Qual das obras abaixo inspirou Oswald de Andrade a redigir seu clássico Manifesto Antropofágico publicado no 1º número da Revista de Antropofagia em 1928 *?

Publicado no primeiro número da Revista Antropofagia, datado de 1º de maio de 1928, começa dizendo: “Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente”. E termina: “Em Piratininga, Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha”.

No mesmo tom do Manifesto da Poesia Pau Brasil, Oswald de Andrade rebela-se “contra a verdade dos povos missionários” e mostra-se a favor da “transformação permanente do totem em tabu – absorção do inimigo sacro”. Pau Brasil propõe uma arte de exportação, visualiza a urbs moderna, futurista e a tecnologia. Antropofagia quer “estar em comunicação direta com o solo”, visualiza o grande vazio brasileiro, quer fazer uma leitura crítica do importado.

O Manifesto Antropofágico propunha basicamente ‘devorar’ a cultura e as técnicas importadas e provocar sua reelaboração com autonomia, transformando o produto importado em exportável. Buscava a importação de novidades europeias, com objetivo de movimentar o pensamento, depois, antropofagicamente, isto é, criticamente, devorar estas novidades e influências à medida que os modernistas redescobrem a realidade brasileira.

O nome do manifesto recuperava a crença indígena: os índios antropófagos comiam o inimigo, supondo que assim estavam assimilando suas qualidades.

A ideia do manifesto surgiu quando Tarsila do Amaral para presentear, o então marido, Oswald de Andrade, deu-lhe como presente de aniversário a tela Abaporu (aba = homem; poru = que come).


Qual das obras abaixo inspirou Oswald de Andrade a redigir seu clássico Manifesto Antropofágico publicado no 1º número da Revista de Antropofagia em 1928 *?
Em 1928, Tarsila do Amaral pintou o “Abaporu” como presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. O nome da obra foi conferido por ele e pelo poeta Raul Bopp, que indagou a Oswald ao ver o quadro: “Vamos fazer um movimento em torno desse quadro?”.

O portenho Eduardo Costantini protagonizou em 1995 o arremate da obra de arte “Abaporu”, tela realizada por Tarsila do Amaral que hoje está exposta no MALBA (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires), fundado por ele.

Em março de 2011, a tela “Abaporu” foi emprestada pelo MALBA para integrar a exposição “Mulheres, Artistas e Brasileiras”, realizada no Salão Oeste do Palácio do Planalto, em Brasília, que reuniu 80 obras do século 20, pertencentes a 49 artistas mulheres do Brasil. Esta iniciativa consistiu em uma homenagem ao mês da mulher.

A proposta do curador da Bienal de São Paulo, em 1998 era que cada uma das três mostras propostas (“Roteiros”, “Representações Nacionais” e “Núcleo Histórico”) orbitasse em torno do conceito de antropofagia. O resultado obtido foi extremamente positivo, transformando, segundo os críticos, a 24ª Bienal na mais ousada conceitualmente. Os curadores responsáveis pela escolha dos artistas dos 53 países foram estimulados a trabalhar a partir do eixo conceitual da antropofagia, de forma que as salas pudessem dialogar entre si e com o público. A mostra “Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros” (assim mesmo, com a palavra repetida sete vezes como no Manifesto Antropofágico, de Oswald de Andrade) dividiu o mundo em sete grandes regiões. Instados a debater o conceito proposto, curadores e artistas procuraram responder à problematização da antropofagia e do canibalismo estético com uma mostra densa. Antropofagia : movimento em que interferências culturais externas interagem com a nossas tradições, resultando em algo novo e ousado.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O movimento antropofágico foi uma manifestação artística brasileira da década de 1920, fundada e teorizada pelos paulistas Oswald de Andrade, poeta, e Tarsila do Amaral, pintora.

Aprofundando a ideologia da Poesia Pau-Brasil, que desejava criar uma poesia de exportação, o movimento antropofágico brasileiro tinha por objetivo a deglutição (daí o caráter metafórico da palavra "antropofágico") da cultura do outro externo, como a estadunidense e europeia e do outro interno, a cultura dos ameríndios, dos afrodescendentes, dos eurodescendentes, dos descendentes de orientais, ou seja, não se deve negar a cultura estrangeira, mas ela não deve ser imitada.

Foi certamente um dos marcos do modernismo brasileiro. Oswald de Andrade ironizava em suas obras a submissão da elite brasileira aos países desenvolvidos. Propunha a "devoração cultural das técnicas importadas para reelaborá-las com autonomia, convertendo-as em produto de exportação".

Manifesto Antropófago[editar | editar código-fonte]

Qual das obras abaixo inspirou Oswald de Andrade a redigir seu clássico Manifesto Antropofágico publicado no 1º número da Revista de Antropofagia em 1928 *?

O Manifesto Antropófago (ou Manifesto Antropofágico) foi um manifesto publicado em 1928 pelo poeta e polemista brasileiro Oswald de Andrade, figura-chave do movimento cultural do modernismo brasileiro e colaborador da publicação Revista de Antropofagia. Foi inspirado em "Abaporu", pintura de Tarsila do Amaral, artista modernista e esposa de Oswald de Andrade.[1]

O manifesto fundamentou o movimento antropofágico. Lido em 1928 para seus amigos na casa de Mário de Andrade, foi publicado na Revista de Antropofagia, a qual Oswald ajudou a fundar com Raul Bopp e Antônio de Alcântara Machado, com a datação de "ano 374 da deglutição do Bispo Sardinha".[2]

Redigido em prosa poética à moda de Uma Estação no Inferno de Rimbaud, o Manifesto Antropófago possui um teor mais político que o anterior manifesto de Oswald, o da Poesia Pau-Brasil, que pregava a criação de uma poesia brasileira de exportação. Esteticamente, o segundo manifesto de Oswald, basicamente, reafirma os valores daquele, apregoando o uso de uma "língua literária" "não-catequizada".[3]

O manifesto configurou uma primeira reação formal por parte de intelectuais brasileiros em prol de uma produção artística autenticamente nacional, mas falhou em influenciar uma nova geração de escritores, como intendido.[4]

Conteúdo[editar | editar código-fonte]

Escrito em prosa poética no estilo modernista de Une Saison en Enfer de Rimbaud, o Manifesto Antropófago é mais diretamente político do que o manifesto anterior de Oswald, Manifesto Pau-Brasil, criado com o interesse de propagar uma poesia brasileira para exportação. O "Manifesto" tem sido muitas vezes interpretado como um ensaio em que o argumento principal propõe que a história brasileira de "canibalização" de outras culturas é sua maior força, ao mesmo tempo em que joga com o interesse primitivista dos modernistas pelo canibalismo como um suposto rito tribal, que torna-se uma forma de o Brasil se afirmar contra a dominação cultural pós-colonial europeia.[5]

Um dos versos icônicos do Manifesto, escrito em inglês no original, é "Tupi or not Tupi: eis a questão". A linha é simultaneamente uma celebração dos tupis, que praticavam certas formas de canibalismo ritual (como detalhado nos escritos do século XVI de André Thévet, Hans Staden e Jean de Léry) e uma instância metafórica de canibalismo: come Shakespeare. Por outro lado, alguns críticos argumentam que a Antropofagia como movimento era muito heterogênea para que argumentos abrangentes fossem extraídos dele e que muitas vezes tinha pouco a ver com uma política cultural pós-colonial.[6]

Revista de Antropofagia[editar | editar código-fonte]

Qual das obras abaixo inspirou Oswald de Andrade a redigir seu clássico Manifesto Antropofágico publicado no 1º número da Revista de Antropofagia em 1928 *?

Capa da Revista de Antropofagia

A Revista de Antropofagia foi uma publicação parte do movimento antropofágico surgida como consequência do Manifesto Antropófago escrito por Oswald de Andrade.[7]

A revista foi publicada entre maio 1928 e agosto de 1929 e teve duas fases, ou "dentições", como queriam os seus participantes. A publicação divulgava poesia, textos, anúncios de livros e críticas a alguns conteúdos dos grandes jornais.[7]

Dentições[editar | editar código-fonte]

A primeira "dentição" (ou edição), sob a direção de Alcântara Machado e Raul Bopp, teve dez números publicados, que circularam de maio de 1928 a fevereiro de 1929. Nessa primeira fase os principais colaboradores foram: Plínio Salgado, Mário de Andrade, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Menotti del Picchia, Oswaldo Costa, Murilo Mendes, Augusto Meyer, Pedro Nava etc. Como se pode ver, os autores que escreveram nessa primeira fase da Revista de Antropofagia representam a "nata" do primeiro momento modernista.[7]

Já a segunda "dentição", sob liderança de Geraldo Ferraz, teve 15 números publicados no jornal Diário de São Paulo. O primeiro número foi publicado em 17 de março de 1929 e o último, em 1 de agosto de 1929.[7]

Legado[editar | editar código-fonte]

Qual das obras abaixo inspirou Oswald de Andrade a redigir seu clássico Manifesto Antropofágico publicado no 1º número da Revista de Antropofagia em 1928 *?

Na década de 1960, apresentados à obra de Oswald de Andrade pelo poeta concreto Augusto de Campos, o artista plástico Hélio Oiticica e o músico Caetano Veloso viram no Manifesto uma grande influência artística no movimento Tropicália. Veloso afirmou: "a ideia de canibalismo cultural caiu como uma luva em nós, os tropicalistas. Estávamos 'comendo' os Beatles e Jimi Hendrix."[8] No álbum Tropicalia ou Panis et Circensis, de 1968, Gilberto Gil e Torquato Neto referem-se explicitamente ao Manifesto na canção "Geléia geral" na letra "a alegria é a prova dos nove", que seguem com "ea tristeza é teu porto seguro" (e a tristeza é seu porto seguro).

Em 1990, o artista plástico brasileiro Antonio Peticov criou um mural em homenagem ao que teria sido o centenário de Andrade. A obra O Momento Antropofágico com Oswald de Andrade foi instalada na estação Republica do Metrô de São Paulo e foi inspirada em três obras de Andrade: O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo, Manifesto Antropofágico e O Homem do Povo.[9][10]

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Semana de Arte Moderna
  • Movimento Pau-Brasil

Referências

  1. «Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil | MoMA». The Museum of Modern Art (em inglês). Consultado em 18 de agosto de 2020
  2. Cf. Revista de Antropofagia, ano I, n.º 1, maio de 1928, pp. 3 e 7.
  3. Cf. Manifesto da Poesia Pau-Brasil.
  4. Markman, Rejane Sá (2007). Música e simbolização. [S.l.]: Anna Blume. p. 83
  5. Garcia, Luis Fellipe (2020). «Oswald de Andrade / Anthropophagy». ODIP: The Online Dictionary of Intercultural Philosophy. Thorsten Botz-Bornstein (ed.). Consultado em 13 de junho de 2020
  6. Jauregui, Carlos, A. (2012). McKee Irwin & Szurmuk, ed. Dictionary of Latin American Cultural Studies. Gainesville: University Press of Florida. pp. 22–28
  7. a b c d Centro de Documentação e Memória da UNESP, ed. (8 de setembro de 2020). «"Revista de Antropofagia" em defesa da Semana de 1922». Consultado em 21 de fevereiro de 2022
  8. Dunn, Christopher, 1964-. Brutality garden : Tropicália and the emergence of a Brazilian counterculture. Chapel Hill, NC: [s.n.] ISBN 978-1-4696-1571-4. OCLC 862077082
  9. «Editorial - Underground collection: works of art in São Paulo subway». SP-Arte. 24 de janeiro de 2020. Consultado em 18 de agosto de 2021
  10. «Livro Digital» (PDF). Arte no Metrô. 31 páginas. Cópia arquivada em 2013

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Manifesto antropófago e Manifesto da poesia pau-brasil
  • Enciclopédia Itaú Cultural "Manifesto Antropófago
  • «Revista de Antropofagia na Brasiliana»
  • Artigo sobre Antropofagia

Qual obra inspirou o Manifesto Antropofágico?

A marca símbolo do Movimento Antropofágico é o quadro Abaporu (1928) de Tarsila do Amaral, o qual foi dado de presente ao marido, Oswald de Andrade. A divulgação do movimento era realizado na Revista de Antropofagia, publicada em São Paulo. Já o primeiro número trazia o Manifesto Antropofágico.

O que o Manifesto Antropofágico Oswald de Andrade faz referência?

O Manifesto Antropófago, brilhantemente desenvolvido por Oswald, clamava aos artistas brasileiros por originalidade e criatividade. Ele pretendia celebrar o nosso multiculturalismo, a miscigenação. O desejo era devorar o que vinha de fora, assimilar a cultura alheia.

Qual foi a obra é autor que deu origem ao movimento antropofágico?

A Revista de Antropofagia foi uma publicação parte do movimento antropofágico surgida como consequência do Manifesto Antropófago escrito por Oswald de Andrade. A revista foi publicada entre maio 1928 e agosto de 1929 e teve duas fases, ou "dentições", como queriam os seus participantes.

O que tinha na revista Antropofagica?

Revista criada em maio de 1928 na capital paulista com o objetivo de divulgar as ideias dos modernistas lançadas na Semana de Arte Moderna de 1922. Seu último número circulou em agosto de 1929. A origem da revista foi o quadro de Tarsila do Amaral intitulado Abaporu, que em tupi-guarani significa “antropófago”.