Qual era o interesse da Igreja Católica em relação à expansão marítima?

Você já se perguntou por que a maioria das cidades brasileiras foi construída em volta de uma igreja? Ou por que grande parte dos feriados é dedicada a santos? Para tentar responder a estas questões, é necessário entender a influência religiosa católica no Brasil. Ainda no começo do século XXI, dentre as religiões professadas pela população brasileira, o Catolicismo continua a ter o maior número de seguidores entre os habitantes do país. Tal predominância é decorrente da presença da Igreja Católica em toda a formação histórica brasileira.

A chegada de membros do clero católico ao território brasileiro foi simultânea ao processo de conquista das terras do Brasil, já que o reino português tinha estreitas relações com a Igreja Católica Apostólica Romana. A missa celebrada na chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500, foi imortalizada por Victor Meirelles no quadro Primeira Missa no Brasil. A presença da Igreja Católica começou a se intensificar a partir de 1549 com a chegada dos jesuítas da Companhia de Jesus, que formaram vilas e cidades, cujo caso mais célebre é a cidade de São Paulo.

Qual era o interesse da Igreja Católica em relação à expansão marítima?
O quadro de Victor Meirelles retrata a influência da Igreja Católica desde o início da conquista dos territórios brasileiros

Vários outros grupos de clérigos católicos vieram também à colônia portuguesa com a missão principal de evangelizar os indígenas, como as ordens dos franciscanos e dos carmelitas, levando a eles a doutrina cristã. Esse processo se interligou às próprias necessidades dos interesses mercantis e políticos europeus no Brasil, como base ideológica da conquista e colonização das novas terras. As consequências foram o aculturamento das populações indígenas e os esforços no sentido de disciplinar, de acordo com os preceitos cristãos europeus, a população que aqui habitava, principalmente através de ações educacionais.

Nas artes, a mais notória contribuição da Igreja Católica na história do Brasil foram as produções artísticas barrocas, que tiveram como principal expoente o artista plástico Aleijadinho. Essas obras podem ser encontradas nas cidades de Salvador, Diamantina, Ouro Preto, Recife e Olinda. Por outro lado, o contato do catolicismo com as religiões africanas produziu sincretismos religiosos, uma mescla das religiões que originou o candomblé, por exemplo.

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As relações entre Igreja Católica e Estado foram estreitas no Brasil tanto na colônia quanto no Império, pois, além de garantir a disciplina social dentro de certos limites, a igreja também executava tarefas administrativas que hoje são atribuições do Estado, como o registro de nascimentos, mortes e casamentos. Contribuiu ainda a Igreja com a manutenção de hospitais, principalmente as Santas Casas. Em contrapartida, o Estado nomeava bispos e párocos, além de conceder licenças à construção de novas igrejas.

O cenário mudou com a nomeação do Marquês de Pombal, que afastou a influência da Igreja Católica da administração do Estado. Após sua morte, os laços voltaram a se estreitar, perpassando por todo o período imperial brasileiro no século XIX. Com a proclamação da República em 1889, houve a separação formal entre Estado e Igreja Católica, mas sua presença continuou ainda viva, como comprova a existência de várias festas e feriados nacionais, como as festas juninas e o feriado de 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do país.

Contrariamente às diretrizes da direção da igreja, vários grupos religiosos atuaram politicamente, lutando pelas melhorias das condições de vida da população explorada do país. Existiram vários exemplos ao longo da história brasileira, entre eles, podemos citar a Revolta de Canudos no fim do século XIX, ou mesmo no último quarto do século XX, quando os grupos ligados à Teologia da Libertação conseguiram formar alguns movimentos sociais, como o MST, através da ação nos Conselhos Eclesiais de Base (CEB’s).


Por Tales Pinto
Graduado em História

Índice

Introdução

Expansão Marítima é o nome dado ao fenômeno ocorrido entre os séculos XV e XVII, quando inúmeras expedições partiram das grandes potências européias na busca por alcançar as terras no Extremo Oriente.

Seus objetivos eram retomar o comércio direto de especiarias, encontrar novas fontes de metais preciosos e converter populações nativas ao cristianismo.

Esse foi um processo fundamental não só para história das potências monárquicas, mas também para o contexto global, uma vez que foi a expansão marítima que possibilitou a conquista de territórios até então desconhecidos pelos europeus.

Para compreender esse fenômeno, precisamos adentrar nas transformações estruturais políticas, culturais e econômicas pelas quais a Europa passava desde o fim da Idade Média.

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Contexto Histórico

Motivações econômicas

A passagem da Idade Média para a Idade Moderna, decorrente das crises do feudalismo, significou a transição de uma economia de subsistência para uma economia baseada nas transações comerciais.

É neste momento que o sistema capitalista ascende em sua primeira fase: o Mercantilismo.

Nessa nova política econômica, o sucesso das monarquias nacionais estava atrelado à quantidade de metais preciosos que estas possuíam (metalismo). Por isso, quando passaram por um momento de escassez desses metais, as potências europeias decidiram enfrentar os mares em busca de ouro e prata.

Além disso, é também nesse período que se inaugura a ideia da chamada balança comercial favorável, que tinha como princípio o esforço para que a exportação da nação fosse sempre maior que a importação, impulsionando a busca por novos mercados de consumo.

Outro fator econômico essencial para o começo da expansão marítima foi a busca, de nações como Portugal e Espanha, pela retomada do lucrativo comércio com o Oriente.

Se durante a Idade Média esse comércio pôde acontecer com mais facilidade, no século XV eram as cidades independentes de Gênova e Veneza que comandavam a navegação do mediterrâneo.

Além disso, quando, em 1453, os turcos otomanos conquistaram Constantinopla, a rota para o Oriente pela região do Golfo Pérsico também ficou inviável.

A saída para os reinos europeus, acabou sendo uma empreitada marítima na busca de rotas alternativas que permitissem o comércio com as Índias sem a mediação dos italianos ou muçulmanos.

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Motivações culturais

A crise do período medieval e a transição para Idade Moderna foram também marcadas por uma profunda revolução intelectual, o chamado Renascimento Cultural.

Nesse período, a instituição da Igreja Católica passou por uma intensa crise, possibilitando as reformas religiosas protestantes e, posteriormente, a própria contra-reforma católica. Esse fenômeno provocou certas mudanças nos valores fundamentais da intelectualidade européia moderna, que vieram a se entrelaçar com os da época feudal.

O teocentrismo (Deus no centro das explicações sobre o mundo), por exemplo, dá lugar ao antropocentrismo (o homem no centro das explicações). O surgimento do antropocentrismo incentivou a expansão marítima ao valorizar o homem como alicerce central da sociedade e, por isso, responsável por seu desenvolvimento.

Outra característica do Renascimento Cultural, o racionalismo, proporcionou o desenvolvimento da ciência e de instrumentos fundamentais para a navegação, como as caravelas de vela triangular, e o aperfeiçoamento de instrumentos de localização, como a bússola e o astrolábio.

O surgimento da cartografia foi outro fator importante, já que deu maiores precisões às medidas e orientações geográficas necessárias para o deslocamento pelo mar.

Além disso, como consequência dessa crise institucional da Igreja Católica e das reformas protestantes, a Igreja perdeu um número significativo de fiéis.

Sendo assim, a expansão marítima configurou-se também a partir de uma justificativa religiosa: tornou-se necessário desbravar novos territórios a fim de catequizar populações nativas e, assim, provocar o aumento do número de fiéis. Essa missão foi atribuída aos jesuítas.

Motivação social e política

Outro fator fundamental para a realização da expansão marítima foi o fato de que, ainda na Baixa Idade Média, acontece a formação de Portugal e a formação da Espanha, importantes monarquias nacionais que centralizaram o poder no Estado.

Essas nações proporcionaram recursos humanos e financeiros suficientes para a expansão. Além disso, a ascensão da burguesia nestes reinos foi também determinante, uma vez que esse grupo social pressionou seus reis na direção da ampliação das rotas comerciais e da busca por metais preciosos.

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A expansão

Portugal foi o reino pioneiro da expansão marítima, lançando seus primeiros navios ao mar ainda no século XV.

A tomada de Ceuta, marco da expansão marítima portuguesa, data de 1415. Isso, porque além de sua posição geográfica privilegiada, sua formação como Estado centralizado aconteceu de forma precoce, ainda na Idade Média.

A Espanha se insere nessa empreitada no final do século XV, estendendo sua expansão por todo século XVI. Em seguida, Holanda e Inglaterra inauguraram as expansões marítimas tardias, durante o século XVII.

É na busca pelas rotas até a Índia que a Espanha acaba por descobrir a América; e Portugal, por chegar ao Brasil.

Até o final do Século XVI, tanto Portugal quanto Espanha continuaram a explorar os oceanos e a colonizar territórios. Esse processo acabou por mudar o eixo econômico do Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico, fundando um complexo sistema colonial escravista e proporcionando o fortalecimento econômico e político dos reinos europeus. 

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Exercício de fixação

ENEM/2014

Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamente podem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens.

(J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. 1600. In: DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300·1800. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado))

Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas da época moderna, expressa um sentimento de:

A gosto pela aventura.

B fascínio pelo fantástico.

C temor do desconhecido

D interesse pela natureza.

E purgação dos pecados

Qual foi a justificativa encontrada pela Igreja Católica para apoiar a expansão marítima?

Um forte ideal missionário, principalmente dos países ibéricos, para catequizar os povos infiéis das terras distantes funciona como justificativa ideológica para a expansão.

Quais foram os interesses religiosos em torno da expansão marítima comercial?

divulgação da fé cristã para povos de outros territórios; aperfeiçoamento das técnicas navais. Outro importante fator que corroborou ainda mais para a expansão marítima europeia foi o Renascimento urbano e comercial.

Qual era o interesse dos membros da Igreja Católica?

O principal interesse era a expansão do cristianismo à diferentes culturas, levando à diferentes povos a doutrina católica. Além disso, a Igreja exercia algumas funções administrativas, fazendo com que o interesse mercantilista também fosse notório.

Porque a Igreja ajudava a financiar as grandes navegações?

A Igreja Católica também tinha interesse em financiar essas expedições para encontrar novos territórios e, assim, ter outros locais em que conquistar fiéis. O financiamento das expedições também potencializava o poder da Igreja. Em suma, a burguesia e a Igreja Católica financiaram as grandes navegações.