Quais emoções e sensações Os praticantes de esportes de aventura buscam em suas práticas?

Quais emoções e sensações Os praticantes de esportes de aventura buscam em suas práticas?

Ronaldo Martins Santos tinha medo de altura e superou a fobia praticando rapel e escalada (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

Superar desafios � um dos melhores rem�dios para acreditar em si mesmo, elevar a autoestima, ganhar for�a para realizar sonhos, conquistar o que deseja e, principalmente, aproveitar e amar a vida. Os caminhos para viver com plenitude s�o muitos e cada um escolhe o seu. H� os que optam por atividades que acalmam e ampliam o entendimento, como ioga, medita��o ou psican�lise. Mas h� tamb�m os que preferem o perigo. Isso mesmo. Os esportes de aventura atraem adeptos das mais variadas idades. S�o praticantes de escalada, montanhismo, rapel, paraquedismo, voo livre, rafting, entre outras atividades capazes de proporcionar bem-estar e prazer. Para os adeptos, a proximidade com o perigo funciona como motiva��o para superar o medo e desarmar as travas. Foi o que ocorreu com o funcion�rio p�blico Ronaldo Martins Santos, de 48 anos, que sofria medo de altura e superou a sua fobia praticando rapel e escalada.

Aos 18 anos, quando serviu o Ex�rcito, ele teve seu primeiro contato com o montanhismo e enfrentou pela primeira vez o medo de altura. “Em situa��es nas quais me sentia exposto, como descer ou subir um elevador panor�mico, sentia frio na barriga e chegava at� a ficar paralisado”, lembra. No quartel, o medo foi amenizado, mas, apesar da melhora, ele ainda n�o se sentia pronto para enfrentar alturas. Oito anos depois, Ronaldo, que � formado em rela��es p�blicas, viu um cartaz na faculdade falando em supera��o de desafios por meio de uma descida de rapel na Cachoeira de Capanema, em Itabirito (70 metros de altura). “Senti p�nico. Desci no meio da �gua, mas a t�cnica do instrutor era muito boa, e a chance de acidente, pequena”, diz. Quando tocou a terra, ele voltou ao alto da cachoeira e desceu de novo mais duas vezes. Na terceira, desceu sozinho. “Revivi as experi�ncias do Ex�rcito. Quando acabamos, minha sensa��o era de vit�ria e bem-estar. Foi muito intenso”, diz.

As pr�ticas esportivas consideradas “radicais” s�o capazes de derramar altas doses de adrenalina e noradrenalina no organismo. Isso ocorre porque, quando est� em perigo, o corpo se prepara para lutar ou fugir. O cora��o bate mais r�pido e mais forte, a respira��o fica mais eficiente, a pessoa enxerga melhor e o sistema neuromuscular sofre uma ativa��o aguda. � por isso que, durante as atividades, o medo � transformado em euforia e o corpo fica potencializado para a a��o. Mas aten��o: para que isso aconte�a, � preciso estar preparado – e bem orientado. O medo � um sinal que n�o deve ser desprezado. Al�m disso, segundo a psiquiatra Sofia Bauer, a pr�tica desses esportes derrama uma alta dosagem de noradrenalina no organismo, e isso faz com que os praticantes de esportes considerados radicais queiram sempre repetir a dose com mais intensidade, o que pode levar a situa��es de risco desnecess�rio.


Muito al�m da aventura
Fam�lia Gribel se re�ne em viagens esportivas e enxerga na pr�tica um excelente exerc�cio de autoconhecimento, que se reflete em todos os aspectos da vida, inclusive no profissional

Tudo come�ou h� 21 anos em Bali, na Indon�sia, num trekking que tinha como objetivo vislumbrar, ao vivo e em cores, como � que funciona um vulc�o em erup��o. De l� pra c�, a fam�lia Gribel, que administra a Tenco Shopping Centers, embarcou no esporte de aventura e n�o parou mais. Isso quer dizer que h� duas d�cadas sempre h� um roteiro de aventura na programa��o de viagem de Adriana e Eduardo Gribel e seus filhos. O card�pio inclui montanhismo, salto de paraquedas, rappel, escalada, bungee jumping, entre outras atividades de fazer muita gente tremer nas bases.

Quais emoções e sensações Os praticantes de esportes de aventura buscam em suas práticas?

Na trilha inca, o casal Adriana e Eduardo Gribel e os filhos fazem pose para um registro. Eles estendem experi�ncia do esporte de aventura para o mundo dos neg�cios e carregam consigo funcion�rios da Tenco (foto: Hernan Loaysa/Divulga��o)

“Fazendo esse tipo de esporte a gente se sente mais seguro porque sabemos que somos capazes de dominar a n�s mesmos em momentos delicados. Muitas vezes, as decis�es que precisamos tomar ao praticar montanhismo s�o mais dif�ceis do que as do dia a dia. Isso nos d� autoconfian�a e autoconhecimento”, observa Adriana Gribel, vice-presidente da Tenco. Nesse per�odo, a experi�ncia da fam�lia tem sido t�o gratificante que se estendeu de forma natural para o campo do trabalho.

“Nossos valores foram constru�dos dentro do montanhismo. Por isso, meu marido e eu levamos tudo isso para a empresa”, explica Adriana.

Foi assim que o estilo de vida, a autoconfian�a e a facilidade de tomar decis�es no ambiente de neg�cios da fam�lia Gribel invadiu o ambiente da empresa e acabou influenciando os pr�prios funcion�rios. A tal ponto que para comemorar o sucesso de um empreendimento inaugurado em Roraima, no Norte do pa�s, o casal organizou uma escalada ao monte de mesmo nome com empregados da casa. “Recebemos 70 inscri��es dos shoppings em todo o Brasil, mas criamos crit�rios e selecionamos 20 pessoas. Seria muito arriscado levar mais gente para uma montanha que fica a 2,7 mil metros de altitude. A escalada ser� realizada entre os dias 18 e 26 deste m�s. O grau de dificuldade � considerado m�dio”, comenta Adriana.

Para se preparar, o grupo vem treinando assiduamente, junto ou isoladamente. No �ltimo fim de semana, o teste foi subir o Pico da Bandeira, ponto mais alto de Minas Gerais e Esp�rito Santo, e terceiro pico mais alto do pa�s (2.892 metros de altitude). Anteriormente, a turma j� havia subido o Pico do Itacolomi, no limite dos munic�pios de Mariana e Ouro Preto, com 1.772m. “A empolga��o � impressionante. � muito motivador fazer esse tipo de esporte em grupo. Como � uma coisa nova para eles, est�o todos muito felizes”, avalia. O objetivo � levar at� essas pessoas as experi�ncias positivas decorrentes do montanhismo, como a capacidade de resolver problemas de forma positiva e de desenvolver a aceita��o das diferen�as dentro das equipes e tamb�m de trabalhar em conjunto. “No caso dos meus filhos, sinto que depois dessas experi�ncias eles est�o preparados, seguros e cultivam menos preconceitos porque foram habituados a lidar com situa��es e culturas diferentes. Assim, eles se tornaram pessoas mais simples”, compara.

O assistente comercial da Tenco, Fabiano dos Santos, de 29 anos, foi um dos escolhidos para escalar o Roraima. A princ�pio, ele pensou que seria tudo um oba-oba, mas ao subir o Pico do Itacolomi e o da Bandeira percebeu que n�o era nada disso. “Na empresa, Adriana e Eduardo sempre diziam que nosso objetivo � atingir as metas, fazendo compara��o com alcan�ar o pico das montanhas. Eles falavam que somos uma equipe e que n�o faz sentido haver uma disputa interna na empresa. N�o compreendia o que queriam dizer at� subir os picos. Na montanha, o objetivo � alcan�ar o alto e n�o chegar na frente. Queremos que todos cheguem e, para isso, um deve incentivar o outro a subir”, afirma.

Santos comenta ainda que leva esse ensinamento para sua vida profissional e tamb�m para a pessoal. No caso do Pico da Bandeira, o assistente conta que viveu situa��es que nunca havia experimentado antes. “Foi dif�cil. Subimos � noite, ficamos acampados e voltamos a subir �s 2h30. Nunca tinha acampado nem dormido em barraca, nunca tinha tomado banho gelado naquela situa��o, mas quando cheguei ao alto n�o pensava em nada disso, s� queria curtir a paisagem, que � maravilhosa”, revela.

Quais emoções e sensações Os praticantes de esportes de aventura buscam em suas práticas?

O ex-banc�rio Pedro Assis Fonseca gosta tanto de aventura que abriu empresa de equipamentos especializados na atividade (foto: Arquivo Pessoal)

Tudo pela sensa��o de prazer
Mesmo com limita��es f�sicas, praticantes de esportes radicais n�o se intimidam e querem mais � sentir a adrenalina percorrer o corpo, numa mistura de medo e poder

O empres�rio Agnaldo Dias Quintela, dono de uma ag�ncia de turismo de aventura em Campinas, tem 47 anos. Aos 26, ele sofreu um acidente de moto e perdeu o movimento do bra�o esquerdo. Quando isso ocorreu, ele j� trabalhava com esporte de aventura, em especial, descidas de rapel e de caverna. Um ano depois do acidente, ele estava com um amigo, levando um grupo para uma “escala-caminhada” no Pico das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro. Sua ideia era subir at� onde desse. Mas chegou um ponto da trilha em que havia muita gente para subir e a sa�da foi dividir a turma e seguir por uma caminho alternativo, que s� Agnaldo conhecia. “Fui levando meu amigo e o grupo, passando a corda de seguran�a para as pessoas. Teve gente que s� continuou porque eu fui, apesar da minha limita��o f�sica”, lembra. E n�o pense que ele parou por a�.

Depois do acidente, Agnaldo j� escalou o Dedo de Deus, pico de 1.692 metros de altitude, localizado na Serra do Mar, entre os munic�pios de Petr�polis, Guapimirim e Teres�polis, no Rio de Janeiro, tr�s vezes. Subiu tamb�m o P�o de A��car duas vezes. “Tem que ter for�a de vontade e determina��o, porque, numa escalada, � preciso superar os poucos cent�metros que est�o entre voc� e a garra fincada na pedra”, explica. Segundo ele, para subir o Dedo de Deus, foram 12 horas, o que o levou ao esgotamento f�sico e � supera��o dos pr�prios limites. “Levo isso para a minha rotina. Em casa, at� as pequenas coisas que consigo fazer somente com um bra�o, como picar cebola, cortar um fil� de frango fininho ou trabalhar com marcenaria, me deixam mais feliz”, observa. De acordo com ele, muita gente procura os esportes de aventura em busca de supera��o n�o s� de problemas f�sicos, mas pessoais e emocionais.


V�CIO

Nos passeios que organiza, ele j� acompanhou um cliente que come�ou a superar o alcoolismo praticando esporte de aventura. “Ele n�o gostava de academia e ent�o passou a fazer caminhadas pesadas de at� quatro dias, na regi�o do Itatiaia. Esse esfor�o f�sico mexe com as emo��es de um modo positivo”, observa. Segundo ele, em escaladas para o Dedo de Deus, “o limite f�sico leva a dores e c�imbras monstruosas, mas a sensa��o de prazer � muito grande”. E � justamente essa sensa��o de prazer que faz os praticantes desses esportes voltarem em busca de mais aventuras. De acordo com a psiquiatra Sofia Bauer, esse tipo de atividade f�sica traz ganhos na vida das pessoas por causa da descarga de noradrenalina no organismo, subst�ncia que influencia o humor, a ansiedade, o sono e a alimenta��o do ser humano.

Segundo ela, essa subst�ncia d� uma sensa��o de poder e intelig�ncia nas pessoas, mas � uma faca de dois gumes porque elas podem ficar “viciadas” naquilo e n�o quererem parar mais. “Pular de paraquedas e fazer um down hill s�o atividades que trazem uma sensa��o muito boa, mas os praticantes correm o risco de come�ar a precisar disso para se sentirem turbinados. Claro que h� pessoas que buscam nos esportes radicais uma forma de supera��o e ganham com isso uma habilidade que n�o tinham antes, mas existe o outro lado, que � a descarga de noradrenalina. Por isso, a recomenda��o � que a pr�tica desses esportes seja feita com modera��o”, observa. Para ela, existem formas mais simples de vencer os obst�culos da vida. “O principal tipo de supera��o � ir � luta. � preciso dar pequenos passos, cumprir pequenas metas. Pegando por pequenos pedacinhos, a meta dif�cil fica f�cil”, sustenta.

Quais emoções e sensações Os praticantes de esportes de aventura buscam em suas práticas?

Agnaldo Dias Quintela voltou a escalar um ano depois de sofrer acidente de moto e perder o movimento do bra�o esquerdo (foto: Alberto Silva/Divulga��o)

DEPOIMENTO
Alisson Lu�s Tavares Ferreira 29 anos, contador

“Pratico highline (fita de slackline armada entre duas montanhas) desde 2012. Minha primeira travessia foi na Serra do Cip�, na linha Lam�ria, que tem 12 metros de comprimento e 60 metros de altura. � um esporte que envolve muitos riscos, por isso, deve ser feito com seriedade e responsabilidade. Nele, usamos a mesma cadeirinha da escalada, que fica presa na fita por meio de um anel e isso impede que, em caso de queda, a pessoa se machuque. Na primeira vez que ca�, achei que ia morrer. A sensa��o ruim dura at� voc� sentir o tranco da corda segurando a sua cintura. Quando termina, no entanto, fica uma sensa��o de vit�ria, que n�o tem como alcan�ar no dia a dia. Hoje, tenho muito menos medo das coisas, fico na ponta de um telhado sem temor de cair. Em muitas ocasi�es, quando todo mundo tem medo, me sinto seguro. Isso � bom e ruim, porque a gente perde um pouco a no��o da autodefesa.”

Quais sensações podem ser sentidas ao praticar esportes de aventura?

Esses esportes de aventura caracterizam-se por ocasionarem sensações de risco e incerteza, existem os condicionantes que podem influenciar, provocando esta incerteza são classificados em dois tipos: fatores meteorológicos como umidade e temperatura, e os fenômenos meteorológicos como vento, ar, chuva e a neve.

Quais as sensações que as atividades de aventura proporcionam?

Além da sensação de liberdade, do enfrentamento ao medo e da superação que esse tipo de atividade proporciona, os benefícios à saúde é um dos melhores resultados que o esporte oferece.

Quem pratica esportes de aventura descreve sentimentos e emoções tais como?

Os dados analisados descritivamente indicam a presença de sentimentos, sensações e emoções considerados receosos, como ansiedade, insegurança e tensão, bem como, aqueles considerados prazerosos, como alegria, desafio, aventura, além de outros que sintetizam ambos os pólos, como o medo, desencadeado pelas ...

Quais as sensações identificadas na prática do esporte de aventura e dos esportes radicais?

Dentre sensações que pode-se ser identificadas em esportes de aventura, pode-se citar: medo, adrenalina, risco, incerteza e etc.