Pensadores que revolucionaram o conceito atual de sociedade da informação

Os meus apontamentos / Pesquisas

Tema 1

 Conceito

A Internet e as tecnologias digitais fizeram emergir um novo paradigma social, descrito por alguns autores, como:

- sociedade da informação ou sociedade em rede (Castells, 2003);

-  sociedade do conhecimento (Hargreaves, 2003);

- sociedade da aprendizagem (Pozo, 2004).

 SOCIEDADE DA INFORMAÇÂO

 Um dos primeiros autores a referir o conceito de Sociedade da Informação (SI) foi o economista Fritz Machlup, no seu livro publicado em 1962, The Production and Distribution of Knowledge. No entanto, o desenvolvimento do conceito deve-se a Peter

Drucker que, em 1966, no bestseller The Age of Discontinuity, fala pela primeira vez numa sociedade pós industrial

Autores como Castells (2002), Levy (1996), Postman (1992), entre outros, anunciam e fundamentam o aparecimento de uma nova sociedade, „‟A Sociedade da Informação” também denominada de “terceira onda” por Toffler (2002).

Segundo Manuel Castells (1999) a revolução tecnológica deu origem ao informacionalismo, tornando-se assim a base para uma nova sociedade – sociedade em rede –, na qual a tecnologia da informação é considerada uma ferramenta indispensável na manipulação da informação e construção do conhecimento pelos indivíduos, pois “a geração, processamento e transmissão de informação torna-se a principal fonte de produtividade e poder” (Castells, 1999, p.21).

A expressão “Sociedade da Informação” como forma de traduzir o conceito de que a informação passou a ter o papel central para a dinamização da atividade económica surgiu no último terço do Século XX.

Manuel Castells (1999) destaca as seguintes características deste novo paradigma:

- A informação é a sua matéria-prima – Existe uma relação simbiótica entre a tecnologia e a informação, em que uma complementa a outra.

- Capacidade de penetração dos efeitos das novas tecnologias – poder de influência que os meios tecnológicos exercem na vida social, económica e política da sociedade;

- Lógica de redes –característica deste novo modelo de sociedade, que facilita a interacção entre as pessoas, podendo ser implementada em todos os tipos de processos e organizações, graças as recentes tecnologias da informação;

- Flexibilidade –poder de reconfigurar, alterar e reorganizar as informações;

- Convergência de tecnologias específicas para um sistema integrado – o contínuo processo de convergência entre os diferentes campos tecnológicos resulta da sua lógica comum de produção da informação, onde todos os utilizadores podem contribuir, exercendo um papel activo na produção deste conhecimento.

 Segundo Manuel Castells, “O avanço tecnológico proporcionou um aumento exponencial do efeito de rede modelando a sociedade atual na qual se insere a Sociedade da Informação e do Conhecimento.”

A expressão “sociedade da informação” passa a ser utilizada em substituição do conceito de “sociedade pós-industrial” e como forma de transmitir o conteúdo específico de um novo paradigma técnicoeconômico: as tecnologias de informação e comunicação são as diretrizes que movimentam esse processo; há um predomínio da lógica de redes; a flexibilidade e a adaptabilidade como parte essencial de qualquer processo; existe uma crescente convergência de tecnologias com objetivos específicos.

Segundo Castells, as transformações que se vão operando em direção à Sociedade da Informação definem um novo paradigma, o da tecnologia da informação que assenta nas seguintes características fundamentais: “A primeira caraterística do novo paradigma é que a informação é a sua matéria-prima: são tecnologias para agir sobre a informação, não apenas informação para agir sobre a tecnologia” (Castells) . O segundo aspeto refere-se à “capacidade de penetração dos efeitos das novas tecnologias”. A terceira característica refere-se à “lógica de redes em qualquer sistema ou conjunto de relações, usando essas novas tecnologias da informação”. O autor acrescenta ainda que “o paradigma da tecnologia de informação é baseado na flexibilidade. Não apenas os processos são reversíveis, mas as organizações e instituições podem ser modificadas, e até mesmo fundamentalmente alteradas, pela reorganização dos seus componentes” e “a crescente convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado, no qual as trajetórias tecnológicas antigas ficam literalmente impossíveis de se distinguir em separado” (Castells).

O que caracteriza a revolução tecnológica não é o caráter central do conhecimento e da informação, mas a aplicação deste conhecimento e informação.

Os efeitos destas transformações não atingem apenas o saber científico, mas já estão inseridos nas práticas culturais da sociedade tecnológica ou sociedade da informação, onde as novas tecnologias, as novas mídias, os novos mercados e os novos usuários conseguiram transformar o mundo em uma sociedade globalizada.

 SOCIEDADE EM REDE

Sociedade em Rede  impulsionada pelas novas tecnologias, que transcende o tempo e o espaço (Castells). É hoje possível assumir-se que sociabilizar em rede é o termo indicado para caraterizar grande parte das interações sociais. suporte digital, encontra-se vinculada ao nosso quotidiano e às nossas interações com o mundo. Lemos os jornais na Internet (podendo, interativamente, comentar essas mesmas notícias), comunicamos através de redes sociais, pesquisamos informações, partilhamos conhecimentos, algo que está a acontecer numa qualquer parte do mundo pode ser noticiado de imediato em tempo real.  

A internet permite-nos diversas formas de produzir e divulgar a informação permitindo assim a as relações e interações entre a sociedade. As transformações derivadas do novo contexto social e dos novos paradigmas são sustentadas pelas novas Tecnologias de Informação e Comunicações _ TICs _ que utilizam o processo de globalização para valer-se de uma nova hegemonia na qual se delineia a "Sociedade da Informação ou Sociedade do Conhecimento". 

O surgimento da Internet permitiu a criação de um espaço público diferente localizado na rede: ciberespaço “é um local virtual sem fronteiras, sem espaço físico real, desterritorializado onde várias culturas se cruzam, contudo, permite conceber espaços abstratos e simbólicos num local virtual, mas ativo, vivo e construído pela humanidade” (Castells, 2005)

A Internet transformou o modo como comunicamos, as nossas vidas. Passamos a estar permanentemente em contato com notícias e informações de todo o planeta, recebendo influências na forma como agimos e pensamos. “A Internet é um meio de comunicação que permite, pela primeira vez, a comunicação de muitos para muitos em tempo escolhido e a uma escala global. Do mesmo modo que a difusão da imprensa no ocidente deu lugar ao que McLuhan denominou de “Galáxia Gutenberg”, entramos agora num mundo novo da comunicação: A Galáxia Internet.” (Castells, 2007, p. 16)

    Deste modo, as transformações provocadas pelo surgimento da Internet muito ajudaram a modificar a forma como o ser humano se vê a si próprio, aos outros e ao mundo.

Ainda segundo Castells, as rápidas e profundas transformações sociais, económicas e culturais que o advento da Sociedade da Informação trouxe às sociedades contemporâneas, exerceram uma forte pressão sobre os sistemas educativos, pois a escola deixou de ser o único espaço onde se acede ao saber e à informação, sendo ainda relevante, para esta problemática, a quantidade e variedade de informação.

No século da globalização e constante mudança da informação, a promoção e o desenvolvimento desta literacia constitui o mais urgente desafio da atualidade para as Bibliotecas Escolares. Efetivamente, a literacia da informação - base da aprendizagem ao longo da vida -, é reconhecida como essencial, sendo parte do direito básico de cada cidadão à liberdade de expressão e ao direito de informação, em cada país do mundo, e necessária à construção e manutenção da democracia.

    O novo paradigma apresentado que tem como base a tecnologia, traz novas exigências quanto ao perfil do catalogador, e requer deste, maior preparo e educação permanentes para o desempenho de funções que estão em constante mudança. A partir do emprego de novas técnicas organizacionais e da automação, característica dos dias atuais, sem dúvida, esse novo modelo associa-se à aceleração da evolução e mudança dos métodos de trabalho, pressionado pela necessidade de novos serviços pela exigência da qualidade, até mesmo como requisito de sobrevivência das bibliotecas.

    As tecnologias da informação e das comunicações são já parte integrante do nosso quotidiano. Invadiram as nossas casas, locais de trabalho e de lazer. Oferecem instrumentos úteis para as comunicações pessoais e de trabalho, para o processamento de textos e de informação sistematizada, para acesso a bases de dados e à informação distribuída nas redes electrónicas digitais, para além de se encontrarem integradas em numerosos equipamentos do dia a dia, em casa, no escritório, na fábrica, nos transportes, na educação e na saúde. A sociedade da informação não pertence a um futuro distante. Assume uma importância crescente na vida colectiva actual e introduz uma nova dimensão no modelo das sociedades modernas. Os computadores fazem parte da nossa vida individual e colectiva e a Internet e o multimédia estão a tornar-se omnipresentes. Contudo, tal como a rádio não substitui os espectáculos ao vivo, a televisão não faz as vezes da rádio, o cinema não fez desaparecer o teatro, estes novos meios também não irão substituir os livros e outros meios tradicionais, mas simplesmente acrescentar as suas capacidades adicionais ao leque das opções disponíveis.

    Há, também, a percepção de um fenómeno de turbulência provocado pela sucessiva introdução de novas tecnologias. O tempo individual e colectivo é acelerado, impondo reajustamentos de valores e de comportamentos, devido à obsolescência de anteriores paradigmas elaborados sobre uma base tecnológica diferente. O atraso ou a recusa desses ajustamentos, algo natural em resultado da inércia social, corresponderão a um menor crescimento económico e a um decréscimo do bem-estar.

    Com o advento da revolução digital e da concorrência à escala global, muitas empresas começaram a explorar as novas oportunidades de mercado, desenvolvendo áreas de negócio até então inexistentes. O crescimento do mercado das comunicações móveis, a explosão da Internet, a emergência do comércio electrónico, o desenvolvimento da indústria de conteúdos em ambiente multimédia, a confluência dos sectores das telecomunicações, dos computadores e do audiovisual, demonstram o enorme potencial das tecnologias de informação para gerar novas oportunidades de emprego, estimular o investimento e o desenvolvimento acelerado de novos sectores da economia.

    As tecnologias da informação e da comunicação abrem novas perspectivas à sociedade do futuro. Já hoje a informação, uma vez produzida, circula instantaneamente, pode ser recebida, tratada, incorporada em esquemas lógicos, científicos, transformada por cada um de nós em conhecimento pessoal, em acréscimo de compreensão, de sabedoria, de auto-formação, em valor acrescentado para o mercado ou a sociedade, sempre na condição básica de conseguirmos permanecer numa atitude constante de “aprendizagem”. Vivemos hoje numa sociedade onde para além das Escolas, das Bibliotecas, dos Laboratórios, abundam “novas fontes” onde ir buscar conhecimento quer nas empresas, quer nos centros de investigação e experimentação, de estudo, de consultoria, de inovação e de desenvolvimento.

A reter

Sociedade de Informação: “A Sociedade da Informação é um conceito utilizado para descrever uma sociedade e uma economia que faz o melhor uso possível das Tecnologias da Informação e Comunicação no sentido de lidar com a informação, e que torna esta como elemento central de toda a atividade humana (Castells, 2001).”

- Sociedade do Conhecimento: “O Conhecimento por ser, em grande parte, resultado da partilha coletiva de significados, é necessariamente construído em sociedade, promovendo valores como a colaboração, a partilha e a interação” (Borges, 2004). Por outro lado, a sociedade do conhecimento é também aquela onde a sua posse toma uma dimensão e uma relevância tais que determina as atuações em todas as outras áreas, potenciando o surgimento de conflitos que levam à necessidade da criação de acordos e de legislação para proteger os direitos da propriedade intelectual (Tedesco, 1999).

 Curiosidade

Evolução histórica do conceito de informação

Se revistarmos as origens da etimologia latina, trata-se de um termo familiar aos pensadores romanos. O substantivo “informatio” deriva do verbo “informare” que, como se verifica facilmente, é composto por “in” e “forma”, isto é, formar, dar forma a. Daí que sentidos possíveis para “informar” sejam: formar, configurar, dar, ensinar, avisar, educar, capacitar alguém para algo. Assim, “informação” não significa nada mais, nada menos do que “formação”, “configuração”, “educação”, tanto em sentido literal como figurado. Assim, podemos entender como processo de formação e educação através das instruções e dos ensinamentos recebidos e também como resultado desse processo.

Quem cunhou o termo sociedade da informação?

Em 1973, o sociólogo estadunidense Daniel Bell introduziu a noção da “sociedade de informação” em seu livro O advento da sociedade pós-industrial [1].

Qual contexto e quais protagonistas da criação do termo sociedade da informação?

Surgida no contexto da pós-modernidade, a sociedade da informação é essencialmente informática e comunicacional, constituída principalmente pelos avanços da microeletrônica, optoeletrônica e multimídia. Adquirir, armazenar, processar e disseminar informações são as metas básicas do novo sistema.

Como Manuel Castells define a sociedade da informação?

Em suma, Castells define a sociedade da informação como um período histórico caraterizado por uma revolução tecnológica, movida pelas tecnologias digitais de informação e de comunicação.

O que gerou a sociedade da informação?

A Sociedade da Informação surgiu no século XX no momento em que a tecnologia teve grandes avanços e diz respeito a nossa sociedade atual, onde a informação se tornou uma ferramenta de fácil acesso e essencial para o desenvolvimento pessoal e coletivo.