da paisagem dos povos indígenas preservam o solo, reduzem a erosão, conservam a água e diminuem o risco de desastres. Nas pastagens, as comunidades pastoris indígenas gerenciam o gado pastando e cultivando de forma sustentável, preservando a biodiversidade das pastagens. Na Amazônia, a biodiversidade dos ecossistemas melhora quando os indígenas os habitam.

  • 3. Seus alimentos e tradições podem ajudar a expandir e diversificar as dietas

    O mundo atualmente depende muito de um pequeno conjunto de culturas básicas. Apenas cinco culturas, arroz, trigo, milho, milheto e sorgo, fornecem cerca de 50% de nossas necessidades energéticas. Repleto de colheitas nativas nutritivas, como quinoa e oca, os sistemas alimentares dos povos indígenas podem ajudar o resto da humanidade a expandir sua restrita base alimentar para incorporar ervas, arbustos, grãos, frutas, animais e peixes que podem não ser bem conhecidos ou usados outras partes do mundo.

  • 4. Eles cultivam culturas indígenas que são mais resistentes às mudanças climáticas

    Como muitos povos indígenas vivem em ambientes extremos, eles escolheram culturas que também se adaptaram a essas condições. Os povos indígenas geralmente cultivam um conjunto de espécies nativas de culturas e uma série de variedades que são melhor adaptadas aos contextos locais e são frequentemente mais resistentes a secas, altitude, inundações ou outras condições extremas. Usadas mais amplamente na agricultura, essas plantações poderiam ajudar a construir a resiliência das fazendas que agora enfrentam mudanças, com climas mais extremos.

  • 5. Eles supervisionam uma grande parte da biodiversidade do mundo

    Territórios indígenas tradicionais abrangem 28% da superfície terrestre do mundo, mas abrigam 80% da biodiversidade do planeta. Preservar a biodiversidade é essencial para a segurança alimentar e nutricional.  O acervo genético de plantas e espécies animais é encontrado em todos os biomas terrestres, assim como rios, lagos e áreas marinhas. Vivendo vidas naturalmente sustentáveis, os povos indígenas preservam esses espaços, ajudando a preservar a biodiversidade de plantas e animais na natureza.

Que maneira os ciclos naturais interferem nas atividades dos povos indígenas?

Nas florestas andinas, as comunidades indígenas estão plantando árvores medicinais, e que são fonte de alimento e de água. 

A FAO considera os povos indígenas como parceiros inestimáveis ​​no fornecimento de soluções para as mudanças climáticas e na criação de um mundo com #FomeZero. Jamais conseguiremos soluções de longo prazo para as mudanças climáticas e a segurança alimentar e nutricional sem buscar ajuda e proteção dos direitos dos povos indígenas.            

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Que maneira a repetição dos ciclos dos corpos celestes interfere nas atividades dos povos indígenas?

Resposta verificada por especialistas. Os ciclos naturais, tais como as estações do ano e os períodos de reprodução dos animais, interferem nas atividades dos povos indígenas como um dos elementos que dita o seu ritmo.

Como é a relação dos povos indígenas com a natureza?

Respeito e equilíbrio, a relação entre os índios e a natureza é pautada por dois elementos básicos para o dia a dia de qualquer ser humano. O relacionamento que também envolve o afeto faz com que os índios vivam uma relação mais próxima e sagrada, como se a terra fosse a grande mãe.

Como os povos indígenas fazem uso dos recursos naturais?

Nas montanhas, os sistemas de manejo da paisagem dos povos indígenas preservam o solo, reduzem a erosão, conservam a água e diminuem o risco de desastres. Nas pastagens, as comunidades pastoris indígenas gerenciam o gado pastando e cultivando de forma sustentável, preservando a biodiversidade das pastagens.

Qual a importância da natureza para os povos indígenas?

Culturalmente, a natureza representa para os indígenas muito mais do que um meio de subsistência. Representa o suporte da vida social e está diretamente ligada aos sistemas de crenças e conhecimentos, além de uma relação histórica.