Por que é possível afirmar que a Guerra dos Cem Anos contribuiu para o fortalecimento das monarquias nacionais francesa e Inglaterra?

Por que é possível afirmar que a Guerra dos Cem Anos contribuiu para o fortalecimento das monarquias nacionais francesa e Inglaterra?
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Foi um dos maiores conflitos da Idade Média, entre duas das principais potências européias: França e Inglaterra. Apesar do nome, durou mais de um século – segundo a definição dos historiadores, tudo começou em 1337, para terminar só em 1453. “Não foi um confronto ininterrupto, mas uma série de disputas que incluíram várias batalhas”, diz a historiadora Yone de Carvalho, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Para entender a origem de tanta briga é preciso recuar no tempo. Em 1066, um duque da Normandia (território francês) chamado Guilherme conquistara a Inglaterra, tornando-se seu rei. Tanto Guilherme quanto seus sucessores eram, ao mesmo tempo, donos do trono inglês e também súditos do rei da França, já que tinham herdado terras naquele país. Séculos depois isso criaria muita encrenca.

Em 1328, o rei francês Carlos IV morreu sem deixar um herdeiro. O então rei da Inglaterra, Eduardo III, considerou-se um pretendente legítimo ao trono vago, pois, além de súdito, era sobrinho de Carlos IV. O problema era que outros nobres franceses reivindicavam o mesmo trono e uma assembléia acabou escolhendo um conde chamado Felipe – que ganhou o título de Felipe VI. A relação de desconfiança entre os monarcas dos dois reinos e a disputa entre eles por territórios franceses – Eduardo III tinha herdado os direitos sobre as regiões da Gasconha, da Guiana e de Ponthieu – resultou na guerra. A França tinha uma população quase quatro vezes maior que a da Inglaterra e também era mais rica, mas não se encontrava tão unida e organizada enquanto nação. A Inglaterra, por sua vez, possuía uma monarquia mais forte e se deu melhor no início da guerra.

Não houve uma grande expansão, mas, ao final da primeira fase do conflito, em 1360, tratados asseguraram aos ingleses a total soberania sobre as terras que possuíam na França. Nas décadas seguintes, conflitos internos levaram os dois países a se concentrarem mais nos problemas domésticos e a guerra entrou numa fase de paz não-declarada, rompida de quando em quando. Por volta de 1420, um novo rei inglês, Henrique V, decidiu aproveitar uma crise entre o monarca francês e alguns nobres para reivindicar novamente o trono da França, dando início a mais um período turbulento. Essa fase final do conflito, porém, foi favorável aos franceses. Comandados por um novo rei, Carlos VII, e com exércitos mais organizados, eles expulsaram os ingleses da Normandia, da Guiana e da Gasconha. A famosa batalha na cidade francesa de Castillon, em 1453, é hoje considerada pelos historiadores o fim da longa guerra, embora nenhum acordo tenha sido assinado e eventuais conflitos tenham continuado a ocorrer.

“A Guerra dos Cem Anos foi a última guerra feudal e também a primeira moderna. Ela foi dirigida por membros da aristocracia feudal no início do conflito e terminou como uma disputa entre Estados que já tinham exércitos nacionais”, diz Yone. Por isso, ela foi um grande marco no desenvolvimento europeu (principalmente na França) da idéia de nação, que unificou países antes divididos em territórios controlados por nobres.

Ponto estratégico

Apesar de a guerra ser travada em território francês, havia cidades estratégicas também na Inglaterra. Os navios que faziam a ligação entre a ilha e o continente partiam de Southampton, um dos principais portos ingleses na Idade Média

Arma poderosa

A besta, arma medieval para lançar setas, foi um dos destaques do arsenal militar usado na guerra. Sob certas condições, o arco se mostrou superior, disparando mais flechas por minuto, com maior alcance e precisão. Mas a besta possuía suas vantagens: exigia menor esforço, era mais fácil de transportar e de ser disparada por um homem a cavalo

Batalha shakespeariana

Pano de fundo das cenas mais emocionantes da peça Henrique V, de Shakespeare, a batalha de Agincourt, em 1415, foi a última grande vitória inglesa na guerra. Cerca de 9 mil soldados do rei inglês Henrique V conseguiram derrotar 25 mil cavaleiros franceses

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Momentos Decisivos

Os grandes cercos e batalhas se deram em território francês

1. No início do século XIV, o rei da Inglaterra, Eduardo III, controlava os ducados da Gasconha e da Guiana e o condado de Ponthieu, territórios que herdou dentro das atuais fronteiras da França. Mas, em 1337, o rei francês Felipe VI ordenou o confisco das duas primeiras regiões – foi o estopim da guerra

2. Outra causa importante do início do conflito foi a disputa pela região de Flandres, que enriquecera com a produção de tecidos, importando lã da Inglaterra. Apesar de estar economicamente vinculada aos ingleses, Flandres era um domínio francês. Quando começaram as hostilidades na Gasconha, o rei inglês desembarcou um exército em Flandres

3. A primeira grande batalha foi travada na cidade de Crécy em 1346 e acabou vencida pelos ingleses. Nela morreram o irmão do rei Felipe VI e cerca de 1 500 soldados franceses

4. Nas guerras medievais, grandes batalhas só aconteciam de vez em quando. Eram mais comuns os cercos a cidades e fortificações, que ficavam na mira de catapultas. A cidade portuária de Calais enfrentou um dos primeiros grandes cercos da guerra e resistiu por quase um ano diante dos ingleses, até a população se render em 1347, abalada pela fome

5. Em 1356, numa batalha em Poitiers, os ingleses tiveram outra importante vitória. Caçados por um exército comandado pelo próprio rei francês João II (sucessor de Felipe VI), eles se protegeram numa área pantanosa. Ao atacar, os cavaleiros franceses atolaram e foram dizimados por arqueiros. O rei João II foi feito prisioneiro e só libertado após aceitar tratados que garantiam à Inglaterra o controle de territórios na França

6. A virada na guerra viria após o cerco a Orleans, que durou sete meses, entre 1428 e 1429. Os franceses, encurralados, já estavam prontos para se render quando Joana D’Arc, camponesa transformada em grande guerreira, convenceu o rei francês a mandar tropas para a região. Os ingleses não resistiram e abandonaram o cerco. O episódio serviu para colocar na história o nome de Joana D’Arc e unir ainda mais os franceses

7. Em julho de 1453, tropas inglesas tentaram atacar uma fortificação francesa perto de Castillon. Elas foram derrotadas ao serem recebidas pela recém-introduzida artilharia de campanha – canhões que podiam ser transportados. Embates continuaram ocorrendo, mas essa batalha é considerada o marco histórico que encerra a Guerra dos Cem Anos

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Por que é possível afirmar que a Guerra dos Cem Anos contribuiu para o fortalecimento das monarquias nacionais francesa e Inglaterra?

O que foi a Guerra dos Cem Anos?

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O que foi a Guerra dos Cem Anos de que forma ela favoreceu o fortalecimento dos reis franceses?

Principais Causas A causa política da Guerra dos Cem Anos foi a disputa pelo trono francês, após a morte de Carlos IV, em 1328, que colocou fim à dinastia dos Capetíngios. O rei da Inglaterra, Eduardo III, era neto de Filipe, o Belo, e reivindicava o direito à coroa francesa.

Como a Guerra dos Cem Anos contribuiu para o fortalecimento?

Na chamada Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453), as tropas francesas e inglesas se colocaram em combate devido a disputas de ordem econômica e política. Esse conflito, mesmo trazendo enormes desgastes para os envolvidos, é de vital importância para a compreensão do processo de formação das monarquias francesa e britânica.

Quais as consequências da Guerra dos Cem Anos para a Inglaterra?

Consequências da Guerra dos Cem Anos Durante a batalha, algumas consequências marcantes e representativas ocorreram, como o declínio do sistema feudal e o fortalecimento da burguesia e do poder real. Além disso, a guerra resultou no fortalecimento da identidade nacional francesa.

Quais foram as principais consequências da Guerra dos Cem Anos travada entre franceses e ingleses nos anos de 1.337 e 1.453 Assinale a alternativa correta?

Letra A. A Guerra possibilitou a formação da monarquia nacional francesa e que as disputas sucessórias em regiões continentais pertencentes à França não fossem mais alvo de reis ingleses.