Quais as principais atividades humanas que ameaçam a vegetação mediterrânea?

O desmatamento constitui uma prática relacionada à ocupação humana desde as primeiras formas de agrupamentos sedentários. A atividade agropecuária, condição básica para o desenvolvimento de qualquer tipo de sociedade, depende da retirada da mata nativa e do uso intensivo dos solos. Após as Grandes Navegações, a ocupação europeia nas Américas, África, Ásia e Oceania foi fundamentalmente predatória e só não realizou um extermínio ainda maior de áreas florestadas porque havia uma série de limitações técnicas.

A escala de desmatamento aumentou bastante após o surgimento das sociedades industriais. Na Europa, ainda no século XVIII, a expansão urbano-industrial associada à utilização do carvão mineral foi considerada o maior responsável pela redução das florestas do continente. A poluição formada pelas chuvas ácidas e a necessidade de povoar as áreas interioranas tornaram a Europa o continente que mais devastou suas florestas originais. Existem algumas áreas esparsas repletas de formações secundárias, isto é, tipos de vegetação que ocorrem em fases de regeneração de espécies vegetais, como os maquis e os garrigues na Europa Mediterrânea.

Em países subdesenvolvidos e de clima predominante tropical, as florestas começaram a serem retiradas para a extração da madeira, especiarias e, posteriormente, para a produção latifundiária, pois as monoculturas tropicais exigiam grandes extensões de suas plantações para poder atender às demandas externas. A agroexportação realizada através das plantations ainda representa o pilar da economia dos países subdesenvolvidos e até mesmo nos países emergentes como o Brasil, onde o agronegócio da soja e a exportação do minério de ferro respondem por aproximadamente 25% do valor de nossas exportações.

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A organização internacional UNEP – sigla em inglês para Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente – descreve que as florestas cobrem 31% da superfície terrestre e abrigam 80% da biodiversidade do planeta.

As florestas primárias, que ainda não sofreram a ação antrópica, contabilizam 36% do total das áreas florestadas. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a mata nativa brasileira mais devastada é a Mata Atlântica (88% da cobertura original destruída). Em seguida, aparecem a Caatinga e o Pampa (54%), o Cerrado (49%), a Amazônia (20%) e o Pantanal (15%).

Em 2011, as Nações Unidas organizaram o Ano Internacional de Florestas. Um relatório apresentado pela instituição apontou a Mata Atlântica como a quinta floresta mais ameaçada do mundo. As florestas da Índia e de Mianmar aparecem na primeira colocação, restando apenas 5% da cobertura original. Na Oceania, uma área na Nova Zelândia também possui 5% de cobertura original preservada. Em situação crítica, restando 7%, estão uma área nas Filipinas e outra situada entre Indonésia, Malásia e Brunei.

A destruição das florestas acarreta em perda de biodiversidade e habitat de muitas espécies. No contexto das transformações climáticas globais, 20% das emissões antrópicas de CO2 são provocadas pelo desmatamento. Seus efeitos também determinam alterações no ciclo hidrológico, formação das chuvas e nas características de um microclima. Sem as raízes para absorver a água das chuvas, os solos desprotegidos ficam mais suscetíveis aos processos de erosão e em uma escala ampliada podem chegar à desertificação. A água perde a sua capacidade de infiltração e deixa de abastecer os lençóis freáticos, aumentando a velocidade do escoamento superficial e podendo provocar assoreamento de rios e enchentes.


Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola

Mestre em Ensino na Educação Básica (UFG, 2021)
Licenciada em Geografia (UFG, 2003)

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A desertificação é um processo que e intensifica a aridez dos solos em áreas áridas, semiáridas e sub-úmidas. Este processo ocorre em razão das atividades humanas ou de fatores de ordem natural – como as mudanças climáticas. Em diferentes graus de intensidade, há o comprometimento da fertilidade e uso dos solos.

Como o próprio nome indica, podemos entender, que a desertificação é um processo que transforma regiões com distintos níveis de vulnerabilidade, em desertos (desertos quentes, uma vez que regiões polares também são consideradas desertos). Áreas que já apresentam escassez de umidade, quando submetidas a determinados fatores – naturais ou antrópicos – transformam-se em áreas desertificadas.

Quais as principais atividades humanas que ameaçam a vegetação mediterrânea?

Solo e vegetação secos em área ameaçada de desertificação. Foto: Adriana Iacob / Shutterstock.com

Ação humana e desertificação

A maior preocupação dos pesquisadores e ambientalistas é com relação aos fenômenos de desertificação provocados pela ação humana. Uma vez que o processo é intensificado e acelerado, provoca impactos de maior dimensões nas áreas já propensas à aridez do solo. A ação antrópica sobre áreas vulneráveis tem provocado expressiva redução da vegetação e da capacidade produtiva dos solos.

Causas da desertificação

  • Desmatamento das áreas vulneráveis – a retirada da cobertura vegetal original é, talvez, o principal fator humano de intensificação da desertificação.
  • Construção de áreas de pastagem para a pecuária extensiva.
  • Uso do solo de maneira inadequada à serviço da agricultura intensiva.
  • Irrigação de pastos e lavouras com água de mananciais com escassez ou fragilidade hídrica.
  • A atividade mineradora impacta significativamente o solo e a biodiversidade no local e arredores em que se instala, intensificando assim, o processo de desertificação.
  • Queimadas, tanto para a “limpeza” do solo para agricultura e pecuária, como resultado da urbanização.

Consequências

  • Extinção da vegetação nativa e da biodiversidade da região desertificada.
  • Erosão e salinização do solo. Fenômenos que agravam ainda mais a infertilidade do solo.
  • Redução das terras agricultáveis e consequente diminuição da produção de alimentos.
  • A extinção da vegetação, dos rios, fontes de evaporação, causam mudanças no clima. Elevam-se as temperaturas e caem drasticamente as precipitações. As alterações climáticas são causa e consequência da desertificação.
  • Surgimento e intensificação dos fluxos migratórios, uma vez que sem áreas agricultáveis, a população das regiões desertificadas precisam migrar para sobreviver.
  • Outros impactos sociais como: fome, conflitos pela posse da terra e refugiados ambientais.

Desertificação no mundo

Quais as principais atividades humanas que ameaçam a vegetação mediterrânea?

Barcos enferrujam em área do Mar de Aral que virou deserto. Foto: Milosz Maslanka / Shutterstock.com

Em diversas regiões do globo há áreas com distintos níveis de risco de desertificação. As terras localizadas nas fronteiras das áreas de deserto são significativamente mais propensas a se tornarem totalmente áridas. As áreas consideradas com “altíssima vulnerabilidade à desertificação” são:

  • A região do Sahel, no continente africano – nas bordas do deserto do Saara, assim como nas proximidades do deserto do Kalahari e da Namíbia, no sudoeste da África.
  • Na Ásia, várias regiões estão vulneráveis à desertificação. Um cinturão que vai desde os áridos países do Oriente Médio – nas bordas do deserto da Arábia – passando pelos territórios da Índia, Paquistão, Mongólia e China.
  • O Mar de Aral, que diminuiu consideravelmente de tamanho nas últimas décadas e virou um deserto, na Ásia Central, entre Uzbequistão e Cazaquistão.
  • No continente americano, a desertificação é uma ameaça no oeste dos Estados Unidos, norte do México, nas fronteiras com o deserto do Atacama (Chile) e no Nordeste do Brasil.
  • O continente europeu não está imune a desertificação. Os países da Península Ibérica (Portugal e Espanha) constam no mapa de países vulneráveis. Outras regiões mediterrâneas da Europa também estão propensas à aridez.
  • Na Oceania, grande parte do território australiano já sofre impactos da desertificação e há significativo perigo de avanço deste processo.

Bibliografia:

MMA – Ministério do Meio Ambiente: Gestão Territorial – Desertificação - Combate a desertificação

ONU – UNCCD – Convenção de Combate à Desertificação - http://www2.unccd.int/

http://www.dn.pt/sociedade/interior/sul-da-peninsula-iberica-pode-transformar-se-numdeserto-ate-2100-5474363.html

CAMPELLO, Lívia Gaigher Bósio. O problema da desertificação. Revista de Direito Ambiental: RDA, v. 12, n. 45, p. 129-166, Revista dos Tribunais: 2007. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/86366

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/desertificacao/

Exercícios e questões de vestibulares

Questão 01: (Enem 2014)

Os dois principais rios que alimentavam o Mar de Aral, Amurdarya e Sydarya, mantiveram o nível e o volume do mar por muitos séculos. Entretanto, o projeto de estabelecer e expandir a produção de algodão irrigado aumentou a dependência de várias repúblicas da Ásia Central da irrigação e monocultura. O aumento da demanda resultou no desvio crescente de água para a irrigação, acarretando redução drástica do volume de tributários do Mar de Aral. Foi criado na Ásia Central um novo deserto, com mais de 5 milhões de hectares, como resultado da redução em volume.

TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: Rima, 2003.

A intensa interferência humana na região descrita provocou o surgimento de uma área desértica em decorrência da ...

A)

erosão.

B)

salinização.

C)

laterização.

D)

compactação.

E)

sedimentação.

São as principais atividades humanas que ameaçam a vegetação mediterrânea?

Dentre os diversos problemas ambientais podemos destacar: industrialização, urbanização, extração da madeira, desmatamento desenfreado e a expansão da agricultura e pecuária. Note que a vegetação mediterrânea é altamente sensível ao processo de desertificação, que vem aumentando decorrente da ação humana.

Quais são as principais características da vegetação mediterrânea?

Vegetação mediterrânea ou floresta mediterrânea é um tipo de vegetação que se forma em regiões onde o clima predominante é o mediterrâneo, é constituída por plantas (tipo xerófilas) dispostas distantes uma das outras. Essa cobertura vegetal apresenta duas características, os maquis e garrigue.

Quais as características da vegetação mediterrânea e onde fica localizada?

A vegetação mediterrânea é aquela encontrada em regiões de clima mediterrâneo. A vegetação mediterrânea é aquela característica de regiões de clima mediterrâneo. Portanto, ela está presente em áreas do planeta que apresentam verões secos e quentes e invernos úmidos (chuvosos) e de temperaturas amenas. - Sul da Europa.

Qual é o clima da floresta mediterrânea?

As regiões mediterrâneas apresentam uma composição climática em que a estação do verão é seca e o inverno, chuvoso. As características climáticas citadas favorecem a formação de uma vegetação composta por pequenas árvores distanciadas umas das outras.