O processo de colonização espanhola, assim como o português, moldou o futuro da América Latina através da violência e apagamento cultural. Show
O século XV foi marcado pelas Grandes Navegações. Em suma, países de toda a Europa tentavam expandir seu comércio para outros continentes. Embora as especiarias orientais fossem altamente almejadas, a grande demanda levou algumas nações a buscar rotas alternativas. Curiosamente, a colonização espanhola é resultado disso. Consideradas as duas maiores potências marítimas do período em questão, Portugal e Espanha competiam pelo controle do Novo Mundo “descoberto” por Cristóvão Colombo em 1492. Aliás, a chegada do navegador às Antilhas é o marco inicial para a hispanização, assim chamado o processo de repressão espanhola dos nativos da América. Assim que o Tratado de Tordesilhas foi firmado entre os países ibéricos, o Reino de Castela assumiu as terras a oeste da linha imaginária. Em seguida, através de várias formas de violência física e simbólica, foi implantada uma prática desumana de apagamento sociocultural cujas consequências são notadas até hoje. A América antes da EspanhaAo contrário do que o conceito de “civilizado” europeu sugere, ao chegarem na América os espanhóis se depararam com grandes civilizações. A organização política e social dos povos pré-colombianos era surpreendente, assim como seus complexos centros urbanos, que chegavam a superar a pretenciosa sofisticação das cidades europeias. Contudo, a busca por um novo mercado e expansão comercial, fez com que o interesse econômico dos espanhóis fosse mais gritante que a possibilidade de uma troca cultural com aqueles povos. Sendo assim, deu-se início ao processo de colonização espanhola. Os primeiros estágios do processo de colonização espanholaO processo de colonização nasce do desejo de suprimir uma cultura já existente em busca de implantar um novo sistema de acordo com os objetivos e valores dos colonizadores. Pois bem, ao estabelecerem-se na América, os espanhóis se depararam com populações organizadas e regidas por leis há muito tempo consagradas. Logo, a hispanização foi um terrível e violento procedimento realizado contra os Maias, Astecas e Incas. Apesar desses povos superarem os colonizadores em números, eles foram sobrepostos por dois fatores principais: o poder bélico dos espanhóis e as doenças trazidas por eles. Enquanto de um lado os europeus lutavam com armas de fogo e montavam cavalos, do outro, os nativos que não tinham defesas naturais morriam com epidemias de gripe, varíola e sífilis trazidas de outro continente. Consequentemente, populações nativas foram mortas em poucos dias. Além disso, outra estratégia utilizada pelos espanhóis foi instigar a rivalidade entre tribos locais. Ao passo que os próprios nativos passaram a se dizimar, aqueles que sobreviveram foram explorados pelos colonizadores. Estima-se que 30 milhões de indígenas foram mortos durante o processo de colonização espanhola. A consolidação das colônias espanholasApós a dominação física, os espanhóis partiram para o processo de dominação simbólico. Com isso, foi iniciada a modificação da estrutura política, econômica e religiosa das sociedades que habitavam o Novo Mundo. Nessa etapa, a catequização forçada e o apagamento cultural foram responsáveis por dizimar o que restava dos povos nativos. Assim como os portugueses fizeram no Brasil Colônia, os espanhóis introduziram no continente americano uma nova religião, idioma, organização econômica e social. Visto que seu objetivo naquelas terras era, majoritariamente, a exploração dos recursos naturais que ali existiam, sua única preocupação era a mão de obra. Porém, apesar de não ser uma colônia de povoamento, era preciso ocupar esse território. Então, buscando legitimar seu poder sobre as novas terras e agradar a Igreja Católica com um enorme número de almas catequizadas, a Espanha instaurou a Capitulação, um documento que permitia a execução dos interesses de todos os envolvidos. Obviamente, a Capitulação não contemplava os interesses dos povos explorados, apenas da monarquia, igreja e burguesia. Neste documento, ficava estabelecido os deveres de cada uma das partes que participavam da ocupação do novo domínio. Ademais, a Capitulação especificava como o capital deveria ser empregado, sob quais condições e quanto dinheiro seria depositado pela Coroa e investidores particulares nessas colônias. A administração das colôniasComo mencionado acima, o objetivo dos espanhóis era explorar os recursos naturais locais. Para isso eles precisavam de mão de obra e, apesar de investirem no tráfico negreiro, eles priorizaram os nativos, já que os mesmos tinham maior conhecimento sobre o local a ser explorado. Assim, como forma de aproveitar a mão de obra indígena, os colonizadores aderiram ao método da encomienda e da mita. Enquanto a primeira era uma regra espanhola e cobrava dos indígenas trabalho em troca de evangelização e alimento; a segunda era um costume nativo que foi distorcido em forma de trabalho forçado por tempo determinado. Para facilitar a administração colonial, o território foi fragmentado em Vice-Reinos e Capitanias Gerais. Cada uma dessas divisões, por sua vez, passou a ser administrada por: Vice-Rei, autoridade máxima que era escolhida pelo Rei; Capitão Geral, encarregado das Capitanias; e Governadores, auxiliares administrativos do vice-rei ou capitão geral. Além desses cargos políticos, havia também o Cabildo, um conselho formado pela elite da sociedade, ou seja, donos de terra e clero. A infraestrutura da colonização espanholaVisto que as Capitanias e os Vice-Reinos eram considerados uma extensão da Espanha, a metrópole precisava administrar essas terras com cautela. Para isso, algumas instituições específicas foram criadas:
Aliás, os Vice-Reinos eram divididos em Peru, Nova-Espanha, Nova-Granada e Prata. Já Capitanias Gerais, foram repartidas em Cuba, Porto Rico, Guatemala (que incluía países atualmente independentes, como Guatemala, Honduras, El Salvador e Costa Rica), Venezuela, Chile e Santo Domingo. A hierarquia social nas colônias hispânicasEmbora no início a divisão social tenha se dado por cor de pele, as uniões inter-raciais resultaram em uma grande miscigenação. Então, o local de nascimento passou a ser mais importante que o grau de mestiçagem. Como resultado disso, a hierarquia social nas colônias hispânicas funcionava da seguinte forma:
Consequências da colonização espanholaO violento processo de colonização espanhola demorou a alcançar um fim. Porém, a partir da ascensão da Revolução Industrial e do Iluminismo ficou notável um enfraquecimento no domínio hispânico na América. Ademais, a crise da Coroa Espanhola, decorrente das invasões napoleônicas, favoreceu a libertação das colônias. Os Vice-Reinos e Capitanias Gerais, eventualmente, deram lugar à países independente como: Uruguai, Paraguai, Bolívia, Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Panamá, Honduras, Cuba, República Dominicana, Costa Rica, Nicarágua, Guatemala e México. Entretanto, mesmo conquistando a independência, essas novas nações passaram a sofrer com a deficiência causada por séculos de exploração e trilham um árduo caminho até hoje. De qualquer forma, essas antigas colônias, seguem se destacando em diversos âmbitos. Afinal, assim é a América Latina, um povo sem pernas, mas que caminha. E então, o que achou da matéria? Se gostou, confira também: Invasões Holandesas – História, invasões no Brasil e consequências. Fontes: Toda Matéria, Brasil Escola, Mundo Educação, Quero Bolsa. Imagens: FDRA, Aventuras na História, Cola da Web, Tropas e Armas, Il Cineocchio, El Confidencial, Noticias ao Minuto, Twitter. O que ocorreu com a população nativa com a chegada dos espanhóis?Pouco a pouco, os espanhóis foram estabelecendo as bases da colonização, e os povos nativos foram sistematicamente violentados. Os conflitos, as doenças e a escravização fizeram com que milhões de indígenas que habitavam o Caribe, no final do século XV, passassem a poucos milhares, em meados do século XVI.
Quais foram consequências da conquista espanhola para a população nativa da América?A desorganização da produção trouxe a miséria. Povos que nunca haviam conhecido a fome passaram a conviver com ela. A sífilis exterminou parte da população. Um enorme número de índios foi escravizado e pereceu em minas onde as condições de trabalho eram brutais.
Quais foram as principais mudanças da presença espanhola para as sociedades nativas?A colonização espanhola na América se caracterizou pela modificação da estrutura política, econômica e religiosa das sociedades que habitavam naquele território. Os espanhóis introduziram no continente americano uma nova religião, idioma, organização econômica e social.
Como foi o contato dos espanhóis com os povos indígenas?A conquista da América Espanhola foi marcada pelo uso de violência contra os povos nativos desde a chegada dos espanhóis em 1492. A conquista da América Espanhola foi o processo de ocupação da América pelos espanhóis e consequente controle sobre as áreas até então ocupadas pelos povos nativos.
|