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O HIPERCONSUMISMO E SUSTENTABILIDADE NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEAO hiperconsumo é um dos elementos que caracteriza a sociedade moderna. O rompimento com o passado e o endeusamento do novo, “do moderno”, desenvolveu uma cultura capaz de levar a que o indivíduo enderece todas as suas necessidades e todos os seus desejos para o consumo. Usar a expressão ‘cultura de consumo’ significa que o mundo das mercadorias e seus princípios de estruturação são centrais para a compreensão da sociedade contemporânea. Isso envolve um foco duplo: em primeiro lugar, na dimensão cultural da economia, a simbolização e o uso de bens materiais como ‘comunicadores’, não apenas como utilidades; em segundo lugar, na economia dos bens culturais, os princípios de mercado – oferta, demanda acumulação de capital, competição e monopolização – que operam ‘dentro’ da esfera dos estilos de vida, bens culturais e mercadorias. (FEATHERSTONE, 1995, p. 121). O desenvolvimento da
sociedade de consumo cresceu de forma exponencial no último século. Os avanços tecnológicos que surgiram no século XX, como, por exemplo, o desenvolvimento da informática, das telecomunicações, da produção, das indústrias, trouxeram profundas mudanças nas relações sociais, criando uma sociedade moderna onde o próprio tempo se configura totalmente diferente das sociedades pré-modernas. Tendo em vista o crescente processo de industrialização, que sempre foi bem aceito pela sociedade contemporânea, uma vez que o progresso econômico era buscado de forma incansável, pretende-se fazer uma análise do problema das sociedades advindo com a modernidade na ótica consumo/ meio ambiente. (BERNADELLI; JESUS, 2009) Na ótica de Lipovestsky (2004), a sociedade está em tempo de guerra com o tempo: “O estado de guerra contra o tempo implica que os indivíduos estão cada vez menos encerrados só no presente, com a dinâmica de individualização e os meios de informação funcionando como instrumentos de distanciamento, de introspecção, de retorno ao eu.” AS ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E O CONSUMO SUSTENTÁVELAs transformações
ocasionadas pela Revolução Industrial, pela globalização e pela inserção do capitalismo na sociedade contemporânea impulsionaram o consumo mundial. O crescente e descontrolado ritmo de produção aliado ao consumo irracional promoveu a degradação do meio ambiente em níveis exorbitantes. A ideia central do documentário intitulado História das Coisas é sensibilizar-nos quanto ao consumismo exacerbado, compreendendo todas as etapas do processo produtivo, que perpassa pela utilização irracional da
matéria-prima; da produção permeada de produtos tóxicos e químicos; da distribuição com o objetivo de vender os produtos no menor tempo possível, evitando que os mesmos não fiquem obsoletos no mercado; o próprio consumo, que caracteriza-se como a etapa principal; até a sua destinação final. Todo esse processo é apresentado de forma linear e finita, denominado economia de materiais. A primeira dimensão do desenvolvimento sustentável normalmente citada é a ambiental. Ela supõe que o modelo de produção e consumo seja compatível com a base material em que se assenta a economia, como subsistema do meio natural. Trata-se, portanto, de produzir e consumir de forma a garantir que os ecossistemas possam manter sua autorreparação ou capacidade de resiliência. A segunda dimensão, a econômica, supõe o aumento da eficiência da produção e do consumo com economia crescente de recursos naturais, com destaque para recursos permissivos como as fontes fósseis de energia e os recursos delicados e mal distribuídos, como a água e os minerais. [...] A terceira dimensão é a social. Uma sociedade sustentável supõe que todos os cidadãos tenham o mínimo necessário para uma vida digna e que ninguém absorva bens, recursos naturais e energéticos que sejam prejudiciais a outros. [...] A consequência do esquecimento da dimensão da política é uma despolitização do Desenvolvimento Sustentável, como se contradições e conflitos de interesse não existissem mais [...] Outro aspecto olvidado na definição do Desenvolvimento Sustentável é a cultura. Não será possível haver mudança no padrão de consumo e no estilo de vida se não ocorrer uma mudança de valores e comportamentos; uma sublimação do valor ter mais para o valor ter melhor; se a noção de felicidade não se deslocar do consumir para o usufruir. Outras literaturas vão um pouco além das próprias cinco dimensões discutidas por Nascimento (2012). Camargo (2003) apresenta as dimensões: Ecológica; Ambiental; Social; Política; Econômica; Demográfica; Cultural; Institucional e Espacial. Ao substituir as ferramentas pelas máquinas, a energia humana em energia motriz e o modo de produção artesanal em sistema fabril, a industrialização inaugurou o início de uma era marcada pela produção de bens, competitividade acirrada, disputa por novos mercados, pelo consumo exacerbado. O desenvolvimento tecnológico permitiu o aumento da produção e a imposição do crescente hábito de consumo. O ter passou a ser mais importante que o ser. As pessoas são valorizadas pelo patrimônio que possuem, pelos produtos que lhes são disponíveis. O padrão de consumo transformou-se, inclusive, em forma de afirmação social, em integração de determinados grupos na sociedade. É importante, neste contexto, conhecermos a procedência desses produtos, verificar se as organizações utilizam mão-de-obra infantil e escrava e se os produtos não danificam o meio ambiente em seu processo de elaboração (emissões e resíduos contaminantes). [...] Destaca-se o poder da mídia, em suas mais diversificadas e sutis formas de manifestação, a impulsionarem desejos e sentimentos na consciência coletiva. Outdoors, paredes de propaganda, anúncio de revistas, rádios, televisões, tudo a fazer a apresentação da cultura de massa e de seus produtos. Os anúncios, as relações públicas, a doutrinação não são mais custos improdutivos, mas elementos básicos da produção. A publicidade constitui papel indispensável na consolidação deste consumismo. Ela suscita o desejo, cria o estímulo para a compra. Depois, reforça seu uso, fazendo com que o consumidor crie o hábito pelo consumo do produto, tornando-o, ao final, fiel a uma marca. Com a expansão da
sociedade de consumo e do rompimento de fronteiras através da mídia, amplamente influenciada pelo estilo de vida norte-americano, o consumo se transformou em uma compulsão e um vício, estimulados pelas forças do mercado, da moda e da propaganda. A ideia de um consumo sustentável, portanto, não se limita a mudanças comportamentais de consumidores individuais ou, ainda, a mudanças tecnológicas de produtos e serviços para atender a este novo nicho de mercado. Apesar disso, não deixa de enfatizar o papel dos consumidores, porém priorizando suas ações, individuais ou coletivas, enquanto práticas políticas. Neste sentido, é necessário envolver o processo de formulação e implementação de políticas públicas e o fortalecimento dos movimentos sociais. É possível afirmar que, até aqui os debates sempre põem em pauta as relações entre desenvolvimento econômico e meio ambiente e que estão estreitamente interligados aos padrões de consumo e produção de uma dada sociedade. Em contrapartida, ao invés de transferir a responsabilidade apenas para os consumidores individuais, ou se limitar a transformações tecnológicas de produtos e serviços, as discussões sobre os padrões e níveis de consumo
necessita ser ampliado com o intuito de incluir o processo de formulação e implementação de políticas públicas, criando um espaço de alianças entre diferentes setores da sociedade, tais como: extratores de matérias-primas, fabricantes, comerciantes e consumidores. REFERÊNCIAS ACSELRAD, Henri. Ambientalização das lutas sociais: o caso do movimento por justiça ambiental. Estud. av., São Paulo, v. 24, n. 68, 2010. BERNADELLI, Tânia Mara; JESUS, Altair Reis de. O DISCURSO DA SUSTENTABILIDADE E AS PRÁTICAS DE CONSUMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA. V ENECULT - Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Faculdade de Comunicação/UFBa, Salvador-Bahia-Brasil. 2009. CAMARGO, A. L. B. “Sustentabilidade - entraves globais e reflexões”. In: Desenvolvimento Sustentável: dimensões e desafios. Campinas: Papirus, 2003, p. 113-124. CARTER, C. R.; ELLRAM, L. M. Reverse Logistics: a review of the literature and framework for future investigation. International Journal of Business Logistics, Tampa, v. 19, n. 1, p. 85-103, Jan 1998. FEATHERSTONE, Mike. Cultura de consumo e pós-modernismo. SP: Stúdio Nobel, 1995. (Coleção cidade aberta. Série megalópoles). GOMES, Daniela Vasconcellos. Educação para o consumo ético e sustentável. In Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, nº. 16. Rio Grande do Sul: Fundação Universidade Federal RioGrande, 2006. Versão eletrônica disponível em: <http://www.remea.furg.br/edicoes/vol16/art02v16.pdf>.Acesso: 07 março 2013. LEFF, Enrique (Coord.).Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade, Poder. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2001. LENZI, C. L. Sociologia ambiental: risco e sustentabilidade na modernidade. São Paulo: Anpocs/Edusc, 2006. LIMA, Ana Karmen Fontenele Guimarães. Consumo e Sustentabilidade: Em busca de novos paradigmas numa Sociedade Pós-Industrial.Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI: Fortaleza – CE, p. 1686 – 1698, 2010. LIPOVESTSKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Bacarolla, 2004. p. 76. NASCIMENTO, Elimar Pinheiro do. Trajetória da sustentabilidade: do ambiental ao social, do social ao econômico. Estud. av., São Paulo, v. 26, n. 74, 2012. NIELLO, José Vargas et al. Consumo Sustentável: Manual de educação. Brasília: Consumers International/ MMA/ MEC/ IDEC, 2005. 160 p. PEREIRA, Agostinho Oli Koppe. A sustentabilidade numa sociedade hiperconsumista. Passo Fundo: UPF, 2012. RESENDE, E. L. Canal de distribuição reverso na reciclagem de pneus: estudo de caso. 2004, Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004. ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Desenvolvimento sustentável: uma perspectiva econômico-ecológica. Estud. av., São Paulo, v. 26, n. 74, 2012. SHIBAO, Fábio Ytoshi; MOORI, Roberto Giro; SANTOS, Mário Roberto dos. A Logística Reversa e a Sustentabilidade Empresarial. Anais do XIII Seminários em Administração – SEMEAD. São Paulo, p. 1-17, 2010. SOLOW, R. Growth Theory: an exposition. 2.ed. Oxford: Oxford University Press, 2000. Qual é a relação entre consumo e desenvolvimento sustentável?De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o consumo sustentável é aquele que envolve a escolha de produtos que utilizaram menos recursos naturais em sua produção, que garantiram emprego decente aos que os produziram e que serão facilmente reaproveitados ou reciclados.
Por que reduzir o consumo é uma importante ação de sustentabilidade?A atitude do consumidor na hora de comprar pode fazer muita diferença para o meio ambiente e para o futuro do planeta. É necessário levar em conta bem mais do que o preço, a qualidade e a marca do produto.
Como a sociedade de consumo pode contribuir para um desenvolvimento sustentável?Nesse sentido, o consumidor deve adquirir somente o que for necessário para suprir suas necessidades básicas de sobrevivência, evitando, portanto, a aquisição de produtos supérfluos e o desperdício, contribuindo dessa forma para a preservação ambiental.
O que é necessário para se atingir um desenvolvimento sustentável?A redução dos níveis de gás carbônico é essencial para se atingir um desenvolvimento sustentável.. Proteger os solos.. Fazer uso racional da água.. Reduzir o consumo de produtos descartáveis.. Adotar fontes de energia renovável.. Economizar energia elétrica.. Combater o desmatamento e incentivar a criação de áreas verdes.. |