Qual a diferença do processo de digestão da proteína degradada no rúmen PDR e a não degradada no rúmen PNDR )?

As proteínas são formadas por polímeros de aminoácidos (AA) compostos por carbonos, hidrogênio e oxigênio, além de enxofre e nitrogênio. Este último, presente nas forragens entre 10 e 30% na forma de nitrogênio não protéico. 

A proteína bruta (PB) contida nos alimentos dos ruminantes é composta por uma fração não degradável no rúmen (PNDR) e outra degradável no rúmen (PDR). É degradada em peptídeos, AA e amônia, através da ação de enzimas secretadas pelos microrganismos ruminais, que utilizam esses três compostos nitrogenados para a síntese de proteína microbiana e multiplicação celular. Quando a velocidade de degradação ruminal da proteína excede a velocidade de utilização dos compostos nitrogenados para a síntese microbiana, ocorre excesso de amônia no rúmen, que atravessa a parede ruminal, chega ao fígado onde é convertida em ureia e pode ser excretada via urina ou reciclada de volta para o rúmen. 

Diversos fatores afetam a extensão da degradação da PB no rúmen. Dentre eles é possível citar a relação entre nitrogênio não proteico (NNP) e proteína verdadeira, tempo de retenção do alimento no rúmen, pH ruminal e processamento do alimento. O NNP é rapidamente degradado no rúmen. Já a fração PDR é degradada mais lentamente. O processamento de grãos ou de seus subprodutos com altas temperaturas (tostagem, peletização, extrusão, floculação, etc), normalmente diminui a degradabilidade da PB devido à formação de complexos entre a proteína e carboidratos (reação de Maillard) ou aumento na presença de pontes de dissulfeto. Esta técnica tem sido usada pela indústria de alimentação animal com o objetivo de diminuir a degradabilidade ruminal da proteína e reduzir as perdas na forma de amônia. A taxa de passagem do alimento pelo rúmen e o pH ruminal, também afetam a degradabilidade da PB. O acréscimo da taxa de passagem, causado pelo aumento no consumo de matéria seca ou pelo processamento do alimento, diminui o tempo de retenção no rúmen, podendo aumentar o teor de PNDR. O pH ruminal pode alterar a solubilidade da PB assim como afetar a digestão ruminal da fibra e interferir no acesso microbiano à molécula de proteína.

A proteína metabolizável (PM) no intestino dos ruminantes é representada pelo total de AA provenientes da digestão intestinal da proteína microbiana produzida no rúmen, da PNDR de origem alimentar e da proteína endógena. A proteína microbiana é normalmente a principal fonte de PM para ruminantes. Representa entre 45 e 55% da PM no intestino de vacas leiteiras de alta produção e mais de 65% da PM em bovinos mantidos exclusivamente em pastagens. No tocante à nutrição proteica, a exigência metabólica do ruminante não é por PB, NNP, PDR ou PNDR, mas sim por AA. Os AA devem estar disponíveis para o metabolismo dos tecidos em quantidades e proporções adequadas para eficiência máxima. Sendo assim, o valor nutricional da proteína metabolizável para ruminantes depende principalmente do seu perfil em aminoácidos essenciais (AAE). 

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A superioridade da proteína microbiana em relação às principais fontes proteicas disponíveis comercialmente é marcante, pois se mostra equilibrada na maioria dos AAE em relação à proteína do leite ou do tecido muscular. Além disso, apresenta um perfil excelente nos dois AAE mais limitantes para a produção de leite, a lisina e a metionina. Com isso deve-se otimizar a síntese de proteína microbiana no rúmen, o que representa uso eficiente da PDR, menor perda de amônia ruminal e menor excreção de ureia, menor necessidade de PNDR na ração e maior fluxo de proteína metabolizável com melhor perfil de AAE para o intestino.
As células microbianas contêm em sua composição, principalmente proteínas, mas também carboidratos, lipídeos, minerais e vitaminas. Estes nutrientes são necessários no meio ruminal para que a população microbiana possa se multiplicar, pois necessitam de energia, utilizando basicamente carboidratos (CHO). Nenhuma espécie de microrganismo ruminal é capaz de utilizar gordura como fonte energética. Quanto mais degradável a fonte de carboidrato se mostrar no rúmen, mais energia será disponibilizada para o crescimento microbiano. O teor de PB, de PDR e a qualidade da PDR podem afetar o crescimento microbiano, já que as principais fontes de N para os microrganismos do rúmen são amônia, aminoácidos e peptídeos. As bactérias fermentadoras de carboidratos fibrosos (CF) requerem amônia como fonte de N, enquanto as fermentadoras de carboidratos não fibrosos (CNF) têm maior exigência por aminoácidos e peptídeos. A degradabilidade das fontes proteicas pode afetar a disponibilidade ruminal de amônia, aminoácidos e peptídeos para a síntese microbiana. 

As fontes de proteína que chegam ao intestino dos ruminantes são a proteína microbiana, a PNDR e a proteína endógena. A mistura de AA provenientes da digestão dessas fontes é denominada proteína metabolizável (PM). O processo de digestão da proteína no abomaso e intestino dos ruminantes é muito parecido com o processo em não ruminantes, exceto pela neutralização lenta da acidez da digestão duodenal. A digestão da proteína que deixa o rúmen tem início com a ação da pepsina no abomaso, ação prolongada no duodeno, pela neutralização lenta da digestão nesse compartimento. Entretanto, a maior parte da digestão ocorre no jejuno médio e no íleo médio. No jejuno médio as enzimas tripsina, quimotripsina e carboxipetidases secretadas pelo pâncreas, apresentam atividade máxima. No íleo médio ocorre o pico da atividade das aminopeptidases e dipeptidases secretadas pelo intestino. A pepsina age sobre as moléculas de proteínas e produz peptídeos no geral. Tripsina e quimotripsina agem sobre proteínas e peptídeos e produzem polipeptídeos e dipeptídeos. Carboxipeptidases agem sobre polipeptídeos e produzem pequenos peptídeos e AA livres. As aminopeptidases agem sobre polipeptídeos e produzem pequenos peptídeos e AA livres, enquanto as dipeptidases transformam dipeptídeos em AA livres.

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Qual a diferença do processo de digestão da proteína degradada no rúmen PDR e a não degradada no rúmen PNDR )?

O Centro de Treinamento de Recursos Humanos foi criado pelo Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP em 1997, com a participação das empresas Itambé, Nestlé, Parmalat, Paulista e Tetrapak sendo sua coordenação de responsabilidade do Departamento de Zootecnia com apoio da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz – FEALQ.

O que é proteína não degradável no rúmen PNDR?

Os aminoácidos que chegam ao duodeno para absorção têm origem na proteína dietética que passa intacta pela fermentação ruminal (a proteína não degradável no rúmen, chamada de PND), na proteína microbiana produzida no rúmen e que continuamente deixa o órgão com a passagem da digesta e na pouca proteína de origem ...

O que é PNDR e PDR?

A proteína bruta contida nos alimentos dos ruminantes é composta por uma fração degradável no rúmen (PDR) e uma fração não degradável no rúmen (PNDR). A degradação de proteína no rúmen ocorre através da ação de enzimas (proteases, peptidases e deaminases) secretadas pelos microrganismos ruminais.

Como ocorre o processo de degradação ruminal das proteínas?

A degradação da proteína no rúmen é um processo múltiplo envolvendo solubilização, hidrolise extracelular, transporte para o interior da célula, considerando neste contexto que a fermentação e a digestão são ações distintas de um processo único de degradação (Russel et al., 1991; Valadares Filho, 1995 apud Santos et al ...

Qual a diferença na digestão utilização de proteínas entre os animais ruminantes e não ruminantes?

Em função da presença de microorganismos ruminais, o modo de utilização das proteínas nos ruminantes difere totalmente dos monogástricos. Estes microorganismos caracterizam-se por seu alto potencial em sintetizar todos os AA, inclusive os essenciais.