Qual e a diferença entre conhecimento científico e filosófico?

O conhecimento científico diferencia-se do popular muito mais pelo que se refere a seu contexto metodológico do que propriamente por seu conteúdo. Essa diferença ocorre também em relação aos conhecimentos filosófico e religioso (teológico).

Trujillo Ferrari (1974, p. 11) sistematiza as características dos quatro tipos de conhecimento. Veja:

Os tipos de conhecimento

Qual e a diferença entre conhecimento científico e filosófico?

O conhecimento popular é valorativo por excelência; fundamenta-se em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido.

É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na organização particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das ideias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer.

É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito ao que se pode perceber no dia a dia.

Finalmente, é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas.

2. Conhecimento filosófico

O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não podem ser submetidas à observação: as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência e não na experimentação, conforme nos diz Trujillo Ferrari (1974, p. 12); por esse motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados.

É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. Por último, é infalível e exato, visto que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação).

O conhecimento filosófico, portanto, é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos, recorrendo apenas às luzes da própria razão humana. Assim, enquanto o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, por meio do emprego de instrumentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são ideias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pela ciência experimental.

O método por excelência da ciência é o experimental: ela caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmando somente o que é autorizado pela experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega “o método racional, no qual prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas somente coerência lógica” (RUIZ, 1979, p. 110).

O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar e analisar o que se constitui o objeto da pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo que a filosofia se encontra sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo.

Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano e, até, busca as leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.

3. Conhecimento religioso

O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificáveis: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado.

Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades de que trata são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em revelações da divindade (sobrenatural).

A adesão das pessoas a tais verdades passa a ser um ato de fé, pois o mundo é interpretado como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida nem sequer verificáveis.

Na realidade, vai-se mais longe: se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e no controle experimental deles, e o fundamento do conhecimento filosófico e de seus enunciados consiste na evidência lógica, fazendo com que em ambos os modos de conhecer deve a evidência resultar da pesquisa dos fatos, ou da análise do conteúdo dos enunciados, no caso do conhecimento teológico, o fiel não se detém neles à procura de evidência, mas da causa primeira, ou seja, da revelação divina.

4. Conhecimento científico

Finalmente, o conhecimento científico é factual, lida com ocorrências ou fatos. Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida por meio da experimentação e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico.

É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência.

Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final; por esse motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

Apesar da separação metodológica entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo, pode tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, com base no senso comum ou na experiência cotidiana; pode analisá-lo como um ser biológico, verificando, com base na investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode questioná-los quanto a sua origem e destino, assim como quanto a sua liberdade; finalmente, pode observá-lo como ser criado pela divindade, a sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.

Essas formas de conhecimento podem coexistir em uma mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.

Qual e a diferença entre conhecimento científico e filosófico?

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Qual a diferença entre o conhecimento científico e o conhecimento?

O conhecimento é algo que todos necessitam, é fundamental na vida do homem, pois torna a vida mais aceitável e efetiva. O conhecimento só se torna possível por meio da interação com a realidade. O conhecimento cientifico tem como objeto estudar e esclarecer os fatos ocorridos no universo.

Qual a relação entre filosofia e o conhecimento científico?

Enquanto a ciência ocupa-se com seu objeto específico de estudo, a filosofia ocupa-se com tentar entender se esse objeto é corretamente estudado, além de tentar aprimorar os modos do fazer científico, a fim de proporcionar à ciência a maior validade racional possível.

Quais as principais diferenças entre os tipos de conhecimento?

O conhecimento filosófico nasce a partir do pensamento crítico e das reflexões que o ser humano é capaz de fazer; O conhecimento teológico, ou religioso, é o baseado na fé religiosa, acreditando que ela detém a verdade absoluta.