Qual foi o escândalo literário provocado por Carlos Drummond de Andrade em 1928?

Para celebrar o Dia do Poeta, comemorado no dia 20 de outubro, vamos falar de um dos grandes modernistas brasileiros: Carlos Drummond de Andrade. Apesar de também ser cronista e contista, foi na poesia que ele mais se destacou, sendo o poeta que melhor representou o espírito da Segunda Geração Modernista.

Se você não conhece Drummond, não tem problema! Vamos falar da sua vida, obra e importância nos vestibulares brasileiros neste artigo. Confira!

A vida de Drummond

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira de Mato Dentro, interior de Minas Gerais, em 1902. Em 1921, começou a publicar artigos no Diário de Minas, que reunia adeptos do Movimento Modernista Mineiro. Logo em seguida, em 1922, ganhou um prêmio de 50 mil-réis, no Concurso da Novela Mineira, com o conto Joaquim do Telhado.

Por insistência de sua família, Drummond matriculou-se no curso de Farmácia da Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte. Ele concluiu o curso em 1925, mas nunca exerceu a profissão. Nesse mesmo ano, fundou “A Revista”, que se tornou um veículo de afirmação do Modernismo Mineiro.

O poeta lecionou Português e Geografia em Itabira, mas a vida no interior não lhe agradava, e ele acabou voltando para Belo Horizonte, empregando-se como redator no “Diário de Minas”.

Drummond publicou o poema No Meio do Caminho, na “Revista de Antropofagia” de São Paulo, provocando um escândalo com a crítica da imprensa em 1928. Diziam que não era poesia, mas uma provocação, pela repetição do poema. Como também pelo uso de frases como “tinha uma pedra” em lugar de “havia uma pedra”.

Em 1930, Drummond publicou seu primeiro livro, intitulado Alguma Poesia, em que retrata a vida cotidiana, as paisagens, as lembranças, com certo pessimismo, deixando transparecer sua ironia e humor. Drummond abriu o livro com o Poema de Sete Faces, em que mostra sua inquietação e originalidade, que veio a se tornar um dos seus poemas mais conhecidos. Também fazem parte do livro os poemas: No Meio do Caminho, Cidadezinha Qualquer e Quadrilha.

Ainda em 1930, Drummond ingressou no serviço público como auxiliar de gabinete da Secretaria do Interior. Quatro anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro e empregou-se como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, Ministro da Educação, onde permaneceu até 1945.

Entre os anos de 1945 e 1962, foi funcionário do Serviço Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Durante toda sua vida, Drummond passou pela poesia irônica, social, metafísica e erótica — sendo a última a que o acompanhou até o final. Foram 84 anos de pura poética, até que o escritor finalmente fechou seus olhos e veio a falecer em 17 de agosto de 1987, vítima de um infarto e insuficiência respiratória. 

A obra de Drummond

Poeta da Segunda Geração Modernista, a maior figura da Geração de 1930, embora tenha escrito ótimos contos e crônicas, Drummond se destacou mesmo como poeta.

A poesia da Segunda Geração Modernista foi essencialmente uma poesia de questionamento em torno da existência humana, do sentimento de estar no mundo, das inquietações sociais, religiosas, filosóficas e amorosas. Drummond é o poeta que melhor representa essa geração.

Seu estilo poético é atravessado por traços de ironia, observações do cotidiano, pessimismo diante da vida e humor. Drummond fazia verdadeiros “retratos existenciais” e os transformava em poemas com maestria. Foi também tradutor de diversos autores, como Balzac, Federico Garcia Lorca e Molière. 

Drummond nos vestibulares do Brasil

Se você está se preparando para o vestibular ou conhece alguém que esteja, estudar Carlos Drummond de Andrade é uma ótima dica.

É impossível que alguém nunca tenha ouvido falar sobre “uma pedra no caminho” ou tenha suspirado e dito “E agora, José?”. Drummond conseguiu a proeza de cair na graça do povo, mesmo que muita gente o cite sem saber direito o contexto.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ao contrário de alguns vestibulares para o ingresso nas principais universidades do País, não disponibiliza uma lista com as obras literárias exigidas para a realização da prova.

Apesar disso, a Literatura Brasileira está muito presente na prova. Cada edição da prova costuma ter entre 10 e 15 questões relacionadas a esse assunto. Um levantamento feito pela SAS Plataforma de Educação, com edições do Enem de 2009 a 2018 (divulgado pelo Estadão), indica que o poeta mineiro é o líder no ranking de escritores mais cobrados no Enem.

É importante ressaltar que os questionamentos levantados nos testes não são óbvios, como, por exemplo, a data em que determinado livro foi publicado ou o nome de algum personagem. O exame exigirá, na verdade, uma análise crítica a respeito da obra e de seu contexto histórico. É importante, sim, saber as datas em que os autores escreveram e publicaram seus livros, mas como forma de compreensão a respeito do que acontecia na sociedade da época, já que ela está diretamente refletida nos textos literários.

Drummond é um dos grandes precursores da chamada Geração de 1930, quando houve a ascensão da Segunda Fase do Modernismo no Brasil, com grandes impactos na cultura de modo geral. Desse modo, sua obra marcou época e já entrou para o cânone nacional, isto é, a seleção dos maiores clássicos da literatura brasileira.

Ler a obra de Drummond é essencial, uma vez que sua colaboração com a lírica brasileira é aclamada por críticos e leitores. Seus poemas persistem na memória do povo brasileiro desde a figura da pedra no caminho.

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Qual foi o incidente que marcou a formação escolar de Carlos Drummond de Andrade?

Qual foi o impacto de sua obra na época em que ela foi produzida Carlos Drummond de Andrade?

Qual era a preocupação de Carlos Drummond de Andrade no modernismo da segunda fase?

O que agravou o estado de saúde de Drummond em 1987?