O que foram as Cruzadas quais suas consequências para a economia e cultura europeia?

As Cruzadas, do século XI ao século XV, foram um dos eventos definidores da Idade Média, tanto na Europa quanto no Oriente Médio. Estas campanhas originaram significativas consequências nos locais que ocorreram, mas também abriram caminho para mudanças dentro dos estados que as organizaram e nelas combateram. Mesmo após o movimento cruzado ter se encerrado, sua influência permaneceu através da literatura e outras manifestações culturais e, revivida como uma ideia em tempos mais modernos, continuaram a colorir as relações internacionais.

O que foram as Cruzadas quais suas consequências para a economia e cultura europeia?

O Retorno do Cruzado

Karl Friedrich Lessing (Public Domain)

Surgiram muitas e exageradas afirmações a respeito das causas e consequências das Cruzadas na fortuna da Idade Média e em períodos mais tardios. Houve, indubitavelmente, significativas mudanças na vida, na religião e na política dos séculos XI ao XIV, mas é prudente prestar atenção nas palavras do historiador e aclamado especialista em Cruzadas, T. Asbridge:

O preciso papel das Cruzadas permanece sob discussão. Qualquer tentativa para identificar com precisão o efeito deste movimento é carregado de dificuldades, porque necessita da identificação e isolamento de um único fio dentro do tecido da história – e a reconstrução hipotética do mundo, estaria na dependência daquele fio que foi removido. Alguns impactos são relativamente evidentes, porém muitas observações necessitam, forçosamente, serem confinadas, obviamente, às generalizações. (664-5)

O impacto das Cruzadas pode ser assim sumarizado em termos genéricos:

  • uma crescente presença de cristãos no Levante durante a Idade Média.
  • criação e desenvolvimento das ordens militares.
  • a polarização Oriente/Ocidente baseada em diferenças religiosas.
  • a aplicação específica de objetivos religiosos para guerra no Levante, Península Ibérica e região do Báltico, em particular.
  • o crescente papel e prestígio dos Papas e da Igreja Católica nos assuntos seculares.
  • as ásperas relações entre o Ocidente e o Império Bizantino acarretando, finalmente, a destruição deste último.
  • um crescimento no poder das casas reais da Europa.
  • uma mais forte identidade cultural coletiva na Europa.
  • Um crescimento na xenofobia e intolerância entre cristãos e muçulmanos e entre cristãos e judeus, hereges e pagãos.
  • um crescimento no comércio internacional e na troca de ideias e tecnologia.
  • um aumento no poder de estados italianos como Veneza, Gênova e Pisa.
  • a apropriação e transporte para a Europa de relíquias cristãs.
  • o uso do precedente histórico-religioso para justificar o colonialismo, a guerra e o terrorismo.

Oriente Médio e Mundo Muçulmano

O resultado geopolítico imediato das Cruzadas foi a retomada de Jerusalém em 15 de julho de 1099, porém para assegurar a permanência da Cidade Santa em mãos cristãs foi necessário que fossem criados vários assentamentos ocidentais no Levante (coletivamente conhecido como Oriente Latino, os Estados Cruzados ou Outremer). Para sua defesa, deveria haver um firme e contínuo suprimento de novos cruzados nas décadas vindouras e, ao mesmo tempo, foram criadas ordens militares de cavaleiros profissionais, tais como os Cavaleiros Templários e Cavaleiros Hospitalários. Estes, por sua vez, inspiraram a formação de ordens de cavalaria como a Ordem de Garter na Inglaterra (fundada em 1348), que advogava, entre seus membros, os benefícios de ser um cruzado.

Apesar da presença militarizada na Terra Santa, do recrutamento contínuo na Europa e crescente envolvimento de reis e imperadores, provou-se impossível manter os ganhos conseguidos na Primeira Cruzada e seriam necessárias mais campanhas para recapturar cidades como Edessa e a própria Jerusalém após sua queda em 1187. Existiram, ao todo, oito Cruzadas oficiais e diversas outras não-oficiais nos séculos XII e XIII, todas elas conseguindo mais fracassos que sucessos e, em 1291, os Estados Cruzados foram absorvidos pelo Sultanato Mameluco.

viajar tornou-se mais comum, inicialmente sob a forma de peregrinação à terra santa e surgiu uma sede pela leitura de tais jornadas amplamente publicadas.

O mundo muçulmano havia, anteriormente às Cruzadas, embarcado na jihad – comumente traduzida como “guerra santa”, porém com significado mais preciso de esforçar-se, tanto na defesa, como na expansão do Islã e dos Territórios Islâmicos. Apesar do significado religioso de Jerusalém para os muçulmanos, a área costeira do Levante era de menor importância econômica e política para os Califados do Egito, Síria e Mesopotâmia. O mundo muçulmano era, em si, dividido em várias seitas e envolvido em rivalidades e competições políticas entre cidades e regiões. Os cruzados forneceram uma oportunidade para uma maior unidade para enfrentar esta nova ameaça vinda do Ocidente, porém nem sempre a oportunidade foi aproveitada. Alguns governantes, o de maior fama é Saladin, Sultão do Egito e Síria (sult.1174-1193), fizeram uso da propaganda de guerra religiosa para se apresentarem como os líderes do mundo muçulmano e auxiliá-los a conseguir supremacia dentro dele.

A Propagação das Cruzadas

O movimento das Cruzadas propagou-se para a Espanha onde, do século XI ao século XIII, foram feitos ataques contra os mouros muçulmanos, a chamada Reconquista. Prússia e o Báltico (Cruzadas do Norte), Norte da África e Polônia, entre muitos outros lugares, também testemunhariam exércitos cruzados dos séculos XII ao XV, pois o ideal da Cruzada, apesar dos dúbios sucessos militares, continuou a atrair líderes, soldados e o povo comum no Ocidente. Finalmente, as Cruzadas como uma ideia alcançaria quase toda a Europa no século XIV e a maioria das pessoas já teria ouvido pelo menos um sermão pregando seus méritos e ouvido a necessidade por recrutamento e apoio material. De fato, pouquíssimos bolsos teriam permanecido intocados pelos impostos e taxas Estado e Igreja, regularmente colocados sobre os ombros da população para financiar as Cruzadas.

O que foram as Cruzadas quais suas consequências para a economia e cultura europeia?

Mapa das Rotas da Primeira Cruzada

University of Edinburgh School of Divinity (CC BY-NC-SA)

A Igreja Católica

O sucesso da Primeira Cruzada e a imagem dos Papas dirigindo os assuntos de todo o mundo cristão ajudaram o Papado assumir supremacia sobre os Imperadores Hohenstaufen. A Igreja Católica havia criado uma via rápida para a entrada no céu com a promessa de que os cruzados desfrutariam de uma imediata remissão de seus pecados – serviço militar e penitência estavam associados ou entremeados, de modo que ser um cruzado tornou-se um ato de devoção. No entanto, com cada nova campanha fracassada, o prestígio Papal declinava, embora na Espanha e no Nordeste da Europa os sucessos territoriais promoviam o Papado. Outra consequência negativa para muitos foi a sanção oficial da Igreja quanto à possibilidade de se comprar indulgências. Ou seja, se alguém não pudesse ou não quisesse entrar para uma Cruzada em pessoa, fornecendo ajuda material para outros que o substituíssem, recebia o mesmo benefício espiritual. Esta ideia foi ampliada pela Igreja católica para criar todo um sistema de indulgências pagas, uma situação que contribuiu para a emergência da Reforma do século XVI.

Império Bizantino

Os cruzados foram a causa da ruptura nas relações Ocidente-Império Bizantino. Primeiro, havia o horror bizantino a grupos indisciplinados de guerreiros causando caos e devastação no território dos bizantinos. Eclosões de luta entre cruzados e forças bizantinas eram comuns e a desconfiança e suspeita de suas intenções cresceram. Foi um relacionamento problemático que piorou muito com acusações de que nenhuma das partes tentou com afinco defender os interesses do outro. A situação culminou no chocante saque de Constantinopla em 1204, durante a Quarta Cruzada, que também exibiu a apropriação de relíquias artísticas e religiosas pelos poderes europeus. O Império ficou tão debilitado que ofereceu pouca resistência aos turcos-otomanos em 1453.

Europa

O poder das casas reais da Europa, bem como e a centralização do governo, cresceram acentuadamente, graças a uma elevação nos impostos, a aquisição de riqueza no Oriente Médio e a imposição de tarifas sobre o comércio. A morte de muitos nobres durante as Cruzadas e o fato de que muitos hipotecaram suas terras à coroa para o pagamento de suas campanhas e as de seus adeptos também contribuiu para o crescimento do poder real. Houve um declínio no sistema feudal, também, à medida que muitos nobres venderam suas terras para financiar suas viagens, libertando seus servos neste processo.

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Pilhagem de Constantinopla em 1204

Palma Le Jeune (Public Domain)

A conquista dos territórios dominados pelos muçulmanos no Sul da Itália, Sicília e na Península Ibérica, deu acesso a novos conhecimentos, a denominada “Nova Lógica”. Ocorreu também um sentimento maior em ser “europeu”, que, apesar da diferença entre estados, o povo da Europa compartilhava uma identidade e herança cultural comuns (embora o sentimento de ser um cruzado fosse incorporado aos ideais de cavalaria, isto alargou o abismo entre aqueles que eram e aqueles que não eram membros da classe dos cavaleiros). O outro lado da moeda cultural foi um crescimento na xenofobia. A intolerância religiosa manifestou-se de muitas maneiras, porém mais brutalmente nos pogroms contra os judeus (notavelmente no Norte da França e no Rhineland em 1096-1097) e violentos ataques contra os pagãos, cismáticos e hereges por toda Europa.

o comércio entre oriente e ocidente elevou-se substancialmente . mercadorias mais exótica entraram na europa mais que antes, como as especiarias.

O comércio entre Ocidente e Oriente elevou-se substancialmente. Mercadorias mais exóticas entraram na Europa muito mais que antes, como especiarias (especialmente pimenta e canela), açúcar, tâmaras, pistache, melancias e limões. Chegaram, também, tecido de algodão, tapetes persas e roupas orientais. Os estados italianos de Veneza, Gênova e Pisa cresceram em riqueza através do controle que exerciam nas rotas comerciais do Oriente Médio e Bizâncio, que vieram a se somar às rendas que conseguiam pelo transporte dos exércitos cruzados e seus suprimentos. Mais cedo, ou mais tarde, isto aconteceria de qualquer maneira, porém os cruzados, provavelmente, aceleraram o processo de comércio internacional através do Mediterrâneo.

Viajar tornou-se mais comum, inicialmente na forma de peregrinação à Terra Santa, ao mesmo tempo desenvolvendo-se a sede pela leitura de tais jornadas, as quais eram amplamente publicadas. A era de exploração havia começado e levaria à descoberta do Novo Mundo, onde o conceito de uma cruzada contra não-crentes foi uma vez mais aplicada. Hernán Cortés, o conquistador dos astecas, referia-se a seus seguidores como milites Christi ou “Cavaleiros de Cristo”, iniciando uma guerra santa.

Na Era Moderna

As Cruzadas lançaram verdadeiramente uma sombra muito longa, com trabalhos de arte, literatura e mesmo guerras, continuamente lembradas no imaginário, nos ideais, nos sucessos e nos desastres das guerras santas até o século XXI. Ocorreu um processo de culto ao herói, mesmo nos tempos medievais, de figuras como Saladin e Ricardo Coração de Leão, os quais foram exaltados não somente pelas suas habilidades militares, mas, acima de tudo, pelo cavalheirismo. Após a Reforma, ocorreu o oposto e as Cruzadas foram colocadas debaixo do tapete histórico como um aspecto brutal e indesejado de nosso passado que melhor seria se fosse esquecido.

O que foram as Cruzadas quais suas consequências para a economia e cultura europeia?

Cavalos do Hipódromo de Constantinopla

Tteske (CC BY)

O século XIX presenciou um retorno do interesse no Ocidente, com novelas como O Talismã (825) de Sir Walter Scott. Com ocupação aliada da Palestina na Primeira Guerra Mundial, já no século XX, os fantasmas dos cruzados retornaram para assombrar o presente na forma de propaganda, retórica e “cartoons”. Já na Segunda Guerra Mundial, o próprio termo “cruzada” foi, ao contrário, destituído de seu significado religioso e aplicado a campanhas contra a Alemanha Nazista. O General Eisenhower, o comandante americano das forças aliadas, deu a seu relatório da campanha o título Crusade in Europe (Cruzada na Europa).

Mais recentemente, a luta contra o terrorismo no século XXI, frequentemente expressada em termos de uma “cruzada”, particularmente pelo Presidente americano George W. Bush após o ataque às Torres Gêmeas em 2001. Com a ascensão do nacionalismo árabe, o debate a respeito da posição e validade do Estado de Israel e as continuadas políticas intervencionistas das potências ocidentais no Oriente Médio, os seculares objetivos de controle territorial e poder econômico frequentemente se misturam e se confundem com divisões religiosas, de modo que termos como “cruzada”, “cristão”, “muçulmano” e “jihad” continuam, tanto no Ocidente como no Oriente, a serem usados com ignorância e preconceito como rótulos de conveniência por aqueles que lutam para fazer história, ao invés de aprender nela.

O que foram as Cruzadas quais as suas consequências para a economia e cultura europeia?

As cruzadas conseguiram restabelecer as relações europeias com o norte da África e a Ásia. Foram responsáveis pela reabertura do Mediterrâneo ao comércio internacional e pelo desenvolvimento do comércio ocidental.

O que foram as Cruzadas e quais foram as suas consequências?

As cruzadas foram guerras violentas, causaram muitas mortes e, considerando seu objetivo principal, foram um fracasso. As Cruzadas, também chamadas de Guerra Santa, receberam esse nome porque os cruzados utilizavam uma cruz - símbolo do cristianismo - estampada em suas vestimentas durante as batalhas.

Quais as suas consequências para a economia e a cultura europeia?

as consequências da expansão europeia – a sociedade Há uma maior projeção económica da burguesia mercantil e enfraquecimento da nobreza senhorial e feudal, o que leva à reestruturação e reorganização dos estatutos sociais, embora de forma «oficiosa».

O que foi o que foram as Cruzadas?

Elas foram expedições militares organizadas entre 1095 e 1291 pelas potências cristãs europeias, com o objetivo declarado de combater o domínio islâmico na chamada Terra Santa, reconquistando Jerusalém e outros lugares por onde Jesus teria passado em vida.