Qual foi a primeira medalha do Brasil no basquete?

Há exatos 25 anos, o basquete feminino do Brasil atingiu o seu ápice em Jogos Olímpicos. A Seleção conquistou a histórica medalha de prata, a primeira do basquete feminino do País.

A conquista foi a vitória de uma geração que, dois anos antes, já havia conquistado o título da Copa do Mundo da Austrália 1994 e que confirmou sua grandiosidade.

A 26ª edição dos Jogos Olímpicos foi realizada em Atlanta, nos Estados Unidos, entre os dias 19 de julho e 4 de agosto de 1996. Na época, a equipe dirigida pelo técnico Miguel Ângelo da Luz chegou à disputa da medalha de ouro invicta, após vitórias sobre Canadá, Rússia, Japão, China, Itália, Cuba e Ucrânia. Na decisão contra as americanas, as brasileiras não resistiram.

A Seleção Brasileira chegou aos Jogos com moral de campeã mundial. A equipe contava com o quinteto formado por Magic Paula, Hortência Marcari, Janeth Arcain, Leila Sobral e Alessandra Santos. Completavam a equipe Adriana Santos, Cíntia Tuiú, Claudinha, Branca, Marta Sobral, Roseli Gustavo e Silvinha Luz.

Trabalho por Paris 2024 já começou

A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) segue trabalhando para que o a delegação feminina volte aos Jogos Olímpicos. Após não conseguir a vaga em Tóquio 2020 através do Pré-Olímpico de Bourges, a Seleção Brasileira iniciou o planejamento para Paris 2024 com a manutenção da comissão técnica. Neste ano, teve a chegada de Magic Paula para a direção do feminino.

A CBB iniciou o Projeto Adelante, de capacitação do basquete feminino. Além disso, aumentou a participação feminina na confederação com a chegada de Monica Atílio e Alê Minatti. Houve também a aprovação do projeto “Her World, Her Rules”.

Há dois meses, o Brasil conquistou a medalha de bronze na AmeriCup e garantiu a classificação para o Pré-Mundial, marcado para fevereiro de 2022. Será quando a Seleção Brasileira buscará um lugar na Copa do Mundo da Austrália, também marcada para o ano que vem.

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Terminar o primeiro tempo 14 pontos atrás no placar e  na casa do adversário. Voltar do intervalo e ver a diferença aumentar para mais de 20. Virar um jogo assim seria missão impossível para qualquer um. Ainda mais diante de um time que jamais havia perdido em casa... isso até 23 de agosto de 1987!

Há 30 anos, a seleção masculina de basquete voltava a ser protagonista no cenário internacional. A equipe dos craques Oscar e Marcel conseguiu virar o confronto contra os EUA, pela decisão dos Jogos Pan-Americanos de 1987, por 120 a 115. O duelo foi na cidade de Indianápolis.

Os minutos finais em quadra contam melhor do que quaisquer palavras o que significou a medalha de ouro contra tamanho rival. Nota-se nos atletas brasileiros o ar de tensão, uma dose de sofrimento com o tempo que falta para o apito final e até o medo de errar e possibilitar uma derrota nos instantes finais. Em poucos segundos, a sintonia muda. Com a cesta de Marcel, o que se vê em seguida são lágrimas, pulos de alegria e até gritos de euforia.

O último triunfo internacional do basquete brasileiro havia sido a Copa América de 1984, também com Oscar no time. Mas o feito em Indianápolis foi quase equivalente aos Mundiais de 1959 e 1963. Claro que o Pan-Americano não tinha o mesmo peso. Mas a vitória contra os EUA e na casa deles deu um peso ao feito.

Para celebrar os 30 anos da conquista da medalha de ouro, o ESPN.com.br separou alguns fatos daquela decisão. Confira:

• A Era Oscar

Oscar Schmidt está entre os maiores nomes do basquete brasileiro. E o maior título conquistado por ele na seleção foi justamente o Pan-Americano de 1987, quando anotou 46 pontos na final. Foi uma exibição arrasadora. Ele chegou a acertar sete arremessos de três pontos em 15 tentativas.

A estreia dele na seleção ocorreu em 1978, no Mundial de basquete que terminou com medalha de bronze. Depois esteve nas campanhas vitoriosas nas Copa Américas de 1984 e 1988. Esses foram os títulos obtidos por ele durante os 19 anos em que defendeu a equipe nacional.

Oscar destaque de 1987 Divulgação CBB

O Mão Santa, contudo, tem outros números para se orgulhar. Disputou cinco Olimpíadas (1980, 1984, 1988, 1992 e 1996), tendo anotado 1.093 pontos. A melhor colocação foi o quinto lugar em 1980, 1988 e 1992. Jogou três Mundiais, sendo o segundo atleta com mais jogos pela seleção neste torneio.

"Eu não tenho Mundial. Eu não tenho Olimpíada. Mas não trocaria nada disso por aquele Pan-Americano. Foi um negócio.... A gente tinha medo de perder de 50 pontos. Ganhamos e aí não tinha o hino do Brasil [para tocar no ginásio]. Chegamos ao vestiário e o seu Chico [membro da comissão técnica] roubou um champanhe do vestiário americano. Estava tudo pronto para eles ganharem, falarem com o presidente...", relembrou Oscar à ESPN, em janeiro.

Anos depois, na cerimônia em que foi introduzido ao Hall da Fama do basquete, em Springfield, nos EUA, Oscar falou que a vitória no Pan de 1987 foi o melhor momento de sua carreira e pediu desculpas aos norte-americanos, em tom de brincadeira, é claro.

• A seleção americana pré-Dream Team

Dos 12 jogadores que fizeram parte daquela seleção norte-americana, David Robinson foi disparadamente o que teve carreia mais marcante no basquete. 

O pivô participou dez vezes do "All-Star Game" da NBA, conquistou dois títulos pelo San Antonio Spurs e foi eleito o MVP da liga em 1995. Além disso tudo, fez parte do Dream Team de 1992, campeão nos Jogos de Barcelona, e voltou a repetir o ouro o olímpico quatro anos depois, em Atlanta. 

David Robinson em ação em torneio de universitários, em 1987 Getty Images

 Além dele, só um outro jogadores chegou a disputar o "All-Star Game" da NBA: o ala-pivô Danny Manning, selecionado para as edições de 1993 e 1994, defendendo o Los Angeles Clippers.  

Outro que conseguiu construir uma trajetória na NBA que durou mais de dez anos foi Pervis Ellison, que chegou a ganhar o prêmio de jogador que mais evoluiu em 1992. Rex Chapman, Jerome Lane, Dean Garrett, Willie Anderson e Pooh Richardson foram outros atletas daquele time dos EUA de 1992 que passaram um tempo na NBA.

 Sobram Rick Berry, Fennis Dembo, Jeff Lebo e Keith Smart, que não duraram mais do que uma temporada na NBA. Lebo e Smart, inclusive, não entraram em quadra mais do que cinco vezes. 

• "Não conseguimos contê-los"

No primeiro tempo os Estados Unidos sobraram, mas no segundo tempo algo aconteceu com os brasileiros que deixou pasmos os donos da casa.

O técnico Denny Crum Getty Images

"Nós tentamos um monte de jogadores nossos em cima dele. Nós não conseguíamos encontrar uma resposta para contê-lo. Ele conseguia dar uma resposta a tudo o que tentávamos e fez cestas do jeito que quis", disse anos depois Danny Manning.

O técnico da seleção americana, Denny Crum, viu limitações até então não exibidas pela sua equipe. 

"Eu não acho que podemos dizer que nosso time teve problemas para jogar junto. Em todas as partidas tivemos mais assistências do que nossos oponentes. Tivemos apenas seis desperdícios de posse de bola. Nós só não conseguimos colocar a bola dentro da cesta da mesma maneira consistente que eles. Nós arremessamos muito melhor do que mostramos nesta final."

• Invencibilidade em casa

Até 23 de agosto de 1987, a seleção americana tinha feito 20 jogos oficiais em casa, acumulando incríveis 20 vitórias. A seleção brasileira, como já dito acima, foi a primeira equipe a derrotá-los em casa. 

A seleção americana teve a chance de jogar o Pan-Americano de 1959, em Chicago, e a Olimpíada de 1984, em Los Angeles, em seu território. Nos Jogos Olímpicos de 1904, em St. Louis, o basquete entrou apenas como esporte de exibição. Em 1932, em Los Angeles, a modalidade não foi jogada.

Trinta anos depois do feito da seleção brasileira chama a atenção o retrospecto americano em casa. Perdeu apenas mais três vezes em 33 partidas. As três foram pelo Mundial de 2002, jogado também em Indianópolis. 

Perdeu para a Argentina (87 a 80), para a Espanha (81 a 75) e para a Iugoslávia (81 a 87), que foi a campeã daquela edição.

• As campanhas

Para chegar à final, o Brasil disputou seis jogos no Pan-Americano de 1987. 

Na fase de grupos, venceu o Uruguai (110 x 79), Porto Rico (100 x 79) e Ilhas Virgens Americanas (103 x 98), mas perdeu para o Canadá (91 a 88).

Na fase eliminatória, passou pela Venezuela (131 a 84) e pelo México 9137 a 116) antes de chegar à final.

Oscar foi o cestinha do Brasil no Pan de 1987 Divulgação/CBB

A campanha americana beirou a perfeição.

Na fase de grupos, venceu o Panamá (91 a 63), a Argentina (85 a 58), o México (105 a 73) e a Venezuela (109 a 74).

Na fase eliminatória, passou pelo Uruguai (105 a 81) e por Porto Rico (80 a 75), então no jogo mais difícil antes do Brasil.

• Palco da final virou estacionamento

O Market Square Arena não se destacava por ser um ginásio grande, moderno e apto a qualquer outro adjetivo que virou moda nos tempos atuis. Ele era acanhado, de certa forma modesto para uma final, tanto que recebeu cerca de 16 mil pessoas. 

O palco da surpreendente virada brasileira no Pan de 1987 também não existe mais. Hoje é pouco mais do que um estacionamento. Estranho?

O local foi inaugurado em 1974. Chegou a ser a casa do Indiana Pacers na NBA até 1999, quando o time se mudou para o Conseco Fieldhouse - que agora virou Bankers Life Fieldhouse.  

Inutilizada, a Market Square Arena foi então demolida em 2001. O lugar virou um estacionamento por mais de uma década. Até que em janeiro a Cummins abriu um centro de distribuição em uma parte. E a outra vai virar uma unidade da rede de supermercados Whole Foods. 

 Durante o tempo em que funcionou, o ginásio foi palco de outros eventos marcantes além dos jogos de basquete do Pan de 1987. Em março de 1995, por exemplo, foi lá que Michael Jordan disputou sua primeira partida depois de voltar da primeira aposentadoria.

 Além disso, foi lá o último show de Elvis Presley em 1977, sete semanas antes da morte dele. Também foi o local onde foi gravado o clipe de "Wide Side", do Motley Crue, e o álbum Alive III, do Kiss. 

• Legado

É difícil falar em legado 30 anos depois, ainda mais com o momento difícil que o basquete brasileiro atravessa. Mas ele existiu.

O Pan de 1987 foi o maior título da geração de Oscar, tornou o país novamente uma das forças internacionais a ponto de ter vencido uma Copa América, em 1988, e entrar com respeito nas Olimpíadas de 1988, 1992 e 1996. Não teve medalha, mas aquela geração premiou o brasileiro com bons jogos.

Em que ano o Brasil conquistou sua primeira medalha olímpica no basquete masculino?

Quantas Olimpíadas o Brasil ganhou no basquete?

Qual foi o primeiro time de basquete brasileiro?

Quais os títulos do Brasil no basquete?