1.(FUVEST) a) Designe as principais personagens negras que aparecem em 1. FOGO MORTO, 2. SÃO BERNARDO e 3. CAMPO GERAL, indicando-lhes sucintamente as características mais marcantes. a)
FOGO MORTO: José Passarinho e o moleque Floripes. 2. (UEL) Reponda os itens a seguir. O fragmento, a seguir, é uma reflexão do protagonista Paulo Honório, do romance São Bernardo. A verdade é que não me preocupo muito com o outro mundo. Admito Deus, pagador celeste dos meus trabalhadores, mal remunerados cá na terra, e admito o diabo, futuro carrasco do ladrão que me furtou uma vaca de raça. Tenho portanto um pouco de religião, embora julgue que, em parte, ela é dispensável num homem. Mas mulher sem religião é horrível. (RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2012. p.155.) A partir do fragmento, discorra sobre o sentido de religião para o protagonista do romance. Refira-se, pelo menos, a uma passagem da obra para ilustrar sua resposta. pela conjunção “mas” na construção desses sentidos. RESPOSTA: Em São Bernardo, Paulo Honório representa o capitalista insensível, cujas ações são guiadas por valores materialistas que visam a alcançar seus objetivos, sendo o maior deles a posse e a manutenção da Fazenda São Bernardo. Nesse sentido, utiliza-se dos elementos tradicionais do cristianismo, tais como céu e inferno, Deus e diabo, salvação e perdição, como instrumentos de alienação. Por este viés pragmático e utilitário, a religião serve para favorecer e legitimar sua visão particular de justiça: no céu, seus trabalhadores campesinos oprimidos por ele com baixos salários seriam finalmente recompensados, enquanto no inferno o diabo castigaria o ladrão que o lesou com o furto de uma vaca. No contexto do romance, para o protagonista corroído pelos ciúmes em relação à esposa Madalena e pela constatação da ausência de religiosidade nela, a religião também serviria como um freio aos vícios humanos, especialmente o adultério: “mulher sem religião é horrível”. 3.(UNICAMP) No trecho a seguir, retirado de um dos capítulos de São Bernardo, de Graciliano Ramos, Paulo Honório faz algumas considerações sobre as diferenças na maneira de falar que acabam provocando desentendimentos entre ele e Madalena: “No começo das nossas desavenças todas as noites aqui me sentava, arengando com Madalena. Tínhamos desperdiçado tantas palavras! — Para que serve a gente discutir, explicar-se? Para quê? Para que, realmente? O que eu dizia era simples, direto e procurava debalde em minha mulher concisão e clareza. Usar aquele vocabulário, vasto, cheio de ciladas, não me seria possível. E se ela tentava a minha linguagem resumida, matuta, as expressões mais inofensivas e concretas eram para mim semelhantes a cobras: faziam voltas, picavam e tinham significação venenosa.” a) Como é possível explicar, com base na história pessoal das personagens, as diferenças na maneira de falar entre Paulo Honório e Madalena? b) A diferença de linguagem é um sintoma do conflito existente entre essas duas personagens. De que maneira tal diferença contribui para o conflito básico do romance? RESPOSTAS: a) Madalena estudou e idealiza, pelo conhecimento, um mundo melhor. Paulo Honório busca realização financeira e, nesse universo, não sentiu necessidade de aprimorar a linguagem. 4. Leia o seguinte trecho de São Bernardo: João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de trás para diante. Calculem. A que figura de linguagem se refere Paulo Honório em períodos formados de trás para diante? RESPOSTA: Hipérbato, figura de inversão muito usada por Camões. 5. (FUVEST) a) Os narradores-personagens de DOM CASMURRO e de SÃO BERNARDO assumem, ou não, alguma responsabilidade pelos fatos que lhes sucederam? Compare-os sucintamente
sob esse aspecto. a) Em DOM CASMURRO, Bento Santiago, homem estudado, habitante da cidade, nascido em berço esplêndido, mostra-se vítima de Capitu, sua esposa, a quem julga dissimulada e ambiciosa. 6. (UNICAMP) “Bichos. As criaturas que me serviram durante anos eram bichos.” a) Ele fala como grande proprietário rural. 7. Com relação à linguagem empregada em São Bernardo e o seu autor-personagem há uma contradição. Qual? RESPOSTA: Paulo Honório, autor dos relatos, não teria condições intelectuais para escrever da maneira que escreve, isto é, um homem rude, que aprendeu a ler na prisão aos 18 anos, sem nenhuma ligação com os livros, jamais teria como conhecer regras gramaticais para criar uma boa narrativa como é sua história. 8. (UFLAVRAS) Considerando a trajetória de vida de Paulo Honório, personagem de “São Bernardo”, de Graciliano Ramos, explique o significado que assumem estas palavras: Paulo Honório faz um balanço de sua vida, vê como o tempo passou e sua existência fora inútil. 9. (FUVEST) Conclui-se a construção da casa nova. Julgo que não preciso descrevê-la. As partes principais apareceram ou aparecerão; o resto é dispensável e apenas pode interessar aos arquitetos, homens que provavelmente não
lerão isto. Ficou tudo confortável e bonito. a)”julgo; preciso descrevê-la; é; pode interessar” estão usadas no presente para caracterizar acontecimentos
simultâneos ao momento da declaração, o presente. 10. (UFMS) A propósito de São Bernardo, de Graciliano Ramos, assinale a(s) proposição(ões) correta(s). (001) Trata-se de uma hagiografia, escrita a partir de uma tragédia conjugal. (002) Espaço, personagens e narrador são secos, brutos e cortantes. (004) A linguagem da obra reduz-se ao essencial, expresso com o mínimo de palavras. (008) Embora pareça naturalista e realista, a obra é marcadamente subjetivista, pois a narrativa é filtrada pelo olhar do narrador-protagonista. (016) A animalização e a brutalização da personagem principal são revertidas pelo fracasso de seu casamento. SOMA: 014 (002+004+008) 11. (PUC-PR) Leia atentamente o trecho do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, em que o seu narrador Paulo Honório reflete sobre o casamento, e assinale a alternativa CORRETA. “Amanheci um dia pensando em casar. Foi uma ideia que me veio sem que nenhum rabo-de-saia a provocasse. Não me ocupo com amores, devem ter notado, e sempre me pareceu que mulher é um bicho esquisito, difícil de governar. A que eu conhecia era a Rosa do Marciano, muito ordinária. Havia conhecido também a Germana e outras dessa laia. Por elas eu julgava todas. Não me sentia, pois, inclinado para nenhuma: o que sentia era desejo de preparar um herdeiro para as terras de S. Bernardo.” a) O romance, marco da terceira geração modernista, apresenta seu narrador como um homem ganancioso e utilitarista, entretanto este traço de egoísmo desaparece quando o personagem encontra o amor na figura de Madalena. b) Paulo Honório expressa seu olhar utilitarista acerca do mundo, das pessoas e das relações sociais. Um dos grandes traços deste personagem é sua incapacidade de se relacionar com outras pessoas de forma sensível e amorosa, buscando sempre vantagens financeiras em suas ações. c) O personagem de Paulo Honório, no trecho apontado, evidencia seu desconforto em relação às figuras femininas, pois estas representam a força do feminismo, tema que toma conta do chamado Romance de 30. d) Pelo texto apresentado, podemos observar que o rebuscamento da linguagem e o uso excessivo de metáforas evidenciam as principais características do Modernismo da segunda geração, que buscou antes de tudo tratar de assuntos ligados aos sentimentos humanos, porém desligados de um viés social. e) Ao pensar em um herdeiro para o seu mundo, nota-se que Paulo Honório, que inicia o romance como um personagem egoísta, ao envelhecer, torna-se uma pessoa mais sensata e aberta ao próximo. O fato de desejar um filho demonstra a sua crença em um mundo menos dolorido. 12. (UFU) “Emoções indefiníveis me agitam – inquietação
terrível, desejo doido de voltar, de tagarelar novamente com Madalena, como fazíamos todos os dias, a esta hora. Saudade? Não, não é isto: é antes desespero, raiva, um peso enorme no coração.” 13. “O trabalho era duro. De picareta na mão, cavando terra, no serviço puxado com os companheiros acostumados fazendo as coisas na maciota, conversando uns com os outros. Parecia o eito do Santa Rosa. O feitor estava tomando conta, os cabras de pés no chão, e a terra na frente, a tarefa dura para tirar. Criou calos nas mãos. E o sol queimava-lhe as costas, um sol como o da ilha. Os primeiros dias foram difíceis, mas aos poucos foi se acostumando. Os homens falavam da vida de cada um. E riam-se alto das troças, das pilhérias que tiravam. Botavam apelidos, falavam de mulheres, de episódios, de amores, de desgraça dos outros. A vida para eles era as noites que eles tinham para gozar e os domingos e os dias santos em que se espichavam pelas portas dos mocambos quando não se davam às mulheres, à cachaça, aos folguedos dos ensaios para os grandes dias do carnaval. Ricardo levou dias sem fazer conhecimento que fosse mais ligado. Chegava para o serviço e saía para casa como entrara a primeira vez. Terminou porém entrando na conversa dos companheiros, embora pouco tivesse para contar. Pouco sabia para fazer os outros abrir em gargalhada enquanto a picareta tinia na terra dura. Estavam construindo o leito da linha para os bondes que vinham substituir as maxambombas, os trens que davam àqueles caminhos de Beberibe um sinal de vida mais humana, com os seus apitos saudosos e aquele ir e vir de comboios compridos, com horas certas, com passageiros que tiravam prosas, que se familiarizavam. Viriam os bondes amarelos, parando de poste em poste. A Encruzilhada já se despojara de seus trens. E agora chegava a vez de Beberibe. Com pouco as maxambombas ficariam lá para as oficinas encostadas. Muitas seriam vendidas para as usinas. Iriam apitar pelos canaviais, pelas ingazeiras, pelas cajazeiras, arrastando cana para as esteiras.”REGO, José Lins do. O moleque Ricardo. Rio de Janeiro: INL/MEC, 1980, p. 28-9. 14. (UNB-DF) Julgue os itens abaixo, relativos ao texto e à literatura brasileira. ( ) O texto é construído pelo foco narrativo de primeira pessoa, em que uma personagem revela seus pensamentos, suas lembranças, seus sentimentos e suas sensações. ( ) As informações do texto comprovam que a literatura neorrealista produzida pelo romance regionalista reflete a realidade da sua época, constituindo também uma forma de documento que registra os costumes e o contexto social e econômico do período que focaliza. ( ) A obra de José Lins do Rego abrange a decadência da economia dos engenhos de cana-de-açúcar, o cangaço, o misticismo, a exploração do trabalhador rural e a seca, configurando uma prosa regionalista nitidamente pertencente ao que se costuma chamar de romance social nordestino, cujo marco inaugural é A Bagaceira, de José Américo de Almeida. ( ) No texto, a enumeração de ações exemplifica o recurso literário do fluxo de consciência, muito característico da prosa realista. RTESPOSTA: F-V-V-F 15. (UNESP) Leia o trecho do romance S. Bernardo, de Graciliano Ramos, para responder às questões de 15 a 20. O caboclo mal-encarado que encontrei um dia em casa do Mendonça também se acabou em desgraça. Uma limpeza. Essa gente quase nunca morre direito. Uns são levados pela cobra, outros pela cachaça, outros matam-se. Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta. Deixou viúva e órfãos miúdos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas comeram o segundo, o último teve angina e a mulher enforcou-se. Para diminuir a mortalidade e aumentar a produção, proibi a aguardente. Concluiu-se a construção da casa nova. Julgo que não preciso descrevê-la. As partes principais apareceram ou aparecerão; o resto é dispensável e apenas pode interessar aos arquitetos, homens que provavelmente não lerão isto. Ficou tudo confortável e bonito. Naturalmente deixei de dormir em rede. Comprei móveis e diversos objetos que entrei a utilizar com receio, outros que ainda hoje não utilizo, porque não sei para que servem. Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o mundo dá um bando de voltas. Ninguém imaginará que, topando os obstáculos mencionados, eu haja procedido invariavelmente com segurança e percorrido, sem me deter, caminhos certos. Não senhor, não procedi nem percorri. Tive abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas. Acham que andei mal? A verdade é que nunca soube quais foram os meus atos bons e quais foram os maus. Fiz coisas boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins que deram lucro. E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S. Bernardo, considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-las. Alcancei mais do que esperava, mercê de Deus. Vieram-me as rugas, já se vê, mas o crédito, que a princípio se esquivava, agarrou-se comigo, as taxas desceram. E os negócios desdobraram-se automaticamente. Automaticamente. Difícil? Nada! Se eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza. Se não entram, cruzem os braços. Mas se virem que estão de sorte, metam o pau: as tolices que praticarem viram sabedoria. Tenho visto criaturas que trabalham demais e não progridem. Conheço indivíduos preguiçosos que têm faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a boca – e engolem tudo. Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorável nas seguintes. Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações. – Minhas senhoras, seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não gostar, paciência, vá à justiça. Como a justiça era cara, não foram à justiça. E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando Direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhães, juiz. Violências miúdas passaram despercebidas. As questões mais sérias foram ganhas no foro, graças às chicanas de João Nogueira. Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e não prestei atenção aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito também publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe político local. Em consequência mordeu-me cem mil-réis. (S. Bernardo, 1996.) 15. No trecho, o narrador revela-se uma pessoa a) empreendedora e solidária. b) invejosa e hesitante. c) obstinada e compassiva. d) egoísta e violenta. e) preguiçosa e traiçoeira. 16. O conhecido preceito “os fins justificam os meios” pode ser aplicado ao trecho: a) “E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S. Bernardo, considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-las.” (6o parágrafo) b) “Comprei móveis e diversos objetos que entrei a utilizar com receio, outros que ainda hoje não utilizo, porque não sei para que servem.” (4o parágrafo) c) “Essa gente quase nunca morre direito. Uns são levados pela cobra, outros pela cachaça, outros matam-se.” (1o parágrafo) d) “Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas comeram o segundo, o último teve angina e a mulher enforcou-se.” (2o parágrafo) e) “Vieram-me as rugas, já se vê, mas o crédito, que a princípio se esquivava, agarrou-se comigo, as taxas desceram.” (7o parágrafo) 17. “Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta. Deixou viúva e órfãos miúdos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas comeram o segundo, o último teve angina e a mulher enforcou-se.” (2o parágrafo). Os pronomes sublinhados referem-se, respectivamente, a a) “alavanca”, “um”, “viúva e órfãos”. b) “pedra”, “um”, “meninos”. c) “pedra”, “alavanca”, “viúva e órfãos”. d) “alavanca”, “pedra”, “viúva e órfãos”. e) “alavanca”, “pedra”, “meninos”. 18. O narrador emprega expressão própria da modalidade oral da linguagem em: a) “Se eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza.” (7o parágrafo) b) “Naturalmente deixei de dormir em rede.” (4o parágrafo) c) “A verdade é que nunca soube quais foram os meus atos bons e quais foram os maus.” (6o parágrafo) d) “E os negócios desdobraram-se automaticamente.” (7o parágrafo) e) “Julgo que não preciso descrevê-la.” (4o parágrafo) 19. Verifica-se o emprego de verbo no modo imperativo no seguinte trecho: a) “Se eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza. Se não entram, cruzem os braços.” (7o parágrafo) b) “Minhas senhoras, seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto.” (10o parágrafo) c) “Para diminuir a mortalidade e aumentar a produção, proibi a aguardente.” (3o parágrafo) d) “Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o mundo dá um bando de voltas.” (5o parágrafo) e) “Não senhor, não procedi nem percorri. Tive abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas.” (6o parágrafo) 20. “Tenho visto criaturas que trabalham demais e não progridem.” (7o parágrafo) Considerada no atual contexto histórico, essa fala do narrador pode ser vista como uma crítica à ideia de a) trabalho. b) meritocracia. c) burocracia. d) preguiça. e) pobreza. 21.(UFLA) A única opção que NÃO caracteriza, integralmente, o personagem Paulo Honório, de São Bernardo, de Graciliano Ramos, é: a) “Passou a vida a transformar as pessoas e os sentimentos em coisas mensuráveis, catalogáveis, sujeitas a valores de troca, a extirpar tudo o que ultrapassasse a objetividade ou a passividade das coisas.” 22. (FUVEST) Costuma-se reconhecer que a obtenção de verossimilhança (capacidade de tornar a ficção semelhante à verdade) é a principal dificuldade artística inerente à composição de São Bernardo. Essa dificuldade decorre principalmente: 23. (UFV-MG) Leia as passagens abaixo, extraídas de São Bernardo, de Graciliano Ramos: I. “ Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de cinco tostões”. II. “ Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava aboletado desde meio-dia, tomava café e conversava, bastante satisfeito”. III. “ João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de trás para diante”. IV. “ Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis? Não era melhor que fôssemos como os bois? Bois com inteligência. Haverá estupidez maior que atormentar-se um vivente por gosto? Será? Não será? Para que isso? Procurar dissabores! Será? Não será?”. V.“ Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia”. Assinale a alternativa em que ambas as passagens demonstram o exercício de metalinguagem em São Bernardo: a) III e V. b) I e II. c) I e IV. d) III e IV. e) II e V. 24. (UEL) Em SÃO BERNARDO, Graciliano Ramos, 25. (UFRS) Assinale com V (Verdadeiro) ou com F (Falso) as afirmações abaixo sobre o romance “São Bernardo”, de Graciliano Ramos. 26. (UFU) “Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber para quê! Comer e dormir como um porco! Como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações! Que estupidez! Que porcaria!” 27. (UNESP) Com base no trecho a seguir, assinale a alternativa correta. 28. (UFLA) Todas as alternativas dizem respeito às personagens de São Bernardo, de Graciliano Ramos, EXCETO: a)
Luís Padilha, ludibriado por Paulo Honório, perde a herança recebida do pai e se transforma em objeto nas mãos do fazendeiro. 29. (UFRS) Considere a afirmação abaixo, referentes ao romance “São Bernardo”, de Graciliano Ramos. No capítulo 31 de “São Bernardo”, há uma cena de grande tensão dramática entre Paulo Honório e Madalena, no interior da capela da fazenda. Nela, o marido, enciumado com a descoberta da página de uma carta
escrita pela mulher, exige explicações sobre o destinatário daquelas palavras. 30. (UNOPAR-PR) Considere o que se afirma abaixo, sobre a obra de Graciliano Ramos. I. Exprime a realidade crua do homem nordestino. II. O romance São Bernardo, considerado uma obra-prima de nossa literatura, é narrado por Paulo Honório, que conta sua vida com a esposa, Madalena. III. O estilo dos textos é enxuto e trabalhado com rigor. Deve-se dizer, a respeito dessas afirmações, que a) apenas I está correta. b) somente II está correta. c) estão corretas somente II e III. d) somente I e III estão corretas. e) todas estão corretas. 31. (UFRS) No capítulo 21 de “São Bernardo”, Paulo Honório, agastado com a fatura do material escolar, que considera “despesa supérflua”, assina a duplicata e sai de casa. 32. (UFU) Com relação às personagens de “São Bernardo”, de Graciliano Ramos, assinale
a alternativa INCORRETA. 33. (UFLA) Considere as afirmativas abaixo em relação ao romance São Bernardo, de Graciliano Ramos e, a seguir, marque a alternativa CORRETA. I. A distância que há entre a brutalidade do narrador-personagem e a sofisticação da narrativa dificulta a
verossimilhança da composição da obra. a) Apenas as afirmações I e II estão corretas. 34. (UFU) Sobre a obra “São Bernardo”, de Graciliano Ramos, é correto afirmar que 35. (MACKENZIE) Seu Ribeiro morava aqui, trabalhava comigo, mas não gostava de mim. Creio que não gostava de ninguém. Tudo nele se voltava para o lugarejo que se transformou em cidade e que tinha, há meio século, bolandeira, terços, candeias de azeite e adivinhações em noite de S. João. 36. (UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre a obra de Graciliano Ramos. 37. (UFU) Assinale a alternativa que NÃO se refere à obra “São Bernardo”, de Graciliano Ramos. (UEL/PR)As questões 38 e 39 referem-se à passagem de São Bernardo (1934), de Graciliano Ramos (1892-1953). “[…] 38. Com base no texto, considere as afirmativas a seguir. I. A capital é valorizada por D. Glória como um local interessante, enquanto Paulo Honório a considera um lugar desagradável. II. A cidade pequena é desprezada por D. Glória como um lugar horrível, enquanto Paulo Honório a considera um lugar mais agradável do que a capital. III. Aquilo a que Paulo Honório se refere como campo e um local aprazível é interpretado por D. Glória como mato e desconfortável. IV. O melhor local para D. Glória é a capital, enquanto para Paulo Honório é S. Bernardo, embora ele admita que se trata de um lugar pouco conhecido. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) I, III e IV. e) II, III e IV. 39. Quanto à sugestão dada por Paulo Honório ao fim do diálogo, é correto afirmar: a) É uma proposta feita apenas para que D. Glória risse, tornando o diálogo menos áspero. b) É uma recomendação séria em que o fazendeiro insiste, mesmo após o casamento. c) É uma sugestão dada com o intuito de ofender D. Glória, comprovando os maus modos do fazendeiro. d) É uma ideia que ilustra a concepção materialista do fazendeiro ao desprezar ideais e supervalorizar o dinheiro. e) É uma ironia do fazendeiro que também se engaja na luta por melhores remunerações aos professores. 40. (UFG) A fim de causar a impressão de que o romance trata da “realidade”, Bernardo Carvalho, em
“Mongólia”, recorre à 41. (UFLA) Leia o trecho seguinte para responder à questão. “Agitam-se em mim sentimentos inconciliáveis: encolerizo-me e enterneço-me; bato na mesa e tenho vontade de chorar.” (Personagem Paulo Honório – São Bernardo – Graciliano Ramos) Com relação à personalidade de Paulo Honório, personagem narrador do romance, pode-se inferir que ele possuía: a) uma personalidade fraca, abatida pelas circunstâncias. 42. (PUC-PR) O texto abaixo é um fragmento de uma carta escrita por Graciliano Ramos a sua esposa, em 1932: “O São Bernardo está pronto, mas foi escrito quase todo em português, como você viu. Agora que está sendo traduzido para o brasileiro, um brasileiro encrencado, muito diferente desse que aparece nos livros da gente da cidade, um brasileiro de matuto, com uma quantidade enorme de expressões inéditas, belezas que eu mesmo nem suspeitava que existissem.” Identifique a alternativa verdadeira: a) Graciliano Ramos incorporou em sua obra as expressões dos matutos, porque escrevia para eles, sem se importar com a recepção dos leitores urbanos e da crítica literária. b) A preocupação dos autores do Regionalismo de 30 era a de incorporar na ficção o vocabulário local para favorecer uma maior diferenciação entre a língua escrita e a língua falada. c) O afastamento dos registros linguísticos lusitanizantes e o privilégio da escrita em um “brasileiro encrencado” aparecem também nas obras de Mário de Andrade. d) Assim como Graciliano Ramos, o protagonista narrador de São Bernardo escreveu uma segunda versão de seu texto de memórias, eliminando influências da literatura clássica presentes na primeira versão. e) Ao contrário do que fez Graciliano Ramos, Guimarães Rosa incorporou muitas palavras estrangeiras em seus textos literários, pois pretendia conquistar o público internacional. 43. (PUC-SP) Considerando as informações de que você dispõe sobre o romance SÃO BERNARDO, assinale a alternativa incorreta. 44. (UFPR) Sobre o romance “São Bernardo”, de Graciliano Ramos, é correto afirmar: 45. (UFLA) Com relação à obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, só NÃO se pode afirmar que: a) o social e o psicológico se fundem para criar uma obra de profunda análise das relações humanas. 46. (ITA) O romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, publicado em 1934, é narrado em primeira pessoa pelo narrador-personagem Paulo Honório, que decide escrever o livro em determinada altura da sua vida. O principal motivo que levou Paulo Honório a escrever a sua história foi a) o desejo de mostrar como ele conseguiu, com enorme esforço, tornar-se um proprietário rural bem sucedido, apesar de sua origem extremamente humilde. b) o desejo de mostrar como se formavam os conflitos políticos e sociais no interior do Nordeste brasileiro, tema recorrente na ficção da chamada “Geração de 30”. c) a tristeza que toma conta dele depois que a fazenda São Bernardo deixa de ser produtiva, o que ela tinha sido graças ao seu empenho. d) tentar compreender o que teria levado Madalena ao fim trágico da sua existência, bem como as razões de a vida conjugal deles não ter se realizado como ele gostaria. e) revelar quais foram os motivos pelos quais Madalena se matou, visto que ela se sentia culpada por ter traído o marido com Padilha, antigo proprietário da São Bernardo. 47. (PUC-PR) “Continuemos. Tenciono contar a minha história. Difícil. Talvez deixe de mencionar particularidades úteis, que me pareçam acessórias e dispensáveis. Também pode ser que, habituado a tratar com matutos, não confie suficientemente na compreensão dos leitores e repita passagens insignificantes. De resto isto vai arranjado sem nenhuma ordem, como se vê. Não importa. Na opinião dos caboclos que me servem, todo o caminho dá na venda.” O fragmento acima, retirado do segundo capítulo de São Bernardo, exemplifica: a) Um momento psicológico da narrativa; b) Uma reflexão sobre a voracidade latifundiária do protagonista; c) A desvalorização dos matutos, tema recorrente da literatura urbana do autor; d) Uma reflexão sobre a composição da narrativa; e) Um exemplo da literatura regionalista de 30. 48. (UFLA) Considerando a leitura de São Bernardo, de Graciliano Ramos, é INCORRETO afirmar que nessa obra o protagonista, Paulo Honório, a) lança-se
desesperadamente ao trabalho, após a morte de Madalena, na tentativa de esquecer o fracasso que fora sua vida. 49. (PUC-PR) Após a leitura do trecho abaixo, assinale a alternativa correta para analisar São Bernardo, de Graciliano Ramos. “– Bater assim num homem! Que horror! a) A visão determinista do latifundiário propõe a imobilidade social para que, assim, ele possa exercer seu poder e arbitrariedade. b) O diálogo entre Paulo Honório e sua esposa reproduz a diferença de caráter dos dois e que será a causa de sua separação conjugal. c) Paulo Honório, como latifundiário prepotente, demonstra o rigor que é preciso ter com os empregados da fazenda para que sua autoridade seja preservada. d) A falta de harmonia entre o casal demonstra que este romance de Graciliano Ramos tem como tema central as dificuldades de relacionamento conjugal. e) O humanismo de sua esposa, D. Glória, permite manter o conflito entre as personagens, a fim de levar à derrota final do protagonista. 50. (UFAC) Considerando a leitura de São Bernardo, assinale a alternativa que não se refere corretamente ao romance. a) A narrativa, feita em 1ª pessoa, revela as angústias do protagonista ao rememorar toda sua vida. b) O romance aborda o mundo interior do protagonista, ainda que evidencie uma preocupação com aspectos sociais. c) Percebe-se, na obra, uma forte denúncia social, coerente com os ideais políticos da maioria dos escritores da geração de 30. d) Por ser narrada em 1ª pessoa, a obra apresenta características predominantemente do romance intimista. e) Ao abordar questões relacionadas à interioridade dos personagens, aliadas a questões sociais, o romance ultrapassa os limites do regionalismo. 51. (UFAL) Considere as seguintes afirmações sobre SÃO BERNARDO, de Graciliano Ramos. 52. (UFLA) Considere as afirmativas a seguir sobre a obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, para responder à questão e, a seguir, marque a alternativa CORRETA: I. A história é contada em 1ª pessoa, por Paulo Honório, espécie de mea culpatrágico, iniciado depois da perda de sua esposa, Madalena, e do abandono pelos mais próximos. a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. 53. (UNESP) Com base no trecho a
seguir, assinale a alternativa correta. 54. (UFAL) Indique a afirmação INCORRETA sobre o romance “São Bernardo”, de Graciliano Ramos: 55. (EFOA) Leia as passagens abaixo, extraídas de São Bernardo, de Graciliano Ramos: I. Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de cinco tostões. Assinale a alternativa em que ambas as passagens demonstram o exercício de metalinguagem em São Bernardo: a)III e V. 56. (FATEC) Considere as seguintes afirmações sobre a obra de Graciliano Ramos: 57. (UFMS) A propósito de São Bernardo, de Graciliano Ramos, assinale a(s) proposição(ões) correta(s). (001) É a primeira obra do autor. (002) Na Fazenda Santa Fé, Paulo Honório envelhece só, após a morte de Madalena. (004) O narrador em primeira pessoa nos conta sua trajetória de enjeitado a proprietário rural. (008) A minuciosa descrição realista dos cenários decorre da tendência barroca da estética modernista. (016) O romance é construído em duplicidade temporal: existe o tempo da história narrada e o tempo da escritura do livro. SOMA: 020 (004+016) 58. (UFLAVRAS) “É certo que permanecem (…), muito bem delimitados, os dois níveis de representação, e o leitor percebe de maneira clara o que é real e o que é deformação pelo ciúme.” 59. (CEFET) O diálogo a seguir é entre Paulo Honório, narrador, e Gondim, jornalista contratado inicialmente por Paulo para escrever o romance: “– Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma! Com base no texto, pode-se afirmar que: a)a concepção de
literatura da 1ª fase do modernismo expressa-se na opinião de Gondim. 60. (UFSC) Assinale a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S)
sobre o romance SÃO BERNARDO, de Graciliano Ramos. 61. (UEG) A princípio tudo correu bem, não houve entre nós nenhuma divergência. A conversa era longa, mas cada um prestava atenção às próprias palavras, sem ligar importância ao que o outro dizia. Eu por mim, entusiasmado com o assunto, esquecia constantemente a natureza de Gondim e chegava a considerá-lo uma espécie de folha de papel destinada a receber as ideias confusas que me fervilhavam na cabeça. 62. (UFRS) SÃO BERNARDO, de Graciliano
Ramos, tem por personagem principal Paulo Honório, que 63. (MACKENZIE) TEXTO 01 Sou um homem arrasado. Doença? Não. Gozo perfeita saúde. Em S. Bernardo, a velhice é o momento em que o narrador-protagonista Paulo Honório a) aproveita, apesar dos problemas cotidianos, toda a riqueza e prestígio que conseguiu durante sua vida de sacrifícios. 64. (UEG) Em “São Bernardo”, são expostas duas etapas da vida de Paulo Honório: a primeira, relativa ao seu passado (tempo do enunciado), e a segunda, correspondente ao seu presente (tempo da enunciação). Com base nessa divisão, pode-se considerar que 65.
(ESPM) A respeito da obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, o crítico literário e professor João Luiz Lafetá afirma: “Todo valor se transforma — ilusoriamente — em valor-de-troca. E toda relação humana se transforma — destruidoramente — numa relação entre coisas, entre possuído e possuidor. Tal é a relação estabelecida entre Paulo Honório e o mundo. Seu desenvolvido sentimento de propriedade leva-o a considerar todos que o cercam como coisas que se manipulam à vontade
e se possui.” I. “Bichos. As criaturas que me serviram durante anos eram bichos. Havia bichos domésticos, como o Padilha, bichos do mato, como Casimiro Lopes, e muitos bichos para o serviço do campo, bois mansos.” O(s) trecho(s) de “São Bernardo” que exemplifica(m) a análise do crítico literário é (são): a)I e II; 66. (UNILAVRAS) Com relação à leitura de São Bernardo, de Graciliano Ramos: I
– É Um romance escrito em primeira pessoa, portanto, Paulo Honório é narrador-personagem. a) Está correta a apenas a I. 67. (UNB) A narrativa literária anterior, do romance SÃO BERNARDO, é um dos exemplos mais expressivos da Literatura Brasileira no que diz respeito aos conflitos pela posse da terra. Considerando as informações obtidas nesse fragmento e as experiências prévias de leitura, julgue os itens a seguir. 68. (UNIOESTE) Sobre o romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, numa visão geral de fatos, personagens, características e estrutura, todas as afirmativas abaixo são procedentes, EXCETO: a) o romance é narrado em terceira pessoa. 69. (PUC-SP)O trecho a seguir é de “São
Bernardo”, de Graciliano Ramos. Leia-o com atenção. 70. (UFAM) Seu protagonista é Paulo Honório, personagem monolítico, preocupado apenas com a conquista de uma propriedade, seja ela a terra de uma fazenda, seja a sua própria mulher, Madalena. Esse romance de empenhada exploração psicológica, enquadrado no ciclo do romance nordestino, segunda fase do Modernismo brasileiro, é: a) São Bernardo, de Graciliano Ramos 71. (UNB) Julgue os itens seguintes. 72.(UFAM) Observe os trechos abaixo, reproduzidos de livros de Graciliano Ramos: I.D. Glória gostava de conversar com Seu Ribeiro. Eram conversas intermináveis, em dois tons: ele falava alto e olhava de frente, ela cochichava e olhava para os lados. Quando me via, calava-se. II. Julião Tavares entrava no café. Ia sentar-me longe dele, voltava-lhe as costas, mas examinava o espelho coberto de letras brancas. Afetava desprezo, aparentemente ignorava a existência do homem. III. À beira do riacho, topei a velha Margarida sentada numa pedra, lavando as canelas finas como gravetos. IV. Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boa vontade em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; prometi ao Arquimedes a composição tipográfica; para a composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro. V. Foi assim que vi Marina entre as pestanas meio cerradas, como Berta me aparecia. As nádegas cresciam monstruosamente – e eu mal podia respirar. Se D. Adélia e Vitória viessem ali, veriam aquela armada: Marina despida, curvada para a frente, mostrando um traseiro enorme. Pertencem ao romance São Bernardo: a) I, II e V 73. ( UEMS) A respeito do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, é correto afirmar que: a) Escrito em terceira pessoa, este romance se prende à análise do mundo exterior. b) Produzido na primeira fase do Modernismo, é um dos pontos altos de nossa literatura. c) Em São Bernardo, livro de estreia de Graciliano Ramos, a nota de regionalismo encontra-se em primeiro plano. d) São Bernardo representa um mergulho do escritor na alma humana com o propósito de desvendá-la. e) A obra inaugurou a tendência regionalista na década de 20. 74. (UNB) Julgue os itens a seguir. 75. (UEPB) Com relação ao romance São Bernardo, todas as alternativas estão corretas, EXCETO: a) A única personagem, na narrativa, que atua no tempo presente é Paulo Honório. Madalena, Casimiro Lopes, Maria das Dores, mestre Caetano e seu Ribeiro só existem nas memórias do narrador. b) Os fluxos de consciência e os monólogos interiores predominam no romance com depurada emoção, mas sem verbalismos. c) A prepotência e o autoritarismo extremados do eu narrador se evidenciam em um enredo conciso. d) A natureza funciona como motivo externo das lembranças do narrador, que vivencia uma explícita confusão psicológica entre saudade, raiva, solidão, angústia e remorso. e) A matéria que escapa a Paulo Honório para escrever sua história é o retrato moral de Madalena. 76. Considere o fragmento a seguir e a leitura da obra “São Bernardo”, de Graciliano Ramos. 77. (PUCCAMP) Leia com atenção o seguinte trecho de SÃO BERNARDO, de Graciliano Ramos: Tive por esse tempo a visita do Governador do Estado. Fazia três anos que o açude estava concluído – burrice, na opinião do Fidélis. – Para que açude onde corre um riacho que não seca? Realmente parecia não servir. Mas saiu dali, numa levada, a água que foi movimentar as máquinas do descaroçador e da serraria. O Governador gostou do pomar, das galinhas Orpington, do algodão e da mamona, achou conveniente o gado limosino e pediu-me fotografias e perguntou onde ficava a escola. Respondi que não ficava em parte nenhuma. No almoço, que teve champanhe, o Dr. Magalhães gemeu um discurso. S.Exa. tornou a falar na escola. Tive vontade de dar uns apartes, mas contive-me. Escola! Que me importava que os outros soubessem ler ou fossem analfabetos? (…) E fui mostrar ao ilustre hóspede a serraria, o descaroçador, o estábulo. Expliquei em resumo a prensa, o dínamo, as serras e o banheiro carrapaticida. De repente supus que a escola poderia trazer a benevolência do Governador para certos favores que eu tencionava solicitar. – Pois sim senhor. Quando V. Exa. vier aqui outra vez, encontrará essa gente aprendendo cartilha. (…) Exa. despediu-se e aquela data ficou célebre. Os automóveis rolaram na estrada. Olhando a nuvem de poeira que levantavam, esfreguei as mãos: – Com os diabos! Esta visita me traz uma penca de vantagens. Um capital. Quero ver quanto rende. As afirmações a seguir estabelecem relações entre o excerto dado e desdobramentos do romance. I. Paulo Honório revela aqui seu lado de fazendeiro pragmático, preocupado com novas técnicas de produção e com a capitalização de influências políticas – esta última a razão que vê para criar uma escola, ocasião em que conhece Madalena e em que se inicia a crise de seus valores e de sua vida. II. Ao contrário de Seu Ribeiro, personagem derrotada pelos costumes novos e pelo progresso da cidade, Paulo Honório é homem calculista, empreendedor, sem escrúpulos humanitários – características de frieza que serão progressivamente abaladas pelos novos sentimentos que Madalena lhe despertará. III. Paulo Honório efetivamente construirá a escola aqui aludida, para cujo funcionamento contará primeiro com Padilha, ex-proprietário de São Bernardo, e em seguida com Madalena – ambos, por razões diversas, opositores das idéias que tem o fazendeiro sobre educação e direitos dos trabalhadores. Pode-se afirmar que a) apenas I está correta. b) apenas I e II estão corretas. c) apenas I e III estão corretas. d) apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas. 78. (ITA) Pode-se afirmar que Paulo Honório, personagem de SÃO BERNARDO, de Graciliano Ramos, é descrito como um homem: 79. (UFU) Considere o fragmento a seguir e a leitura da obra “São Bernardo”, de Graciliano Ramos. 80. (F. Carlos Chagas-SP) Graciliano Ramos escreveu um romance cuja personagem principal, lutando por riqueza e posição social, deixa-se contaminar pela agressividade que caracteriza o meio social em que vive. Aprofundando-se, portanto, na sondagem da personalidade do protagonista, o autor logrou, também, uma visão crítica da sociedade que determinou a maneira de ser da personagem. A obra em questão é: a) Insônia. b) Infância. c) Angústia. d) Vidas secas. e) São Bernardo. 81. (FUVEST) “Quando o velho acabou de escrever a sua narrativa exclamei: 82. (PUC-PR) A respeito de São Bernardo, de Graciliano Ramos, assinale a INCORRETA: a) Abrindo o relato da vida de Paulo Honório, há uma reflexão metalinguística na qual o narrador, um escritor contratado pelo protagonista, pondera sobre a dificuldade que terá para realizar a tarefa de biografar um homem tão rude e misterioso, pelo qual sente admiração e no qual se projeta. b) Entre os muitos recursos formais tipicamente modernos empregados no texto do romance, têm destaque os fluxos de consciência e os monólogos interiores. Por meio deles o narrador revela sua constituição psicológica conturbada, carregada de ressentimentos, raiva, frustrações e culpa, sem, contudo, em momento algum, deixar-se levar pelo sentimentalismo. c) A linguagem de Paulo Honório é marcada pela concisão e pelo tom direto, um tanto rude. Porém, quanto ao ritmo do desenvolvimento da ação, nota-se que o narrador, ao recuperar fatos de sua vida anteriores à conquista da propriedade de São Bernardo, usa de um discurso breve e lacunar, com a supressão de dados sobre a sua origem. A razão dessa escolha narrativa é salientar que, na experiência de dificuldades – todas vencidas –, Paulo Honório seria uma “obra” de si mesmo, sendo as suas conquistas a expressão de um movimento incontido na direção da construção (nos planos social e econômico) do indivíduo, pouco importando a sua origem. d) O momento da narração de Paulo Honório é de isolamento e inação. Embora ainda resida em São Bernardo e goze da consideração de figuras importantes da cidade (os quais pensou em engajar no projeto de escrita de sua biografia, descartando depois essa ideia e preferindo escrever por conta própria), Paulo Honório vive sozinho. Em momentos de introspecção, enquanto recorda os fatos de sua vida, a natureza, com seus sons soturnos (como o pio da coruja) funciona como reflexo do estado de alma do narrador. Isso confere à obra, para além do tom realista das descrições, uma carga de elementos poéticos. e) No relato de Paulo Honório, o ponto mais doloroso é o que diz respeito à morte de Madalena. Após uma convivência conjugal marcada pela incomunicabilidade, pelo ciúme e pela explicitação de diferentes visões de mundo (ela solidária aos empregados da fazenda, ele explorando-os sem piedade e de modo crescente), a morte de Madalena, fragilizada pela pressão psicológica que ele lhe dirigiu, é a marca maior do fracasso de Paulo Honório em sua vivência afetiva. Esse episódio lhe dá a sensação de que a busca pelo poder o esvaziou do ponto de vista humano, sendo suas conquistas, nesse sentido, ausentes de significado. 83. (FEI)
Leia com atenção: 84. (PUCCAMP) A leitura de romances como Vidas Secas, São Bernardo ou Angústia permite afirmar sobre Graciliano Ramos que: a) sua grande capacidade fabuladora e o tom lírico de sua linguagem servem a uma obra dominada pelo impulso, em que se mesclam romantismo e realismo, poesia e documento. b) sua obra transcende as limitações do regional ao evoluir para uma perspectiva universal, ao mesmo tempo que sua expressão parte para o experimentalismo e para as invenções vocabulares inovadoras. c) sua obra, preocupada em fixar os costumes e falas locais do meio rural e da cidade, é um registro fiel da realidade nordestina, quase um documento transfigurado em ficção. d) sua obra, toda condicionada pela realidade humana e social de uma árida região de coronéis e cangaceiros, apresenta uma narrativa linear, mas de linguagem exuberante, própria dos grandes contadores de história. e) tanto o enfoque trágico do destino do homem ligado às raízes regionais quanto a análise dos conflitos existenciais do homem urbano conferem uma dimensão universal à sua obra. 85. (FUVEST) “‘É certo que permanecem (…), muito bem delimitados, os dois níveis de representação, e o leitor percebe de maneira clara o que é real e o que é deformação pelo ciúme”. 86. (UFRS)Considere as afirmações abaixo,
referentes ao romance “São Bernardo”, de Graciliano Ramos. 87. (PUC-RS)INSTRUÇÃO: Para responder à questão, analise as afirmativas a seguir, referentes aos romances de Graciliano Ramos: 88. (PUC-PR) Graciliano Ramos, em São Bernardo, cria um texto típico do segundo momento modernista. Sobre ele, marque a alternativa CORRETA. I. Madalena, ao se casar com Paulo Honório, leva para a fazenda outra forma de ver as relações entre patrão e empregado, o que não é bem aceito por seu marido. II.O texto de São Bernardo é marcado pela metalinguagem e desvenda elementos do processo de criação, como a escolha da linguagem, a abordagem de assuntos e até o leitor a que se destina o texto. III. Ao se caracterizar, Paulo Honório se contrapõe a outros homens, sempre negativamente: ele é mais ignorante, mais bruto, mais feio. A narrativa em primeira pessoa faz com que o leitor veja os acontecimentos apenas pelo lado do personagem narrador, portanto, de forma tendenciosa. Os ciúmes são a principal causa para o desfecho da narrativa. a) Somente a alternativa III está incorreta. b) As alternativas I, II e III estão incorretas. c) Todas as alternativas estão corretas. d) Somente a alternativa IV está correta. e) Nenhuma das alternativas está correta. 89. (PUC-PR) Observe a sequência abaixo, retirada São Bernardo, de Graciliano Ramos: “Um dia, de passagem pela fazenda, o Dr. Magalhães almoçou comigo. Espreitando-o, notei que as amabilidades dele para Madalena foram excessivas. Efetivamente nas palavras que disseram não descobri mau sentido; a intenção estava era nos modos, nos olhares, nos sorrisos. Houve, segundo me pareceu, cochichos e movimentos equívocos. À noite não consegui dormir. Passei horas sentado, odiando Madalena, que se enroscava num canto da cama, as pernas encolhidas apertando o estômago. Com o Dr. Magalhães, homem idoso! Considerei que também eu era um homem idoso, esfreguei a barba, triste.” O enredo do romance de Graciliano Ramos tem como um de seus centros o modo como tematiza o ciúme. Levando isso em consideração, leia as afirmativas abaixo: I.A suspeita de traição, que tanto incomoda Paulo Honório, se confirma pela confissão de Madalena. Mas, mesmo com a admissão do erro, ela é, ao final, perdoadas e reconstrói sua vida junto com o marido. II. Há que se considerar como um elemento estrutural decisivo para a intensificação do drama do ciúme vivido Paulo Honório o fato de a narrativa de São Bernardo ser em primeira pessoa. Nesse sentido, mais do que a evidência objetiva do que o narrador aponta – e que é, naturalmente, limitada pelo seu ponto de vista – importa a experiência subjetiva da suspeita e o que ela provoca nos sentimentos de quem a cultiva, o que torna mais complexo o retrato psicológico do protagonista e deixa mais tenso o seu sofrimento. III. Deve-se observar, no enredo do livro, a interferência, na percepção do narrador, do que lhe conta o “agregado” Luís Padilha a respeito de Madalena. Trata-se de uma figura caracterizada pelo comportamento interesseiro e conspirador, que se prevalece da insegurança de Paulo Honório para semear a desconfiança de que sua esposas seria infiel. Mas essa intriga é uma “cortina de fumaça” por meio da qual Padilha quer desfocar a evidência de que é ele, na verdade, o amante de Madalena. IV.A relação afetuosa do narrador Paulo Honório com o filho é fundamental para a superação da dor da traição de que é vítima. Apegado a seu filho, ele entende que, apesar da confirmação do adultério, a certeza de ter gerado um herdeiro que continuará seus empreendimentos alivia seus traumas e permite que, afastado da traidora, ele refaça sua vida. Está(ão) CORRETA(S): a) Somente a II. b) II, III e IV c) Somente a III. d) I e II. e) II e IV. 90. (ESPM) A respeito da obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, o crítico literário e professor João Luiz Lafetá afirma: Todo valor se transforma – ilusoriamente – em valor de troca. E toda relação humana se transforma – destruidoramente – numa relação entre coisas, entre possuído e possuidor. Tal é a relação estabelecida entre Paulo Honório e o mundo. Seu desenvolvido sentimento de propriedade leva-o a considerar todos que o cercam como coisas que se manipulam à vontade e se possui. O trecho de São Bernardo que melhor exemplifica a análise do crítico literário é: a) “Com efeito, se me escapa o retrato moral de minha mulher, para que serve esta narrativa? Para nada, mas sou forçado a escrever.” b) “Madalena entrou aqui cheia de bons sentimentos e bons propósitos. Os sentimentos e os propósitos esbarraram com a minha brutalidade e o meu egoísmo.” c) “Bichos. As criaturas que me serviram durante anos eram bichos. Havia bichos domésticos, como o Padilha, bichos do mato, como Casimiro Lopes, e muitos bichos para o serviço do campo, bois mansos.” d) “E a desconfiança terrível que me aponta inimigos em toda a parte! A desconfiança é também uma consequência da profissão.” e) “A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste.” 91. (PUC-PR) Sobre o romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, assinale a alternativa CORRETA. a) Em sua intriga, o romance focaliza com destaque o problema da marginalização social que vitima os trabalhadores rurais desprovidos de terra e submetidos a um processo de desumanização. Há, da parte do protagonista, Paulo Honório, um engajamento em favor da transformação desse quadro na localidade onde mora. b) É um romance que foge da cartilha realista naturalista por ser carregado de alegorias (por vezes fantásticas) do panorama social ficcionalizado. Trata-se de um texto precursor do realismo fantástico no Brasil. Há grande importância simbólica na referência ao pio de coruja ouvido por Paulo Honório, metáfora do crescente clamor dos miseráveis e injustiçados que, ao fim do livro, tomam a fazenda São Bernardo. c) Sendo um típico romance social e regional da década de 30, o livro, como é típico na produção ficcional de Graciliano Ramos, supera o que se poderia restringir a esse enquadramento devido à incorporação de questionamentos psicológicos a respeito da conduta do protagonista e narrador, Paulo Honório. Seu memorialismo, associado à problematização da linguagem no livro que ele se propõe a escrever, conduz o seu autorretrato a uma complexidade que transcende a caracterização simplista e estereotipada do “fazendeiro ambicioso” e injusto. O problema que suas memórias colocam diz respeito à falta de sentido para seus atos. d) São Bernardo é, dentre os romances de Graciliano Ramos, aquele em que o autor mais se dá a experimentos linguísticos típicos do Modernismo. Com efeito, é notória a aproximação desse romancista em relação aos modernistas do primeiro momento, formado pelo grupo dos paulistas que protagonizaram a Semana de Arte Moderna de 1922. e) Consta que Clarice Lispector tomava São Bernardo como um dos textos que mais a influenciaram por se tratar, fundamentalmente, de um texto carregado de indagações interiores, reflexões sobre a condição humana e consciência metalinguística, como se vê na tematização da dificuldade de comunicação do protagonista Paulo Honório. O seu não falar reflete a sua inferiorização social originada de sua pobreza. 92. (UFMS) A propósito de São Bernardo, de Graciliano Ramos, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). (001) O narrador é também protagonista. (002) A narrativa tem início próximo ao fim dos acontecimentos, com os fatos anteriores sendo recuperados pela memória do narrador. (004) A vida e o ambiente agreste das personagens são mimetizados, na obra, por um estilo seco, objetivo e de certo modo áspero. (008) A obra é uma representação da sociedade patriarcal, machista e autoritária. (016) Madalena falha na expectativa de Paulo Honório de ter um filho para tomar conta dos negócios e, por isso, suicida-se. SOMA: 015 (001+002+004+008) (UEL) Leia os trechos a seguir e responda às questões 93 e 94. Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho. Continuemos. Tenciono contar a minha história. Difícil. Talvez deixe de mencionar particularidades úteis, que me pareçam acessórias e dispensáveis. Também pode ser que, habituado a tratar com matutos, não confie suficientemente na compreensão dos leitores e repita passagens insignificantes. De resto isto vai arranjado sem nenhuma ordem, como se vê. Não importa. Na opinião dos caboclos que me servem, todo o caminho dá na venda. (Adaptado de: RAMOS, G. São Bernardo. 92.ed. Rio de Janeiro: Record, 1986. p.7-12.) 93. Quanto à organização da obra São Bernardo, assinale a alternativa correta. a) É uma coletânea de contos narrados em primeira pessoa. As histórias nela contidas retratam a vida de um caboclo nordestino e suas proezas no sertão. Cada conto refere-se a uma dessas aventuras vividas pelo narrador- -personagem. b) É um romance narrado em primeira pessoa, por Mendonça, que resolve contar como perdeu todos os seus bens, principalmente a fazenda São Bernardo, e passou da riqueza à pobreza em função das trapaças de Paulo Honório. c) É um romance em que o protagonista, já mais velho, resolve contar sua história, valendo-se de sua memória. Na sua estrutura, o romance intercala ações do passado com reflexões do presente. d) É narrado por Graciliano Ramos a fim de contar a história de dois fazendeiros que lutavam por terras no sertão nordestino, representando as forças políticas da transição da República Velha para a República Nova, voltada para a modernização da agricultura. e) Pode ser considerada tanto um romance como um livro de contos. É possível ler cada capítulo como se fosse uma história independente. Todos eles são narrados em primeira pessoa, por Ribeiro, único homem letrado entre os caboclos. 94. Um dos assuntos destacados na obra é o casamento de Paulo Honório com Madalena, uma professora primária, que vinha da cidade. Sobre essas duas personagens, assinale a alternativa correta. a) Madalena foi prometida a Paulo Honório por seus pais. Assim, como honrava sua palavra, casou-se com a moça, mesmo sem amá-la. Foi esse o principal motivo das constantes brigas do casal e do suicídio de Madalena. b) Paulo Honório se casou com Madalena por interesse. Ele era um rapaz pobre, ela era filha única de Mendonça, um fazendeiro rico e enfermo. Com a morte do pai, a moça se tornou um grande empreendimento para o rapaz. c) Paulo Honório sempre amou Madalena, desde sua infância. Não tinha, porém, nenhuma chance com a moça diante do costume do dote, próprio daquela época. Por amor, lutou até conseguir comprar a fazenda e, enfim, casar-se com seu amor da adolescência. d) O casal se conheceu na fazenda São Bernardo. Paulo Honório era o proprietário e Madalena, a professora que viria para lecionar na escola rural da fazenda. Com a constante presença da moça em sua propriedade, o fazendeiro se rendeu à paixão, casando-se com ela poucos meses depois. e) Seu maior objetivo era garantir a existência de um herdeiro. O casamento para ele não tinha relação com sentimentos de amor; era um empreendimento. Sua natureza pragmática colocava, numa ordem de importância, seus bens acima de qualquer pessoa. 95. (PUC-PR) Sobre São Bernardo, de Graciliano Ramos, leia as assertivas abaixo. I.É uma narrativa que , assim como Angústia, traz questões políticas importantes, como a luta entre classes. I. O fato de ser narrado em terceira pessoa faz dele uma narrativa confessional, em que Paulo Honório é o protagonista. III. A linguagem seca, dura, utilizada pelo narrador, está de acordo com a personalidade do protagonista, que era rude e amargo. IV. Para Paulo Honório, Madalena foi apenas “um bom negócio”, assim como a compra da fazenda, porque a união foi necessária para ele ter um herdeiro. VI. O filho de Madalena realizou os sonhos de Paulo Honório. Assinale a alternativa CORRETA: a) As assertivas II e V são falsas. b) Somente a assertiva IV é falsa. c) Todas as assertivas são verdadeiras. d) As assertivas I, III e V são verdadeiras. e) Todas as assertivas são falsas. 96. (UFRGS) Assinale a alternativa correta a respeito do romance. a) O romance inicia com uma discussão sobre o processo de escrita, que o narrador delega a pessoas cultas, por julgá-las mais capazes de representar literariamente os modos de falar da gente do sertão. b) Paulo Honório, apesar da realidade hostil e da decadência moral e material que se abate sobre ele, registra, ao escrever suas memórias, as amizades que acumulou ao longo da vida, o amor e a harmoniosa convivência ao lado da esposa Madalena. c) O sentimento de posse e de propriedade por bens materiais domina a personalidade de Paulo Honório, estendendo-se às suas relações afetivas, concretizadas em termos utilitários. d) A narrativa de Paulo Honório é objetiva, seca e curta, uma vez que reflete a personalidade autoritária ele seu autor, sem abrir espaço para indagações, hesitações, negações ou dúvidas. e) A objetividade e a assertividade da escrita, diante dos fatos duros e cruéis do mundo, impedem que se desencadeie um processo de tomada de consciência, revelador das contradições do narrador. (UERJ) Com base no texto abaixo, responda às questões de números 97 a 101. De repente voltou-me a ideia de construir o livro. (…) Desde então procuro descascar fatos, aqui sentado à mesa da sala de jantar (…). Às vezes, entro pela noite, passo tempo sem fim acordando lembranças. Outras vezes não me ajeito com esta ocupação nova. Anteontem e ontem, por exemplo, foram dias perdidos. Tentei debalde canalizar para termo razoável esta prosa que se derrama como a chuva da serra, e o que me apareceu foi um grande desgosto. Desgosto e a vaga compreensão de muitas coisas que sinto. Sou um homem arrasado. Doença? Não. Gozo perfeita saúde. (…) Não tenho doença nenhuma. O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a sensibilidade embotada. Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber para quê! Comer e dormir como um porco! Como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! (…) Coloquei-me acima da minha classe, creio que me elevei bastante. Como lhes disse, fui guia de cego, vendedor de doce e trabalhador alugado. Estou convencido de que nenhum desses ofícios me daria os recursos intelectuais necessários para engendrar esta narrativa. Magra, de acordo, mas em momentos de otimismo suponho que há nela pedaços melhores que a literatura do Gondim. Sou, pois, superior a mestre Caetano e a outros semelhantes. Considerando, porém, que os enfeites do meu espírito se reduzem a farrapos de conhecimentos apanhados sem escolha e mal cosidos, devo confessar que a superioridade que me envaidece é bem mesquinha. (…) Quanto às vantagens restantes – casas, terras, móveis, semoventes, consideração de políticos, etc. – é preciso convir em que tudo está fora de mim. Julgo que me desnorteei numa errada. GRACILIANO RAMOS São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2004. 97. Desde então procuro descascar fatos, aqui sentado à mesa da sala de jantar Na sentença acima, o processo metafórico se concentra no verbo “descascar”. No contexto, a metáfora expressa em “descascar” tem o seguinte significado: a) reduzir b) denunciar c) argumentar d) compreender 98. Comer e dormir como um porco! Como um porco! (l. 13) A repetição das palavras, neste contexto, constitui recurso narrativo que revela um traço relativo ao personagem. Esse traço pode ser definido como: a) carência b) desespero c) inabilidade d) intolerância 99. O personagem reclama de uma vida na qual se dedicou a ações que agora vê como negativas. Essas ações estão melhor descritas em: a) Tentei debalde canalizar para termo razoável esta prosa que se derrama como a chuva b) E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. c) Coloquei-me acima da minha classe, creio que me elevei bastante. d) fui guia de cego, vendedor de doce e trabalhador alugado. 100. As palavras do narrador expõem a extensão de seu sofrimento na tomada de consciência que impulsiona a escrita de seu livro. Na tentativa de descrever a si mesmo e confessar suas culpas, o personagem-narrador muitas vezes parece dirigir-se ao leitor. Dos fragmentos transcritos abaixo, aquele que exemplifica esse diálogo sugerido com o leitor é: a) De repente voltou-me a ideia de construir o livro. b) Desgosto e a vaga compreensão de muitas coisas que sinto. c) Sou um homem arrasado. Doença? Não. Gozo perfeita saúde. d) Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. 101. Julgo que me desnorteei numa errada. Na sentença acima ocorre a elipse de um determinado termo, o qual, no entanto, pode-se deduzir pelo contexto e pela construção gramatical. Esse termo está indicado em: a) trilha b) atalho c) desvio d) armadilha 102. (UNILAVRAS) Com relação à leitura de São Bernardo, de Graciliano Ramos: 103. (UFMS) A propósito do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, assinale a(s) proposição(ões) correta(s). (001) É por um narrador em primeira pessoa que o leitor penetra na interioridade de Paulo Honório, que a si próprio se desnuda. (002) Nos dois primeiros capítulos do romance, aparecem várias personagens que só serão desvendadas ao longo da narrativa. (004) A contradição entre o patriarcalismo do passado e o nascente capitalismo é representada na narrativa pelas personagens Seu Ribeiro e Paulo Honório. (008) Marca o surgimento do ciclo nordestino do Modernismo brasileiro. (016) Paulo Honório é descrito como um homem dominador, que considera a todos como mercadoria, mas que, apaixonado por Madalena, se transforma. SOMA: 001 + 002 + 004 = 007 104. (PUC-PR) Considere as afirmativas seguintes em relação à obra São Bernardo: I. Madalena tinha vinte e sete anos e era professora, preocupava-se com os pobres e despossuídos, o que incomodava Paulo Honório, que só queria obter benefícios deles. II. Dona Glória era tia de Paulo Honório e morava com ele na fazenda, fazia parte da administração, e era quem fazia os pagamentos aos empregados. III. Madalena abandonou Paulo Honório por causa do ciúme doentio dele e porque ele maltratava a suas visitas, fazendo comentários grosseiros e inapropriados. IV. O romance está escrito em primeira pessoa e descreve o objetivo de Paulo Honório de apossar-se de São Bernardo, e termina com ele refletindo sobre a sua trajetória de vida. Assinale a alternativa CORRETA. a) Está correta apenas II. b) Estão corretas apenas I e IV. c) Está correta apenas III. d) Estão corretas apenas I e II. e) Estão corretas apenas I e III. 105. (PUC-PR) Sobre São Bernardo, de Graciliano Ramos, pode-se AFIRMAR: a) Graciliano Ramos é um representante do romance nordestino regionalista. Nota-se, contudo, que a busca pelo psicológico é a sua diferença maior em relação aos outros autores de temática abertamente social. São Bernardo (1934) conta a história de um Paulo Honório, que, de modesto trabalhador rural, se torna imponente proprietário e transpõe a agressividade da prática de seus negócios para sua vida afetiva. O processo memorialístico – mediado pela intenção de escrita – que realiza no livro, nos revela um personagem psicologicamente abalado. b) Paulo Honório é um típico herói moderno, caracterizado pela segurança com que toma suas decisões (sempre em benefício dos mais pobres e dos empregados da fazenda São Bernardo), pela exemplaridade de seus atos e pela incorruptibilidade que demonstra, sobrevivendo, com integridade, a um meio social decaído moralmente. c) Em São Bernardo, a narração em terceira pessoa capta, de modo linear e progressivo, a história do fazendeiro Paulo Honório e descreve suas aventuras até realizar (já com cinquenta anos) o desejo de escrever um livro. Esse sonho fora várias vezes adiado em seu passado, devido a uma série de experiências negativas pelas quais passou, como o suicídio da esposa, Madalena. d) Anunciando, a princípio, a intenção de escrever um livro com sua história, Paulo Honório explica o seu original método: fazer a obra pela “divisão do trabalho”. Para tanto, “Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a ortografia e a sintaxe; prometi ao Arquimedes a composição tipográfica; para a composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do ‘Cruzeiro’. “(p.7). Há pleno acordo entre as partes envolvidas e o livro, com a ajuda de todos, vem a ser escrito. Porém, é um fracasso de vendas, razão da melancolia sentida pelo protagonista. e) São Bernardo é um romance sobre a incomunicabilidade de Paulo Honório, um personagem notabilizado pela extrema dificuldade de fazer uso da fala em sua experiência social. A falta de palavras se relaciona ao sistema de poder e ao mandonismo que prevalece na localidade em que o personagem mora. Aos mais pobres, como ele, por não ser dado o direito à posse da terra, também é retirado o direito de se expressar de modo elaborado. Nisso se tem, no livro, um retrato das relações sociais no Brasil agrário. 1.(UNICAMP ) Leia o seguinte trecho do capítulo “Contas”, de Vidas Secas. Tinha a obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia do seu lugar. Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação, espantar-se-ia. (…) Era a sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família. Cortar mandacaru, ensebar látegos – aquilo estava no sangue. Conformava-se, não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele, estava certo. Não davam. Era um desgraçado, era como um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os homens ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos? Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias.(Graciliano Ramos, Vidas Secas. 103ª. ed., Rio de Janeiro: Editora Record, 2007, p.97.) a) Que visão Fabiano tem de sua própria condição? Justifique. b) Explique a referência que ele faz aos “homens ricos” com base no enredo do livro. RESPOSTAS: a) Trata-se de uma visão extremamente alienada e conformista (“Conformava-se, não pretendia mais nada”, diz ele), justificada, inclusive, por uma lógica determinista. Fabiano aceita a exploração e a condição social miserável em que vive como se fossem naturais, produtos de uma sina (“Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? […] Era a sina.”), ou mesmo de uma herança genética, pois, segundo ele, o “pai vivera assim, o avô também […] aquilo estava no sangue”. b) Os “homens ricos” mencionados no trecho são homens de posse, senhores de terras, exploradores como o proprietário das terras em que Fabiano se instala com sua família. Como não tinha roça e apenas se limitava a semear na vazante uns punhados de feijão e milho, Fabiano precisava recorrer à feira para a compra de mantimentos, a fim de alimentar a família. Para isso, negociava os poucos bezerros e cabritos que possuía com o proprietário das terras, que os comprava a preços baixíssimos. O valor que conseguia com os animais não era suficiente para se manter e precisava recorrer ao patrão, que lhe cobrava juros altíssimos pelos empréstimos. As contas do patrão nunca batiam com as de Sinhá Vitória, em virtude dos juros exorbitantes cobrados por tais empréstimos. Quando Fabiano reclamava, o patrão, irritado, mandava-o procurar outra fazenda. Fabiano, então,sem alternativa, calava-se e se submetia aos desmandos e à exploração do patrão. 2. (UERJ) SINHÁ VITÓRIA Sinhá Vitória tinha amanhecido nos seus azeites. Fora de propósito, dissera ao marido umas inconveniências a respeito da cama de varas. Fabiano, que não esperava semelhante desatino, apenas grunhira: – “Hum! hum!” E amunhecara, porque realmente mulher é bicho difícil de entender, deitara-se na rede e pegara no sono. Sinhá Vitória
andara para cima e para baixo, procurando em que desabafar. Como achasse tudo em ordem, queixara-se da vida. E agora vingava-se em Baleia, dando-lhe um pontapé. a) Trata-se da reprodução de uma frase tomada como verdade absoluta (ou como fato do conhecimento de todos ou como realidade imutável). 3. (UNICAMP) O capítulo O MUNDO COBERTO DE PENAS, do romance VIDAS SECAS (Graciliano Ramos), inicia-se com a seguinte descrição feita pelo narrador: a) A volta da seca. 4. (UFV) Em um estudo sobre o Modernismo brasileiro, o crítico João Luiz Lafetá assim definiu a produção literária do decênio de 30. O romance “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos traduz a problemática do homem nordestino, em que as condições naturais são as mais adversas: o cenário aponta um ambiente hostil, marcado pela seca. A luta pela sobrevivência se torna uma constante, e as condições culturais reservam ao homem do sertão um universo pobre, marcado pelo instinto e pela animalização. As condições sociais são opressoras, transformando os inúmeros “Fabianos” em seres reificados. 5. (UNICAMP) Em VIDAS SECAS, após ter
vencido as dificuldades, postas no início da narrativa, Fabiano afirma: “Fabiano, você é um homem…”. Corrige-se logo depois: “Você é um bicho, Fabiano”. Em seguida, encontrando-se com a cadelinha, diz: “Você é um bicho, Baleia”. Há em Fabiano uma constante identificação com os animais em geral. Isso ocorre certamente pela sua degradação social, econômica e principalmente cultural. Ele se entendia bem com os animais, pois se comunicava com eles através de sons guturais e monossilábicos. 6.(UNESP)O chamado “ciclo nordestino” da moderna ficção brasileira compreende obras inspiradas em motivos sociais, entre os quais o flagelo das secas. São escritores representativos Raquel de Queirós (Ceará, 1910-), Graciliano Ramos
(Alagoas, 1892-1953), José Lins do Rego (Paraíba, 1901-1957) e Jorge Amado (Bahia, 1912-). “Vidas Secas” focaliza uma família de retirantes que vive numa espécie de mudez introspectiva, em precárias condições físicas e num estado degradante de condição humana. Mediante estas observações: a) Quase não há diálogos, apenas a bronca de Fabiano no filho. 7. (FGV) Leia atentamente os dois fragmentos a seguir extraídos de “Vidas Secas de Graciliano Ramos”, e desenvolva a questão que se segue: O texto 1 é narrativo-descritivo. Faz uso de verbos no
pretérito perfeito, indicando ações pontuais, e, no pretérito imperfeito, indicando ações habituais. Os substantivos são concretos. 8. (UNICAMP-SP) Uma personagem constantemente mencionada em Vidas secas, de Graciliano Ramos, é Seu Tomás da bolandeira. Homem letrado, é tido como um exemplo de “sabedoria” por Fabiano, que muitas vezes o vê como um modelo. “Em horas de maluqueira Fabiano desejava imitá-lo: dizia palavras difíceis, truncando tudo, e convencia-se de que melhorava. Tolice. Via-se perfeitamente que um sujeito como ele não tinha nascido para falar certo. Seu Tomás da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não sabia mandar: pedia. Esquisitice um homem remediado ser cortês. Até o povo censurava aquelas maneiras. Mas todos obedeciam a ele. Ah! quem disse que não obedeciam?” a) Cite um episódio do romance em que fica evidente a dificuldade de expressão de Fabiano, na presença de pessoas que julga superiores. b) como o episódio escolhido por você exemplifica a relação, percebida por Fabiano, entre um uso mais “difícil” da linguagem e o poder exercido por determinadas pessoas? RESPOSTAS: a) Nos dois episódios em que
encontra o “soldado amarelo”. 9. (FUVEST) “E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos: mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.” Este é o retrato de Fabiano, no livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos. a) Por que o autor enumera os caracteres físicos de Fabiano? b) Que sentido tem a palavra “cabra” no texto? RESPOSTAS: a) O autor enumera os caracteres físicos de Fabiano para mostrar que ele é um homem, embora se julgue apenas um “cabra”, por viver em terra alheia e ocupar-se em guardar coisas dos outros, isto é, pela condição de inferioridade social e de subalterno em que vive. 10. (PUCRJ ) Texto 1 Espalham-se, por fim, as sombras da noite. O sertanejo que de nada cuidou, que não ouviu as harmonias da tarde, nem reparou nos esplendores do céu, que não viu a tristeza a pairar sobre a terra, que de nada se arreceia, consubstanciado como está com a solidão, para, relanceia os olhos ao derredor de si e, se no lagar pressente alguma aguada, por má que seja, apeia-se, desencilha o cavalo e reunindo logo uns gravetos bem secos, tira fogo do isqueiro, mais por distração do que por necessidade. Sente-se deveras feliz. Nada lhe perturba a paz do espírito ou o bem-estar do corpo. Nem sequer monologa, como qualquer homem acostumado a conversar. Raros são os seus pensamentos: ou rememora as léguas que andou, ou computa as que tem que vencer para chegar ao término da viagem. No dia seguinte, quando aos clarões da aurora acorda toda aquela esplêndida natureza, recomeça ele a caminhar, como na véspera, como sempre. Nada lhe parece mudado no firmamento: as nuvens de si para si são as mesmas. Dá-lhe o Sol, quando muito, os pontos cardeais, e a terra só lhe prende a atenção, quando algum sinal mais particular pode servir-lhe de marco miliário na estrada que vai trilhando.TAUNAY, Visconde de. Inocência. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000002.pdf>. Acesso em: 20 set. 2012. Texto 2 Na planície avermelhada, os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. – Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo. A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. – Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 1986, pp. 9-10. Texto 3 Toda viagem é interior embora por fora se vista o carro ou o trem e se aprenda a nadar com o navio e a voar pelos ares, com as bombas e os aviões; toda viagem se faz por dentro como as estações se fabricam, invisíveis a partir do vento silenciosas como quando um pensamento muda de tempo e de marcha distraído de si, e entra em outro clima com a cabeça no ar: psiu, míssil, além do som e de qualquer mapa ou guia que desenrolo míope, sobre a estrada que passa sob meu pé-pneumático sob o célere céu azul do meu chapéu; toda viagem avança e se alimenta apenas de horizontes futuros, infinitos, vazios e nuvens: toda viagem é anterior.FREITAS FILHO, Armando. Longa vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982, pp.115-116. a) Tomando como base a leitura comparativa dos textos 1, 2 e 3, determine o sentido da palavra “viagem” em cada um deles. b) Determine o gênero literário predominante no texto 3, justificando a sua resposta com aspectos que o caracterizam. RESPOSTAS: a)No texto 1, a viagem ganha o sentido de deslocamento espacial positivo, com roteiro previsto e bem definido. No texto 2, o mesmo deslocamento espacial é visto negativamente, seja pelas condições adversas, seja por não haver destino definido. No texto 3, a viagem acontece sobretudo no plano do imaginário, indicando um deslocamento predominantemente temporal. b) O gênero literário predominante no poema de Armando Freitas Filho é o lírico, caracterizado pela presença do eu poético (eu lírico), pelo tom intimista e pela utilização de uma linguagem que produz sensações. 11. (UNESP) Comparando-se a charge, “Meu Guri” e o fragmento de “Vidas Secas”, percebe-se que, entre outras afinidades, há uma fundamental: a identidade daquelas crianças. Em vista deste comentário, responda: a) Que afinidades se verificam com relação à nomeação das crianças? b) Cite e interprete o verso de Chico Buarque que, explicitamente, relaciona a questão da miséria com a da nomeação. RESPOSTAS: a) Nenhum deles é chamado pelo nome, mas por “guri”, “filho mais novo”, “menino mais velho”, autor material”. 12. (UNICAMP ) Ocupavam-se em descobrir uma enorme quantidade de objetos. Comunicaram baixinho um ao outro as surpresas que os enchiam. Impossível imaginar tantas maravilhas juntas. O menino mais novo teve uma dúvida e apresentou-a timidamente ao irmão. Seria que aquilo tinha sido feito por gente? O menino mais velho hesitou, espiou as lojas, as toldas iluminadas, as moças bem-vestidas. Encolheu os ombros. Talvez aquilo tivesse sido feito por gente. Nova dificuldade chegou-lhe ao espírito, soprou-a no ouvido do irmão. Provavelmente aquelas coisas tinham nomes. O menino mais novo interrogou-o com os olhos. Sim, com certeza as preciosidades que se exibiam nos altares da igreja e nas prateleiras das lojas tinham nomes. Puseram-se a discutir a questão intricada. Como podiam os homens guardar tantas palavras? Era impossível, ninguém conservaria tão grande soma de conhecimentos. Livres dos nomes, as coisas ficavam distantes, misteriosas. Não tinham sido feitas por gente. E os indivíduos que mexiam nelas cometiam imprudência. Vistas de longe, eram bonitas. Admirados e medrosos, falavam baixo para não desencadear as forças estranhas que elas porventura encerrassem.(Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2012, p.82.) Sinhá Vitória precisava falar. Se ficasse calada, seria como um pé de mandacaru, secando, morrendo. Queria enganar-se, gritar, dizer que era forte, e a quentura medonha, as árvores transformadas em garranchos, a imobilidade e o silêncio não valiam nada. Chegou-se a Fabiano, amparou-o e amparou-se, esqueceu os objetos próximos, os espinhos, as arribações, os urubus que farejavam carniça. Falou no passado, confundiu-se com o futuro. Não poderiam voltar a ser o que já tinham sido? a) O contraste entre as preciosidades dos altares da igreja e das prateleiras das lojas, no primeiro excerto, e as árvores transformadas em garranchos, no segundo, caracteriza o conflito que perpassa toda a narrativa de Vidas secas. Em que consiste este conflito? b) No primeiro excerto, encontra-se posta uma questão recorrente em Vidas secas: a relação entre linguagem e mundo. Explique em que consiste esta relação na passagem acima. RESPOSTAS: a) Os trechos do enunciado apresentam, entre outros, o caleidoscópio de sentimentos e emoções da família de Fabiano enquanto observam as festividades de Natal na cidade. No primeiro excerto, os meninos maravilham-se com tantas luzes e gente e assustam-se com o ambiente da igreja e das lojas que desconheciam. No segundo, Sinhá Vitória está aflita com a situação de Fabiano que se tinha embriagado e ficara deitado no chão, dormindo pesadamente. Em ambos os excertos, está presente o conflito de quem vive em absoluta situação de precariedade e rudeza e estranha o mundo dos mais afortunados que têm acesso ao “luxo” e à abastança. b) O mundo retratado na obra “Vidas secas” é revelador do sofrimento dos que vivem em condições sub-humanas no sertão nordestino, submetidos aos rigores do clima e ao isolamento social, o que lhes embota o raciocínio e provoca o ressecamento do ser. Assim, num espaço em que impera o silêncio apenas entrecortado pelos gritos dos animais, os personagens adquirem as mesmas características, tornando-se cada vez mais “bichos” e menos “gente”. No excerto 2, Sinhá Vitória procura demarcar-se do meio que a cerca (“Se ficasse calada, seria como um pé de mandacaru, secando, morrendo”), mas a pobreza e a falta de instrução fazem com que a distância que a separa das outras pessoas aumente cada dia mais. Assim, mais do que a seca e a miséria, a linguagem é que se configura como essência do que nos faz humanos: a capacidade de comunicação. 13. O romance “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, publicado em 1938, é um marco da ficção social brasileira, pois registra de forma bastante realista a vida miserável de uma
família de retirantes que vive no sertão nordestino. A cachorra Baleia tem um papel especial no livro, pois é sobretudo na relação dos personagens com esse animal que podemos perceber que elas não se desumanizam, apesar de suas condições de vida. Considerando essa ideia, explique qual a importância do capítulo “Baleia” no romance. O capítulo Baleia representa o quadro que deu origem ao romance. A cachorrinha merece um capítulo inteiro para mostrar sua
importância na obra, pois é um personagem não-humano que possui uma identidade marcada pelo nome próprio, que garante a sobrevivência da família (quando fogem) e que tem desejos e sonhos. 14. (FUVEST) Leia o excerto, observando as diferentes formas verbais. a)As formas do pretérito perfeito indicam ações pontuais, concluídas no passado; o imperfeito indica ação em decurso no passado. O
efeito narrativo do imperfeito, no caso, é atribuir vivacidade à ação, apresentando-a em seu desdobramento. 15. O excerto abaixo, de Vidas Secas, trata da personagem sinhá Vitória: Calçada naquilo, trôpega, mexia-se como um papagaio, era ridícula. Sinhá Vitória ofendera-se gravemente com a comparação, e se não fosse o respeito que Fabiano lhe inspirava, teria despropositado. Efetivamente os sapatos apertavam-lhe os dedos, faziam-lhe calos. Equilibrava-se mal, tropeçava, manquejava, trepada nos saltos de meio palmo. Devia ser ridícula, mas a opinião de Fabiano entristecera-a muito. Desfeitas essas nuvens, curtidos os dissabores, a cama de novo lhe aparecera no horizonte acanhado. Agora pensava nela de mau humor. Julgava-a inatingível e misturava-a às obrigações da casa. (…) Um mormaço levantava-se da terra queimada. Estremeceu lembrando-se da seca (…). Diligenciou afastar a recordação, temendo que ela virasse realidade. (…) Agachou-se, atiçou o fogo, apanhou uma brasa com a colher, acendeu o cachimbo, pôs-se a chupar o canudo de taquari cheio de sarro. Jogou longe uma cusparada, que passou por cima da janela e foi cair no terreiro. Preparou-se para cuspir novamente. Por uma extravagante associação, relacionou esse ato com a lembrança da cama. Se o cuspo alcançasse o terreiro, a cama seria comprada antes do fim do ano. Encheu a boca de saliva, inclinou-se – e não conseguiu o que esperava. Fez várias tentativas, inutilmente. (…) Olhou de novo os pés espalmados. Efetivamente não se acostumava a calçar sapatos, mas o remoque de Fabiano molestara-a. Pés de papagaio. Isso mesmo, sem dúvida, matuto anda assim. Para que fazer vergonha à gente? Arreliava-se com a comparação. Pobre do papagaio. Viajara com ela, na gaiola que balançava em cima do baú de folha. Gaguejava: – “Meu louro.” Era o que sabia dizer. Fora isso, aboiava arremedando Fabiano e latia como Baleia. Coitado. Sinhá Vitória nem queria lembrar-se daquilo. (Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2007, p.41-43.) a)Por que a comparação feita por Fabiano incomoda tanto sinhá Vitória? Que lembrança evoca? b) Tendo em vista a condição e a trajetória de sinhá Vitória, justifique a ironia contida no nome da personagem. Que outra personagem referida no excerto acima também revela uma ironia no nome? RESPOSTAS: a) Sinhá Vitória sente-se incomodada com a comparação feita por Fabiano – o andar dela quando usava sapatos assemelhava-se ao de um papagaio – porque, ridicularizando-a, fere a sua vaidade feminina. Além disso, traz à mente da mulher a lembrança do papagaio, o que a faz reviver um remorso, pois fora dela a ideia de usar a ave como alimento. O mal-estar é ainda maior, pois a lembrança desse episódio evoca o sofrimento que ela e sua família tiveram durante a seca. b) É irônico que uma personagem massacrada pela seca e pelas condições sociais injustas tenha como nome Vitória. E há também ironia no nome de 16. (UNICAMP ) Em Vidas Secas, após ter vencido as dificuldades, postas no início da narrativa, Fabiano afirma: “Fabiano, você é um homem…”. Corrige-se logo depois: “Você é um bicho, Fabiano”. Em seguida, encontrando-se com a cadelinha, diz: “Você é um bicho, Baleia”. Ao chamar a si mesmo e a Baleia de “bicho”, Fabiano estabelece uma identificação com ela. Na leitura de Vidas Secas, podem-se perceber vários motivos para essa identificação. Cite dois desses motivos. RESPOSTA: Fabiano chega a afirmar que se sente resistente como um bicho, por sobreviver à seca, do mesmo modo que Baleia; ele também tem enorme dificuldade para se expressar, fazendo-o por meio de gestos e de sons guturais como “Hum!”, “An!”, o que poderia ser comparados aos latidos de Baleia. Fabiano também tem dificuldades para elaborar ideias mais complexas; quase sempre fica confuso, o que pode se relacionar à irracionalidade de Baleia. 17. (UFGD) Sobre Vidas secas, de Graciliano Ramos, é correto afirmar que a) é um romance em primeira pessoa, que conta a vida de uma família de retirantes, sob a ótica de Fabiano, seu chefe, mostrando sua interação com a caatinga brasileira, suas contradições sociais e geográficas. b) é um drama em doze atos, que idealiza a vida de retirantes, seus conflitos familiares e suas relações amorosas, tendo como cenário a realidade rural brasileira, suas intempéries e contradições. c) é um conjunto de contos autobiográficos em terceira pessoa, que enfocam a infância do autor na sua cidade nordestina de origem, no contexto de sua família pobre, na sua relação com o meio geográfico e social. d) é um conjunto de narrativas em terceira pessoa, que abordam ao mesmo tempo a vida material e a interioridade de personagens rústicos, em seus embates com o meio social e geográfico, habitando o semiárido brasileiro. e) é um poema em primeira pessoa, que tem como cenário a vida rústica de personagens típicos do sertão brasileiro, seus conflitos com o meio social e geográfico do interior do Brasil. 18. (PUC-SP) Era vaqueiro, via-se mais como bicho do que como homem, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco. (…) Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos, vivia em terra alheia e cuidava de animais alheios. O texto acima, da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, é uma caracterização de Fabiano, personagem da novela. Indique, nas alternativas abaixo, aquela que também o caracteriza de forma correta. a) Era bruto, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Violento, não respeitava o governo e odiava Seu Tomás da Bolandeira, homem que falava bem, lia livros e sabia onde tinha as ventas. b) Tinha vindo ao mundo para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno a verão, cortar mandacaru e ensebar látegos, características que o engrandeciam e faziam dele um herói admirado. c) Vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais, tinha um vocabulário pequeno e falava uma língua cantada, monossilábica e gutural. d) Era de personalidade bem moldada, forte e determinado a vencer o fenômeno da seca, já que dominava o meio e se valia da força comunicativa da linguagem bem articulada. e) Revoltava-se contra as contas do patrão, tinha de aceitá-las para não perder o emprego mas vingou-se das frustrações no soldado amarelo, quando o reencontrou em plena caatinga. 19. (ITA) – Assinale a melhor opção, considerando as seguintes asserções sobre Fabiano, personagem de Vidas Secas, de Graciliano Ramos: I) Devido às dificuldades pelas quais passou no sertão, tornou- se um homem rude, mandante da morte de vários inimigos seus. II) Comparava-se, com orgulho, aos animais, pois era um homem errante que vivia fugindo da seca. III) Sentia-se fraco para exigir seus direitos diante de patrões e autoridades, por isso não se considerava um homem, mas um bicho. Está (ão) correta(s): a) Apenas a I. b) Apenas a III. c) I e III. d) Apenas a III. e) II e III. 20.(UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre a obra de Graciliano Ramos. 21. (PUC-SP) Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos, apresenta um ambiente caracterizado por um quadro de penúria e de miséria, em que perambulam personagens frágeis, vencidas pelo meio e sem força comunicativa de linguagem bem articulada. Indique, das alternativas abaixo, aquela que destoa da caracterização do referido quadro. a) Vegetação inimiga onde se encontram juazeiros, mandacarus, xiquexiques, catingueiras e muito espinho. b) Abundância de água, vegetação sempre verdejante como a dos juazeiros, céu repleto de estrelas, aves de diferentes plumagens e plantas generosas como as sucupiras e as imburanas. c) Natureza inóspita, de caatinga com montes baixos, planícies torradas, cascalhos e rios secos, areia fofa e lama seca e rachada. d) Cores do horror como as do céu, recorrentemente de um azul terrível, as vermelhidões sinistras do poente, o branco das ossadas e o negrume dos urubus. e) Sol inclemente que chupa os poços e aves de arribação que bebem suas águas, carniças e bichos moribundos. 22. (UFRRJ) Escrito por Graciliano Ramos em 1938, “Vidas Secas” é uma obra-prima do modernismo e mesmo de toda a literatura brasileira. Trata-se de narrativa pungente, onde o drama do nordestino, tangido de seu lar pela inclemência da seca, é contado de forma árida, seca e bastante realista, numa sintonia bastante eficaz entre forma e conteúdo. 23. (PUC-SP) Tinha medo e repetia que estava em perigo, mas isto lhe pareceu tão absurdo que se pôs a rir. Medo daquilo? Nunca vira uma pessoa tremer assim. Cachorro. Ele não era dunga na cidade? Não pisava os pés dos matutos, na feira? Não botava gente na cadeia? Sem vergonha, mofino. Do trecho acima, da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, é correto afirmar que a) emprega o discurso direto para anunciar o contraste entre o riso e o medo que acometem o personagem. b) expressa o mundo interior do personagem, que atinge e magoa seu interlocutor com expressões diretas e grosseiras. c) deixa transparecer o desprezo do narrador, diante da reação do oponente e o reduz a uma substância neutra. d) confunde narrador, personagem e tipos de discurso, o que impede o leitor de entender o texto com clareza. e) envolve dois personagens em situação de conflito, Fabiano e o soldado amarelo, que destratava pessoas em nome de sua autoridade 24. (FUVEST) Considere
as seguintes afirmações: 25. (PUC-SP) O mulungu do bebedouro cobria-se de arribações. Mau sinal, provavelmente o sertão ia apegar fogo. Vinham em bandos, arranchavam-se nas árvores da abeira do rio, descansavam, bebiam e, como em redor não havia comida, seguiam viagem para o Sul. O casal agoniado sonhava desgraças. O sol chupava os poços, e aquelas excomungadas levavam o resto da água, queriam matar o gado (…) Alguns dias antes estava sossegado, preparando látegos, consertando cercas. De repente, um risco no céu, outros riscos, milhares de riscos juntos, nuvens, o medonho rumor de asas a anunciar destruição. Ele já andava meio desconfiado vendo as fontes minguarem. E olhava com desgosto a brancura das manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes. (…) O trecho acima é de Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos. Dele é correto afirmar que a) emprega linguagem figurada e explora a gradação como recurso estilístico para anunciar a passagem de aves a caminho do Sul. b) utiliza apenas linguagem referencial, uma vez que o objetivo é informar sobre a nova seca que se anuncia. c) emprega linguagem com função apelativa com o objetivo de configurar, com imagens visuais, em dimensão plástica, o quadro da penúria da seca. d) despreza o uso de recursos estilísticos e marca-se por fatalismo exagerado, impedindo a manifestação poética da linguagem. e) vale-se de linguagem marcadamente emotiva, capaz de revelar o estado de angústia do casal agoniado que sonhava desgraças. 26. (UNIARAXÁ) Leia o fragmento abaixo transcrito da obra “Vidas Secas” e responda à questão a seguir: Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes, utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias. Na verdade falava pouco. Admira as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas. (Graciliano Ramos) No texto, a referência aos pés: a) Constitui um jogo de contrastes entre o mundo cultural e o mundo físico do personagem. b) Acentua a rudeza do personagem, em nível físico. c) Justifica-se como preparação para o fato de que o personagem não estava preparado para caminhada. d) Serve para demonstrar a capacidade de pensar do personagem. e) NDA. 27.(FUVEST) Um escritor classificou “Vidas secas como” “romance desmontável”, tendo em vista sua composição descontínua, feita de episódios relativamente independentes e sequências parcialmente truncadas. Essas características da composição do livro 28. (FATEC) Considere as seguintes afirmações sobre a obra de Graciliano Ramos: 29. (FUVEST) Considere as seguintes comparações entre “Vidas secas” e “Iracema”: 30. (U. UBERABA-MG) O fragmento a seguir, embora breve, permite perceber algumas características importantes do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Com base no seu conhecimento do livro como um todo e na leitura atenta do fragmento, assinale a alternativa INCORRETA: “Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não havia sinal de comida, (…) Sinhá Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão.” a) O fragmento permite observar que, neste romance, o plano social articula-se com o plano psicológico. b) No texto há expressões que colocam num mesmo grupo homens e animais. c) Por este fragmento percebe-se que o que aproxima homens e animais é a fome e a miséria. d) O texto registra o momento em que Sinhá Vitória, penalizada com a morte do papagaio, por quem nutria um grande afeto, entra num estado de devaneio confuso, de verdadeiro caos mental. 31. (UNIARAXÁ) Leia o fragmento abaixo transcrito da obra Vidas Secas e responda a questão a seguir. 32. (UFRRJ) Escrito por Graciliano Ramos em 1938, “Vidas Secas” é
uma obra-prima do modernismo e mesmo de toda a literatura brasileira. Trata-se de narrativa pungente, onde o drama do nordestino, tangido de seu lar pela inclemência da seca, é contado de forma árida, seca e bastante realista, numa sintonia bastante eficaz entre forma e conteúdo. 33.(FUVEST) I. Em “Vidas Secas”, a existência dos seres oprimidos e necessitados é apresentada como um mundo fechado, no qual os sonhos e esperanças são ilusões; já em “Primeiras estórias”, na vida de carências e opressões, algumas vezes abrem-se brechas
que dão lugar à solidariedade, ao humor e aos sonhos realizáveis. 34. (PUCCAMP) Em outra passagem de “Vidas secas”, Fabiano é assim descrito: “(…) tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos.” 35. (PUC-SP) O mulungu do bebedouro cobria-se de arribações. Mau sinal, provavelmente o sertão ia pegar fogo. Vinham em bandos, arranchavam-se nas árvores da beira do rio, descansavam, bebiam e,
como em redor não havia comida, seguiam viagem para o Sul. O casal agoniado sonhava desgraças. O sol chupava os poços, e aquelas excomungadas levavam o resto da água, queriam matar o gado. (…) Alguns dias antes estava sossegado, preparando látegos, consertando cercas. De repente, um risco no céu, outros riscos, milhares de riscos juntos, nuvens, o medonho rumor de asas a anunciar destruição. Ele já andava meio desconfiado vendo as fontes minguarem. E olhava com desgosto a brancura das manhãs
longas e a vermelhidão sinistra das tardes. (…) 36. (UFRS) Assinale a alternativa correta em relação às seguintes narrativas de caráter regionalista. 37. (PUC-RS) “O pequeno sentou-se, acomodou nas pernas a cachorra, pôs-se a contar-lhe baixinho uma estória. Tinha o vocabulário quase tão minguado como o do papagaio que morrera no tempo da seca.” Em Vidas secas, de Graciliano Ramos, como exemplifica o texto, através das personagens há uma aproximação entre: a)homem e animal. b) criança e homem. c) cão e papagaio. d) papagaio e criança. e) natureza e homem. 38. (PUCAMP) A utilização sistemática de um tempo verbal, no trecho destacado de “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, deve ser considerada 39. (FUVEST) Em Vidas secas e em Morte e vida Severina, os retirantes Fabiano e Severino a) são quase desprovidos de expressão verbal, o que lhes dificulta a comunicação até mesmo com os mais próximos. b) encontram na relação carinhosa com os filhos sua única fonte permanente de ternura em um meio hostil. c) surgem como flagelados, que fogem das regiões secas, mas se decepcionam quando chegam ao Recife. d) são homens rústicos e incultos, que não possuem habilidades técnicas ou ofícios que lhes permitam trabalhar. e) aparecem como oprimidos tanto pelo meio agreste quanto pelas estruturas sociais 40. (UFMG) Com base na leitura de “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, é INCORRETO afirmar que essa obra 41. (U. F. VIÇOSA-MG) A respeito de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, somente NÃO podemos afirmar que: a) os personagens, Fabiano, Sinhá Vitória e os filhos, são convertidos em criaturas brutalizadas, numa sugestão de que a dureza do solo nordestino aproxima a vida humana da vida animal. b) embora composta de pequenas narrativas isoladas, a obra mantém a estrutura de um romance pela presença quase constante de seus personagens e por uma sucessão temporal. c) a obra insere-se no chamado romance de 30 por uma total fidelidade aos experimentalismos linguísticos da fase heroica do movimento modernista. d) o retirante Fabiano, incapaz de verbalizar seus próprios pensamentos, expressa-se, quase sempre, através do discurso indireto livre de um narrador onisciente. e) a narrativa denuncia o flagelo do sertão nordestino, onde o homem, fundindo-se ao seu meio, é arrastado por um destino adverso e inútil. 42. (FUVEST) Considere as seguintes comparações entre Vidas secas e A hora da estrela: I.Os narradores de ambos os livros adotam um estilo sóbrio e contido, avesso a expansões emocionais, condizente com o mundo de escassez e privação que retratam. I. Em ambos os livros, a carência de linguagem e as dificuldades de expressão, presentes, por exemplo, em Fabiano e Macabéa, manifestam aspectos da opressão social. III. A personagem sinhá Vitória (Vidas secas), por viver isolada em meio rural, não possui elementos de referência que a façam aspirar por bens que não possui; já Macabéa, por viver em meio urbano, possui sonhos típicos da sociedade de consumo. Está correto apenas o que se afirma em a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. 43. (ENEM) No romance “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte da cena: 44. (EU-MARINGÁ) “A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto…” O excerto acima apresenta uma cena da obra: a)Angústia b) Vidas Secas c) Doidinho d) Dom Casmurro e) Menino do Engenho 45. As obras Vidas Secas, O Quinze, Fogo morto, O tempo e o vento e Os ratos foram escritas, respectivamente, por: a) Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Érico Veríssimo e Dionélio Machado. b) Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Jorge Amado, Luis Fernando Veríssimo e Lúcio Cardoso. c) José Lins do Rego, Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles, Flávio Carneiro e Luiz Ruffato. d) Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Aluísio Azevedo, Raul Pompéia e José de Alencar. 46. (FUVEST ) Considere as seguintes comparações entre Vidas secas, de Graciliano Ramos, e Capitães da areia, de Jorge Amado: I.Quanto à relação desses livros com o contexto histórico em que foram produzidos, verifica-se que ambos são tributários da radicalização político-ideológica subsequente, no Brasil, à Revolução de 1930. I. Embora os dois livros comportem uma consciência crítica do valor da linguagem no processo de dominação social, em Vidas secas, essa consciência relaciona-se ao emprego de um estilo conciso e até ascético, o que já não ocorre na composição de Capitães da areia. III. Por diferentes que sejam essas obras, uma e outra conduzem a um final em que se anuncia a redenção social das personagens oprimidas, em um futuro mundo reconciliado, de felicidade coletiva. Está correto o que se afirma em a) I, somente. b) I e II, somente. c) III, somente. d) II e III, somente. e) I, II e III. 47. Com base na leitura de “Vidas secas”, é CORRETO afirmar que, Para responder às questões 48 e 49, ler o texto que segue. “Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.” 48. (PUC-RS) Tendo como base o trecho em questão, é correto afirmar que a viagem de Fabiano, Sinhá Vitória, os filhos e a cachorra Baleia caracteriza-se a) Pelo desânimo, pela aflição e pela imprudência. b) Pelo sentimentalismo exacerbado e impactante. c) Pelo otimismo, apesar da fome e da frustração. d) Pela desventura, pelo infortúnio e pela privação. e) Pela tragédia, pelo realismo e pelo esforço compensado. 49. (PUC-RS) O texto em questão pertence a Vidas secas, de Graciliano Ramos, obra que surge num período em que a literatura percorre caminhos muitos peculiares. Todas as características estão associadas a esse período, EXCETO a) A verossimilhança. b) A análise psicológica. c) O regionalismo. d) O coloquialismo. e) O sentimentalismo. 50. (ACAFE / SC) Analise as afirmações abaixo. TEXTOS PARA AS QUESTÕES 51 E 52 (ENEM) Texto I Texto II A partir do trecho de Vidas secas (texto I) e das informações do texto II, relativas às concepções artísticas do romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas. 51. É CORRETO apenas o que se afirma em: b) III. c) II e III. d) II. e) I e II. 52. No texto II, verifica-se que o autor utiliza 53. (ITA) Com relação ao excerto: 54. (PUCCAMP) A leitura de romances como Vidas Secas, São Bernardo ou Angústia permite afirmar sobre Graciliano Ramos que: a) sua grande capacidade fabuladora e o tom lírico de sua linguagem servem a uma obra dominada pelo impulso, em que se mesclam romantismo e realismo, poesia e documento. b) sua obra transcende as limitações do regional ao evoluir para uma perspectiva universal, ao mesmo tempo que sua expressão parte para o experimentalismo e para as invenções vocabulares inovadoras. c) sua obra, preocupada em fixar os costumes e falas locais do meio rural e da cidade, é um registro fiel da realidade nordestina, quase um documento transfigurado em ficção. d) sua obra, toda condicionada pela realidade humana e social de uma árida região de coronéis e cangaceiros, apresenta uma narrativa linear, mas de linguagem exuberante, própria dos grandes contadores de história. e) tanto o enfoque trágico do destino do homem ligado às raízes regionais quanto a análise dos conflitos existenciais do homem urbano conferem uma dimensão universal à sua obra. 55. (FUVEST) Em Vidas secas e em Morte e vida severina, os retirantes Fabiano e Severino a) são quase desprovidos de expressão verbal, o que lhes dificulta a comunicação até mesmo com os mais próximos. b) encontram na relação carinhosa com os filhos sua única fonte permanente de ternura em um meio hostil. c) surgem como flagelados, que fogem das regiões secas, mas se decepcionam quando chegam ao Recife. d) são homens rústicos e incultos, que não possuem habilidades técnicas ou ofícios que lhes permitam trabalhar. e) aparecem como oprimidos tanto pelo meio agreste quanto pelas estruturas sociais. 56. (UFSM) Leia o trecho seguinte de Vidas secas, de Graciliano Ramos: “Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco. Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr mundo, andar para cima e para baixo, à toa, como judeu errante. Um vagabundo empurrado pela seca.” Assinale a alternativa correta com relação à composição narrativa da passagem transcrita. a) Há alternância entre narradores de primeira e de terceira pessoas. b) São focalizados a aparência física e o estado de ânimo da personagem. c) Há um destaque para o espaço, apresentado em detalhes e caracterizado como opressor. d) Registra-se uma supervalorização do passado, tido como um tempo de estabilidade e riqueza. e) Desenvolve-se a temática da revolução social, a partir do nível de conscientização da personagem. Para responder às questões 57 e 58, ler o texto que segue. “Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Acomodar-se-iam num sítio pequeno, o que parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato. Cultivariam um pedaço de terra. Mudar-se-iam depois para uma cidade, e os meninos frequentariam escolas, seriam diferentes deles. Sinhá Vitória esquentava-se. Fabiano ria (…) Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas que lhe entravam nas alpercatas, o cheiro de carniças que empestavam o caminho. As palavras de sinhá Vitória encantavam-no. Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era. Repetia docilmente as palavras de Sinhá Vitória, as palavras que sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho.” 57. (PUC-RS) Para responder à questão 10, analisar as afirmativas que seguem, sobre o texto em questão. I. A espingarda, o saco, as pedras miúdas, o cheiro de carniça sugerem a hostilidade da vida nordestina. II. A mulher se entusiasma na defesa de seu ponto de vista. III. Fabiano está fisicamente amortecido neste ponto da trajetória. IV. Apesar de todo o sofrimento que a vida lhes traz, o casal ainda luta por uma existência mais digna. Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas a) a I e a II, apenas. b) a I e a III, apenas. c) a II e a IV, apenas. d) a III e a IV, apenas. e) a I, a II, a III e a IV. 58. (PUC-RS) Trata-se de trecho de Vidas secas, de Graciliano Ramos, obra que se enquadra no que se convencionou denominar de Romance de 30, tendência que se define pelas características apresentadas a seguir, EXCETO: a) A representação verossímil da realidade brasileira. b) A análise psicológica das personagens. c) O registro da linguagem regional. d) A tipificação social. e) A linearidade da estrutura narrativa. 59. (UFMT) Leia o texto. 60. (UEL) Leia os trechos abaixo, do romance “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, e indique a alternativa INCORRETA. 61. (UFSC) Assinale a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S), relativamente às obras “O Rei da Vela”, e “Vidas Secas”. 62. (UFBA) Os meninos sumiam-se numa curva do caminho. Fabiano adiantou-se para alcançá-los. “Era preciso aproveitar a disposição deles, deixar que andassem à vontade. Sinhá Vitória acompanhou o marido, chegou-se aos filhos. Dobrando o cotovelo da estrada, Fabiano sentia distanciar-se um pouco dos lugares onde tinha vivido alguns anos; o patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia esmoreceram no seu espírito. E a conversa recomeçou. Agora Fabiano estava meio otimista. Endireitou o saco da comida, examinou o rosto carnudo e as pernas grossas da mulher. Bem. Desejou fumar. Como segurava a boca do saco e a coronha da espingarda, não pôde realizar o desejo. Temeu arriar, não prosseguir na caminhada. Continuou a tagarelar, agitando a cabeça para afugentar uma nuvem que, vista de perto, escondia o patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia. Os pés calosos, duros como cascos, metidos em alpercatas novas, caminhariam meses. Ou não caminhariam? Sinhá Vitória achou que sim. […] Por que haveriam de ser sempre desgraçados, fugindo no mato como bichos? Com certeza existiam no mundo coisas extraordinárias. Podiam viver escondidos, como bichos?Fabiano respondeu que não podiam. –– O mundo é grande. Realmente para eles era bem pequeno, mas afirmavam que era grande –– e marchavam, meio confiados, meio inquietos. Olharam os meninos que olhavam os montes distantes, onde havia seres misteriosos. Em que estariam pensando? zumbiu sinhá Vitória. Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas sinhá Vitória renovou a pergunta –– e a certeza do marido abalou-se. Ela devia ter razão. Tinha sempre razão. Agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando crescessem. –– Vaquejar, opinou Fabiano. Sinhá Vitória, com uma careta enjoada, balançou a cabeça negativamente, arriscando-se a derrubar o baú de folha. Nossa Senhora os livrasse de semelhante desgraça. Vaquejar, que ideia! Chegariam a uma terra distante, esqueceriam a catinga onde havia montes baixos, cascalhos, rios secos, espinhos, urubus, bichos morrendo, gente morrendo. Não voltariam nunca mais, resistiriam à saudade que ataca os sertanejos na mata. Então eles eram bois para morrer tristes por falta de espinhos? Fixar-se-iam muito longe, adotariam costumes diferentes.” RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 71. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 120-122. A análise do fragmento, contextualizado no romance Vidas Secas, permite afirmar: (01) Fabiano considera necessária a imersão das crianças no mundo convencional para apreendê-lo e, assim, libertá-las das condições socioculturais vividas. (02) Sinhá Vitória não se submete às expectativas sociais dominantes, contudo vislumbra um retorno às trivialidades da sua vida social da infância. (04) O conjunto de personagens da trama simboliza, alegoricamente, os heroicos seres que sonham em reformar a sociedade agrária brasileira à custa da luta armada. (08) Fabiano e sinhá Vitória configuram um tipo de ser que vive reiterando ações, sem nada acrescentar a seu processo de crescimento humano. (16) Fabiano constitui uma metáfora de ser humano derrotado, que sofre as conseqüências das estruturas vigentes e não consegue impor seus pontos de vista. (32) A narrativa como um todo retrata um espaço em que a imutabilidade social e o abismo entre povo e governo são incontestáveis. (64)A interação entre humanos e inumanos na narrativa explica a descontinuidade das ações narradas. SOMA: 08 + 16 + 32=56. 63. (PUCSP) Dos enunciados abaixo, indique aquele que não condiz com as características de Fabiano,
personagem de VIDAS SECAS, obra de Graciliano Ramos. 64. Para responder à questão, ler os textos a seguir, de José de Alencar e Graciliano Ramos, respectivamente. 65. (PUCCAMP) Um dos mais freqüentes recursos do narrador de “Vidas secas” é a utilização do discurso indireto livre, no qual a voz do narrador e a da personagem parecem se confundir. É exemplo desse tipo de discurso a frase 66. (UEL) O texto abaixo apresenta uma passagem do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, em que Fabiano é focalizado em um momento de preocupação com sua situação econômica. Escrito em 1938, esta obra insere-se num momento em que a literatura brasileira centrava seus temas em questões de natureza social. “Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa. Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco.” (In: RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 55. ed. Rio de Janeiro: Record, 1991.) Sobre este trecho do romance, somente está INCORRETO o que se afirma na alternativa: a) Este trecho resume a
situação de permanente pobreza de Fabiano e revela-se como uma crítica à economia brasileira e às relações de trabalho que vigoravam no sertão nordestino no momento em que a obra foi criada. Isso pode ser confirmado pelas orações: “… Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes….” 67. (UFRRJ) Leia o fragmento abaixo, retirado do romance “Vidas secas”: 68. (FUVEST) Em determinada época, o romance brasileiro “procurou (…) enraizar fortemente as suas histórias e os seus personagens em espaços e tempos bem circunscritos, extraindo de situações culturais típicas a sua visão do Brasil.”( Alfredo Bosi Esta afirmação aplica-se a a) Vidas Secas e Fogo Morto. b) Macunaíma e A Hora da Estrela. c) A Hora da Estrela e Serafim Ponte Grande. d) Fogo Morto e Serafim Ponte Grande. e) Vidas Secas e Macunaíma. 69. (PUCCAMP) No capítulo “Contas”, de “Vidas secas”, Fabiano se mostra 70. (UFPE) OBSERVE: 71. (PUCCAMP) O fragmento abaixo pertence a “Vidas secas”, de Graciliano Ramos: 72. (FATEC) Considere as seguintes
afirmações sobre a obra de Graciliano Ramos: 73. (ACAFE / SC) Baleia queria dormir. Acordaria feliz num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes. (Graciliano Ramos) 74. (PUC-RS)INSTRUÇÃO: Para responder à questão, analise as afirmativas a seguir, referentes aos romances de Graciliano Ramos: 75. (FEI) Pode-se reconhecer nesse fragmento: 76. (UFLA) Sobre a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, todas as alternativas estão corretas, EXCETO: a) O romance focaliza uma família de retirantes, que vive numa espécie de mudez introspectiva, em precárias condições físicas e num degradante estado de condição humana. 77.
(UFV) A respeito de “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, somente NÃO podemos afirmar que: 78. (UFRS) Leia o fragmento abaixo, extraído de “Vidas
Secas”, de Graciliano Ramos. 79. (FUVEST) Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o roubavam. Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a campina seca, o patrão, os soldados e os agentes da prefeitura. Tudo na verdade era contra ele. Estava acostumado, tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. Não havia paciência que suportasse tanta coisa. – Um dia um homem faz besteira e se desgraça. Graciliano Ramos, Vidas secas. Tendo em vista as causas que a provocam, a revolta que vem à consciência de Fabiano, apresentada no texto como ainda contida e genérica, encontrará foco e uma expressão coletiva militante e organizada, em época posterior à publicação de Vidas secas, no movimento a) carismático de Juazeiro do Norte, orientado pelo Padre Cícero Romão Batista. b) das Ligas Camponesas, sob a liderança de Francisco Julião. c) do Cangaço, quando chefiado por Virgulino Ferreira da Silva (Lampião). d) messiânico de Canudos, conduzido por Antônio Conselheiro. e) da Coluna Prestes, encabeçado por Luís Carlos Prestes. 80. (UNEB-BA )“Sinhá Vitória tinha amanhecido nos seus azeites. Fora de propósito, dissera ao marido umas inconveniências a respeito da cama de varas. Fabiano, que não esperava semelhante desatino, apenas grunhira: — ‘Hum! hum!’ E amunhecara, porque realmente mulher é bicho difícil de entender, deitara-se na rede e pegara no sono. Sinhá Vitória andara para cima e para baixo, procurando em que desabafar. Como achasse tudo em ordem, queixara-se da vida. E agora vingava-se em Baleia, dando-lhe um pontapé.”RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 18. ed. São Paulo: Martins, 1967. p. 48. Inserindo-se o fragmento no contexto do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, é correto afirmar: a) Sinhá Vitória possui desejos de consumo que traduzem a ânsia de acumular posses. b) O grunhido de Fabiano é revelador da sua dificuldade para se comunicar através da linguagem verbal. c) A cadela Baleia é considerada, pela família, tão-somente como um animal de estimação. d) A narrativa prende-se, sobretudo, à discussão de problemas que se esgotam no regional. e) Fabiano e Sinhá Vitória não se adaptam ao meio rural, por isso desejam o convívio com as pessoas na cidade. 81. (CEFET-RJ)“A caatinga estende-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. — Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.” RAMOS, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Livraria Martins, 16ª ed. p. 3. Considerando o romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, é falso afirmar que: a) o seu regionalismo é crítico, indo além do neorrealismo, que caracterizou a segunda fase modernista. b) o “herói” é sempre um problema: não aceita o mundo, nem os outros, nem a si mesmo. c) a natureza interessa ao romancista só enquanto propõe o momento da realidade hostil. d) o autor abre ao leitor o universo mental esgarçado e pobre de um homem e sua família, tangidos pela seca e opressão dos que podem mandar: o “dono” e o “soldado amarelo”. e) o narrador, ao apresentar-se na 1ª pessoa do discurso, parece ter sumido por trás das criaturas, mas na verdade apenas deslocou o eu para a natureza e para o latifúndio. 82. (UNIFOR-CE) “É perfeita a adequação da técnica literária à realidade expressa. Fabiano, sua mulher, seus filhos rodam num âmbito exíguo, sem saída nem variedade. Daí a construção por fragmentos, quadros quase destacados, onde os fatos se arranjam sem se integrarem, sugerindo um mundo que não se compreende, e se capta apenas por manifestações isoladas.” O texto acima analisa a relação entre a estrutura narrativa e o tema tratado em: a)Vidas secas, Graciliano Ramos. b) Sagarana, Guimarães Rosa. c)Laços de família, Clarice Lispector. d)Menino de engenho, José Lins do Rego. e)A vida real, Fernando Sabino. 83. (ACAFE / SC) A vida na fazenda se tornara difícil. Sinhá Vitória benzia-se tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas. Encolhido no banco do copiar, Fabiano
espiava a catinga amarela, onde as folhas secas se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os garranchos se torciam, negros, torrados. No céu azul, as últimas arribações tinham desaparecido. Pouco a pouco os bichos se finavam, devorados pelo carrapato. E Fabiano resistia, pedindo a Deus um milagre. 84. ( UNEB-BA) “Antônio Balduíno agora era livre na cidade religiosa da Bahia de Todos os Santos e do paide-santo Jubiabá. Vivia a grande aventura da liberdade. Sua casa era a cidade toda, seu emprego era corrê-la. O filho do morro pobre é hoje o dono da cidade. Cidade religiosa, cidade colonial, cidade negra da Bahia. Igrejas suntuosas bordadas de ouro, casas de azulejos azuis, antigos sobradões onde a miséria habita, ruas e ladeiras calçadas de pedras, fortes velhos, lugares históricos, e o cais, principalmente o cais, tudo pertence ao negro Balduíno. Só ele é dono da cidade porque só ele a conhece toda, sabe de todos os seus segredos, vagabundeou em todas as suas ruas, se meteu em quanto barulho, em quanto desastre aconteceu na sua cidade. Ele fiscaliza a vida da cidade que lhe pertence. …………………………… Brilha a luz de um saveiro. O vento levará até ele a melodia do realejo que o velho italiano toca? Um dia — pensa Antônio Balduíno — hei de viajar, hei de sair para outras terras. Um dia ele tomará um navio, um navio como aquele holandês que está todo iluminado, e partirá pela estrada larga do mar. A greve o salvou. Agora sabe lutar.” AMADO, Jorge. Jubiabá. 48. ed. Rio de Janeiro: Record, 1987. p. 64 e 329. “Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara- se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. Olhou as quipás, os mandacarus e os xique-xiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele, sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados à terra. Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco. Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr mundo, andar para cima e para baixo, à toa, como um judeu errante. Um vagabundo empurrado pela seca. ………………………… Tudo seco em redor. E o patrão era seco também, arreliado, exigente e ladrão, espinhoso como um pé de mandacaru. Indispensável os meninos entrarem no bom caminho, saberem cortar mandacaru para o gado, consertar cercas, amansar brabos. Precisavam ser duros, virar tatus. ………………………… Comiam, engordavam. Não possuíam nada: se se retirassem, levariam a roupa, a espingarda, o baú de folha e troços miúdos. Mas iam vivendo na graça de Deus, o patrão confiava neles (…).” RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 71. ed. Rio, São Paulo: Record, 1996. p. 19, 24 e 44-5. Com base na leitura dos fragmentos e das obras de que foram extraídos, a comparação entre Fabiano e Balduíno conduz às afirmações: (01) A vida dos dois personagens decorre num círculo vicioso de acontecimentos rotineiros, relacionados com a problemática geradora das narrativas que protagonizam. (02) A inquietação interior é um estado permanente em Fabiano, ao contrário de Balduíno, voltado para o imediatismo de uma vida exterior, para a aventura. (04) Fabiano se adapta ao ambiente hostil em que vive, ao passo que Balduíno se insurge, fazendo valer a sua individualidade. (08) O saber usar as palavras, para Fabiano, é inalcançável; já, para Balduíno, é objeto de crescimento e de aprendizado, conduzindo-o à condição de líder. (16) Fabiano é caracterizado por um permanente sentimento de derrota, vítima das adversidades; Balduíno é o herói de uma vida marcada por acontecimentos vitoriosos. (32) A valorização negativa do trabalho por parte dos dois personagens justifica-se pelo servilismo a que são submetidos no desempenho das profissões que exercem. (64) A devoção religiosa alimentada pelos dois personagens impede-os de atitudes impensadas a que se sentem inclinados em momentos difíceis. SOMA: 14 85. (U. F. Viçosa-MG) Sobre a construção dos personagens do romance Vidas Secas, é INCORRETO afirmar que: a) o “herói” personagem é sempre um problema: retirante, não aceita o mundo, nem a si mesmo, em sua dura realidade. b) no drama dos retirantes, Graciliano interessa-se pela investigação do aspecto social, da hostilidade da terra nordestina, ignorando o aspecto psicológico de seus personagens. c) Graciliano apresenta seus personagens com uma visão fatalista, de total negação e destruição, enfim, de anulação do homem, num mundo sem amor. d) na narrativa, todos os personagens representam, realmente, “vidas secas”: mostradas em linguagem sóbria, racional, lúcida, exprimem a visão de um mundo árido e sombrio. e) o autor constrói seus personagens como figuras humanas animalizadas, vítimas de um ambiente de desencanto e indiferença, de uma terra áspera, dura e cruel. 86. (UEL) A composição de sua obra resulta de um processo rigorosamente seletivo e subordinado essencialmente aos limites da experiência pessoal, notadamente sertaneja. Pela aproximação que se pode fazer entre os romances e o livro de memórias – INFÂNCIA – vê-se que a obra do ficcionista
está em grande parte presa à percepção inicial de seu mundo, durante a infância e a adolescência. O romancista intuiu admiravelmente a condição sub-humana do caboclo sertanejo, com a sua consciência embotada, com seu sofrimento secular, com sua condicionada passividade ante os mais poderosos. 87. (F.C. CHAGAS) É um romance em que se aprofunda a análise das relações entre o homem e o meio, a partir do relato da vida de um retirante, sua mulher, seus filhos e uma cachorra, tangidos pela fome e pela opressão dos poderosos. A afirmação acima refere-se ao romance: a)O Quinze, de Rachel de Queiroz b)Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa c)Sertanejo, de José de Alencar d)A Bagaceira, de José Américo de Almeida e)Vidas Secas, de Graciliano Ramos. 88. (PUC-SP) Vidas Secas, apesar da objetividade de linguagem e secura de estilo, reveste-se, com frequência, de fina poesia e revela sensível lirismo. Assim, indique, dos trechos abaixo, o que apresenta a função dominantemente poética, como resultado do processo de seleção e de combinação das palavras e gerador de efeito estético. a) Fabiano, meu filho, tem coragem. Tem vergonha, Fabiano. Mata o soldado amarelo. Os soldados amarelos são uns desgraçados que precisam morrer. Mata o soldado amarelo e os que mandam nele. b) As contas do patrão eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patrão queria enganá-lo. Enganava. Que remédio? c) Como era que sinhá Vitória tinha dito? A frase dela tornou ao espírito de Fabiano e logo a significação apareceu. As arribações bebiam a água. Bem. O gado curtia sede e morria. Muito bem. As arribações matavam o gado. Estava certo. Matutando, a gente via que era assim, mas sinhá Vitória largava tiradas embaraçosas. Agora Fabiano percebia o que ela queria dizer. d) De repente, um risco no céu, outros riscos, milhares de riscos juntos, nuvens, o medonho rumor de asas a anunciar destruição. Ele já andava meio desconfiado vendo as fontes minguarem. E olhava com desgosto a brancura das manhãs e a vermelhidão sinistra das tardes. e) Os três pares de alpercatas batiam na lama rachada, seca e branca por cima, preta e mole por baixo. A lama da beira do rio, calçada pelas alpercatas, balançava. 89. (UEMA) No livro Vidas Secas, tanto as dificuldades de interlocução de Fabiano como o silêncio que lhe é característico, relacionam-se à condição subalterna que a personagem vivencia em seu meio social. Essa relação é evidenciada no seguinte fragmento: a) “Às vezes dizia uma coisa sem intenção de ofender, entendiam outra, e lá vinham questões. Perigoso entrar na bodega. O único vivente que o compreendia era a mulher. Nem precisava falar: bastavam gestos.” b) “Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava nomes arrevesados, por embromação. Via perfeitamente que tudo era besteira. Não podia arrumar o que tinha no interior. Se pudesse… Ah! Se pudesse, atacaria os soldados amarelos que espancam as criaturas inofensivas.” c) “Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros.” d) “Vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia.” e) “Era como se Fabiano tivesse esfolado um animal. A barba ruiva e emaranhada estava invisível, os olhos azulados e imóveis fixavam-se nos tições, fala dura e rouca entrecortava-se de silêncios.” 90. (PUC-SP) A respeito de Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos, é correto afirmar que a) elaborada em 13 capítulos, é uma novela caracterizada por uma estrutura romanesca circular, em que o primeiro e o último capítulo se tocam pelo tema da eterna retirada. b) narrada em primeira pessoa, volta-se para a análise subjetiva do mundo das personagens, marcando-se pela presença dominante do monólogo interior. c) organizada a partir de uma sintaxe rigorosa, em que predominam períodos subordinativos e longos , caracteriza-se por um estilo intrincado e difícil. d) marcada por uma temática regional, constitui-se de quadros que se reduzem a si mesmos, impedindo, assim, a análise psicológica e social das personagens. e) construída a partir do mundo do sertanejo, revela personagens fortes, imunes ao autoritarismo das estruturas de poder e à violência nas relações humanas. 91.(FUVEST) Leia o trecho para responder ao teste. “Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança. Retardara-se e repreendera os meninos, que se adiantavam, aconselhara-os a poupar forças. A verdade é que não queria afastar-se da fazenda. A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela. Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la, e só se
resolvera a partir quando estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se. Era o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o cavalo de fábrica, bom companheiro, a égua alazã, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da cozinha, a cama de varas. E os pés dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escuridão. Seria necessário largar
tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos.” (Vidas secas, Graciliano Ramos) 92. (UEL) O texto abaixo apresenta uma passagem do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, em que Fabiano é focalizado em um momento de preocupação com sua situação econômica. Escrito em 1938, esta obra insere-se num momento em que a literatura brasileira centrava seus temas em questões de natureza social. 93. (ACAFE / SC) Sobre a obra Vidas
secas, é correto afirmar que: Leia o Texto IV para responder às questões 94 e 95. Cadeia Estava tão cansado, tão machucado, que ia quase adormecendo no meio daquela desgraça. Havia ali um bêbedo tresvariando em voz alta […] Discutiam, queixava-se da lenha molhada. Fabiano cochilava, a cabeça pesada inclinava-se para o peito e levantava-se. […] Acordou sobressaltado. Pois não estava misturando as pessoas, desatinando? Talvez fosse efeito da cachaça. Não era: tinha bebido um copo. […] Ouviu o falatório do bêbedo e caiu numa indecisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversava à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia trabalhando como um escravo. […] RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. (Adaptado) 127 ed. Rio de Janeiro: Record, 2015. 94. A leitura do segundo parágrafo permite depreender a imagem que Fabiano tem de si mesmo e a sua reação ao domínio a que se submete, por meio do discurso indireto livre. Esse discurso é efetivado pela a) reprodução dos estados mentais, dos gestos ou dos pensamentos da própria personagem. b) narração, por nexo de subordinação sintática, com verbos de ação adequados. c) interlocução evidenciada entre duas personagens, com pontuação pertinente. d) voz de um narrador intruso, que faz reflexões ou comentários. e) primeira pessoa, com o recurso do narrador-personagem. 95. Atentando para o emprego dos tempos verbais, quanto à produção de sentidos no texto literário, o presente do indicativo em “Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito?” sugere que as ações expressas estão caracterizadas como a) desejos e hipóteses com projeção para um tempo virtual do querer do falante. b) fatos de um universo imaginário ou de um mundo de faz-de-conta. c) ocorrências habituais repetidas anteriores ao enunciado no momento. d) acontecimentos pontuais de um tempo lembrado, mas já terminado. e) confirmação da identidade existencial da personagem no mundo real. 96. (IELUSC) Texto para a próxima questão. 97. (FAPA) Leia o texto abaixo, de Vidas Secas, de Graciliano Ramos: 98. (UFBA) A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a
inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida. 99. (FUVEST ) Quando nos apresentam os homens vistos pelos olhos dos animais, as narrativas em que aparecem o burrinho pedrês, do conto homônimo (Sagarana), os bois de “Conversa de bois” (Sagarana) e a cachorra Baleia (Vidas secas) produzem um efeito de a) indignação, uma vez que cada um desses animais é morto por algozes humanos. b) infantilização, uma vez que esses animais pensantes são exclusivos da literatura infantil. c) maravilhamento, na medida em que os respectivos narradores servem-se de sortilégios e de magia para penetrar na mente desses animais. d) estranhamento, pois nos fazem enxergar de um ponto de vista inusitado o que antes parecia natural e familiar. e) inverossimilhança, pois não conseguem dar credibilidade a esses animais dotados de interioridade. 100. (UNEB/BA) – Universidade do Estado da Bahia – Trecho 01 Impossível dar cabo daquela praga. Estirou os olhos pela campina, achou-se isolado. Sozinho num mundo coberto de penas, de aves que iam comê-lo. Pensou na mulher e suspirou. Coitada de sinha Vitória, novamente nos descampados, transportando o baú de folha. Uma pessoa de tanto juízo marchar na terra queimada, esfolar os pés nos seixos, era duro. As arribações matavam o gado. Como tinha sinhá Vitória descoberto aquilo? Difícil. Ele, Fabiano, espremendo os miolos, não diria semelhante frase. Sinhá Vitória fazia contas direito: sentava-se na cozinha, consultava montes de sementes de várias espécies, correspondentes a mil-réis, tostões e vinténs. E acertava. As contas do patrão eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patrão queria enganá-lo. Enganava. Que remédio? Fabiano, um desgraçado, um cabra, dormia na cadeia e aguentava zinco no lombo. Podia reagir? Não podia. Um cabra. Mas as contas de sinhá Vitória deviam ser exatas. (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 71. Ed. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 1996. P. 113.) Trecho 02 Encheu, minha Marília, o grande Jovem de imersos animais de toda a espécie as terras, mais os ares, o grande espaço dos salobres rios, dos negros, fundos mares. Para sua defesa, a todos deu as armas, que convinha, a sábia Natureza. Ao homem deu as armas do discurso, que valem muito mais que as outras armas; deu-lhe dedos ligeiros, que podem converter em seu serviço os ferros e os madeiros; que tecem fortes laços e forjam raios, com que aos brutos cortam os vôos, mais os passos. Às tímidas donzelas pertenceram outras armas, que têm dobrada força: deu-lhes a Natureza, além do entendimento, além dos braços, as armas da beleza. Só ela ao céu se atreve, só ela mudar pode o gelo em fogo, mudar o fogo em neve.GONZAGA. Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: Círculo do Livro, s/d. p. 62-3. A mulher é apresentada: a)nos dois textos, equiparada ao homem, já que os dois seres possuem os mesmos atributos; b ) em ambos os textos, com qualidades que a tornam um agente de transformação da realidade concreta; c) no texto I como um ser predestinado ao sofrimento e, no II, ao prazer; d) no texto I como corajosa, capaz de enfrentar os obstáculos da vida e, no II, beneficiada pela natureza, no entanto acomodada; e) no texto I como perspicaz, dotada de uma sabedoria construída na relação com as coisas práticas do cotidiano e, no II como um ser cujo atributo maior é a formosura. (UEMA) Leia o fragmento extraído do referido romance, para responder às questões 101 e 102. […] Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando: – Você é um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho capaz de vencer dificuldades. Chegara naquela situação medonha – e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha. – Um bicho, Fabiano. […] Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro. Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. Olhou as quipás, os mandacarus e os xiquexiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele, a sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados à terra. […] Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! […] RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 127 ed. Rio de Janeiro: Record, 2015. 101. Com marcas temporais adequadas, o narrador usa o recurso do flash back para a) fazer digressões do narrador, fora do contexto das personagens. b) fazer valer momentos memoráveis da vida de uma das personagens. c) focar o cenário onde se passa a história narrada. d) dar maior dinamismo à fala das personagens. e) evitar recorrências na tessitura narrativa. 102. A pontuação sintático-estilística, no fragmento, compõe a auto expressividade da personagem, com o emprego da vírgula no vocativo, no seguinte trecho: a) “Sim senhor, um bicho capaz de vencer dificuldades.” b) “E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara.” c) “Você é um bicho, Fabiano.” d) “Olhou as quipás, os mandacarus e os xiquexiques.” e) “Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali.” 103. (UFRGS) Leia os trechos abaixo, retirados respectivamente do segundo e do penúltimo capítulos de Vidas Secas, de Graciliano Ramos. — Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta. Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar sozinho. E, pensando bem, ele não era um homem; era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha olhos azuis e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença de brancos e julgava-se cabra. (Capítulo II). Cabra ordinário, mofino, encolhera-se e ensinara o caminho. Esfregou a testa suada e enrugada. Para que recordar a vergonha? Pobre dele. Estava tão decidido que ele viveria sempre assim? Cabra safado, mole. Se não fosse tão fraco, teria entrado no cangaço e feito misérias. Depois levaria um tiro de emboscada ou envelheceria na cadeia, cumprindo sentença, mas isto não era melhor que acabar-se numa beira de caminho, assando no calor, a mulher e os filhos acabando-se também. Devia ter furado o pescoço do amarelo com faca de ponta, devagar. Talvez estivesse preso e respeitado, um homem respeitado, um homem. Assim como estava, ninguém podia respeitá-lo. Não era homem, não era nada. Aguentava zinco no lombo e não se vingava. (Capítulo XII). Assinale a alternativa correta sobre os trechos acima. a) No segundo trecho, Fabiano revela o projeto de virar cangaceiro para ser respeitado como um homem. b) No primeiro trecho, Fabiano revela vergonha de se afirmar como homem, por ser “apenas um cabra ocupado em guardar as coisas dos outros”. c) No primeiro e no segundo trechos, a sensação de não ser homem permanece, apesar de Fabiano ter furado o pescoço do soldado amarelo. d) Em ambos os trechos, Fabiano revive a vergonha de ter dito que era homem para o soldado amarelo. e) Na presença dos meninos, Fabiano luta para superar a vergonha de ser cabra e de se afirmar como homem. 104. (UFGD) Leia o texto a seguir. Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. – Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo. Com base no texto, assinale a alternativa correta. a) A palavra “catinga”, em destaque no texto, é uma variação linguística diatópica por se tratar de uma forma menos culta ou prestigiada, devendo ser utilizada especialmente quando há maior grau de informalidade entre os interlocutores ou em situações descontraídas. b) Em “Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro”, o trecho sublinhado tem a função de sujeito da oração. c) Nos trechos “gritou-lhe o pai” e “Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas”, o pronome “lhe” funciona, respectivamente, como adjunto adnominal e complemento nominal. d) No trecho “Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão”, os termos gramaticais “se” são, respectivamente: conjunção integrante, conjunção integrante, partícula expletiva e índice de indeterminação do sujeito. e) Em consonância com a norma culta, no trecho “Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos”, o termo sublinhado poderia ser substituído pelo pronome “lhe”. 1. (UNICAMP) Leia o seguinte capítulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis Capítulo XL Uma égua Ficando só, refleti algum tempo, e tive uma fantasia. Já conheceis as minhas fantasias. Contei-vos a da visita imperial; disse-vos a desta casa do Engenho Novo, reproduzindo a de Matacavalos… A imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva, rápida, inquieta, alguma vez tímida e amiga de empacar, as mais delas capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo. Creio haver lido em Tácito que as éguas iberas concebiam pelo vento; se não foi nele, foi noutro autor antigo, que entendeu guardar essa crendice nos seus livros. Neste particular, a minha imaginação era uma grande égua ibera; a menor brisa lhe dava um potro, que saía logo cavalo de Alexandre; mas deixemos de metáforas atrevidas e impróprias dos meus quinze anos. Digamos o caso simplesmente. A fantasia daquela hora foi confessar a minha mãe os meus amores para lhe dizer que não tinha vocação eclesiástica. A conversa sobre vocação tornava-me agora toda inteira, e, ao passo que me assustava, abria-me uma porta de saída. «Sim, é isto, pensei; vou dizer a mamãe que não tenho vocação, e confesso o nosso namoro; se ela duvidar, conto-lhe o que se passou outro dia, o penteado e o resto… (Dom Casmurro, em Machado de Assis, Obra Completa em quatro volumes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008: p. 975.) a) Explique a metáfora empregada pelo narrador, neste capítulo, para caracterizar sua imaginação. b) De que maneira a imaginação de Bentinho, assim caracterizada, se relaciona com a temática amorosa neste capítulo? E no romance? RESPOSTAS: a) Nesse capítulo, o narrador compara sua imaginação às éguas iberas. A metáfora empregada pelo narrador indica que sua imaginação corre livre e solta. É também fértil e ambiciosa, porque diante da “menor brisa lhe dava um potro, que saía logo cavalo de Alexandre”. Desse modo, a metáfora utilizada sugere que a natureza imaginativa do narrador permite que supostos indícios se transformem rapidamente em verdades. b) A metáfora da égua ibera remete à natureza fantasiosa do narrador, Bento Santiago, que, no capítulo citado, recorre à imaginação para escapar da carreira eclesiástica. Como justificativa para a falta de vocação religiosa, imagina confessar à mãe, a devota D. Glória, seu relacionamento amoroso às escondidas com Capitu. No romance, a imaginação fecunda de Bento Santiago justifica a hipótese de adultério, fazendo crescer o ciúme, que sustenta a acusação e condenação de Capitu sem provas concretas. 2. (FUVEST/SP) Leia o último capítulo de Dom Casmurro e responda às questões a ele relacionadas. CAPÍTULO CXLVIII / E BEM, E O RESTO? Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é este propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca. E bem, qualquer que seja a solução, uma cousa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me… A terra lhes seja leve! Vamos à “História dos Subúrbios”. Machado de Assis, Dom Casmurro. Costuma-se reconhecer que o discurso do narrador de Dom Casmurro apresenta características que remetem às duas formações escolares pelas quais ele passou: a de seminarista e a de bacharel em Direito. No texto, a) você identifica algum aspecto que se possa atribuir ao ex-seminarista? Explique sucintamente. b) o modo pelo qual o narrador conduz a argumentação revela o bacharel em Direito? Explique resumidamente. RESPOSTAS: a) Sim, a citação bíblica denuncia o repertório de leituras próprio de um ex-seminarista. b) A argumentação desenvolvida nesse parágrafo tem um caráter dialético, partindo de uma hipótese, seguida do confronto entre pontos de vista opostos e do encaminhamento de uma conclusão, a partir da qual se tenta conquistar o leitor. Esses procedimentos discursivos podem ser associados à formação
acadêmica de Bentinho. “Não houve lepra, mas há febres por todas essas terras humanas, sejam velhas ou novas. Onze meses depois, Ezequiel morreu de uma febre tifoide, e foi enterrado nas imediações de Jerusalém, onde os dois amigos da universidade lhe levantaram um túmulo com esta inscrição, tirada do profeta Ezequiel, em grego: ‘Tu eras perfeito nos teus caminhos’. Mandaram-me ambos os textos, grego e latino, o desenho da sepultura, a conta das despesas e o resto do dinheiro que ele levava; pagaria o triplo para não tornar a vê-lo. Como quisesse verificar o texto, consultei a minha Vulgata, e achei que era exato, mas tinha ainda um complemento: ‘Tu eras perfeito nos teus caminhos, desde o dia da tua criação’. Parei e perguntei calado: ‘Quando seria o dia da criação de Ezequiel?’ Ninguém me respondeu. Eis aí mais um mistério para ajuntar aos tantos deste mundo. Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro.” Machado de Assis. Dom Casmurro. Cap. CXLVI. Este capítulo de Dom Casmurro permite classificar a narrativa de Machado de Assis como realista. Desenvolva essa ideia, comprovando-a com dois elementos do texto. RESPOSTA: Apesar de se tratar da morte do filho do narrador, Machado de Assis aproveita a oportunidade para denunciar as hipocrisias das relações humanas ao listar juntamente inscrição do túmulo, desenho e despesas do enterro. Além disso, a frieza como quer tratar do assunto se exibe no desfecho irônico: “Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro”. 4. (UNICAMP) Leia a passagem abaixo de Dom Casmurro: “Se eu não olhasse para Ezequiel, é provável que não estivesse aqui escrevendo este livro, porque o meu primeiro ímpeto foi correr ao café e bebê-lo. Cheguei a pegar na xícara, mas o pequeno beijava-me a mão, como de costume, e a vista dele, como o gesto, deu-me outro impulso que me custa dizer aqui; mas vá lá, diga-se tudo. Chamem-me embora assassino; não serei eu que os desdiga ou contradiga; o meu segundo impulso foi criminoso. Inclinei-me e perguntei a Ezequiel se já tomara café. “Machado de Assis, Dom Casmurro, em Obra Completa. Vol. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, p.936. a) Explique o “primeiro ímpeto” mencionado pelo narrador. b) Por que o narrador admite que seu “segundo impulso” foi criminoso? c) O episódio da xícara de café está diretamente relacionado com a redação do livro de memórias de Bento Santiago. Por quê? RESPOSTAS a) O “primeiro ímpeto” mencionado pelo narrador diz respeito ao seu desejo de beber o café envenenado, cometendo assim um suicídio. A vontade de pôr fim à vida é motivada pela suspeita que Bento Santiago alimentava sobre a traição de sua esposa Capitu. 4. CAPÍTULO 132 – O DEBUXO E O COLORIDO CAPÍTULO 40 – UMA ÉGUA O primeiro texto descreve a angústia de Bentinho, ao perceber a semelhança entre seu filho Ezequiel e o amigo Escobar. Bentinho achava que Escobar o teria traído com Capitu, sua mulher, e que o amigo seria, portanto, o verdadeiro pai da criança. O segundo texto é uma confissão de Bentinho a respeito de sua gigantesca capacidade de imaginar. b) Em qual dos dois textos, a percepção leva à infelicidade? Por que a percepção conduz a esse estado? RESPOSTAS: 5. O texto abaixo é um dos mais importantes capítulos do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. Leia-o com atenção e responda às perguntas seguintes. b) Por que essa passagem é importante no desenvolvimento do romance de Machado de Assis? RESPOSTAS: a) Capitu parece sofrer muito com a morte de Escobar, tenta consolar a viúva e olha o defunto fixamente, dando a Bentinho a ideia de que agia como se fosse a própria viúva. b) Porque o romance gira em torno dos ciúmes de Bentinho por Capitu. A cena no velório fortalece o pensamento de Bentinho com relação a uma traição da esposa com o amigo morto Escobar. 6. Os trechos abaixo foram extraídos de Dom Casmurro, de Machado de Assis. Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho Marcolini, não só pela verossimilhança, que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à definição. Cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quatuor… Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros omissos. Eu, quando leio algum desta outra casta, não me aflijo nunca. O que faço, em chegando ao fim, é cerrar os olhos e evocar todas as cousas que não achei nele. Quantas ideias finas me acodem então! Que de reflexões profundas! Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas, todos me aparecem agora com as suas águas, as suas árvores, os seus altares, e os generais sacam das espadas que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam as notas que dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista. É que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.(Machado de Assis, Dom Casmurro. Cotia: Ateliê Editorial, 2008, p. 213.) a) Como a narrativa de Bento Santiago pode ser relacionada com a afirmação de que a verossimilhança é “muita vez toda a verdade”? b) Considerando essa relação, explicite o desafio que o segundo trecho propõe ao leitor. RESPOSTAS: a) Segundo Bento Santiago, a verossimilhança, harmonia entre elementos fantasiosos ou imaginários que garantem a coerência da narrativa, é vista, muitas vezes, como verdade absoluta e inquestionável. Isto significa que o ponto de vista de quem escreve pode ser tomado como verdadeiro, sem levar em conta a subjetividade do narrador, como Bento Santiago que, convencido da traição de Capitu, induz o leitor a aceitar a sua tese. b) No segundo trecho, o narrador desafia o leitor a descobrir nas entrelinhas da narrativa as verdadeiras intenções dos personagens ou a ambiguidade das suas ações, de maneira a completar tudo aquilo que não foi dito. 7. (UNICAMP ) Entre Luz e Fusco Entre luz e fusco, tudo há de ser breve como esse instante. Nem durou muito a nossa despedida, foi o mais que pôde, em casa dela, na sala de visitas, antes do acender das velas; aí é que nos despedimos de uma vez. Juramos novamente que havíamos de casar um com o outro, e não foi só o aperto de mão que selou o contrato, como no quintal, foi a conjunção das nossas bocas amorosas… talvez risque isso na impressão, se até lá não pensar de outra maneira; se pensar, fica. E desde já fica, porque, em verdade, é a nossa defesa. O que o mandamento divino quer é que não juremos em vão pelo santo nome de Deus. Eu não ia mentir ao seminário, uma vez que levava um contrato feito no próprio cartório do céu. Quanto ao selo, Deus, como fez as mãos limpas, assim fez os lábios limpos, e a malícia está antes na tua cabeça perversa que na daquele casal de adolescentes… oh! minha doce companheira da meninice, eu era puro, e puro fiquei, e puro entrei na aula de S. José, a buscar de aparência a investidura sacerdotal, e antes dela a vocação. Mas a vocação eras tu, a investidura eras tu.(Machado de Assis, Dom Casmurro. Cotia: Ateliê Editorial, 2008, p. 195-196.) a) Em que medida a imagem presente no título desse capítulo de Dom Casmurro define a natureza da narrativa do romance? b) No emprego da segunda pessoa, não há coincidência do interlocutor. Indique duas marcas linguísticas que evidenciam essa não coincidência, explicitando qual é o interlocutor em cada caso. RESPOSTAS: a) O título remete denotativamente ao instante breve em que o Sol nasce ou se põe. No entanto, a primeira frase do texto amplia o seu significado ao sugerir uma reflexão sobre a efemeridade do tempo. O protagonista relembra momentos do passado, registra as suas impressões sobre episódios que o marcaram, como a cena de despedida com Capitu antes do seu ingresso no seminário. Dom Casmurro é narrado em primeira pessoa pelo protagonista masculino que dá nome ao romance, já velho e solitário, desiludido e amargurado pela casmurrice, conforme lhe está no apelido. A visão, pois, que temos dos fatos é perpassada da sua ótica subjetiva e unilateral. b) O autor usa a segunda pessoa do singular nas frases “a malícia está antes na tuacabeça perversa” e em “a investidura eras tu” para se dirigir respectivamente ao leitor e a Capitu, explicitada no vocativo “oh! minha doce companheira da meninice”. 8. (PUC-SP) Machado de Assis escreveu o romance Dom Casmurro. A respeito desta obra, é correto afirmar que a) divide-se em duas partes rigorosamente simétricas, das quais a primeira apresenta, seguindo uma ordem temporal rígida, o processo que envolve a promessa da mãe de fazer Bentinho padre. b) é marcada por digressões, técnica em que o narrador interrompe o fluxo narrativo, dirige-se ao leitor e comenta algo que aparentemente produz um deslocamento do assunto que vinha sendo c) apresenta um narrador cuja visão condiciona todos os acontecimentos à sua maneira de vê-los, induzindo o leitor à aceitação dos fatos, tais como são, impedindo a reflexão e o afastamento crítico. d) caracteriza a figura de Capitu, particularmente na primeira parte da narrativa, como uma jovem voluntariosa, em ações que justificarão sua infidelidade conjugal e a consumação do adultério. e) arrasta seus leitores por aventuras emocionantes, desvendando a vida de pessoas ilustres e dando realce à vida sentimental das personagens, e desinteressando-se, absolutamente, de casos desimportantes de pessoas comuns. 9. O
romance “Dom Casmurro” pode ser esquematizado da seguinte forma: a) Na primeira parte do romance, Bentinho acredita que a dissimulação de Capitu está relacionada à classe social da moça. b) Na segunda parte do romance, os diversos capítulos de curta extensão atestam o ciúme de Bentinho. c) Nas duas partes do romance, os fatos narrados provocam em Bentinho sentimentos prazerosos e amargurados. d) Nas duas partes do romance, as fantasias de Bentinho aceleram as ações, encobrindo, propositalmente, os ciúmes em relação a Capitu. 10. (UEMG) Com relação às técnicas e estratégias narrativas adotadas na obra “DOM CASMURRO” , SÓ NÃO é CORRETO afirmar que a)o narrador estabelece diálogos com um suposto ‘leitor incluso’. b)o texto apresenta relações intertextuais com a tradição filosófica, artística e literária. c)a narrativa contém recursos metalinguísticos, sobretudo no diálogo narrador / leitor. d)o memorialismo da narrativa é comprometido com a fidelidade dos fatos ocorridos. 11. (UNEMAT) Considere as afirmativas sobre o romance Dom Casmurro de Machado de Assis. I. A referência dada por Bentinho a Capitu, olhos de ressaca, demonstra o profundo fascínio que ela exerce sobre ele. II. O amor de Bentinho por Capitu consegue vencer o ciúme e levar os dois à reconciliação. III. Os desentendimentos entre Bentinho e Capitu são evidências do estilo romântico de Machado de Assis. IV. É durante o velório de José Dias que Bentinho descobre que Ezequiel não é seu filho. V. Em princípio, o sonho de Dona Glória era que Bentinho seguisse a carreira eclesiástica. Assinale a alternativa correta. a) Apenas I e III estão corretas. b) Apenas II e IV estão corretas. c) Apenas III e V estão corretas. d) Apenas I e V estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 12. (PUC-MG) Só não é possível afirmar sobre a personagem Capitu: a)José Dias, ao definir os olhos de Capitu como os “ de cigana oblíqua e dissimulada”, dá início à pintura da personagem que será construída pelo narrador. b) Feminilidade e sagacidade são os componentes da personalidade de Capitu, metaforizados na expressão olhos de ressaca. c) A falta da manifestação da voz de Capitu é um dos elementos que contribui para que o enigma sobre o adultério se acentue na narrativa. d) A construção dessa personagem mantém, ratifica os mitos tradicionais sobre o papel social da mulher. 13. (UFMG) Todas as afirmações sobre D. Casmurro, de Machado de Assis, estão certas, exceto: a)Discurso em primeira pessoa favorece o clima de dúvida que paira sobre o adultério de Capitu, pois o que prevalece na narrativa são as impressões de Bentinho, o narrador. b) Além da semelhança de Ezequiel com Escobar, outro fator acentua a dúvida de Bentinho, sobre a paternidade do filho: a capacidade de dissimulação de Capitu. c) O adultério, núcleo da narrativa, é um pretexto para se discorrer sobre a existência humana, subordinada ao poder desintegrador do tempo, que atua de forma irreversível sobre todas as coisas. d) A alegria do tenor italiano, que apresenta a vida como uma ópera composta por Deus e pelo diabo, projeta-se em todo o romance, mostrando que, na luta entre as virtudes e os vícios, o Bem sempre triunfa. e) Ao tentar reproduzir no Engenho Novo a casa em que se havia criado na antiga rua Mata-cavalos, ou ao escrever suas memórias, Dom Casmurro tenta reconstituir o passado, logrando invocar-lhe as imagens e não as sensações. 14. (PUCCAMP-SP) O trecho abaixo é parte do último capítulo de Dom Casmurro, de Machado de Assis: 15. (UNIUBE-MG) Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª, considerando a leitura do texto Dom Casmurro. 1. “Cheguei a ter ciúmes de tudo e de todos. Um vizinho, um par de valsa, qualquer homem, moço ou maduro, me enchia de terror ou desconfiança.” (Cap. CXIII) 2. “Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração?” (Cap. CXLVIII) 3. “E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me… A terra lhes seja leve! Vamos à História dos Subúrbios.” (Cap. CXLVIII) 4. “Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho amigo Marcolini, não só pela verossimilhança, que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à definição. Cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quatuor. Mas não adiantemos; vamos à primeira parte, em que eu vim a saber que já cantava, porque a denúncia de José Dias, meu caro leitor, foi dada principalmente a mim. A mim é que ele me denunciou.” (Cap. X) 5. “É verdade que Capitu, que não sabia Escritura nem latim, decorou algumas palavras (…). Quantos às de São Pedro, disse-me no dia que estava por tudo, que eu era a única renda e o único enfeite que jamais poria em si. Ao que eu repliquei que minha esposa teria sempre as mais finas rendas deste mundo.” (Cap. CI) ( ) Estilo machadiano ( ) Visão realista da vida ( ) Caráter de Bentinho ( ) Visão romântica do amor A sequência obtida é a) 4 – 1 – 2 – 5 b) 3 – 4 – 2 – 1 c) 5 – 1 – 4 – 2 d) 4 – 3 – 1 – 2 16. (PUC-PR) Com base na leitura de Dom Casmurro, e considerando a
importância de Machado de Assis para a literatura brasileira, identifique as alternativas como VERDADEIRAS ou FALSAS: a) V, F, F, F b) F, F, F, V c) F, V, F, V d) V, V, V, F e) F, V, F, F 17. (U. F. UBERLÂNDIA-MG) Assinale a alternativa INCORRETA, considerando a leitura da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis. a) A linguagem do narrador é utilizada para recriar objetivamente o mundo social e também para refletir sobre o próprio ato de narrar. b) A visão do passado que o narrador mostra constitui-se não só em uma interpretação dos fatos como também na apresentação de provas contundentes do adultério de Capitu. c) A ambiguidade existente na obra destaca a impossibilidade que uma pessoa tem de explicar completamente outro ser humano. d) O processo de construção literária de Machado de Assis revela-se, também, por um conjunto de intertextos. 18. (U. F. UBERLÂNDIA-MG) Considere a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, e as afirmativas que se seguem. I. Dª Glória tentava impedir o casamento de Bentinho com Capitu, pois desejava que ele se unisse a Sancha. II. Bento Santiago não teve problemas em homenagear o amigo Escobar, por ocasião de seu enterro, pois era seu melhor amigo. III. A cena descrita no velório de Escobar (homens e mulheres chorando) é uma característica do Romantismo presente em todo o Dom Casmurro — obra que tem como tema os infelizes amores de Bentinho e Capitu. IV. “Olhos de ressaca” — referência dada a Capitu — evidencia o seu poder de envolvimento e o grande fascínio que ela exerce sobre Bentinho, tal qual as vagas do mar. V. Apesar da suspeita de adultério, o amor consegue superar a desconfiança, fazendo com que Bentinho se reconcilie com a família de Capitu. Assinale: a) Se apenas IV é correta. b) Se apenas III e V são corretas. c) Se apenas I, II são corretas. d) Se apenas V é correta. 19. (U. F. UBERLÂNDIA-MG) Considerando a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, é correto afirmar que: a) o narrador em terceira pessoa permite a exploração psicológica de um adultério tanto por parte da adúltera, Capitu, quanto da vítima, Bentinho. b) é uma narrativa ambígua porque mostra um retrato moral da esposa Capitu feito pelo próprio marido Bentinho, de forma a não permitir que se saiba se o adultério de fato ocorreu. c) Bentinho é semelhante a Otelo, de Shakespeare, que não tem coragem de se matar e nem tem ódio e ciúme suficientes para assassinar a esposa. d) a casa de Matacavalos refere-se à infância de Bentinho, enquanto a casa da Glória refere-se à época de convivência com Capitu, que lhe trouxe felicidades. 20. (U. UBERABA-MG )Em relação ao romance Dom Casmurro é correto afirmar que: a) O leitor, em razão da ambiguidade do narrar, permanece na incerteza do que aconteceu e do que foi deturpado pelo ciúme. b) Esta é, sem dúvida, uma narrativa ambígua, mas esta ambiguidade permanece apenas até certo ponto da narrativa, porque o próprio personagem narrador confessa que interpretou mal a realidade dos fatos. c) Como neste romance há uma clara delimitação entre o que seja imaginário e realidade, o leitor percebe de maneira clara o que é real e o que é deformado pelo ciúme. d) A intriga do romance é de tal maneira construída que o leitor vacila em aceitar a culpabilidade de Capitu. A hesitação só termina quando encontra no derradeiro capítulo a evidência cabal de que Capitu foi uma adúltera. 21. (UFPR) A
propósito de Dom Casmurro, de Machado de Assis, é correto afirmar: 22. (UNEMAT) A respeito de Dom Casmurro, pode-se dizer que é um romance sobre: a) dúvida e a ambiguidade, o amor e o ciúme. b) a vida de Bentinho e sua escolha pelo celibato. c) Capitu, a heroína romântica, que morre no final do romance. d) a transição da República para a Monarquia na vida política brasileira. e) a guerra do Paraguai e a vitória do Brasil. 23. (UFPR) No segundo capítulo de Dom Casmurro, o narrador-personagem expõe as razões que o levaram a escrever suas memórias. A exposição retrospectiva “Já sabes que a minha alma, por mais lacerada que tenha sido, não ficou aí para um canto como uma flor lívida e solitária. Não lhe dei essa cor ou descor. Vivi o melhor que pude sem me faltarem amigas que me consolassem da primeira. Caprichos de pouca dura, é verdade. Elas é que me deixavam como pessoas que assistem a uma exposição retrospectiva, e, ou se fartam de vê-la, ou a luz da sala esmorece. Uma só dessas visitas tinha carro à porta e cocheiro de libré. As outras iam modestamente, calcante pede, e, se chovia, eu é que ia buscar um carro de praça, e as metia dentro, com grandes despedidas, e maiores recomendações. […]” E bem, e o resto? “Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, ver. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti.” Mas eu creio que não. E tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca. E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me […] A terra lhes seja leve! […]” 24. (PUC-RS) O trecho em questão pertence à antológica obra de Machado de Assis. a) Memórias póstumas de Brás Cubas. b) Dom Casmurro. c) Memorial de Aires. d) Quincas Borba. 25. (UNEMAT) No romance de Machado de Assis, Bento Santiago explica a origem da alcunha de Dom Casmurro que lhe foi dada, cujo motivo seria pelo fato de ser: 1.pão duro. 2.ensimesmado. 3.alegre. 4.esnobe. 5.traiçoeiro. 26. (PUC-RS) No trecho, _________, o narrador-personagem, expressa sua _________ diante da impossibilidade de desvendar os mistérios que pautam as ações humanas, elemento característico do ___________, que busca entender objetivamente os sentimentos. a) Isaías/indignação/Romantismo. b) Bentinho/discordância/Romantismo. c) Escobar/insatisfação/Simbolismo. d) Bentinho/inconformidade/Realismo. e) Ezequiel/conformidade/Realismo. 27. (FUVEST) Podemos afirmar que na obra D. Casmurro, Machado de Assis: 28. (UNIFESP – modificada) Textos para a próxima questão. Texto I Texto II (I), o narrador questiona a traição de Capitu. Lendo o texto de Machado (II), pode-se entender que esse questionamento decorre de: 29. (UNIFESP) Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra ideia do meu intento; imaginou
que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que… b) inconveniente. c) compreensiva. d) evasiva. e) irônica. 30. (UNEMAT) José de Alencar e Machado de Assis, bastante próximos no tempo, realçaram a beleza de suas personagens femininas. Leia os fragmentos abaixo e assinale a alternativa correta quanto à diferença de tom dos autores ao caracterizar suas figuras. 1.“Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro” (p. 44-5). 2.“Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado […]. Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam-se a meter-se uns pelos outros…”(p. 15-6). 1.Iracema, como personagem secundária do romance, é a donzela pura que representa o ideal da Corte brasileira. 2.Capitu é a cortesã nobre voltada para os afazeres domésticos. 3.Iracema e Capitu encarnam o ideal do século XX, responsável pela transformação social da mulher. 4.Iracema representa a heroína idealizada e Capitu, a mulher maliciosa e desejada. 5.Iracema e Capitu têm em comum o fato de estarem presas às convenções românticas. 31. (UNIFESP) Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver
se se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que… 32. (UFMS) Sobre o romance de Machado de Assis Dom Casmurro assinale a(s) alternativa(s) correta(s). (01) É um romance da fase realista do escritor, no qual as personagens são mostradas superficialmente e a história é narrada em ordem cronológica linear. (02) O personagem-narrador, Bentinho, pretende contar suas memórias ao leitor, através de um livro, para espantar a monotonia. (04) A expressão “olhos de ressaca”, utilizada na descrição de Capitu, significa que eram olhos profundos e misteriosos como o mar, pois o narrador sentia que se afogava neles e, ao mesmo tempo, não conseguia compreendê-los ou decifrá-los. (08) José Dias, tio de Bentinho, é o personagem secundário utilizado pelo narrador para revelar os costumes familiares do Rio de Janeiro em meados do século XIX. (16) O ciúme de Bentinho, manifestado ainda na adolescência, acentua-se à medida que Ezequiel fica, a cada dia, mais parecido com Escobar. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. Soma: 22 33. (UEMG) Assinale a alternativa em que se identificou CORRETAMENTE elementos estruturais do romance Dom Casmurro. a)A obra apresenta um texto em terceira pessoa, em que o protagonista central, Bentinho, é abandonado por Capitu, em virtude dos ciúmes exagerados desta. b)O narrador de primeira pessoa escreve o romance, buscando a ilusão de resgatar o seu passado através de sensações revivenciadas no presente, tentando explicar a sua “casmurrice” e, com ela, a sua própria vida. c)O romance é narrado em primeira pessoa por D. Casmurro, que deseja registrar, memorialisticamente, o seu passado glorioso e cheio de atos dignos de serem revivenciados. d)A narração do romance obedece ao único propósito de registrar os momentos felizes de Bentinho, vivenciados ao lado de Capitu, o que explica, em parte, a tendência do narrador pelas minúcias e pelo detalhismo. 34. (UFPR) Sobre o escritor Machado de Assis e a sua obra Dom Casmurro, é correto afirmar: a) Junto a José de Alencar, fundou o movimento realista na literatura brasileira. Enquanto Alencar buscava a constituição de uma identidade nacional através do retrato da história brasileira e da sua formação racial, Machado de Assis se ocupou do mundo urbano e de uma sociedade cuja moral estava em franca transformação. b) Um dos principais temas de Dom Casmurro é a descrição da sociedade brasileira da época, mostrando, por exemplo, as tensões da passagem do mundo monárquico para o republicano e o conservadorismo resultante dessa mudança. c) Em Dom Casmurro, a narrativa em primeira pessoa é a responsável pelo tom confessional do romance, ao mesmo tempo em que lhe atribui uma verdade indiscutível. Essas proposições estão explicitadas no próprio texto, especialmente quando o narrador “explica” o livro, ainda no início da narrativa. d) As personagens Capitu e Escobar resumem em suas trajetórias as novas relações da sociedade naquele momento: o amor era mais importante que as aparências. e) Os capítulos curtos que constituem o romance servem bem às intenções do narrador, possibilitando comentários, paradas e retrocessos para que a história se construa aos poucos com todas as informações que ele deseja oferecer e, consequentemente, que seja conduzida segundo o seu ponto de vista. 35. (FGV) Podemos afirmar que na obra D. Casmurro, Machado de Assis a) defende a tese de que o meio determina o homem porque descreve a personagem Capitu desde o início como uma futura adúltera. b) defende a tese determinista porque o meio em que Bentinho e Capitu vivem determina a futura tragédia. c) não defende a tese determinista, apontando antagonismo entre o meio e a tragédia final. d) defende a tese determinista ao demonstrar a influência da educação religiosa na formação de Capitu. e) não defende a tese determinista de modo explícito porque não fica clara a relação entre o meio e o fim trágico dos personagens. Texto para as questões 35 . “A enferma era uma senhora viúva, tísica, tinha uma filha de quinze ou de dezesseis anos, que estava chorando à porta do quarto. A moça não era formosa, talvez nem tivesse graça; os cabelos caíam-lhe despenteados, e as lágrimas faziam-lhe encarquilhar os olhos. Não obstante, o total falava e cativava o coração. O vigário confessou a doente, deu-lhe a comunhão e os santos óleos. O pranto da moça redobrou tanto que senti os meus olhos molhados e fugi. Vim para perto de uma janela. Pobre criatura! A dor era comunicativa em si mesma; complicada da lembrança de minha mãe, doeu-me mais, e, quando enfim pensei em Capitu, senti um ímpeto de soluçar também (…) A imagem de Capitu ia comigo, e a minha imaginação, assim como lhe atribuíra lágrimas, há pouco, assim lhe encheu a boca de riso agora; (…) As tochas acesas, tão lúgubres na ocasião, tinham-me ares de um lustre nupcial… Que era lustre nupcial? Não sei; era alguma coisa contrário à morte, e não vejo outra mais que bodas.” 36. (MACKENZIE) Considere as afirmações. I. Na descrição da filha da viúva (segundo período), o narrador-personagem apresenta um atitude romântica. II. No fato narrado, o protagonista sobrepõe o mundo imaginário às circunstâncias objetivas da realidade circundante. III. O texto foi extraído de romance brasileiro da primeira metade do século XIX. Assinale: a) se todas estiverem corretas. b) se apenas I e III estiverem corretas. c) se apenas II estiver correta. d) se todas estiverem incorretas. e) se apenas II e III estiverem corretas. 37. (UNEMAT) Bento Santiago, narrador de Dom Casmurro, sente-se confuso ao ver a morte injusta de Desdêmona, quando vai ao teatro assistir à peça Otelo, de Shakespeare. Assinale a alternativa que está de acordo com tal sentimento. 1.Indiferença à traição da mulher. 2.Certeza de que Capitu o traiu. 3.Dúvida sobre a traição de Capitu. 4.Alegria por poder livrar-se da esposa. 5.Tristeza pela infidelidade de Capitu. 38. (UFU-MG) Considere a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, e as afirmativas que se seguem: b) Se apenas I, II são corretas. c) Se apenas III e V são corretas. d) Se apenas V é correta. e) Nenhuma delas é correta. 39. (CONC. FEDERAL) Machado de Assis, em Dom Casmurro, mostra Capitu como personagem de maior destaque. Bentinho nutria, em relação a ela, sentimentos
de 40. (PUC-RS) Para responder à questão, ler o texto que segue. “– Seremos felizes! Repeti estas palavras, com os simples dedos, apertando os dela. O canapé, quer visse ou não, continuou a prestar os seus serviços às nossas mãos presas, e às nossas cabeças juntas ou quase juntas. […] Gurgel voltou à sala e disse a Capitu que a filha chamava por ela. Eu levantei-me depressa e não achei compostura; metia os olhos pelas cadeiras. Ao contrário, Capitu ergueu-se naturalmente e perguntou-lhe se a febre aumentara. […] Nem sobressalto nem nada, nenhum ar de mistério da parte de Capitu; voltou para mim, e disse-me que levasse lembranças a minha mãe e a prima Justina, e que até breve; estendeu-me a mão e enfiou pelo corredor. Todas as minhas invejas foram com ela. Como era possível que Capitu se governasse tão facilmente e eu não? – Está uma moça, observou Gurgel olhando também para ela. Murmurei que sim. Na verdade, Capitu ia crescendo às carreiras, as formas arredondavam-se e avigoravam-se com grande intensidade; moralmente, a mesma coisa. Era mulher por dentro e por fora, mulher à direita e à esquerda, mulher por todos os lados, e desde os pés até a cabeça.” Todas as afirmativas que seguem estão associadas ao trecho selecionado de Dom casmurro, EXCETO: a) O relato em primeira pessoa confere tom de parcialidade à narrativa. b) O narrador compara-se com Capitu. c) Capitu e Bentinho estavam num momento de cumplicidade quando Gurgel chegou. d) Capitu sabe contornar a situação, o que provoca a inveja de Bentinho. e) A personagem feminina é descrita de forma sugestiva e sentimentalista. 41. (UFRN) No painel dos personagens secundários, o agregado José Dias destaca-se porque: a) tem comportamento peculiar que interfere nas reminiscências de Bentinho. b) é um personagem culto, típico da época em que se passa a história. c) participa do cotidiano familiar e influencia as decisões de dona Glória. d) é o personagem que acoberta os interesses ardilosos da esposa do narrador. 42. (UFRN) O romance D. Casmurro pode ser esquematizado da seguinte forma: 1ª parte 2ª parte O amor adolescente entre Bentinho e Capitu O casamento de Bentinho e Capitu Com base nesse esquema, é correto afirmar: a) Na primeira parte do romance, Bentinho acredita que a dissimulação de Capitu está relacionada à classe social da moça. b) Na segunda parte do romance, os diversos capítulos de curta extensão atestam o ciúme de Bentinho. c) Nas duas partes do romance, os fatos narrados provocam em Bentinho sentimentos prazerosos e amargurados. d) Nas duas partes do romance, as fantasias de Bentinho aceleram as ações, encobrindo, propositalmente, os ciúmes em relação a Capitu. 43. (UNEMAT) Leia os excertos. “Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: ‘Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.’ (p.1).” “Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimilo, mas vá lá. Um dia, há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Matacavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu.” (p.2) Nesses trechos, o narrador de Dom Casmurro pretende justificar aspectos de sua vida. Assinale a alternativa correta. 1.Bentinho tinha o propósito de atar a infância à velhice. 2.O narrador não acreditava que a escrita pudesse reconstituir sua vida. 3.Dom Casmurro consegue comprovar a traição de Capitu. 4.Na essência, o narrador permanece sempre o mesmo: seguro e confiante. 5. Bentinho consegue restaurar o passado através da reconstrução da casa. 44. (UFBA)“Quando Pádua, vindo pelo interior, entrou na sala de visitas, Capitu, em pé, de costas para mim, inclinada sobre a costura, como a recolhê-la, perguntava em voz alta: — Mas, Bentinho, que é protonotário apostólico? — Ora, vivam! Exclamou, o pai. — Que susto, meu Deus! Agora é que o lance é o mesmo; mas se conto aqui, tais quais, os dois lances de há quarenta anos, é para mostrar que Capitu não se dominava só em presença da mãe, o pai não lhe meteu mais medo. No meio de uma situação que me atava a língua, usava da palavra com a maior ingenuidade deste mundo. A minha persuasão é que o coração não lhe batia mais nem menos. Alegou susto, e deu à cara um ar meio enfiado; mas eu, que sabia tudo, vi que era mentira e fiquei com inveja. Foi logo falar ao pai, que apertou a minha mão, e quis saber por que a filha falava em protonotário apostólico. Capitu repetiu-lhe o que ouvira de mim, e opinou logo que o pai devia ir cumprimentar o padre em casa dele; ela iria à minha. E coligindo os petrechos da costura, enfiou pelo corredor, bradando infantilmente: — Mamãe, jantar, papai chegou!” ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1999. p. 64. A leitura do fragmento e de todo o romance permite afirmar: (01) Bentinho simboliza o indivíduo resistente às influências advindas das pessoas e das circunstâncias que o rodeiam. (02) As ações de Capitu retratam-na como uma personalidade que se impõe e que faz dela própria a autora do seu destino. (04) O recurso frequente à fala direta das personagens dá-se em função de o autor imprimir naturalidade na divulgação do ideário religioso que pretende difundir. (08) Os flagrantes em que os dois protagonistas são surpreendidos põem em realce a dissimulação de Capitu, um dado importante em favor da ideia de traição alimentada por Bentinho. (16) O relato de experiências frustrantes constitui estratégia do eu-narrador para justificar o conflito existencial que o marca. (32) A possibilidade de ascensão na carreira sacerdotal, sinônimo de projeção social e de vantagem econômica, faz crescer na mãe de Bentinho a vontade de enviá-lo ao seminário. (64) A ambiguidade da personagem feminina funciona como motivo para que conflitos e desajustes se instalem no espaço que deveria ser de harmonia e de realização pessoal. SOMA: 90 45.(UFAC) Com base na leitura de Dom Casmurro, examine as assertivas abaixo. Depois, marque a alternativa correta. I. Evidencia-se no romance um rico painel social da época a que se refere a narrativa. II. As características atribuídas às personagens estão muito aquém das que predominavam à época machadiana. III. O perfil de Capitu, a partir da ótica do narrador, assemelha-se ao da mulher romântica. IV. A dúvida instaurada a respeito da fidelidade de Capitu resulta da postura assumida pelo narrador. a) Apenas I, III e IV estão corretas. b) Apenas II, III e IV estão corretas. c) I e III são incorretas. d) Apenas I, II e III estão corretas. e) Apenas I e IV estão corretas. 46. (UFSE) ( ) No romance D. Casmurro, com as frases “o fim evidente de atar as duas pontas da vida” e “recompor o que foi”, Machado de Assis mostra, muito além dos fatos em si, as intenções e ressonâncias que os envolvem e que surgem das descrições das personagens e comentários, aparentemente insignificantes, ao longo da narrativa. ( ) Senhora, apesar de ser um romance que se enquadra na época romântica, desvia-se deste ideário estético, ao mostrar o dinheiro como elemento que conspurca o amor, o qual, portanto, não se realiza. ( ) É correto afirmar-se que Amâncio, do romance Casa de pensão, foi um dos tipos mais marcantes criados por Aluísio Azevedo — uma personagem forte que sobressai no romance, no meio de uma galeria de outros tipos. ( ) Em D. Casmurro observa-se, em síntese, uma visão otimista da sociedade, na figura de José Dias, o agregado, que é o exemplo dos hábitos e padrões familiares do Rio de Janeiro nos meados do século XIX. ( ) Um cientificismo de sabor popular tangencia a narrativa de Casa de pensão, em que os episódios da infância, mesmo os aparentemente insignificantes — e mais tarde o meio — modelam o caráter V-V-F-F-V 47. (UFRJ) O tema do ciúme foi abordado por Machado de Assis em Dom Casmurro: “Capítulo CXXXV OTELO Jantei fora. De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não vira nem lera nunca; sabia apenas o assunto, e estimei a coincidência. (…) O último ato mostrou-me que não eu, mas Capitu devia morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suas palavras amorosas e puras, e a fúria do mouro, e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos do público. — E era inocente, vinha eu dizendo rua abaixo; — que faria o público, se ela deveras fosse culpada, tão culpada como Capitu? (…)” ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1982. No fragmento acima, observa-se uma característica recorrente nos romances machadianos, que é a: a) crítica aos excessos sentimentais do personagem. b) ausência de monólogos interiores. c) preocupação com questões político-sociais. d) abordagem de tema circunscrito à época realista. e) análise do comportamento humano. 48. (FAAP) Sobre o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, é incorreto afirmar que: a) houve o adultério, pois sendo Bentinho, personagem e narrador, tem uma visão onisciente dos fatos, descartando qualquer dúvida que se tenha em relação à traição. b) o romance tematiza o adultério: Bentinho, Capitu e Escobar que formam o triângulo amoroso. c) o leitor conhece todos os fatos narrados somente pela visão de Bentinho, que ao mesmo tempo que os expõe, analisa-os, pois é narrador-personagem. d) é pela visão de Bentinho que formamos o perfil psicológico de cada uma das personagens do romance. e) Bentinho caracteriza os olhos de Capitu como “olhos de ressaca” por causa de seu poder de atração 49. (PUC-PR) Sobre o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, o ensaísta português Helder Macedo afirmou: “Na destruição de Capitu, na neutralização do desafio ao modo de ser alternativo que ela representa, reside o propósito fundamental da restauração procurada por Bento Santiago através da escrita do seu memorial. […] Ela era uma estranha, uma intrusa, uma ameaça ao status quo, um indesejável traço de união com uma classe social mais baixa, representando assim também, implicitamente, a emergência potencial de uma nova ordem política que ameaçasse o poder estabelecido. Acresce que algumas das outras características da sua rebelde personalidade – curiosidade intelectual, gosto pela aritmética, talento financeiro, capacidade de abstração e de previsão – eram qualidades convencionalmente associadas à mente masculina, não qualidades aquiescentemente femininas”. O narrador deixa entrever de forma sistemática quanto poderia haver de suspeito e de perigoso, social e sexualmente, nas suas motivações. Classe e sexo são assim fundidos na mesma ameaça representada pela moralidade supostamente dúbia de Capitu”. MACEDO, Helder. Machado de Assis: entre o lusco e o fusco. Qual dos trechos de Dom Casmurro exemplifica as ideias críticas de Helder Macedo? a) “Capitu não achava bonito o perfil de César, mas as ações citadas por José Dias davam-lhe gestos de admiração. Ficou muito tempo com a cara virada para ele. Um homem que podia tudo! Que fazia tudo!” (Capítulo XXXI – “As curiosidades de Capitu”) b) “Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelhinho. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura.” (Capítulo XXXIII – “O penteado”). c) “Capitu ia agora entrando na alma de minha mãe. Viviam o mais do tempo juntas, falando de mim, a propósito do sol e da chuva, ou de nada; Capitu ia lá coser, às manhãs; alguma vez ficava para jantar.” (Capítulo LXVI – “Intimidade”). d) “Capitu gostava de rir e divertir-se, e, nos primeiros tempos [de casados], quando íamos a passeios ou espetáculos, era como uma pássaro que saísse da gaiola. Arranjava-se com graça e modéstia.” (Capítulo CV – “Os braços”). e) “Capitu e eu, involuntariamente, olhamos para a fotografia de Escobar, e depois um para o outro. Desta vez a confusão dela fez-se confissão pura. Este era aquele […].” (Capítulo CXXXIX – “A fotografia”) 50.(UFPB) No romance Dom Casmurro, ao lembrar o dia da revelação do amor de Capitu, o narrador escreve: “Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha ‘orgias de latim’ e era virgem de mulheres.” Nesse trecho do romance verifica-se que: a) a narrativa é construída a partir dos registros escritos do narrador. b) a passagem nega o comportamento ingênuo de Bentinho. c) a frase “sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite” supõe que o narrador, agora velho, não confia inteiramente naquilo que narra. d) o registro de detalhes é sinal inequívoco do desprezo do narrador pela personagem Capitu. e) a passagem aponta para o desnível intelectual existente entre Bentinho e Capitu. 51. (UFMS)A respeito do romance Dom Casmurro, é correto afirmar que: (01) como na obra de Shakespeare — Otelo —, consuma-se o desfecho trágico, motivado pelo ciúme: Bentinho suicida-se após matar Capitu e Escobar. (02) há uma crítica explícita ao celibato, e as personagens são pintadas ao modo naturalista — bons tipos que a sociedade corrompeu ou mal encaminhados por fatalidades deterministas, como a ascendência duvidosa. (04) a narrativa é construída na primeira pessoa e tem Bentinho como narrador-personagem. Nessa condição, ele se propõe a reconstituir seu passado por meio da escrita, a fim de tentar revivê-lo e, quem sabe, reencontrar sua identidade. (08) se insere no rol das produções da estética realista, que abarcou o que se produziu na segunda metade do século XIX, uma época marcada pela crença no progresso propiciado pela ciência e pela representação do mundo sem idealismo ou sentimentalismo. (16) há alusões explícitas e implícitas a Otelo, obra do dramaturgo inglês William Shakespeare. Do ponto de vista temático, Dom Casmurro é comparável à tragédia de Shakespeare, posto que ambas as obras abordam o afloramento do ciúme obsessivo de um homem em relação a sua mulher, ainda que haja evidências pouco consistentes quanto a isso. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. SOMA: 28 (UEL) As questões de 52 a 54 referem-se ao trecho do capítulo de Dom Casmurro (1900), de Machado de Assis (1839-1908.) OLHOS DE RESSACA 52. Com base no texto e seus conhecimentos sobre a obra, assinale a resposta correta nas questões de 22 a 24. A narração do momento em que Capitu fixa o olhar no cadáver de Escobar efetiva-se: a) Muitos anos após a morte de Escobar, tendo por objetivo mostrar ao leitor a percepção do narrador da dissimulação de sua esposa, Capitu. 53. De acordo com o texto, é correto afirmar: 54. A denominação do capítulo, “Olhos de ressaca”, é resultante da leitura que o narrador faz: 55. (U. F. RIO GRANDE-RS) “O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente.” O fragmento de Dom Casmurro, de Machado de Assis, deixa entrever: a) um narrador que não interfere na vida da protagonista, Capitu. b) o tema da dúvida que permeia todo o romance. c) as dores de amor que apenas no final encontram solução. d) a jocosidade e a brincadeira do narrador ao tratar seus personagens. e) a preocupação com a identidade brasileira peculiar da prosa modernista. 56. (UFAM) Leia as alternativas abaixo, que se referem ao romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. I. Não se tem certeza se Capitu de fato traiu Bentinho, principalmente se levarmos em conta que tudo é narrado do ponto de vista deste personagem, que é um ciumento extremado e possui uma natureza imaginativa ao extremo. II. O autor-personagem é um cinquentão solitário que reproduz, no Engenho Novo, a casa em que se criara na antiga rua de Mata-Cavalos, com o intuito de restaurar a adolescência na velhice. III. No estilo narrativo do romance observa-se a técnica dos capítulos quase sempre curtos e, dentro deles, as apóstrofes ao leitor e as digressões ora graves ora humorísticas. IV. A humilde Capitu revela-se esperta e cativante, insinuando-se vitoriosamente no pequeno mundo de D. Glória, a mãe viúva de Bentinho, vindo a casar-se, posteriormente, com seu companheiro de meninice. Estão corretas ou são admissíveis: a) Somente II e III. b) Somente I e III. c) Somente I e IV. d) Somente I, II e IV. e) Todas as alternativas. 57. (.U. F. RIO GRANDE-RS) “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo.” Este fragmento extraído de Dom Casmurro, de Machado de Assis, deixa entrever: a) a recusa do narrador em lembrar-se do passado vivido com sua mãe, com a amiga vizinha e com José Dias, o agregado. b) o objetivo do narrador em escrever suas memórias. c) um tom melancólico, ainda que o romance narre as peripécias burlescas do protagonista, chamado Leonardo. d) o tema do romance que é o sentido saudosista do romantismo brasileiro. e) uma euforia incontida vivenciada pelo protagonista. 58. (UFLA) Todas as alternativas apresentam informações sobre D. Casmurro, de Machado de Assis, EXCETO: 59. (UFLA) Todas as passagens de D. Casmurro, de Machado de Assis, são exemplos da dissimulação de Capitu, na visão de Bentinho, EXCETO: 60. (UFLA) De acordo com a leitura da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, julgue as proposições e, a seguir, marque a alternativa CORRETA. 61. (UFLA) Considere as seguintes afirmativas sobre Dom Casmurro, de Machado de Assis e, a seguir, marque a alternativa que apresenta a ordem CORRETA conforme seja verdadeiro (V) ou falso
(F). b) F, V, F, V c) F, F, F, V d) V, V, F, V e) F, V, V, F 62. (FAPA) Considere as seguintes afirmações sobre Dom Casmurro, de Machado de Assis: b) Apenas I e II c) Apenas I e III d) Apenas II e III e) I, II e III 63. (UNIVALI-SC )Leia o texto e assinale o item que completa correta e respectivamente as lacunas: “1998 marca o 90º aniversário da morte de Machado de Assis, escritor representativo do …… brasileiro, introdutor …… em nossa Literatura. Criou personagens marcantes entre elas ……, famosa pela polêmica em torno de sua traição. Também é lembrado por ser o fundador …… .” a) Simbolismo – da sátira – Flora – da Imprensa Nacional b) Naturalismo – da degradação – Conceição – da Academia Fluminense de Letras c) Romantismo – do suspense – Marcela – da Academia dos Esquecidos d) Realismo – da ironia – Capitu – da Academia Brasileira de Letras e) 1ª fase do Modernismo – da irreverência – Virgília – do Teatro Municipal de São Paulo 64. (FUVEST ) O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. 65. (UFL) Todas as alternativas apresentam informações sobre Dom Casmurro, de
Machado de Assis, exceto: 66. (UEL) O texto abaixo é o último capítulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. 67. (PUC) A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas… O trecho acima, do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, autoriza o narrador a caracterizar os olhos da personagem, do ponto de vista metafórico, como a) olhos de viúva oblíqua e dissimulada, apaixonados pelo nadador da manhã. b) olhos de ressaca, pela força que arrasta para dentro. c) olhos de bacante fria, pela irrecusável sensualidade e sedução que provocam. d) olhos de primavera, pela cor que emanam e doçura que exalam. e) olhos oceânicos, pelo fluido misterioso e enérgico que envolvem. 68. (PUC-RIO) A EXPOSIÇÃO RETROSPECTIVA E BEM, E O
RESTO? b) Dom Casmurro c) Memorial de Aires d) Quincas Borba e) Senhora 69. (PUC-RIO) A EXPOSIÇÃO RETROSPECTIVA E BEM, E O
RESTO? 70. Leia as alternativas abaixo, que se referem ao romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. a) I, II e III b) Somente II e IV c) I, II e IV d) II, III e IV e) I, III e IV 71. (UNEAL ) Capítulo CXXIII / Olhos de Ressaca. Sobre o texto e sobre a obra machadiana de onde ele foi retirado, analise as seguintes afirmações. b) 3 apenas c) 1 apenas d) 1 e 2 apenas e) 1, 2 e 3 72. Leia o fragmento abaixo, extraído de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 73. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre o livro Dom Casmurro, de Machado de Assis. I -O romance de Machado de Assis, narrado em terceira pessoa, expõe o triângulo amoroso entre Bentinho, Capitu e Escobar. O narrador, que ingressa na consciência de todas as personagens, revela ao leitor a traição de Capitu e a paternidade de seu filho Ezequiel. II -O livro está estruturado em forma de diário, por isso guarda as lembranças mais íntimas de Dom Casmurro. A personagem registra que não quer ter suas memórias reveladas, pois isso macularia sua imagem ante a sociedade fluminense. III -O agregado da família Santiago, José Dias, desempenha funções elevadas de conselheiro e rebaixadas de mandalete. Sua acomodação nessa família dá mostras dos arranjos sociais entre homens livres e classe dominante. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) I, II e III. d) Apenas II. e) Apenas II e III. 74. O personagem-narrador do romance “Dom Casmurro” encontra-se, no capítulo transcrito, angustiado pela dúvida: o possível adultério de sua esposa, Capitu, com seu melhor amigo, cujo velório ora se narra. 75. Para responder a questão a seguir, tome como referência a seguinte informação sobre a obra “Dom Casmurro”, de Machado de Assis.
78. Considere as afirmativas a seguir sobre o
romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis.
80. (UFRGS) Leia o segmento abaixo. No Brasil novecentista, uma sociedade escravocrata e patriarcal, o espaço de atuação das mulheres era restrito. Elas aparecem representadas em Dom Casmurro, de Machado de Assis, e O cortiço, de Aluísio Azevedo. …….. escolhe ficar com o homem que desperta seu desejo, sem a necessidade de casar. Paira sobre …….. a desconfiança sobre sua motivação para casar com o vizinho. Por sua vez, …….. casa e descarta o marido, em busca de uma vida livre do domínio masculino. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do segmento acima, na ordem em que aparecem. a) Rita Baiana – Capitu – Pombinha b) Capitu – Rita Baiana – Pombinha c) Pombinha – Capitu – Rita Baiana d) Pombinha – Rita Baiana – Capitu e) Rita Baiana – Pombinha – Capitu 81. Leia os fragmentos a seguir, selecionados de “Dom Casmurro”, e assinale a associação CORRETA: 82. As afirmações a seguir referem-se à obra “Dom Casmurro”: b) Apenas II c) Apenas I e III d) Apenas II e III e) Todas 83. Sobre DOM CASMURRO, é INCORRETO afirmar que:
85. Considere as seguintes referências a personagens do romance DOM CASMURRO, de Machado de Assis.
87. Considere, as seguintes afirmações acerca do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis: b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas e) I, II e III. 88. “Dom Casmurro,
obra de Machado de Assis publicada em 1899, tem como personagens principais Capitu e Bentinho e , como tema, uma polêmica questão de adultério, sobre a qual Carlos Heitor Cony se manifesta no texto acima. 90. D. Sancha, peço-lhe que não leia este livro; ou, se o houver lido até aqui, abandone o resto. Basta fechá-lo; melhor será queimá-lo, para lhe não dar tentação e abri-lo outra vez. Se, apesar do aviso, quiser ir até o fim, a culpa é sua; não respondo pelo mal que receber. O que já lhe tiver feito, contando os gestos daquele
sábado, esse acabou, uma vez que os acontecimentos, e eu com eles, desmentimos a minha ilusão; mas o que agora a alcançar, esse é indelével. Vá envelhecendo, sem marido nem filha, que eu faço a mesma coisa, e é ainda o melhor que se pode fazer depois da mocidade. b) apenas I e II estão corretas. c) apenas I e III estão corretas. d) apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas.
93. Com essa história enjoada de traiu ou não traiu,
de Capitu ser anjo ou demônio, o leitor de Dom Casmurro acaba se esquecendo do fundamental: as memórias são do velho narrador, não da mulher, e o autor é Machado de Assis, e não um escritor romântico dividido entre mistérios. 94. (PUC-RS) Para responder à questão, assinale com V (verdadeiro) ou com F (falso) as afirmativas sobre a obra literária de Machado de Assis. (__) Episódios de adultério e usurpação são construídos com clareza e objetividade. (__) A visão de mundo de Machado de Assis constitui-se como uma reação ao determinismo histórico. (__) O equilíbrio formal do autor rompe com a tradição de lugares-comuns e preciosismos linguísticos. (__) O humor escrachado evidencia-se, principalmente, em Dom Casmurro. (__) A quebra da estrutura linear traz a instância do leitor como inovação técnica. A sequência correta, resultante do preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é. a) V – V – F – F – V. b) V – F – V – F – F. c) V – F – V – V – V. d) F – V – F – V – F. e) F – F – V – F – V . 95. (UDESC) Analise os enunciados em relação à obra Dom Casmurro. I – O romance Dom Casmurro é narrado em terceira pessoa; o narrador tem um distanciamento crítico em relação aos fatos narrados. II – Algumas passagens da obra associam problemas individuais de Bentinho com elementos importantes do contexto histórico da época. III – José Dias surge na família Albuquerque apresentando-se ao pai de Bentinho como médico homeopata e promove cura, sem remuneração. Convidado a permanecer com a família, aceita; entretanto, quando surgem outras doenças mais sérias, confessa-se charlatão. IV – O protagonista da obra torna-se um homem muito rico, com a herança herdada de seu pai, que a acumulou durante o período que defendia as causas em seu escritório de advocacia. Depois da morte de Capitu, Bentinho vai para o Rio de Janeiro, para desfrutar sua fortuna na Corte. V – Um aspecto da estrutura da obra é que há uma irregularidade em relação ao tamanho dos capítulos, o que contribui para a quebra da linearidade do enredo. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e V são verdadeiras. b) Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras. c) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. d) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras. e) Somente as afirmativas IV e V são verdadeiras. 96. Capitu deu-me as costas, ¦voltando-se para o espelhinho. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé não dava jeito: não esquecestes que ela era um nadinha mais alta que eu, mas ainda que fosse da
mesma altura. Pedi-lhe que se sentasse”. […] 97. (PUC-SP) No romance “Dom Casmurro”, Machado de Assis revela, no uso de uma metáfora teatral proferida pelo narrador Bento Santiago, o inevitável de um destino já traçado e as etapas da trajetória vivida pelo próprio narrador. Trata-se do seguinte trecho: 98. (MACKENZIE) Capítulo XXXII – Olhos de ressaca Tudo era matéria de curiosidade de Capitu. Caso houve, porém, no qual não sei se aprendeu ou ensinou, ou se fez ambas as cousas, como eu. É o que contarei no outro capítulo. Neste direi somente que, passados alguns dias do ajuste com o agregado, fui ver a minha amiga; eram dez horas da manhã. D. Fortunata, que estava no quintal, nem esperou que eu lhe perguntasse pela filha. – Está na sala penteando o cabelo, disse-me; vá devagarzinho para lhe pregar um susto. a)o narrador antecipa o que contaria depois sobre Capitu e se põe a contar a visita que fora fazer à sua amiga, a terceira personagem do triângulo composto também por ele e Capitu. b) tem-se a evidência de que o relato é feito por um narrador onisciente, que, pleno conhecedor dos fatos, conta-os respeitando a ordem em que efetivamente ocorreram. c) tem-se a evidência de que o narrador, evitando qualquer referência à metalinguagem, procura envolver o leitor na ilusão de que está diante dos fatos vividos pelas personagens. d) o narrador brinca com quem lê ao deixar transparecer que, em terceira pessoa, conta livremente, sem nenhuma preocupação em sintetizar para o leitor os caminhos do relato. e) o narrador deixa transparecer a relatividade do seu conhecimento sobre os fatos que relata, dado fundamental para a compreensão total do romance. 99. ( FUVEST-SP) A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, faz-se em primeira pessoa, portanto do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto dizer que ela se apresenta: a)fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade. b)viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador. c) perturbada pela interferência de Capitu que acaba por guiar o narrador. d) isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à verdade. e) indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de ordená-los. 100. ( FUVEST-SP) Um tipo social que recebe destaque tanto nas Memórias de um Sargento de Milícias quanto em Dom Casmurro, merecendo, inclusive, em cada uma dessas obras, um capítulo cujo título o designa, é o: a)traficante de escravos b) malandro c) capoeira d) agregado e) meirinho 101. (FATEC-SP) Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética pra dizer o que foram aqueles olhos de Capitu, Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade de estilo, o que eles foram e Me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. O fragmento permite afirmar corretamente que o narrador machadiano: a)procura enriquecer a língua com vocábulos tão raros e construções tão artificiais, que acaba por dificultar o entendimento da frase ou distorcer o pensamento. b) tenta alcançar a simplicidade da linguagem, abandonando qualquer preocupação com o rigor no emprego das palavras ou com a utilização de figuras de estilo. c) põe a linguagem a serviço da expressão das emoções das personagens, carregando-a de imagens e comparações, tornando a palavra em si pouco significativa. d) debruça-se sobre o próprio texto, à medida que o elabora, questionando se a linguagem e os estilos convencionais são capazes de traduzir a experiência. e) busca a elegância e o requinte formal, valorizando o pormenor, perdendo-se na minúcia descritiva dos objetos e das personagens em busca da “ arte pela arte”. 102. (UNEMAT) A propósito dos fragmentos transcritos da obra Dom Casmurro, assinale a alternativa em que não se identifica uma atitude típica e caracterizadora da personagem Capitu. 1. “Quando me perguntava se sonhara com ela na véspera, e eu dizia que não, ouvia-lhe contar que sonhara comigo, e eram aventuras extraordinárias, que subíamos ao Corcovado pelo ar, que dançávamos na lua, ou então que os anjos vinham perguntar-nos pelos nomes, a fim de os dar a outros anjos que acabavam de nascer” (p. 13). 2. “Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas” (p. 15). 3. “As curiosidades […] eram de vária espécie, explicáveis e inexplicáveis, assim úteis como inúteis, umas graves, outras frívolas; gostava de saber tudo. No colégio onde, desde os sete anos, aprendera a ler, escrever e contar, Francês, Doutrina e obras de agulha, não aprendera, por exemplo, a fazer renda; por isso mesmo, quis que a prima Justina lho ensinasse” (p. 34). 4. “Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, ‘olhos de cigana oblíqua e dissimulada’. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim” (p. 36). 5. “Os olhos […] claros como já disse, eram dulcíssimos; assim os definiu José Dias, depois que ele saiu, e mantenho esta palavra, apesar dos quarenta anos que traz em cima de si” (p. 79). 103. (FAAP) Leia as descrições dos olhos de Capitu feitas por Bento Santiago, protagonista do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. …olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Pelas descrições apresentadas, está incorreto afirmar que: a) Capitu tinha olhos que queriam tragá-lo para dentro daquele mar, que era o olhar sedutor dela. b) o olhar dissimulado de Capitu revela indícios de uma mulher forte e independente, dona de si, tão aos moldes da figura feminina do século dezenove. c) importa em Capitu o olhar e não os olhos propriamente ditos. d) o olhar compara-se ao movimento das ondas em ressaca, que tudo arrastava para dentro de si. e) a irreverência de Capitu é julgada pelo narrador o tempo todo por ter muita dúvida sobre ela, como bem disse: “ um fluido misterioso e energético”. 104. (MACKENZIE)
Leia as afirmações a seguir: 105. (UFRGS) Leia o capítulo abaixo, retirado de Dom Casmurro, de Machado de Assis. CAPÍTULO VIII – É TEMPO Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e fresca, sossegada como a nossa casa e o trecho da rua em que morávamos. Verdadeiramente foi o princípio da minha vida; tudo o que sucedera antes foi como o pintar e vestir das pessoas que tinham de entrar em cena, o acender das luzes, o preparo das rabecas, a sinfonia… Agora é que eu ia começar a minha ópera. “A vida é uma ópera”, dizia-me um velho tenor italiano que aqui viveu e morreu… E explicou-me um dia a definição, em tal maneira que me fez crer nela. Talvez valha a pena dá-la; é só um capítulo. Considere as afirmações abaixo, sobre o capítulo. I – O narrador refere-se ao momento em que descobriu sua vocação para a vida religiosa. II – O narrador recorda saudosamente as tardes familiares e a fala de José Dias saudando seus amores com a vizinha, Capitu. III- O narrador diz que sua vida começou, quando ouviu José Dias denunciar seus amores com Capitu. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III. 106. (PUC-SP) Os dois capítulos iniciais do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, merecem considerações especiais, porque a) aparecem apenas para homenagear o poeta que se envolve em incidente, com o narrador, durante a viagem de trem. b) prestam-se para justificar o estranhamento do título e a finalidade de elaboração da obra. c) são desnecessários, visto que a simples leitura do livro é autoexplicativa. d) não cumprem nenhuma função, pois não há relação entre eles e o resto da obra. e) servem para justificar o comportamento antissocial, agressivo e ciumento do narrador. 107. (UECE) Assim como a obra D. Casmurro, são também obras pertencentes ao Realismo. 108. (PUC-PR) Leia o trecho de Dom Casmurro para marcar o item correto sobre essa obra, entre os listados abaixo. Capítulo CXXXV- OTELO “Jantei fora. De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não vira nem lera nunca; sabia apenas o assunto, e estimei a coincidência. (…)O último ato mostrou-me que não eu, mas Capitu devia morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suas palavras amorosas e puras, e a fúria do mouro, e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos do público. – E era inocente(…) que faria o público se ela deveras fosse culpada, tão culpada como Capitu?” Fonte: Assis, Machado. Dom Casmurro. São Paulo: Catania Editora, s/d. I. O trecho mostra por que é um romance tipicamente Realista, pois fala de traição. II. O trecho nos mostra como o autor constrói a ambiguidade em torno da personagem, ao afirmar sua culpa, mas apresentar como referência uma personagem inocente. III. A intertextualidade com a obra de Shakespeare é presença constante no texto machadiano. Neste romance, ela aparece como um recurso narrativo, dirigindo a leitura do texto. IV. O trecho selecionado aponta para o leitor machadiano, crítico suficiente para entender a referência a Desdêmona como uma possibilidade para a personagem brasileira. V. O importante não é se houve traição, mas como a dúvida se constrói. a) Somente a alternativa I está correta. b) A alternativa V está incorreta. c) As alternativas I, II e IV estão corretas. d) Somente a alternativa I está incorreta. e) Todas alternativas estão todas corretas. 109. (UEMG) Sobre o conteúdo e a estrutura do romance Dom Casmurro, todos os comentários das alternativas abaixo são coerentes e adequados, EXCETO: a) Pela leitura da trama que orienta o enredo, o leitor é levado à conclusão de que o narrador-protagonista foi, de fato, traído pela sua amada, Capitu. b)A reconstrução da casa no Engenho Novo para recuperação do espaço perdido em Mata- Cavalos não permite ao narrador a recuperação do seu passado. c)O título do romance constitui uma referência irônica ao narrador e aponta o seu estado de conflito em relação ao passado. d)A força da narrativa não se concentra no enredo, mas nas reflexões, digressões e na maneira ambivalente com que o narrador tenta reconstituir os fatos 110. (UFVJM) Texto I Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto. Agora que expliquei o título, passo a escrever o livro. Antes disso, porém, digamos os motivos que me põem a pena na mão. Texto II O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. FONTE: ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Fixação de texto e notas de Manoel M. S. Almeida; prefácio de John Gledson. São Paulo: Globo, 2008. Com base nos textos III e IV de Dom Casmurro, da obra de Machado de Assis, é correto afirmar que: a) o narrador é Bentinho, protagonista do romance, que se propõe a contar o passado vivido com Capitu. b) a narradora é Capitu, antagonista do romance e esposa de Ezequiel, cuja traição é exposta no romance. c) o narrador é Ezequiel, herói do romance e personagem secundário, cujo objetivo é juntar as pontas do passado com o presente por meio da narrativa. d) o narrador é José Dias, agregado da família de Bentinho e personagem principal, que se dispõe, prontamente, a contar as peripécias de Bento Santiago. 111. (PUC-SP) Jantei fora. De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não vira nem lera nunca; sabia apenas o assunto e estimei a coincidência. (…) O último ato mostrou-me que não eu, mas Capitu devia morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suas palavras amorosas e puras, e a fúria do mouro, e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos do público. O trecho acima é do romance Dom Casmurro de Machado de Assis. A personagem, na trama de Otelo, Desdêmona, leva o narrador do romance a estabelecer comparações com Capitu. Assim, indique nas alternativas abaixo, a que contém afirmação que as aproxima e as identifica. a) Tanto Desdêmona quanto Capitu eram inocentes mas acabaram tendo o mesmo destino trágico. b) Capitu era inocente, enquanto Desdêmona era culpada por ter traído Otelo e mereceu a morte que teve. c) Desdêmona era inocente e foi alvo de calúnia, enquanto Capitu era sabidamente culpada por delito reconhecido. d) Bentinho e Otelo tinham motivos claros e suficientes para vingarem-se do ultraje sofrido. e) Tanto Desdêmona quanto Capitu foram alvos de ciúmes e tiveram seus destinos traçados pelos maridos. 112. (UFRGS) Leia as seguintes afirmações sobre os romances Dom Casmurro, de Machado de Assis, e Diário da queda, de Michel Laub. I – Os dois romances são narrados em primeira pessoa, como processo de compreensão do vivido. II – Os dois narradores apresentam uma relação amorosa com esposa e filhos, reproduzindo a tradição familiar. III – O balanço final dos narradores de cada romance demonstra grande aprendizado, a partir das experiências vividas, repleto de esperança e de otimismo. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 113. (UFRGS) Considerando os estudos sobre o romance Dom Casmurro, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações. ( ) No final do século XIX e início do XX, a interpretação do romance tende à aderência ao ponto de vista do narrador. Assim, em geral, os leitores aceitam os fatos narrados por Bentinho sem muita desconfiança da sua narração comprometida. ( ) Em torno de 1960, talvez por influência de leituras feministas, críticos problematizam a visão unilateral de Bentinho e passam a ponderar que o ponto de vista de Capitu não vinha sendo considerado e que a sua traição deveria ser ao menos discutida. ( ) Perto de 1980, são comuns as leituras que desviam o foco do debate sentimental para o social, e a diferença de classe entre o filho do deputado (Bentinho) e a filha do vizinho pobre (Capitu) passa a figurar como um dos tópicos do romance. ( ) Atualmente, e por obra das muitas adaptações do romance para o cinema e para a televisão, que revelaram conteúdos da narrativa antes ocultos, é consenso que a traição de Capitu é o centro do enredo e que esta pode ser comprovada pelas pistas deixadas no texto por Machado de Assis. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) F – F – V – F. b) V – F – F – V. c) V – V – V – F. d) V – F – V – V. e) F – V – F – F. 114. (UFRGS) ) O cortiço (1890) e Dom casmurro (1899) foram publicados na mesma década, porém apresentam registros de linguagem diferentes, como se pode ver nos trechos abaixo. No bloco superior, estão listados nomes de personagens de O cortiço e de Dom casmurro; no inferior, os trechos dos romances em que essas personagens são descritas. Associe adequadamente o bloco inferior ao bloco superior. 1 -Firmo (O cortiço) 2 -Escobar (Dom casmurro) 3 -Jerônimo (O cortiço) 4 -José Dias (Dom casmurro) ( ) [ … ] viera da terra, com a mulher e uma filhinha ainda pequena, tentar a vida no Brasil, na qualidade de colono de um fazendeiro, em cuja fazenda mourejou durante dois anos, sem nunca levantar a cabeça, e de onde afinal se retirou de mãos vazias e uma grande birra pela lavoura brasileira. Para continuar a servir na roça tinha que sujeitar- -se a emparelhar com os negros escravos e viver com eles no mesmo meio degradante, encurralado como uma besta, sem aspirações, nem futuro, trabalhando eternamente para outro. ( ) [ … ] era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito; capadócio de marca, pernóstico, só de maçadas, e todo ele se quebrando nos seus movimentos de capoeira. Teria seus trinta e tantos anos, mas não parecia ter mais de vinte e poucos. Pernas e braços finos, pescoço estreito, porém forte; não tinha músculos, tinha nervos. ( ) Era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos, como os pés, como a fala, como tudo. Quem não estivesse acostumado com ele podia acaso sentir-se mal, não sabendo por onde lhe pegasse. Não fitava de rosto, não falava claro nem seguido; as mãos não apertavam as outras, nem se deixavam apertar delas, porque os dedos, sendo delgados e curtos, quando a gente cuidava tê-los entre os seus, já não tinha nada. ( ) [ … ]apareceu ali vendendo-se por médico homeopata; levava um Manual e uma botica. Havia então um andaço de febres; [ … ] curou o feitor e uma escrava, e não quis receber nenhuma remuneração. Então meu pai propôs-lhe ficar ali vivendo, com pequeno ordenado. [ … ] recusou, dizendo que era justo levar a saúde à casa de sapé do pobre. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 – 2 – 3 – 4. b) 2 – 3 – 4 – 1. c) 3 – 2 – 4 – 1. d) 1 – 3 – 2 – 4. e) 3 – 1 – 2 – 4. 115. (UFPE) A construção das personagens em Eça de Queirós e em Machado de Assis apresenta particularidades que distinguem os dois escritores. Partindo da leitura crítica dos dois textos que se seguem, analise as proposições seguintes. Tinha dado onze horas no cuco da sala de jantar. Jorge fechou o volume de Luís Figuier que estivera folheando devagar, estirado na velha Voltaire marroquim escuro, espreguiçou-se, bocejou e disse: _ Tu não te vais vestir, Luísa? _ Logo. Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão da manhã de fazenda preta, bordado a sutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis de rubis miudinhos davam cintilações escarlates. […] (Eça de Queirós – O primo Basílio) Capitu Que é que você tem? Eu? Nada. Nada, não; você tem alguma coisa. Quis insistir que nada, mas não achei língua. Todo eu era olhos e coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela boca fora. Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor; não cheiravam a sabões finos nem águas de toucador, mas com água do poço e sabão comum trazia-as sem mácula. Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos. (Machado de Assis – Dom Casmurro) 0-0) Os dois autores, do século XIX, revelam concepções díspares ao construir suas personagens, pois, enquanto Machado de Assis cria tipos femininos frágeis e sem vida, Eça de Queirós dá-lhes alma. 1-1) Os dois textos explicitam as diferenças sociais existentes entre as duas personagens. A primeira, Luísa, é descrita como uma autêntica burguesa, enquanto a segunda, Capitu, como uma adolescente pobre, cujo único objetivo é alcançar a ascensão social, ainda que para isso precise agir de modo a contrariar a moral vigente. 2-2) O discurso dos narradores revela emoções resultantes das experiências por eles próprios vivenciadas, o que torna ambas as narrativas comprometidas, de tal modo, que o adultério não se confirma, contribuindo para que as histórias não se concluam com a comprovação do triângulo amoroso, pois ambas terminam em aberto. 3-3) Capitu é uma personagem acerca da qual, “embora não possamos ter a imagem nítida da sua fisionomia, temos uma intuição profunda de seu modo de ser”. Por sua vez, Luísa, de acordo com Machado de Assis, “resvala no lodo, sem vontade, sem repulsa, sem consciência”. 4-4) O Primo Basílio e Dom Casmurro possuem personagens femininas, que, apesar de se integrarem plenamente à classe burguesa, nutrem um profundo respeito à instituição familiar e se caracterizam por serem simplesmente criadas para vivenciarem circunstâncias e acontecimentos, sem que tenham o menor poder de decisão sobre os mesmos. RESPOSTA: FFFVF (UFSCAR) Leia o texto para responder às questões de números 116 e 117. Pádua era empregado em repartição dependente do Ministério da Guerra. Não ganhava muito, mas a mulher gastava pouco, e a vida era barata. Demais, a casa em que morava, Assobradada como a nossa, posto que menor, era propriedade dele. Comprou-a com a sorte grande que lhe saiu num meio bilhete de loteria, dez contos de réis. A primeira ideia do Pádua, quando lhe saiu o prêmio, foi comprar um cavalo do Cabo, um adereço de brilhantes para a mulher, uma sepultura perpétua de família, mandar vir da Europa alguns pássaros, etc.; mas a mulher, esta D. Fortunata que ali está à porta dos fundos da casa, em pé, falando à filha, alta, forte, cheia, como a filha, a mesma cabeça, os mesmos olhos claros, a mulher é que lhe disse que o melhor era comprar a casa, e guardar o que sobrasse para acudir às moléstias grandes. Pádua hesitou muito; afinal, teve de ceder aos conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata pediu auxílio. (Machado de Assis. Dom Casmurro, 1997.) 116. O narrador descreve D. Fortunata como uma mulher a) esbanjadora, de gostos refinados e preocupada com a aparência, ao que se percebe pelo interesse em adquirir um adereço de brilhantes. b) submissa, dedicada à família, o que se percebe pela disposição em cuidar da casa e da filha, sem questionar as decisões do marido. c) ambiciosa, disposta a melhorar de vida a qualquer custo, o que se percebe pelo casamento arranjado com Pádua, um funcionário de alta patente do Exército. d) sonhadora, sempre pensando em melhorar de vida, o que se percebe pela sua obstinação em investir o pouco dinheiro da família em bilhetes de loteria. e) prudente, com espírito prático, o que se percebe pela preocupação em usar o dinheiro do marido para comprar uma casa e economizar para as enfermidades. 117. A frase – Pádua hesitou muito; afinal, teve de ceder aos conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata pediu auxílio. – está corretamente reescrita, sem alteração de sentido e de acordo com a norma-padrão da língua em seu registro formal, em: a) Pádua hesitou muito; se deixou levar, afinal, pelos conselhos de minha mãe, que D. Fortunata solicitou apoio. b) Pádua hesitou muito; afinal, deu o braço a torcer para os conselhos de minha mãe, que D. Fortunata pediu amparo. c) Pádua hesitou muito; convenceu-o, afinal, os conselhos de minha mãe, de quem D. Fortunata chamou para ajudar. d) Pádua hesitou muito; afinal, precisou acatar os conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata recorreu. e) Pádua hesitou muito; teve que dobrar-se, afinal, aos conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata encontrou suporte. 118. (UEMG) Leia o fragmento da obra de Dom Casmurro, abaixo. “Enfim chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas.” A partir do trecho acima, e tendo em vista o enredo da obra, SÓ É CORRETO afirmar que a)a cena descrita é tipicamente romântica, de acordo com o estilo da obra, que tematiza a felicidade amorosa de Bentinho e Capitu. b)o instante focalizado enfatiza a extrema sensibilidade de Bento Santiago, diante do cadáver do amigo Escobar. c)o momento descrito é crucial para o relacionamento de Bentinho e Capitu, pois, uma vez instaurada a dúvida na mente do marido, o casamento se deteriorará, encaminhando-se para a separação. d)o trecho comprova que Sancha é uma personagem trágica, pois, após a morte dos filhos, ela perde o marido num naufrágio. 1. (FUVEST) Epitáfio de Bartolomeu Dias Jaz aqui, na pequena praia extrema, “Mensagem”, de Fernando Pessoa, é uma obra dividida em três partes: Brasão, Mar Português e O Encoberto. a) “Mar Português”. 2. (UFSCAR) Uma frase famosa de Fernando Pessoa (“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”) encontra-se no trecho a seguir, retirado do poema “Mar Português”, pertencente ao livro Mensagem: Valeu a pena? Tudo vale a pena a) De que trata essa obra de Fernando Pessoa? b) Explique o sentido de pequena, no segundo verso. RESPOSTAS: a) Mensagem poetiza momentos da história de Portugal, entre os quais as grandes navegações. Nela, Fernando Pessoa busca reafirmar o destino e a grandiosidade da terra e do povo português. b) “pequena”: mesquinha, pouco ambiciosa, sem determinação. 3. (FUVEST) “Eis aqui se descobre a nobre Espanha, O cotovelo esquerdo é recuado, Fita com olhar sphyngico e fatal. Os textos I e II iniciam respectivamente as estâncias 17 e 20 do canto III d’ “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões, e o texto III é um poema do livro Mensagem, de Fernando Pessoa. a) Camões: Classicismo 4. (UNESP) A vocação náutica dos portugueses e os grandes descobrimentos do passado tornaram o tema do mar bastante frequente na Literatura Portuguesa de todos os tempos. Fernando Pessoa, em MAR PORTUGUEZ, focaliza o custo que a aventura marítima representou em termos de vidas humanas e
sofrimentos ao povo de seu país. Releia com atenção o poema pautado e, a seguir, a) No plano gráfico: portuguez, lagrimas, resaram, abysmo,
nelle. 5. (PUC-SP) “Quem quer passar além do Bojador, Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. “Fernando Pessoa, “Mar Português” in Obra poética. Ria de Janeiro, Editora José Aguilar, 1960, p 19 O trecho de Fernando Pessoa fala da expansão marítima portuguesa. Para entendê-lo, devemos saber que: a)”Bojador” é o ponto ao extremo sul da África e que atravessá-lo significava encontrar o caminho para o Oriente. b)a “dor” representa as doenças, desconhecidas dos europeus, mas existentes nas terras a serem conquistadas pelas expedições. c)o “abismo” refere-se à crença, então generalizada. de que a Terra era plana e que, num determinado ponto, acabaria, fazendo caírem os navios. d)menção a “Deus” indica a suposição, à época, e que o Criador era contrário ao desbravamento dos mares e que puniria os navegadores. e)o “mar” citado é o Oceano Índico, onde estão localizadas as Índias, objetivo principal dos navegadores. 6.(FUVEST) “Louco, sim porque quis grandeza “Sperai! Caí no
areal e na hora adversa “Mestre de Paz, ergue teu gládio ungido; Estas três citações de Fernando Pessoa pertencem à mesma obra e referem-se à mesma personagem histórica de Portugal cujo mito, como se vê, o poeta associa à figura lendária do rei Artur. Assinalar a alternativa em
que, ao título da obra, segue-se o da personagem histórica que virou mito e alimentou o sonho do quinto império: 7. (MACKENZIE) “Deus quere, o homem sonha, a obra nasce. E a orla branca foi de ilha em continente, Quem te sagrou creou-te portuguez. O texto anterior faz parte: 8. (UNESP)Leia as estrofes seguintes e assinale a alternativa INCORRETA: “Ó mar salgado, quanto do teu sal Mar português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. (Fernando Pessoa, Mensagem). Nevoeiro Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecer – Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo-fátuo encerra. Ninguém sabe que coisa quer. Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem. (Que ânsia distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro… É a Hora! (Fernando Pessoa, Mensagem). 0-0) Tanto um poema quanto outro expressam uma visão ufanista de Portugal. Ambos retratam, com euforia, o período áureo da história de Portugal, quando o mundo ainda era desconhecido dos entusiastas marinheiros da frota portuguesa. 1-1) Mar Português é um poema em diálogo com o épico camoniano, embora, na segunda estrofe, chegue a um grau de universalidade que nos faz refletir sobre o percurso do homem ao longo da vida. 2-2) No Mar Português, os dois primeiros versos encerram uma metáfora significativa que guia a leitura de toda a estrofe. O sabor do sal é tão desagradável quanto o sofrimento que o mar provoca, representado pelas lágrimas do povo português, também salgadas. 3-3) Nevoeiro canta o estado inglório em que se encontra Portugal no presente da enunciação; mas seu último verso acena para um momento de mudança, na esperança de se reconstruir a glória de Portugal outrora perdida. 4-4) Se as grandes navegações proporcionaram à nação portuguesa um surto de crescimento econômico, é verdade afirmar que o contexto atual de Portugal ainda colhe os frutos desse período de abundâncias, como preveem explicitamente os dois poemas. RESPOSTA: FVVVF 10. (UFMA) Mar Português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Fernando Pessoa in, Fernando Pessoa: No poema acima citado, Fernando Pessoa refere-se à expansão do Império Português, no início da Era Moderna. Se os resultados finais mais conhecidos dessas “Navegações Ultramarinas” foram a abertura de novas rotas comerciais em direção à Índia; a conquista de novas terras e a difusão da cultura europeia, outros elementos também compõem o panorama daquele contexto, como: a) os relatos de viajantes medievais; a reconquista árabe em Portugal; o anseio de crescimento mercantil. b) a ânsia de expandir o cristianismo; a demanda de especiarias; a aliança com as cidades italianas. c) a busca do enriquecimento rápido; o mito do abismo do mar; a desmonetarização da economia. d) o desenvolvimento da matemática; a busca do ouro para as cruzadas; a descentralização monárquica. e) o avanço das técnicas de navegação; a busca do mítico paraíso terrestre; a percepção do universo, segundo uma ordem racional. 11. (UEL) A questão refere-se a uma estrofe, transcrita abaixo, do poema de Fernando Pessoa. MAR PORTUGUÊS Ó mar salgado, quanto do teu sal Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, a frase Tudo vale a pena quando a alma não é pequena remete a: a) Se o objetivo é a grandeza da pátria, não importam os sacrifícios impostos a todos. 12. (MACKENZIE) O poeta ligado ao sentimento nacionalista que tomou conta de Portugal em meio às crises do primeiro período republicano, responsável por MENSAGEM, obra que retomou a formação de
sua pátria, a identificação com o mar, o sonho de um império grande e forte foi: 13. Leia: Ó mar salgado, quanto de teu sal São lágrimas de Portugal! (…) Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Modernismo Hoje: Com relação ao poema, marque a correta. a) Pertence ao Cancioneiro geral de Garcia de Resende, onde se encontra a produção poética do Humanismo português. b) É uma oitava-rima de Os lusíadas, de Luís de Camões, obra que glorifica o povo português e seus extraordinários feitos marítimos. c) Faz parte do livro Mensagem, de Fernando Pessoa, que, com tom sebastianista, refere-se às grandes navegações e à recuperação do passado mítico português. d) É um trecho de Viagens na minha terra, de Almeida Garrett, narrativa romântica que registra fatos históricos da guerra civil portuguesa. e) De um quarteto de um soneto de Barbosa du Bocage, pois evidencia os aspectos pré-românticos, como o individualismo e o exagero. 14. (UNIFOR- CE) Considere o trecho do famoso poema que segue. “Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.” (Fernando Pessoa) A construção das caravelas pelos portugueses no século XV impulsionou consideravelmente as grandes viagens marítimas para além do Cabo Bojador, localizado na costa da África e considerado durante muitos anos o limite para as navegações. Essas embarcações estiveram presentes em quase todas as grandes expedições empreendidas nessa época, como a realizada por Cristóvão Colombo que, em 1492, conduziu duas caravelas e uma nau rumo às Índias, chegando a um continente até então desconhecido pelos europeus. Aliada à construção das caravelas, as inovações que contribuíram especialmente para o êxito marítimo dos europeus nos séculos XV e XVI foram a: a)bússola, o astrolábio e a cartografia. b)máquina a vapor, o quadrante e o telégrafo. c)vela triangular, as cartas de navegação e o termômetro de mercúrio. d)luneta, o cilindro a ar e a hélice metálica. e)navegação de cabotagem, o binóculo e o leme. 15. (PUC- MG) A História e Literatura têm trazido contribuições importantes para compreensão do desenvolvimento das civilizações. Leia o poema Mar Português, de Fernando Pessoa, e assinale a afirmativa CORRETA de acordo com o texto. Ó mar salgado, quanto do teu sal São lagrimas de Portugal! Por te cruzarmos quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. a) Refere-se à expansão marítima portuguesa durante os séculos XV e XVI, ampliando a esfera política e geográfica do mundo conhecido. b) Explica o mito fundador da colonização do novo mundo a partir da imposição da Coroa Portuguesa e de seus aliados espanhóis. c) Trata-se de uma interpretação idealista da expansão marítima portuguesa, criada a partir das ideias mercantilistas inglesas e francesas do século XIX. d)Critica o modelo histórico que explica o processo de colonização portuguesa em função da mudança do eixo Atlântico para o Mediterrâneo. 16. (UNICAMP) Referindo-se à expansão marítima dos séculos XV e XVI, o poeta português Fernando Pessoa escreveu, em 1922, no poema “Padrão”: “E ao imenso e possível oceano Ensinam estas Quinas, que aqui vês, Que o mar com fim será grego ou romano: O mar sem fim é português.” (Fernando Pessoa, Mensagem – poemas esotéricos. Madri: ALLCA XX, 1997, p. 49.) Nestes versos identificamos uma comparação entre dois processos históricos. É válido afirmar que o poema compara a)o sistema de colonização da Idade Moderna aos sistemas de colonização da Antiguidade Clássica: a navegação oceânica tornou possível aos portugueses o tráfico de escravos para suas colônias, enquanto gregos e romanos utilizavam servos presos à terra. b)o alcance da expansão marítima portuguesa da Idade Moderna aos processos de colonização da Antiguidade Clássica: enquanto o domínio grego e romano se limitava ao mar Mediterrâneo, o domínio português expandiu-se pelos oceanos Atlântico e Índico. c)a localização geográfica das possessões coloniais dos impérios antigos e modernos: as cidades-estado gregas e depois o Império Romano se limitaram a expandir seus domínios pela Europa, ao passo que Portugal fundou colônias na costa do norte da África. d)a duração dos impérios antigos e modernos: enquanto o domínio de gregos e romanos sobre os mares teve um fim com as guerras do Peloponeso e Púnicas, respectivamente, Portugal figurou como a maior potência marítima até a independência de suas colônias. 17. (UEA- AM) Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! (Fernando Pessoa. Mar português. Mensagem, 1970.) Mensagem foi o único livro que o poeta português Fernando Pessoa publicou em vida. Ele pensou, a princípio, dar-lhe o título de Portugal, considerando que os poemas tratavam da história do esplendor e da decadência do antigo reino. A estrofe transcrita exprime com lirismo e tristeza a) o orgulho do poeta em ser descendente de ilustres navegadores e a consciência portuguesa de ter criado o mundo moderno. b) os motivos da decadência abrupta de Portugal, devido aos gastos com a fabricação de caravelas e à perda de homens nos naufrágios. c) a resignação cristã que caracterizou a expansão marítima portuguesa, carente de qualquer interesse comercial ou político. d) as dificuldades inerentes às navegações marítimas da Idade Moderna e as suas consequências para a população portuguesa. e) a perda do domínio dos mares pelo governo português e a redução do número de habitantes do reino com as conquistas no além-mar. 18. (UNESP) Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. (Fernando Pessoa. Mar Português. Obra poética, 1960. Adaptado.) Entre outros aspectos da expansão marítima portuguesa a partir do século XV, o poema menciona a) o sucesso da empreitada, que transformou Portugal na principal potência europeia por quatro séculos. b) o reconhecimento do papel determinante da Coroa no estímulo às navegações e no apoio financeiro aos familiares dos navegadores. c) a crença religiosa como principal motor das navegações, o que justifica o reconhecimento da grandeza da alma dos portugueses. d) a percepção das perdas e dos ganhos individuais e coletivos provocados pelas navegações e pelos riscos que elas comportavam. e) a dificuldade dos navegadores de reconhecer as diferenças entre os oceanos, que os levou a confundir a América com as Índias. 19. (FUVEST) A leitura de “Mensagem”, de Fernando Pessoa, permite a identificação de certas linhas de força que guiam e, até certo ponto, singularizam o espírito do homem português, dando-lhe marca muito especial. 20. (UFRGS)Assinale a alternativa correta sobre Mensagem, de Fernando Pessoa. a) Mensagem traz as marcas da vanguarda sensacionista, na medida em que busca articular a história de Portugal ao mito, em um mesmo poema. b) A imagem do mar expressa simbolicamente a busca do infinito, que poderia apaziguar as almas atormentadas de Fernando Pessoa e de seus heterônimos. c) Fernando Pessoa, nessa obra publicada em vida, deu voz a seus heterônimos para expor uma visão poética e múltipla sobre a história portuguesa. d) Dom Sebastião é uma figura central para compreender Mensagem e a expectativa de uma possível redenção de Portugal. e) Os heróis da navegação portuguesa, símbolos do processo civilizacional, cristão, levado aos povos colonizados, são euforicamente celebrados em Mensagem. 21. (UFPE) Mensagem foi o único livro que Fernando Pessoa publicou em vida. Nele, estão reunidos poemas de caráter nacionalista, que compõem uma unidade significativa. Sobre essa obra e seu autor, analise as afirmações abaixo. 0-0) Mensagem é uma obra que trata do caráter heroico do povo português e está composta em versos regulares. Dessa forma, é possível classificá-la como uma epopeia. 1-1) Fernando Pessoa era adepto do sebastianismo e evocou o rei D. Sebastião em seu livro, no afã de transformar Portugal no Quinto Império, o que revela o sentimento monárquico do poeta português. 2-2) Em Mensagem, Fernando Pessoa deixa claro seu nacionalismo fervoroso, pois acreditava que Portugal pudesse voltar a ser o grande império de outrora, exercendo seu poder político-econômico sobre o mundo. 3-3) Mar Português é um dos poemas presentes na obra em análise. Nele, o poeta personifica o mar, que há de reconhecer a disposição dos portugueses para enfrentar todos os tipos de revezes, no ideal de conquistar as terras do além-mar. 4-4) Nos versos de Mensagem, pode-se perceber que a Pátria é de natureza espiritual. Pessoa procura fazer renascer Portugal através dos mitos nacionais, particularmente o da Saudade, “sangue espiritual da Raça”. RESPOSTA: FFFVV 1. (UFVJM) 25 de junho. Fiz o café e vesti eles para ir na escola. Puis feijão no fogo. Vestia a Vera e saímos. O João estava brincando. Quando me viu correu. E o José Carlos assustou-se quando ouviu a minha voz. Vi uma pirua do Governo do Estado. Serviço de Saúde que vinha recolher as fezes. O jornal disse que há 160 casos positivos aqui na favela. Será que eles vão dar remédios? A maioria dos favelados não há de poder comprar. Eu não fiz o exame. Fui catar papel. (…) Ganhei só 25 cruzeiros. É que agora tem um homem que cata na minha zona. Mas eu não brigo por isso. Porque daqui uns dias ele desiste. O homem já está dizendo que o que ele ganha não dá nem para a pinga. Que é melhor pedir esmola. Fonte: JESUS, Carolina Maria. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2012. O uso de formas linguísticas características da variante não padrão da língua portuguesa nesse texto, justifica-se a) pelas características composicionais do gênero textual. b) pelo objetivo do autor em demonstrar sua condição de vida. c) pela relação entre gênero textual e o papel social do seu produtor. d) pela relação entre a informalidade da situação comunicativa e a intertextualidade. 2.Escritor é acusado de racismo por trecho em biografia de Clarice Lispector O escritor e historiador Benjamin Moser, autor da mais recente biografia de Clarice Lispector, vem sendo acusado de racismo desde que um trecho do livro, publicado no Brasil em 2011, foi resgatado nas redes sociais. A lembrança veio da autora mineira Ana Maria Gonçalves. No último sábado (14), ela republicou uma passagem de Clarice em que Moser descreve uma imagem na qual Lispector aparece conversando com Carolina Maria de Jesus durante o lançamento de um livro. “Numa foto, ela aparece em pé, ao lado de Carolina Maria de Jesus, negra que escreveu um angustiante livro de memórias da pobreza brasileira, Quarto de despejo, uma das revelações literárias de 1960. Ao lado da proverbialmente linda Clarice, com a roupa sob medida e os grandes óculos escuros que a faziam parecer uma estrela de cinema, Carolina parece tensa e fora do lugar, como se alguém tivesse arrastado a empregada doméstica de Clarice para dentro do quadro”, escreve o biógrafo na página 25. […] Procurado pela CULT, Benjamin Moser não quis dar entrevista. Ele afirmou que fez as modificações necessárias no texto para que, nas próximas edições da biografia, “suas intenções fiquem mais claras”. Ele não concorda que a descrição tenha sido, de fato, preconceituosa, e afirmou que considera o assunto “fechado”. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/escritor-e-acusado-de-racismo-por-trecho-em-biografia-de-clarice-lispector. [Adaptado]. Acesso em: 30 mar. 2019 Com base no Texto e na leitura integral da obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, no contexto sócio histórico e literário e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que: 01.as locuções “proverbialmente linda” (linha 09) e “uma estrela de cinema” (linha 10) estabelecem uma relação de forte contraste com o “tensa e fora do lugar” (linha 10) e “empregada doméstica de Clarice” (linha 11), sugerindo a superioridade de Clarice sobre Carolina. 02. após ser procurado pela revista, Moser reconheceu seus equívocos, mas não fez modificações na biografia de Clarice Lispector, pois o original da obra já estava “fechado”. 04. de acordo com o texto, a acusação de racismo partiu da autora mineira Ana Maria Gonçalves, que se lembrava do evento do qual participou com Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus. 08. o escritor e historiador Benjamin Moser não reconhece a importância literária da obra Quarto de despejo. 16 o Texto noticia o lançamento de um livro da escritora Clarice Lispector ao qual compareceu Carolina Maria de Jesus. 32. a expressão “tenha sido” (linha 15) marca uma ação de passado anterior a outra ação, equivalente à forma verbal “fora” do pretérito mais-que-perfeito. 64. a sentença “Ele afirmou que fez as modificações necessárias no texto” (linhas 13-14) está na voz passiva por se tratar de uma citação do biógrafo feita pela revista CULT. RESPOSTA: 01 3. (UFVJM) Leia o trecho a seguir: A partir da sua condição social de mulher, negra, favelada, catadora de lixo e mãe solteira, Carolina Maria de Jesus, em Quarto de despejo, compôs um angustiante retrato do Brasil em meados do século XX. Para isso, utilizou de figuras de linguagem como metáforas, metonímias, comparações, analogias e ironias, que, somadas à sua coloquialidade, consolidaram uma das manifestações mais representativas do lirismo presente na fala do povo brasileiro. Entre as citações abaixo, retiradas de Quarto de despejo, ASSINALE aquela que NÃO apresenta linguagem figurada. a) “O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora”. b) “Quem governa o nosso país é quem tem dinheiro, quem não sabe o que é fome, dor, e a aflição do pobre. […] Eu estou ao lado do pobre, que é o braço. Braço desnutrido”. c) “Quando eu era menina o meu sonho era ser homem para defender o Brasil porque eu lia a Historia do Brasil e ficava sabendo que existia guerra. Só lia os nomes masculinos como defensores da pátria”. d) “Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludo, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo”. Texto 13 de maio […] – “Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos. Hoje choveu e eu não pude ir catar papel. Agradeço. Carolina. ” … Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetáculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome! JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10. ed. São Paulo: Ática, 2018, p. 30-32 4. Com base na leitura do Texto e na leitura integral da obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, publicada pela primeira vez em livro em 1960, no contexto sócio histórico e literário e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que: 01. Quarto de despejo é uma coletânea de relatos pessoais dedicados a narrar o dia a dia do ano de 1958 na vida de Carolina Maria de Jesus, de sua família e da comunidade. 02. reforçando o mito do “homem cordial” na tradição literária brasileira, a obra revela como os moradores da favela do Canindé e arredores são acolhedores, solidários e solícitos com Carolina e com seus filhos. 04. há remissão ao dia em que se comemora oficialmente a Abolição da Escravidão no Brasil, numa crítica ao controle social exercido pela fome, que marca a existência de outro modo de escravidão. 08. a autora emprega frases e orações curtas, o que confere maior ênfase e ritmo ao texto, recurso linguístico utilizado com frequência por autores da literatura brasileira contemporânea. 16. o emprego de metáforas e comparações auxilia na recriação ficcional do cotidiano da favela, como é o caso do adjetivo “acinzentado”, tomado como a cor da fome, numa clara alusão às casas sem reboco do entorno, e do substantivo “corvos”, num comparativo com os favelados, homens e mulheres sempre à procura de comida. 32. em “Dona Ida peço-te” (linha 02), os termos em destaque servem como vocativo, apesar da ausência de vírgula. 64. a obra tem sido revisitada por críticos contemporâneos em nova abordagem que confere ao texto valor literário, superando uma leitura sociológica, pois reconhece nele a existência de um projeto estético próprio da autora. RESPOSTA: 04+08+64 = 76 5. (UNIMONTES) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, todas as afirmativas abaixo estão corretas, EXCETO: a)A autora – mulher, negra, mãe solteira – assinala a sua escrita com a consciência do que é estar no “quarto de despejo” da grande cidade de São Paulo. b) O ato cotidiano de recolher resíduos da sociedade paulistana é uma evasão de uma mulher que se sente marginalizada. c) O diário Quarto de despejo é constituído de fragmentos de vida reunidos em cadernos encontrados nas ruas. d) Os relatos diários são marcados por um olhar de denúncias e pela descrição da rotina marginal de sua autor 6. (UFMG) Com base na leitura “Shenipabu Miyui” e “Quarto de despejo”, é INCORRETO afirmar que ambos os livros 7. (UFSC) Texto 12 de junho Eu deixei o leito as 3 da manhã porque quando a gente perde o sono começa pensar nas misérias que nos rodeia. […] Deixei o leito para escrever. Enquanto escrevo vou pensando que resido num castelo cor de ouro que reluz na luz do sol. Que as janelas são de prata e as luzes de brilhantes. Que a minha vista circula no jardim e eu contemplo as flores de todas as qualidades. […] É preciso criar este ambiente de fantasia, para esquecer que estou na favela. Fiz o café e fui carregar água. Olhei o céu, a estrela Dalva já estava no céu. Como é horrível pisar na lama. JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2018, p Com base no Texto e na leitura integral da obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, publicada pela primeira vez em livro em 1960, no contexto sócio histórico e literário e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que: 01. o vocábulo “leito” (linha 02) sugere que a narradora deixou o hospital durante a madrugada, após mais uma de suas internações hospitalares, situação corriqueira agravada pela alimentação inadequada e pela falta de água tratada na região onde morava. 02. no Texto , a narradora reitera a importância da escrita em sua vida, pois a literatura era uma das únicas possibilidades de esquecer seu entorno. 04. o projeto estético, marcado por uma visão fantasiosa da vida, permite que a narradora ignore as dificuldades cotidianas, razão pela qual se atém apenas à beleza do despontar de uma estrela. 08. o cotidiano da favela evidencia a brutalidade e a violência sistêmica a que todos os moradores estão submetidos, fazendo com que brigas, episódios de violência doméstica e surras sejam vistos como entretenimento pela vizinhança. 16. em suas peregrinações como catadora, a protagonista revela seu desprezo pela cidade de São Paulo, de luxo e opulência para poucos, razão pela qual prefere manter distância desse espaço, habitando na favela. 32. Vera, João e José Carlos, filhos da narradora, adaptam-se com mais facilidade do que a mãe à vida na favela, sendo caracterizados como bajuladores, que pedem esmolas e obedecem à mãe. 8. (UEMA) Na obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, Carolina Maria de Jesus retrata, em uma dimensão sociológica e literária, suas impressões sobre o cotidiano dos moradores de uma favela. Para responder à questão, leia a seguir dois excertos, transcritos integralmente, da referida obra. Texto I 20 DE MAIO (…) Quando cheguei do palácio que é a cidade os meus filhos vieram dizer-me que havia encontrado macarrão no lixo. E a comida era pouca, eu fiz um pouco do macarrão com feijão. E o meu filho João José disse-me: – Pois é. A senhora disse-me que não ia mais comer as coisas do lixo. Foi a primeira vez que vi a minha palavra falhar. (…) Texto II 30 DE MAIO (…) Chegaram novas pessoas para a favela. Estão esfarrapadas, andar curvado e os olhos fitos no solo como se pensasse na sua desdita por residir num lugar sem atração. Um lugar que não se pode plantar uma flor para aspirar o seu perfume, para ouvir o zumbido das abelhas ou o colibri acariciando-a com seu frágil biquinho. O único perfume que exala na favela é a lama podre, os excrementos e a pinga. (…) Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 9. ed. São Paulo: Ática, 2007. A noção de contexto e de repertório social sugerida pela narradora-personagem revela o(a) a) resistência de moradores ao novo ambiente. b) visão de contraste entre o lugar ideal e o real. c) impacto dos novos moradores a ambiente infértil. d) embate entre pessoas que residem em ambientes distintos. e) ambição de pessoas que residem em lugares insalubres. 9. (UEMA) O texto a seguir foi transcrito integralmente da obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus. Leia-o com atenção e observe o mecanismo de coesão entre as frases no último parágrafo. 30 DE OUTUBRO (…) Eu comecei a fazer as contas quando levar os filhos na cidade quanto eu vou gastar de bonde. 3 filhos e eu, 24 cruzeiros ida e volta. Pensei no arroz a 30 o quilo. Uma senhora chamou-me para dar-me papeis. Disse-lhe que devido ao aumento da condução a policia estava nas ruas. Ela ficou triste. Percebi que a noticia do aumento entristece todos. Ela disse-me: – Eles gastam nas eleições e depois aumentam qualquer coisa. O Auro perdeu, aumentou a carne. O Adhemar perdeu, aumentou as passagens. Um pouquinho de cada um, eles vão recuperando o que gastam. Quem paga as despesas das eleições é o povo! Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 9. ed. São Paulo: Ática, 2007. O discurso direto, reproduzido no fragmento em destaque, é marcado por um encadeamento semântico-discursivo que resulta na sequência narrativa. A expressão coesiva responsável por essa sequência é a) ―qualquer coisa. b) ―das eleições. c) ―de cada um. d) ―e depois. e) ―o que. 10. (UNIMONTES) O fragmento abaixo foi extraído do livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Leia-o com atenção. 1 DE JULHO… Eu percebo que se este Diário for publicado vai maguar muita gente. Tem pessoa que quando me ver passar saem da janela ou fecham as portas. Estes gestos não me ofendem. Eu até gosto porque não preciso parar para conversar. (…) Quando passei perto da fabrica vi vários tomates. Ia pegar quando vi o gerente. Não aproximei porque ele não gosta que pega. Quando carregam os caminhões os tomates caem no solo e quando os caminhões saem esmaga-os. Mas a humanidade é assim. Prefere vê estragar do que deixar seus semelhantes aproveitar. (JESUS, 1997, p. 69.) Sobre o excerto acima e sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, a única afirmativa INCORRETA é: a)Para a autora, os papéis colhidos nas ruas são sua fonte de sobrevivência e, mais tarde, a matéria-prima para a escrita dos seus diários. b) Os diários, além de uma forma de extravasamento da raiva e de fazer-se conhecer, eram, para a autora, um registro da memória. c) A dimensão social e humanística do romance é perceptível por meio da confissão diarística da narradora. d) A linguagem de norma culta e singular da escritora do povo legitima o lugar social de sua autora. 11. (UNICAMP) “…Nas ruas e casas comerciais já se vê as faixas indicando os nomes dos futuros deputados. Alguns nomes já são conhecidos. São reincidentes que já foram preteridos nas urnas. Mas o povo não está interessado nas eleições, que é o cavalo de Troia que aparece de quatro em quatro anos.” (Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014, p. 43.) O trecho anterior faz parte das considerações políticas que aparecem repetidamente em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Considerando o conjunto dessas observações, indique a alternativa que resume de modo adequado a posição da autora sobre a lógica política das eleições. a) Por meio das eleições, políticos de determinados partidos acabam se perpetuando no exercício do poder. b) Os políticos se aproximam do povo e, depois das eleições, se esquecem dos compromissos assumidos. c) Os políticos preteridos são aqueles que acabam vencendo as eleições, por força de sua persistência. d) Graças ao desinteresse do povo, os políticos se apropriam do Estado, contrariando a própria democracia. 12. As questões a seguir são referentes ao Quarto de Despejo Assinale com V ou F as seguintes afirmações abaixo ( ) Carolina mora na favela, é pobre, catadora de lixo e alcoólatra. As segundas-feiras são o melhor dia para catar papéis. ( ) Carolina, apesar de se dar muito bem com seus vizinhos, almeja um dia poder sair da favela e publicar seu livro. ( ) Os filhos de Carolina são muito bem tratados pela comunidade da favela. A solidariedade é muito presente. ( ) Carolina tem 3 filhos, Vera Eunice, José Carlos e João José. Carolina sempre teve boas experiências com os homens. a) F, F, F, F b) V, F, V, F c) V, V, V, V d) V, F, F, V e) V, F, F, F 13. Julgue os itens abaixo I. A narrativa ocorre em São Paulo. Carolina Maria de Jesus é a autora do livro do qual é narrado pela própria protagonista, em primeira pessoa. II. A política é bastante presente no livro, com a narradora fazendo críticas aos políticos que só apareciam na favela em épocas de eleições. O presidente do Brasil da época era Juscelino Kubitschek. III. No processo de publicação do livro, acabou-se por adaptar a obra para uma linguagem culta e formal, para encaixar-se na escola literária da época, o Parnasianismo. Estão corretas a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 14. Leia o excerto a seguir “É o homem mais distinto da favela. Ele está aqui já faz 9 anos. Sai de casa e vai para o trabalho. Não falta ao serviço. Nunca brigou com ninguém. Nunca foi preso. Ele é o homem mais bem remunerado da favela. Trabalha para o Conde Francisco Matarazzo.” O texto refere-se ao seguinte personagem a) Senhor Manoel, amigo que ajuda Carolina e que também se envolve sexualmente. b) Orlando Lopes, que cobra a energia elétrica. c) Audálio Dantas, repórter que publica seu livro. d) Dário, cigano que se envolve amorosamente com Carolina. e) Raimundo, cigano por quem Carolina se apaixona e depois se desilude. 15. Assinale a alternativa incorreta a) O pai de Vera Eunice ajuda Carolina com o dinheiro da pensão, que em momento algum tem seu nome revelado no diário. b) Carolina consegue publicar seu diário na revista Cruzeiro. c) A fome, as brigas e o ódio na favela são temas recorrentes na narrativa. d) Às segundas Carolina consegue coletar mais materiais para vender, enquanto nos sábados é o dia de maior preocupação, uma vez que ela precisa trabalhar dobrado para o domingo. e) No livro é possível acompanhar a ascensão social de Carolina até o momento que seu livro, Diário de Despejo, é publicado. 16. (UFRGS) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações. ( ) A história, estruturada em forma de diário, abarca cinco anos da vida de Carolina, que, segundo a narradora, suporta sua rotina de fome e violência através da escrita. ( ) A autora produz uma narrativa de grande potência, apesar dos desvios gramaticais presentes no texto. ( ) A narradora reflete sobre desigualdade social e racismo. A força do texto está no depoimento de quem sente essas mazelas no corpo e ainda assim se apresenta como voz vigorosa e propositiva. ( ) O livro, relato atípico na tradição literária brasileira, nunca obteve sucesso editorial, permanecendo esquecido até os dias de hoje. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) F – V – F – F. b) V – F – V – V. c) V – F – F – V. d) V – V – V – F. e) F – V – V – V Leia o texto para responder às questões de números 17 a 19. (FATEC) 13 de maio Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpático para mim. É o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos. …Nas prisões os negros eram os bodes expiatórios. [….] Continua chovendo. E eu tenho só feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair. …Eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada: – Viva a mamãe! A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Ela não tinha. Mandei-lhe um bilhete assim: – “Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos. Hoje choveu e eu não pude ir catar papel. Agradeço. Carolina.” …Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetáculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome! 29 de maio [….] …Há de existir alguém que lendo o que eu escrevo dirá…isto é mentira! Mas, as misérias são reais. MARIA DE JESUS, Carolina. Quarto de Despejo: Diário de uma favelada. São Paulo: Editora Ática, 2017. Adaptado. 17. O texto foi retirado do livro Quarto de Despejo, diário escrito por Carolina Maria de Jesus, moradora da favela do Canindé, em São Paulo, na década de 1950. A edição reproduz fielmente os manuscritos originais. Analisando a linguagem apresentada no trecho, conclui-se corretamente que a) a autora não apresenta reflexão crítica sobre suas experiências por desconhecer a variedade culta do português. b) o fato de a autora não utilizar a variedade culta se deve ao gênero do texto, uma vez que diários não são escritos visando à publicação. c) os problemas de ortografia, como em “expiatório”, e de concordância, como em “quando eles vê”, ocorrem por predominar no texto o sentido denotativo. d) o texto é predominantemente conotativo, o que se nota por expressões como “hoje amanheceu chovendo” e “a chuva passou”. e) o texto aborda, de forma crítica e empregando linguagem informal, temas relevantes à sociedade, como fome e pobreza. 18. Assinale a alternativa que, de acordo com o contexto, apresenta a figura de linguagem metáfora. a) Dona Ida peço-te se pode arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos. b) E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome! c) Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. d) Dez minutos depois eles querem mais comida. e) Hoje choveu e eu não pude ir catar papel. 19. Assinale a alternativa em que o trecho do diário foi reescrito, mantendo-se as correlações semânticas originais e respeitando-se a variedade culta da língua portuguesa. a) Hoje amanheceu chovendo por ser um dia simpático para mim, posto que é o dia da Abolição quando comemoramos a libertação dos escravos. b) Eu tenho tanto dó dos meus filhos, pois, quando eles veem as coisas para comer, eles bradam: “Viva a mamãe”. c) Como continua chovendo, eu só tenho feijão e sal. A chuva está forte, logo, mandei os meninos para a escola. d) Estou escrevendo mesmo que passe a chuva, depois disso eu irei ao senhor Manuel vender ferros. e) A manifestação me agrada, desde que eu já perdera o hábito de sorrir. 20. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre as escritoras Carolina Maria de Jesus e Clarice Lispector e sobre suas obras. I – Carolina Maria de Jesus (1914 -1977) e Clarice Lispector (1920 -1977) pertencem à mesma geração cronológica, mas não tiveram a mesma trajetória no campo literário, dada a diferença de dasse e raça. II – Quarto de despejo, publicado em 1960, é o testemunho, em primeira pessoa, de Carolina Maria de Jesus sobre sua vida de miséria em uma favela paulista. Editado por Audalio Dantas, está presente no livro a tensão entre a linguagem dominada por Carolina e aquela que, para ela, seria a linguagem literária. III – Clarice Lispector, em A hora da estrela (1977), cria uma personagem, Macabéa, que narra, em primeira pessoa, as dificuldades de sua vida de empregada doméstica e moradora de uma favela carioca. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 21. (UFRGS) No bloco superior abaixo, estão listados os títulos dos romances de Carolina Maria de Jesus e de Clarice Lispector; no inferior, trechos desses romances. Associe adequadamente o bloco inferior ao superior. 1 – Quarto de despejo 2 – A hora da estrela ( ) Ela me incomoda tanto que fiquei oco. Estou oco desta moça. E ela tanto mais me incomoda quanto menos reclama. […] Como me vingar? Ou melhor, como me compensar? Já sei: amando meu cão que tem mais comida do que a moça. Por que ela não reage? Cadê um pouco de fibra? Não, ela é doce e obediente. ( ) Achei um saco de fubá no lixo e trouxe para dar ao porco. Eu já estou tão habituada com as latas de lixo, que não sei passar por elas sem ver o que há dentro. [ …] Ontem eu li aquela fábula da rã e a vaca. Tenho a impressão que sou rã. Queria crescer até ficar do tamanho da vaca. ( ) A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nós quando estamos no fim da vida é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha, até aqui, tem sido preta. Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro. ( ) “Una Furtiva Lacrima” fora a única coisa belíssima na sua vida. [ … ] Era a primeira vez que chorava, não sabia que tinha tanta água nos olhos. [ … ] Não chorava por causa da vida que levava: porque, não tendo conhecido outros modos de viver, aceitara que com ela era “assim”. Mas também creio que chorava porque, através da música, adivinhava talvez que havia outros modos de sentir. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 – 2 – 2 – 1. b) 2 – 1 – 1 – 2. c) 2 – 1 – 2 – 1. d) 1 – 2 – 1 – 2. e) 1 – 1 – 2 – 2. 1. (FUVEST) Considere este trecho de um diálogo entre pai e filho (do romance “Lavoura arcaica”, de Raduan Nassar): – Quero te entender, meu filho, mas já não entendo nada. No trecho, ao qualificar o seu próprio discurso, o filho se vale tanto de linguagem denotativa quanto de linguagem conotativa. b) Traduza em linguagem de sentido denotativo o que está dito de forma figurada na frase: “se há farelo nisso tudo, posso
assegurar, pai, que tem muito grão inteiro.” a) A frase “estou lúcido, pai, sei onde me contradigo” é de sentido denotativo, pois expressa de forma inequívoca um significado de base: a consciência do filho da lucidez diante de seu discurso desconexo. b) Uma tradução possível é: se no que eu digo pode haver alguma obscuridade ou desconexão, tenha certeza, meu pai, de que muita coisa aí contida também é coerente e muito bem pensada. 2. (UFPR) Leia o capítulo 6 de Lavoura arcaica, reproduzido abaixo. Desde minha fuga, era calando minha revolta (tinha contundência o meu silêncio! tinha textura a minha raiva!) que eu, a cada passo, me distanciava lá da fazenda, e se acaso distraído eu perguntasse “para onde estamos indo?” – não importava que eu, erguendo os olhos, alcançasse paisagens muito novas, quem sabe menos ásperas, não importava que eu, caminhando, me conduzisse para regiões cada vez mais afastadas, pois haveria de ouvir claramente de meus anseios um juízo rígido, era um cascalho, um osso rigoroso, desprovido de qualquer dúvida: “estamos indo sempre para casa”. NASSAR, Raduan. Lavoura arcaica. 3a ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. pp.35/36. Considere as seguintes afirmativas sobre a narrativa de Raduan Nassar, publicada pela primeira vez em 1975: 1. Em Lavoura arcaica, não há marcação temporal do narrado e a narração não segue uma cronologia linear. Mesmo assim, o tempo é uma das questões centrais na tensão entre pai e filho, entre a pregação da contenção, da paciência e da obediência ao curso natural e soberano do tempo pelo patriarca e a reivindicação do direito à impaciência e à urgência pelo jovem filho. 2. As duas epígrafes – “Que culpa temos nós dessa planta da infância, de sua sedução, de seu viço e constância?”; “Vos são interditadas: vossas mães, vossas filhas, vossas irmãs,…” – estabelecem uma relação com as duas linhagens da família: de um lado, o excesso de afeto materno; de outro, a imposição da ordem paterna. 3. A relação incestuosa com a irmã Ana e a tentativa de levá-la consigo no abandono da casa paterna representam a rejeição de todos os laços familiares por parte de André e o desejo, sempre presente, de se distanciar da repressão paterna e abandonar a lavoura arcaica em busca do diferente na cidade moderna. 4. Estamos indo sempre para casa, mas o retorno é sempre diferente. A cena habitual da festa familiar da primeira parte reaparece no final, com mudança apenas do tempo verbal. Dessa vez, no entanto, o fecho é diferente e trágico: o pai, símbolo da razão e do equilíbrio, cede à paixão e à loucura ao matar a própria filha. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. 3. Assinale a alternativa correta sobre Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. a) André vai morar na capital e produz de lá seu relato saudoso da vida no campo e da relação amigável que tinha com seu pai. b) O romance reconstrói a trajetória de uma família, que serve de pano de fundo para as críticas diretas do autor aos governos militares. c) O narrador em primeira pessoa concentra sua narrativa no esforço de entender a relação amorosa que manteve com uma prima distante. d) André descreve com detalhes o espaço de uma fazenda, onde viveu com sua família durante a infância no interior de São Paulo. e) O discurso do pai do personagem central representa a ordem moral ditada pelos códigos religiosos e se contrapõe ao do narrador. 4. (UFU ) Coloque V (verdadeiro) e F (falso) nas afirmativas que se seguem, considerando a leitura de “Lavoura arcaica”, de Raduan Nassar. 5. Considere o trecho abaixo, que integra o livro Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar: “[…] aprenderei ainda muitas outras tarefas, e serei sempre zeloso no cumprimento de todas elas, sou dedicado e caprichoso no que faço, e farei tudo com alegria, mas pra isso devo ter um bom motivo, quero uma recompensa para o meu trabalho, preciso estar certo de poder apaziguar a minha fome neste pasto exótico, preciso do teu amor, querida irmã, e sei que não exorbito, é justo o que te peço, é a parte que me compete, o quinhão que me cabe, a ração a que tenho direito”, e, fazendo uma pausa no fluxo da minha prece, aguardei perdido em confusos sonhos, meus olhos caídos no dorso dela, meu pensamento caído numa paragem inquieta, mas tinha sido tudo inútil, Ana não se mexia, continuava de joelhos, tinha o corpo de madeira, nem sei se respirava […] (p. 124) Sobre esse trecho, assinale a alternativa correta. a)Ana se mantém imóvel diante do irmão, o que faz desse trecho um contraponto com outra cena central do romance, em que a sensualidade e exuberância da personagem serão expostas numa dança. b) Esse trecho apresenta a figuração da linguagem característica das demais falas de André, exemplificando um discurso que cruza a linguagem enigmática das preces religiosas associado com metáforas ligadas à agricultura. c) As falas de Ana só estão omitidas nesse trecho; em todo o restante do romance, no entanto, a irmã é a principal propagadora da ordem instituída pelo pai, enquanto o discurso de André se contrapõe ao deles. d) O livro de Raduan Nassar faz referências explícitas ao texto bíblico, procurando demonstrar, como nesse trecho, que o instinto e as leis da natureza estão de acordo com a moralidade cristã. e) A linguagem enigmática do texto religioso é típica do pai de André, e isso reforça o seu desacordo com o filho, cujas falas são sempre explícitas e concisas, sem referências aos textos religiosos. 6. A obra Lavoura arcaica, e seu autor, Raduan Nassar, inserem-se no período da literatura chamado: a) realismo fantástico; b) pós-modernismo; c) surrealismo; d) literatura contemporânea; e) neossimbolismo. 7. A narrativa de Lavoura arcaica é feita: a) por um narrador personagem, num longo processo de fluxo de consciência; b) por um narrador observador, onisciente, em terceira pessoa; c) pela irmã do personagem central, objeto da paixão secreta do pai; d) por diversos personagens com diferentes focos narrativos; e) em retrospectiva seguindo uma ordem cronológica do presente para o passado. 8. Assinale as seguintes afirmações sobre a obra Lavoura arcaica, de Raduan Nassar. 1. A obra é constituída de um texto que coloca o leitor diante da poesia e da intensidade escondida nos fatos mais corriqueiros da vida. 2. Esta narrativa não tem um espaço específico: é uma obra de todos os lugares que acaba por se fixar naquele que cada um particularmente busca. 3. Raduan Nassar apresenta um enredo que fala de tradição remetendo, simultaneamente, o leitor a um tempo imensurável e individual, misturando o hoje, o ontem e o sempre. 4. O personagem narrador não se restringe à defesa de suas ideias: desdobra-se em ação quando passa a proteger Ana, sua irmã, expulsa pelos pais os saberem-na grávida do próprio irmão. Estão corretas apenas as afirmações: a) 1 e 2; b) 1,2 e 3; c) 2 e 3; d) 2,3 e 4; e) 1, 3 e 4. 9. Assinale a afirmação que não se confirma pela análise da obra Lavoura arcaica, de Raduan Nassar. a) Na obra, a fala é de André, a ambiguidade do texto é a do André, da mesma forma que a indefinição do contexto é reflexo do não-enquadramento de André em um padrão. b) Misturando repulsa e paixão, perene e descoberta, o protagonista de Lavoura arcaica se desvencilha do pré-estabelecido como forma de se fazer pertencer. c) Um dos aspectos essenciais da narrativa é a atitude de André que sai de casa, afastando-se da tradição para seguir em busca de seu próprio caminho. d) A imagem do protagonista pode ser vinculada à do personagem da parábola do filho pródigo do Evangelho que escapa da vigilância do seu senhor, mas que volta ao lar, convicto de que nada pode encontrar fora dos limites da sua própria história. e) Fugindo com a amada em direção de outros horizontes, André julga buscar a terra prometida, onde a vida não seja uma competição de ódios, mas uma conquista de amor. 10. Assinale a alternativa correta quanto à classificação do gênero literário de Lavoura arcaica. a) O texto de Raduan Nassar pertence exclusivamente ao gênero épico ou narrativo: é um romance, por basear sua linha mestra no encadeamento de episódios e não ir além do que se espera desse gênero, em sua formulação tradicional. b) Por sua carga de dramaticidade ao dirigir todo o vigor para os personagens, podemos classificar Lavoura arcaica como uma obra essencialmente teatral, lídimo3 representante, portanto, do gênero dramático. c) Chama a atenção o caráter desnorteador de Lavoura arcaica, que ultrapassa os limites das classificações. E como André está em todos da sua casa e ao mesmo tempo não está em nenhum, o texto não se fecha em um só gênero já que passeia por muitos. d) À primeira vista a obra pode ser chamada de tragédia surrealista e fantástica, por sua estrutura circular, pela ambiguidade e frequente ilogicidade no encadeamento das ações. e) Por causa de sua linguagem poética e sua carga de subjetividade, o texto deve ser classificado unicamente como do gênero lírico, exemplo de prosa poética, por suas ricas metáforas, uso de aliterações, repetições e sinestesias. 11. Tendo em vista os conceitos rígidos apresentados na obra sobre a família, o trabalho, a autoridade paterna, o amor, a sexualidade, a moral e as relações pessoais, percebe-se que na criação de Lavoura arcaica o autor foi fortemente influenciado: a) pela visão de mundo e pelos princípios morais apreendidos na leitura do Alcorão e da Bíblia; b) pelos estudos da filosofia clássica greco-romana e pelo contato com as obras dos autores da época; c) pela literatura oriental, apresentada principalmente nos textos de Confúcio e de Buda; d) pela experiência vivida em comunidades fundamentalistas da religião “amish” dos EUA. e) pelo sincretismo religioso representado pela miscigenação de cultos africanos com o catolicismo no Brasil. 12. Leia o trecho inicial da obra Lavoura arcaica: “Os olhos no teto, a nudez dentro do quarto; róseo, azul, violáceo, o quarto inviolável; o quarto individual, um mundo, o quarto catedral, onde nos intervalos da angústia, se colhe, de um áspero caule, na palma da mão, a rosa branca do desespero, pois entre os objetos que o quarto consagra estão primeiro os objetos do corpo….” Esse texto exemplifica um tipo de linguagem empregada reiteradamente na obra com características típicas: a) Dos contos psicológicos de Machado de Assis; b) da linguagem utilizada por José Lins do Rego em Fogo morto; c) do estilo rebuscado da poesia de Gregório de Matos; d) da expressão coloquial observada na peça Eles não usam black-te; e) da linguagem poética empregada por Drummond em Claro enigma. 13. No capítulo 24 de Lavoura Arcaica, o protagonista/narrador fala sobre os lugares que cada membro da família ocupava à mesa: “Eram estes nossos lugares à mesa na hora das refeições, ou na hora dos sermões: o pai à cabeceira; à sua direita, por ordem de idade, vinha primeiro Pedro, seguido de Rosa, Zuleika e Huda; à sua esquerda vinha a mãe, em seguida eu, Ana e Lula, o caçula”. O galho da direita era um desenvolvimento espontâneo do tronco, desde as raízes; já o da esquerda trazia o estigma de uma cicatriz, como se a mãe, que era por onde começava o segundo galho, fosse uma protuberância mórbida, em enxerto junto ao tronco talvez funesto, pela carga de afeto; podia-se quem sabe dizer que a distribuição dos lugares na mesa (eram caprichos do tempo) definia as duas linhas da família. (L.A. p.157). Da leitura desse texto podemos inferir que: a) Ao lado do pai colocam-se os filhos perdidos, os que continuarão a manter em vigor as tradições repressoras, geradoras da hipocrisia, dos desvios de personalidade, do moralismo que esmaga a liberdade e faz nascer sentimentos espúrios. b) Ao lado da mãe postam-se os filhos exemplares, de alma sincera e sentimentos verdadeiros que se traduzem em personalidades equilibradas, livres para dizer e fazer o que sentem e pensam. c) A mãe se caracteriza pelo sentimento incestuoso por André, que por sua vez ama a irmã Ana e é amado por Lula, o caçula, configurando o mapa de transgressão do ramo esquerdo. d) Lavoura Arcaica é em seu contexto um arquétipo das histórias de famílias patriarcais recentes que nasceram junto com os atuais conflitos religiosos em todo mundo, principalmente no Oriente Médio. e) A figura da “família” como uma instituição decadente; a imagem do “pai” como alguém de extrema ignorância; da “mãe” como uma figura essencial, e do primogênito, no caso Pedro, como alguém que deverá perpetuar a sabedoria patriarcal são elementos que ilustram o texto. 14. Ainda sobre o texto da questão anterior, são feitas várias observações e acrescentadas várias interpretações. Analise-as com cuidado. 1. Podemos traçar um paralelo da situação exposta no texto com Adão e Eva e sua expulsão do Paraíso. É Eva quem infringe a regra e por isso é condenada, junto com todas as mulheres, a pagar por seu pecado original. 2. A divisão da família como ramo direito e esquerdo também remete a outro episódio bíblico; a separação de Abraão e seu primo Ló. O primeiro vai em direção à Canaã, a terra prometida, enquanto o outro vai para Sodoma, que ficaria à esquerda, no Oriente. 3. Se, conforme Carl Jung, todos nascemos com um inconsciente coletivo dotado de todos os arquétipos já existentes desde os tempos mais remotos, poderíamos dizer que o autor toma como base as narrativas do Velho Testamento para compor sua obra. 4. André, o protagonista e narrador de Lavoura arcaica, se encaixa no arquétipo do “Filho Pródigo”, que na Bíblia é a personagem que sai de casa à procura de suas verdades e retorna, humilde, ao seio da família. Mas ele também se coloca como um arquétipo do mundo divino demoníaco, personificando as forças da natureza, especialmente no que diz respeito aos impulsos sexuais. Considerando a abrangência da obra, podem ser consideradas corretas: a) apenas as afirmações 1, 2 e 3; b) apenas as afirmações 1, 3 e 4; c) apenas as afirmações 2, 3 e 4; d) apenas as afirmações 1, 2 e 4; e) Todas as afirmações. 15. A respeito da obra Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, é correto afirmar que: a) a palavra do pai, oriunda da tradição dos dez mandamentos, das parábolas bíblicas, dos profetas e dos grandes pregadores cristãos, torna-se ineficaz, configurando a simbólica lavoura arcaica, e o resultado não poderia ser outro senão a tragédia: o pai mata a filha Ana, ao perceber que ela ama André, e depois, de modo não explícito no livro, também acaba por perder a vida. b) O núcleo familiar em que se desencadeia a trama de Lavoura arcaica é constituído de imigrantes árabes a Síria para o Brasil. O livro é dividido em três partes: a primeira “A partida”; a segunda “O retorno”; a terceira “A tragédia”. c) A estrutura da obra corresponde tematicamente a uma sátira que Nassar faz da parábola do filho pródigo, a história bíblica do filho que deixa a casa e retorna arrependido e transformado em filho exemplar. d) André acredita no homem e na moral, mas nega a existência de Deus e o seu poder de transcendência, em nome do instinto sexual, que consiste na posse integral dos seres em troca da destruição da fé. e) O conflito entre indivíduo, leis e sociedade é o componente básico dos conflitos do próprio personagem narrador. A obra trata justamente da luta pela integração entre o indivíduo e a sociedade, culminando com a conquista da coexistência das vontades e das dores de André com o mundo em que ele vive. 16. Leia o texto a seguir, que é um excerto de um dos sermões do pai, em Lavoura arcaica: “Ai daquele que queima a garganta com tanto grito: será escutado por seus gemidos; ai daquele que se antecipa no processo das mudanças: terá as mãos cheias de sangue; ai daquele, mais lascivo, que tudo quer ver e sentir de um modo intenso: terá as mãos cheias de gesso, ou pó de osso, de um branco frio, ou quem sabe sepulcral” Da leitura do texto, podemos concluir que o ensinamento fundamental desse sermão resume-se na expressão: a) “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”. b) “É preciso dar tempo ao tempo”. c) “Deus ajuda a quem cedo madruga”. d) “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. e) “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. 17. Assinale a alternativa incorreta a respeito de Lavoura Arcaica: a) O personagem central busca a integração, o seu lugar na mesa da família, justamente por meio do que o destruiria, o amor incestuoso entre ele e Ana, sua irmã. b) Quando André resolve conduzir a sua história, o seu tempo é o da aventura; mas quando o mundo lhe diz não, o tempo se torna aquele já marcado pelo destino das coisas, que retorna como uma maldição, num ciclo repetitivo. c) Para André, àqueles que não ganham do mundo o seu quinhão restam duas alternativas: dar as costas a tudo ou alimentar uma expectativa de destruição deste mundo. d) A obra trata da condição do homem, em que o conflito das diferenças, a violência, a imposição de uma tradição e, do outro lado da moeda, o individualismo, põe em xeque a existência da própria humanidade, as suas instituições e a viabilidade da sua reprodução. e) Insaciável, saudoso e faminto do amor que experimentou nos leitos das meretrizes que assiduamente frequentava, André, adolescente instável e presa de uma psique tumultuada, acaba encontrando em Ana, sua irmã mais nova, o combustível do seu desejo sexual e de suas afeições puramente físicas. 18. Avalie as seguintes afirmativas a respeito de Lavoura Arcaica: 1. O pai determina que o filho mais velho, Pedro, vá em busca do filho pródigo na cidade. Pedro encontra o irmão em um quarto de pensão marcado pela sordidez. 2 O retorno de André ao lar, depois dos muitos apelos do irmão mais velho, traz finalmente a paz, pondo fim aos aspectos doentios e perturbações do relacionamento entre os membros da família. 3. O caçula, Lula, também pretende, a exemplo de André, abandonar a fazenda em busca de um mundo que promete inúmeras possibilidades de prazeres e de um vida mais livre (o drama do êxodo rural). 4. A figura cigana, sensual e mediterrânea da irmã Ana, posteriormente será o pivô da ruína do clã . Estão corretas apenas as afirmações: a) 1,2 e 3. b) 2,3 e 4. c) 1,3 e 4. d) 1,2 e 4. e) 3 e 4. 11. 19. A imagem da família sentada à mesa repartindo o pão em Lavoura Arcaica, remete a um dos mais fortes símbolos do Cristianismo que é: a) a união e a solidariedade; b) a instituição do sacramento da Eucaristia; c) o combate à fome através das obras de caridade; d) o programa “fome zero” do governo Lula; e) a unidade da Igreja Católica Apostólica Romana; 20. Texto extraído de Lavoura arcaica, de Raduan Nassar: “Na modorra das tardes vadias na fazenda, era num sítio lá no bosque que eu escapava aos olhos apreensivos da família; amainava a febre dos meus pés na terra úmida, cobria meu corpo de folhas e, deitado à sombra, eu dormia na postura quieta de uma planta enferma vergada ao peso de um botão vermelho”. A imagem dos pés refrescando-se na terra úmida, presente no texto, remetem à ideia de que: a) O personagem busca uma forma de representar seu apego à terra e às tradições rurais da família. b) O personagem procura um meio de conter e extravasar os impulsos da adolescência e seus desejos pela irmã. c) Há uma simbologia no comportamento de Ana que representa sua transgressão aos bons costumes. d) Como no banho, o mergulho na natureza, tem a função de purificar e regenerar. e) O ato de descarregar a energia na terra, como o banho frio para os antigos cristãos, tem a função de espantar as tentações da carne. 21. Avalie as afirmações a seguir sobre a obra Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. 1. A narrativa de Nassar ao fazer referência ao Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos com a citação: “Vos serão interditadas: vossas mães, vossas filhas, vossas irmãs…” define o tempo cronológico da ação, indica com exatidão o espaço onde se localiza a família, sua descendência hebraica e sua religião. 2. As citações bíblicas feitas durante os sermões impostos pelo pai, colocam em dúvida a crença da família, na verdade, além das referências ao Alcorão, Lavoura arcaica apresenta uma grande intertextualidade com temas e arquétipos do velho testamento. 3. A figura do pai, os lugares em que cada membro da família se senta à mesa, o trabalho na fazenda, a divisão do pão e os sermões dados aos filhos como forma moralizadora são alguns pontos de ligação com os textos judaico e islâmico. 4. A transgressão às regras sociais e às convenções, a paixão de André pela irmã Ana e a busca de respostas fora da família, o retorno do “filho pródigo” são temas de destaque na obra repleta de simbologia e arquétipos, o que provoca uma ruptura com a narrativa tradicional. Estão corretas apenas as afirmações a) 1, 2 e 3. b) 1, 3 e 4. c) 2, 3 e 4. d) 1, 2 e 4. e) 3 e 4. (PUC-SP) As questões 22 e 23 referem-se ao capítulo 23 da obra Lavoura arcaica de Raduan Nassar. Pedro cumprira sua missão me devolvendo ao seio da família; foi um longo percurso marcado por um duro recolhimento, os dois permanecemos trancados durante toda a viagem que realizamos juntos, e na qual, feito menino, me deixei conduzir por ele o tempo inteiro; era já noite quando chegamos, a fazenda dormia num silêncio recluso, a casa estava de luto, as luzes apagadas, salvo a clareira pálida no pátio dos fundos que se devia à expansão da luz da copa, pois a família se encontrava ainda em volta da mesa; entramos pela varanda da frente, e assim que meu irmão abriu a porta, o ruído de um garfo repousando no prato, seguido, embora abafado, de um murmúrio intenso, precedeu a expectativa angustiante que se instalou na casa inteira; me separei de Pedro ali mesmo na sala, entrando para o meu antigo quarto, enquanto ele, fazendo vibrar a cristaleira sob os passos, afundava no corredor em direção à copa, onde a família o aguardava; largado na beira de minha velha cama, a bagagem jogada entre meus pés, fui envolvido pelos cheiros caseiros que eu respirava, me despertando imagens torpes, mutiladas, me fazendo cair logo em confusos pensamentos; na sucessão de tantas ideias, me passava também pela cabeça o esforço de Pedro para esconder de todos a sua dor, disfarçada quem sabe pelo cansaço da viagem; ele não poderia deixar transparecer, ao anunciar a minha volta, que era um possuído que retornava com ele a casa; ele precisaria dissimular muito para não estragar a alegria e o júbilo nos olhos de meu pai, que dali a pouco haveria de proclamar para os que o cercavam que “aquele que tinha se perdido tornou ao lar, aquele pelo qual chorávamos nos foi devolvido”. NASSAR, Raduan. Lavoura Arcaica. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. 22. Diante dos fatos que narra e dos personagens envolvidos neste episódio, o narrador a) procura ser imparcial, apenas observando o que se passa com os dois irmãos. b) apesar de se preocupar com o que se passa com os dois irmãos, permanece imparcial diante dos fatos c) participa da narrativa, uma vez que é o personagem que traz de volta para casa o irmão que tinha se perdido. d) participa da narrativa, uma vez que é o próprio protagonista que regressa ao lar pelas mãos do irmão. e) apesar de ser o próprio protagonista que regressa ao lar pelas mãos do irmão, permanece impassível diante dos fatos que narra. 23. O trecho “… os dois permanecemos trancados durante toda a viagem que realizamos juntos,…” apresenta, quanto à concordância verbal, a) respectivamente, silepse ou concordância ideológica e indicação do sujeito pela flexão verbal. b) em ambos os casos, indicação do sujeito apenas pela flexão verbal. c) em ambos os casos, concordância ideológica ou silepse. d) respectivamente, concordância ideológica e silepse. e) respectivamente, indicação do sujeito pela flexão verbal e silepse ou concordância ideológica 1. (UNICAMP) “Conversa de Bois”, de Guimarães Rosa, narra acontecimentos de uma viagem no carro-de-bois, em que estão o carreador Agenor Soronho, Tiãozinho e o corpo de seu pai morto. O trecho abaixo reproduz um dos diálogos entre os bois: – Que é que está fazendo o carro? – O carro vem andando, sempre atrás de nós. – Onde está o homem-do-pau-comprido? – O homem-do-pau-comprido-com-o-marimbondo-na-ponta está trepado no chifre do carro… – E o bezerro-de-homem-que-caminha-sempre-na-frente-dos-bois? – O bezerro-de-homem-que-caminha-adiante vai caminhando devagar… Ele está babando água dos olhos… (“Conversa de Bois”, em João Guimarães Rosa, Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979, p. 317.) a) Explique o sentido das expressões “bezerro-de-homem” e “babando água dos olhos”. Relacione-as com o enredo. b) Explique a expressão “homem-do-pau-comprido-com-o-marimbondo-na-ponta”. Que característica do carreador Agenor Soronho ela busca evidenciar? RESPOSTAS: a)Em “Conversa de bois” de Guimarães Rosa, a expressão “bezerro-de-homem” refere-se a Tiãozinho, que é ainda uma criança com quem os bois se solidarizam. A expressão “babando-água-nos-olhos” remete ao choro do menino. Tiãozinho chora devido à tristeza causada pela morte recente do pai. Sofre ainda pela vergonha que sente diante do comportamento da mãe, que mantinha um relacionamento amoroso com Agenor Soronho enquanto o marido estava acamado, e pelos maus-tratos a que é submetido por Agenor. b)A expressão “homem-do-pau-comprido-com-o-marimbondo-na-ponta” utilizada na conversa dos bois remete a Agenor, que leva consigo um pedaço de madeira com que os fustiga e cuja pontada dolorosa faz lembrar a picada de um marimbondo. Essa imagem evidencia a violência e a exploração cruel do carreador Agenor, tanto em relação ao menino Tiãozinho, quanto em relação aos bois, que assumem a voz direta no trecho citado. 2. (UEL) Considere a citação retirada do conto A hora e vez de Augusto Matraga a seguir. Sou um desgraçado, mãe Quitéria, mas o meu dia há-de chegar! (ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p.387.) Considere, agora, que esse enunciado fosse redigido da seguinte maneira: O meu dia há-de chegar, mas sou um desgraçado, mãe Quitéria! Explique como os sentidos são diferentes em cada um dos enunciados e qual é o papel desempenhado ela conjunção “mas” na construção desses sentidos. RESPOSTA: A conjunção adversativa “mas” desempenha papel fundamental na construção dos sentidos dos dois enunciados.Como se sabe, essa conjunção une proposições de sentidos contrários, adversos. Assim, se a primeira proposição tem sentido positivo, a segunda terá sentido negativo e vice-versa. Com isso, a utilização do “mas” nos enunciados cria sentidos muito distintos. Na primeira proposição (“Sou um desgraçado, mãe Quitéria, mas o meu dia há-de chegar!”), a primeira ideia tem valor negativo, e a segunda, positivo. Com isso, cria-se no enunciado o sentido de um futuro melhor do que o presente; uma expectativa positiva em relação à vida. Na segunda proposição (“O meu dia há-de chegar, mas sou um desgraçado, mãe Quitéria!”), o sentido é inverso: a primeira ideia tem valor positivo, e a segunda, negativo. Dessa forma, mesmo com um futuro possivelmente melhor do que o presente, a situação negativa presente é reiterada e prevalece. Toda essa criação discursiva só foi possível pela utilização da conjunção adversativa e pela inversão das proposições. Como se percebe, o uso do “mas” foi essencial para a criação dos efeitos de sentidos nos enunciados. 3. (FUVEST) Em “São Marcos”, conto de Sagarana há um personagem vítima
do feitiço executado por João Mangolô: a) Mangolô vendou os olhos de Izé num retrato e isso cegou o médico momentaneamente. 4. (UNICAMP/SP) Leia a seguinte passagem de “A hora e a vez de Augusto Matraga”: “O casal de
pretos, que moravam junto com ele, era quem mandava e desmandava na casa, não trabalhando um nada e vivendo no estadão. Mas, ele, tinham-no visto mourejar até dentro da noite de Deus, quando havia luar claro. João Guimarães Rosa, “A hora e a vez de Augusto Matraga”, em Sagarana. Rio de Janeiro: a) Identifique o casal que vive junto com o protagonista da narrativa. b) Explique o comportamento do protagonista no trecho acima, confrontando-o com sua trajetória de vida. c) O que há de contraditório no descanso dominical a que o narrador se refere? RESPOSTAS: – Desonrado, desmerecido, marcado a ferro feito rês, mãe Quitéria, e assim tão mole, tão sem homência, será que eu posso mesmo entrar no céu?!… (ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p.385.) a) Explique o processo de criação da palavra “homência” e os sentidos que derivam da criação do termo, considerando a situação criada no conto. b) Discorra sobre como esse uso particular da língua constitui uma estética da criação em Guimarães Rosa. RESPOSTAS: a) O lexema “homência” é criado por neologismo, um processo de derivação. Segundo o Houaiss, o neologismo é “1. o emprego de palavras novas, derivadas ou formadas de outras já existentes, na mesma língua ou não; 2. aatribuição de novos sentidos a palavras já existentes na língua”. A palavra em questão não está dicionarizada e é derivada a partir do lexema “homem”. Contudo, seu sentido vai muito além daquele expresso pela palavra homem. Como não existe sinonímia perfeita, a criação do novo termofaz aparecer novos sentidos para o termo derivado. Para se apreender esses novos sentidos, faz-se necessário analisar a ambiência discursiva na qual surge o neologismo. Em outras palavras, é preciso considerar que ossentidos nascem a partir das relações ou associações entre os signos que constituem o texto. Dessa forma, os sentidos da palavra “homência” opõem-se a “desonrado”, “desmerecido”, “marcado a ferro feito rês”. Assim, o lexema “homência”, no âmbito do fragmento apontado, aproxima-se semanticamente de “pessoa honrada, que se destaca pelo mérito de suas ações e que não se deixa submeter ao outro”. b) Uma das características mais marcantes em Guimarães Rosa é a utilização da linguagem. Rosa não se submete à padronização linguística estabelecida pela Gramática Normativa. Em relação ao léxico, ele incorpora em seus contos marcas da linguagem regional, cria novos termos e recria novos sentidos para palavras já existentes naLíngua Portuguesa. Ao criar o termo “homência”, no fragmento anterior, Rosa coloca o leitor em uma postura ativa diante do texto, já que exige dele a reconstrução dos sentidos do neologismo. Com isso, para aferir o sentido de “homência”, será preciso resgatar, ao longo da narrativa, a imagem do homem sertanejo, que está profundamente ligado ao sertão. Assim, Rosa, ao criar a palavra “homência”, nesse fragmento, faz surgir um homem em conflito consigo mesmo, um homem cindido, caracterizado por dois mundos: o divino e o mundano. Dessa antítese, surge um homem fortemente marcado pela religiosidade, pela conduta moral, um homem modalizado por perturbações interiores (em relação à religião – no âmbito do fragmento). Rosa mostra, pois, um homem angustiado, marcado por preocupações metafísicas. Com isso, as questões regionais assumem proporções universais. Como diria Rosa, “o sertão é dentro da gente”. Rosa, opondo-se àquela literatura que via o sertanejo de maneira preconceituosa, valoriza a imagem do homem sertanejo. 6. (FUVEST) Visto em seu conjunto, o universo de Sagarana deixa a impressão de se organizar em suas
relações de modo racional a ponto de se poder prever causas e consequências dos acontecimentos; ou, pelo contrário, se organiza segundo leis imprevisíveis e surpreendentes, deixando a impressão de ser regido por elementos providenciais que interferem nos acontecimentos. a) Ambas as
leis aparecem no contexto de “Sagarana”; físicas e previsíveis no regionalismo da obra de G. Rosa. Imponderáveis e imprevisíveis na magia e ficção da literatura. b) Previsível é a violência observada em “A hora e a vez de Augusto Matraga” e o imprevisível ocorre na forma como este personagem busca redimir-se de seus crimes. 7. (UNICAMP) Leia a seguinte passagem de A hora e a vez de Augusto Matraga: O casal de pretos, que moravam junto
com ele, era quem mandava e desmandava na casa, não trabalhando um nada e vivendo no estadão. Mas, ele, tinham-no visto mourejar até dentro da noite de Deus, quando havia luar claro. a) Identifique o casal que vive junto com o protagonista da narrativa. b) Explique o comportamento do protagonista no trecho acima, confrontando-o com sua trajetória de vida. c) O que há de contraditório no descanso dominical a que o narrador se refere? RESPOSTAS: a) O casal é formado por Quitéria e Serapião. b) Matraga assume uma posição de penitente, como que buscando, no trabalho e na privação, uma forma de remissão de seus atos passados e, assim, alcançar sua almejada salvação. Nesse fato, está contida a ideia de punir-se o corpo para salvar-se a alma. c) A contradição está no fato de, no descanso dominical, Matraga passá-lo “batendo mato, o dia inteiro, sem sossego”, isto é, sem efetivamente descansar. 8. (PUC-SP) Em cima das rapaduras, o defunto. Com os balanços, ele havia rolado para fora do esquife, e estava espichado, horrendo. O lenço de amarrar o queixo, atado no alto da cabeça, não tinha valido de nada: da boca, dessorava um mingau pardo, que ia babujando e empestando tudo. E um ror de moscas, encantadas com o carregamento duplamente precioso, tinham vindo também. O trecho acima integra um dos contos de Sagarana, obra de João Guimarães Rosa, publicada em 1946. Considerando o trecho indicado podemos afirmar que se trata de a) “Conversa de Bois”, que relata a viagem de uma comitiva em que os bois falam entre si, tramam o destino dos humanos, e e acompanhada por uma irara, curiosa dos acontecimentos da jornada. b) “O Burrinho Pedrez” que conta um episodio de catástrofes em que, em sua maioria, boiada e vaqueiros se afogam nas aguas tempestuosas de um rio, ao tentarem fazer a sua travessia. c) “A Hora e a vez de Augusto Matraga”, que narra as vicissitudes de um fazendeiro valentão, vitima de um atentado que, apos, marcado com ferro em brasa, e lançado num despenhadeiro. d) “Duelo”, cuja narrativa revela a perseguição mutua de dois homens com intenção assassina para a vingança de um crime passional. 9. (UFPR) Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa: Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões. – Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!… É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.) O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está presente em todos os contos do mesmo livro. Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada. a) A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza a partir da ação direta de Deus. b) A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar a aridez da natureza. c) A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística da narrativa, para fortalecer a feição pitoresca da região. d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento tão reversível quanto a condição humana. e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo uso da força física e da valentia. 10. (PUC-PR) Na visão de mundo de Guimarães Rosa, o bem e o mal aparecem relativizados, e o maniqueísmo não prevalece na constituição de suas personagens. 11. (UNEMAT) Considerando o enredo do conto “Conversa de bois” do livro Sagarana, é pode-se afirmar. a) Tiãozinho, o guia mirim dos animais, é o único que compreende a conversa entre os bois. b) Não há poesia, a linguagem narrativa é objetiva e direta e o trabalho de construção das personagens é feito dentro da concepção do Realismo. c) Os bois fazem justiça, puxando um carro numa viagem que começa com o transporte de uma carga de rapadura e termina com três defuntos. d) Ao longo da viagem, nada de interessante acontece que mude a trajetória da narrativa. e) O defunto é tio da mãe de Tiãozinho e não seu pai como se acreditava. 12. (PUC-SP) Do conto “A Volta do Marido Pródigo”, que integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, não é correto afirmar que a) há, no protagonista, uma espécie de heroísmo gaiato, correlacionado às espertezas das histórias de sapos utilizadas na narrativa. b) a personagem principal é Lalino Salãtiel, mulatinho descarado, malandro, enganador, mas simpático. Sabe como poucos contar uma boa história e age na vida como se estivesse em contínua representação. c) traz no nome uma alusão bíblica que se concretiza nas ações de abandonar a família, gastar o pouco que tem com bandalheiras, retornar para casa fragilizado e ser de novo aceito. d) mostra total alheamento quanto a situações políticas e de disputas de poder, uma vez que os personagens, que atuam na história, são gente do povo e operários da construção de estradas. 13. (CPS) Leia os primeiros parágrafos do
conto “Sarapalha”, de Guimarães Rosa. 14. (PUC-PR) Em relação a SAGARANA, de João Guimarães Rosa, é correto afirmar: 15. (UFPR) “E não é sem assim que as palavras têm canto e plumagem. E que o capiauzinho analfabeto Matutino Solferino Roberto da Silva existe, e, quando chega na bitácula, impõe: – ‘Me dá dez ‘tões de biscoito de talxóts!’ – porque deseja mercadoria fina e pensa que ‘caixote’ pelo jeitão plebeu deve ser termo deturpado. E que a gíria pede sempre roupa nova e escova. E que o meu parceiro Josué Cornetas conseguiu ampliar um tanto os limites mentais de
um sujeito só bi-dimensional, por meio de ensinar-lhe estes nomes: intimismo, paralaxe, palimpsesto, sinclinal, palingenesia, prosopopese, amnemosínia, subliminal…” 16. (UNEMAT) Nos nove contos que compõem o livro Sagarana, Guimarães Rosa realiza um inventário linguístico do sertão e da língua portuguesa, recriando a linguagem, modificando e inventando palavras. Os elementos da natureza e o tratamento da linguagem são recursos estéticos importantes por contribuírem para a formulação das personagens, de modo a adequá-las aos ambientes onde vivem. Considerando o conto “Sarapalha”, assinale a alternativa correta a respeito da coincidência entre a descrição da natureza e a crise de febre de Primo Argemiro. a) “… A primeira vez que Argemiro dos Anjos viu Luisinha, foi numa manhã de dia-defesta-de-santo, quando o arraial se adornava com arcos de bambú e bandeirolas …”(p.137). b) “Primo Argemiro olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado dos juncos, se estira o voo de uma garça, em direção à mata. Também, Primo Argemiro não pode olhar muito: ficam-lhe muitas garças pulando, diante dos olhos, que doem e choram, por si sós, longo tempo “(p.120). c) “Primo Argemiro reúne suas forças. E anda. Transpõe o curral, por entre os pés de milho. Os passopretos, ao verem um espantalho caminhando, debandam, bulhentos” (p.135). d) “Olha, Primo, se a gente um dia puder sarar, eu ainda hei de plantar uma roça, no lançante que trepa para o espigão” (p.122). e) “As palmas do coqueiro estão agora paradas de todo. As galinhas foram pastar as folhas baixas do melão-de-são-caetano. Nem resto de brumas na baixada. O sol caminhou muito” (p.130). 17. (PUC-SP) O sol cresce, amadurece. Mas eles estão esperando é a febre, mais o tremor. Primo Ribeiro parece um defunto – sarro de amarelo na cara chupada, olhos sujos, desbrilhados, e as mãos pendulando, compondo o equilíbrio, sempre a escorar dos lados a bambeza do corpo. Mãos moles, sem firmeza, que deixam cair tudo quanto ele queira pegar. Baba, baba, cospe, cospe, vai fincando o queixo no peito; e trouxe cá para fora a caixinha de remédio, a cornicha de pó e mais o cobertor. O trecho acima integra o conto Sarapalha e faz parte da obra Sagarana de João Guimarães Rosa. Dessa narrativa como um todo, é errado afirmar que a) apresenta duas narrativas, uma em tempo presente e outra, em tempo passado, a qual assume dimensão mítica na cabeça delirante de Primo Ribeiro. b) enfoca a solidão, o abandono e a decadência de duas personagens acometidas de maleita e que passam os dias em diálogo sobre suas condições físicas e sentimentais. c) gera um conflito entre dois primos, quando um deles revela ter gostado muito de Luísa, mulher do outro, que o abandonara por um boiadeiro. d) usa predominantemente discurso indireto livre, que faz aflorar o pensamento íntimo da personagem e despreza o diálogo objetivo e direto por sua incapacidade de interlocução. 18. (FAC. ALBERT EINSTEIN ) MAS… Houve um pequeno engano, um contratempo de última hora, que veio pôr dois bons sujeitos, pacatíssimos e pacíficos, num jogo dos demônios, numa comprida complicação. O trecho acima faz parte do conto “Duelo”, uma das narrativas de Sagarana, de João Guimarães Rosa. Essa narrativa, como um todo, apresenta a) duas histórias de vingança que se entrelaçam, ou seja, um marido buscando o amante da esposa e um homem buscando o assassino do irmão. b) uma trama protagonizada por uma mulher de olhos bonitos, sempre grandes, de cabra tonta, que se envolve com um pistoleiro que acaba sendo morto por ela. c) as peripécias vividas por um capiau que se torna o agente de um crime contra seu compadre e amigo, Cassiano Gomes, por desavenças de traição amorosa. d) cenas de adultério praticadas por dona Silivânia, no mais doce, dado e descuidoso dos idílios fraudulentos, com o amante Turíbio Todo, o que provoca tragédia entre seus pretendentes. 19. (PUCCAMP) Reflita sobre as seguintes afirmações: 20. (FUVEST) João Guimarães Rosa, em Sagarana, permite ao leitor observar que: 21. (PUC) Além do coloquialismo, comum ao diálogo, a linguagem de Quim e de Nhô Augusto caracteriza também os habitantes da região onde transcorre a história, conferindo-lhe veracidade. 22. (FAAP) A autora do texto nasceu na Ucrânia. Vem para o Brasil no mesmo ano de nascimento, fixando residência no Rio de Janeiro. Escreveu todos os romances das alternativas a seguir, exceto: 23. (PUC-SP) A obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, foi publicada em 1946. Dela é correto afirmar que a) se intitula Sagarana porque reúne novelas que se desenvolvem à maneira de gestas guerreiras e lendas e apresentam um tema comum que abarca a vida simples dos sertanejos da região baiana do São Francisco. b) compõe-se de nove novelas, entre as quais se sobressai “Corpo Fechado”, história de valentões e espertos, de violência e de mágica, protagonizada por Manuel Fulô. c) estrutura-se em doze narrativas, de sentido moral e embasadas na tradição mineira, entre as quais se destacam “Questões de família”, história meio autobiográfica, e “Uma história de amor”, expressivo drama passional. d) apresenta narrativas apenas de teor místico religioso como a que se engendra em “A hora e a vez de Augusto Matraga”, cujo estilo destoa do conjunto das outras que compõem o livro. 24. (CEFET-PR) Sobre os contos de Sagarana é INCORRETO afirmar: a) A volta do marido pródigo demonstra,
no comportamento do protagonista, o poder criador da palavra, dimensão da linguagem tão apreciada por Guimarães Rosa. 25. (PUC-SP) O conto “São Marcos”, que integra a obra “Sagarana”, de João Guimarães Rosa, apresenta linguagem marcadamente sinestésica, isto é, que ativa os órgãos sensoriais como meios de conhecimento da
realidade, em suas diferentes situações narrativas. No ponto culminante da narrativa, o narrador é afetado em sua capacidade sensorial, particularmente ligada 26. (FUVEST ) Sarapalha – Ô calorão, Primo!… E que dor de cabeça excomungada! – É um instantinho e passa… É só ter paciência…. – É… passa… passa… passa… Passam umas mulheres vestidas de cor de água, sem olhos na cara, para não terem de olhar a gente… Só ela é que não passa, Primo Argemiro!… E eu já estou cansado de procurar, no meio das outras… Não vem!… Foi, rio abaixo, com o outro… Foram p’r’os infernos!… – Não foi, Primo Ribeiro. Não foram pelo rio… Foi trem-de-ferro que levou… – Não foi no rio, eu sei… 1No rio ninguém não anda… 2Só a maleita é quem sobe e desce, olhando seus mosquitinhos e pondo neles a benção… Mas, na estória… Como é mesmo a estória, Primo? Como é?… – O senhor bem que sabe, Primo… Tem paciência, que não é bom variar… – Mas, a estória, Primo!… Como é?… Conta outra vez… – 3O senhor já sabe as palavras todas de cabeça… “Foi o moço-bonito que apareceu, vestido com roupa de dia-de-domingo 4e com a viola enfeitada de fitas… E chamou a moça p’ra ir se fugir com ele”… – Espera, Primo, elas estão passando… Vão umas atrás das outras… Cada qual mais bonita… Mas eu não quero, nenhuma!… Quero só ela… Luísa… – Prima Luísa… – Espera um pouco, deixa ver se eu vejo… Me ajuda, Primo! Me ajuda a ver… – Não é nada, Primo Ribeiro… Deixa disso! – Não é mesmo não… – Pois então?! – Conta o resto da estória!… – …“Então, a moça, que não sabia que o moço-bonito era o capeta, 5ajuntou suas roupinhas melhores numa trouxa, e foi com ele na canoa, descendo o rio…” Guimarães Rosa, Sarapalha. No texto de Sarapalha, constitui exemplo de personificação o seguinte trecho: a) “No rio ninguém não anda” (ref. 1). b) “só a maleita é quem sobe e desce” (ref. 2). c) “O senhor já sabe as palavras todas de cabeça” (ref. 3). d) “e com a viola enfeitada de fitas” (ref. 4). e) “ajuntou suas roupinhas melhores numa trouxa” (ref. 5). 27. (FUVEST) “Sim, que, à parte o sentido prisco, valia o ileso gume do vocábulo pouco visto e menos ainda ouvido, raramente usado, melhor fora se jamais usado. Porque, diante de um gravatá, selva moldada em jarro jônico, dizer-se apenas drimirim ou amormeuzinho é justo; e, ao descobrir, no meio da mata, um angelim que atira para cima cinqüenta metros de tronco e fronde, quem não terá ímpeto de criar um vocativo absurdo e bradá-lo — Ó colossalidade! — na direção da altura?” João Guimarães Rosa, “São Marcos”, in Sagarana. Neste excerto, o narrador do conto “São Marcos” expõe alguns traços de estilo que correspondem a características mais gerais dos textos do próprio autor, Guimarães Rosa. Entre tais características só NÃO se encontra a) O gosto pela palavra rara. b) O emprego de neologismos. c) A conjugação de referências eruditas e populares. d) A liberdade na exploração das potencialidades da língua portuguesa. e) A busca da concisão e da previsibilidade da linguagem. 28. (PUC-SP)Assinale, nas alternativas a seguir, todas extraídas do conto “Sagarana”,
o trecho que indica a presença de uma gradação. 29. (UEL/PR) O trabalho com a linguagem por meio da recriação de palavras e a descrição minuciosa da natureza, em especial da fauna e da flora, são uma constante na obra de João Guimarães Rosa. Esses elementos são recursos estéticos importantes que contribuem para integrar as personagens aos ambientes onde vivem, estabelecendo relações entre natureza e cultura. Em Sarapalha, conto inserido no livro Sagarana, de 1946, referências do mundo natural são usadas para representar o estado febril de Primo Argemiro. Com base nessa afirmação, assinale a alternativa em que a descrição da natureza mostra o efeito da maleita sobre a personagem Argemiro. a) “É aqui, perto do vau da Sarapalha: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada; uma cerca de pedra seca, do tempo de escravos; um rego murcho, um moinho parado; um cedro alto, na frente da casa; e, lá dentro uma negra, já velha, que capina e cozinha o feijão.” b) “Olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado dos juncos, se estira o voo de uma garça, em direção à mata. Também, não pode olhar muito: ficam-lhe muitas garças pulando, diante dos olhos, que doem e choram, por si sós, longo tempo.” c) “É de-tardinha, quando as mutucas convidam as muriçocas de volta para casa, e quando o carapana mais o mossorongo cinzento se recolhem, que ele aparece, o pernilongo pampa, de pés de prata e asas de xadrez.” d) “Estava olhando assim esquecido, para os olhos… olhos grandes escuros e meio de-quina, como os de uma suaçuapara… para a boquinha vermelha, como flor de suinã….” e) “O cachorro está desatinado. Para. Vai, volta, olha, desolha… Não entende. Mas sabe que está acontecendo alguma coisa. Latindo, choramingando, chorando, quase uivando.” 30. (FUVEST) Considere as seguintes afirmações: 31. (UFMS) Sagarana, de João Guimarães Rosa, é uma coletânea composta por nove narrativas. Dentre as considerações abaixo a propósito dessa obra, assinale a(s) correta(s). (001) É um livro com um sopro de renovação, que reinventa a linguagem usada na região da caatinga mineira por vaqueiros e sertanejos. (002) Lalino Salãthiel, do conto “O burrinho pedrês”, é um personagem ladino, conhecido por ser mulherengo. (004) O conto “Duelo” transpõe para o interior de Minas os confrontos entre pistoleiros que caracterizam os filmes de faroeste da indústria cultural hollywoodiana. (008) A expressão “ileso gume das palavras”, do conto “São Marcos”, indica que o narrador defende uma literatura que procure a força expressiva original da linguagem. (016) Riobaldo e Diadorim, personagens de um dos contos mais conhecidos do livro, mantêm um romance em meio a conflitos de jagunços com as forças policiais. SOMA: 009 = 001+008 32. (FUVEST) E grita a piranha cor de palha, irritadíssima: – Tenho dentes de navalha, e com um pulo de ida‐e‐volta resolvo a questão!… – Exagero… – diz a arraia – eu durmo na areia, de ferrão a prumo, e sempre há um descuidoso que vem se espetar. – Pois, amigas, – murmura o gimnoto*, mole, carregando a bateria – nem quero pensar no assunto: se eu soltar três pensamentos elétricos, bate‐poço, poço em volta, até vocês duas boiarão mortas… *peixe elétrico. Esse texto, extraído de Sagarana, de Guimarães Rosa, a) antecipa o destino funesto do ex‐militar Cassiano Gomes e do marido traído Turíbio Todo, em “Duelo”, ao qual serve como epígrafe. b) assemelha‐se ao caráter existencial da disputa entre Brilhante, Dansador e Rodapião na novela “Conversa de Bois”. c) reúne as três figurações do protagonista da novela “A hora e vez de Augusto Matraga”, assim denominados: Augusto Estêves, Nhô Augusto e Augusto Matraga. d) representa o misticismo e a atmosfera de feitiçaria que envolve o preto velho João Mangalô e sua desavença com o narrador‐personagem José, em “São Marcos”. e) constitui uma das cantigas de “O burrinho Pedrês”, em que a sagacidade da boiada se sobressai à ignorância do burrinho. 33. (MACKENZIE) O esquema a seguir, retirado de “A Criação Literária”, do Prof. Massaud Moisés, refere-se a determinado gênero literário. 34. (UEL) Em 1937, João Guimarães Rosa participou de
concurso de contos promovido pela Editora José Olympio. A obra entregue intitulava-se “Contos”. Coube-lhe o segundo lugar. Em dezembro do mesmo ano, o autor cuidou de encaderná-la, intitulando-a “Sezão”, conforme originais presentes no Arquivo Guimarães Rosa, do Instituto de Estudos Brasileiros. Em 1945, reviu-a e atribuiu-lhe o nome definitivo: “Sagarana”. Sabendo-se que “sezão” significa “febre intermitente ou cíclica”, conclui-se que, em 1937, o nome da obra esteve diretamente vinculado ao
seguinte conto: 35. (FUVEST) Ao dizer: “(…) promessa é questão de grande dívida de honra”, Olímpico junta, em uma só afirmação, a obrigação religiosa e o dever de honra. A personagem de “Sagarana” que, em suas ações finais, opera uma junção semelhante é 36. (ITA) Indique a alternativa em que há erro quanto ao proposto: 37. (FUVEST) Dentre os contos de “Sagarana” existe um em que o narrador sustenta um duelo literário com outro poeta, chamado Quem Será, e no qual se fazem várias considerações sobre a natureza da poesia. Numa metáfora do condicionamento do homem, resistente à aceitação do novo e diferente, o autor leva a personagem a passar por
um período de cegueira. A partir daí a personagem descobre a mutilação dos sentidos, que agora se abrem a outras vertentes da realidade. 38. (UFPR) A respeito do livro “Sagarana”, de Guimarães Rosa, é correto afirmar: 39. (PUC-PR) Considere a maneira como alguns autores brasileiros abordam em
suas obras assuntos relacionados à religiosidade, à fé e às crenças populares e assinale a alternativa verdadeira: 40. (UEL) Assinale
a alternativa que preenche corretamente as lacunas do período apresentado. 41. (UFOP) Sobre a A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa, assinale a alternativa incorreta: a) Em A hora e a vez de Augusto Matraga, a natureza funciona como simples cenário onde se desenrolam as ações ou como instrumento da celebração ufanista das grandezas do Brasil. 42. (PUC-SP)A respeito do conto “Sagarana” de João
Guimarães Rosa, é INCORRETO afirmar que 43. (UEPG) “A hora e vez de
Augusto Matraga” é o texto que encerra “Sagarana” de Guimarães Rosa. Em sua estrutura narrativa destaca-se a insistência com que aparece o número três – símbolo que remete à plenitude, à mediação e à evolução. Fazem parte das várias situações que configuram a presença deste elemento: 44. (PUC-SP) Segundo Antonio Candido, referindo-se à obra de Guimarães Rosa, ser jagunço, torna-se, além de uma condição normal no mundo-sertão, uma opção de comportamento, definindo um certo modo de ser naquele espaço. Daí a violência produzir resultados diferentes dos que esperamos na dimensão documentária e sociológica, — tornando-se, por exemplo, instrumento de redenção. — Assim sendo, o ato de violência que em A hora e vez de Augusto Matraga justifica tal afirmação é: a) seguir a personagem uma trajetória de vida desregrada, junto às mulheres, ao jogo de truque e às caçadas. 45. (PUC-SP) O conto “Conversa de bois” integra a obra SAGARANA, de João Guimarães Rosa. De seu enredo como um todo,
pode afirmar-se que 46.(UNEMAT) Leia os excertos do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, da obra Sagarana, de Guimarães Rosa. I. “E também no setor sul estalara, pouco antes, um mal entendido, de um sujeito com a correia desafivelada – lept!… lept!… -, com um outro pedindo espaço, para poder fazer sarilho com o pau.” (p.321) II. “– Eu vou p’ra o céu, e vou mesmo, por bem ou por mal!… – E a minha vez há de chegar… P’ra o céu eu vou, nem que seja a porrete!…”(p.337) III. “Um vento frio, no fim do calor do dia… Na orilha do atoleiro, a saracura fêmea gritou, pedindo três potes, três potes, três potes para apanhar água” (p.343) IV. “Todos tinham muita pressa: os únicos que interromperam, por momentos, a viagem, foram os alegres tuins, os minúsculos tuins de cabeçinhas amarelas, que não levam nada a sério, e que choveram nos pés de mamão e fizeram recreio, aos pares, sem sustar o alarido – rrrl-rrril! Rrrl-rrril!…” (p.352-3) V. “Uma tarde cruzou, em pleno chapadão, com um bode amarelo e preto, preso por uma corda e puxando, na ponta da corda, um cego, esguio e meio maluco.” (p.356) Assinale a alternativa correta que contempla os fragmentos em que o autor faz uso da figura de linguagem denominada onomatopeia. a) Apenas II, III e V b) Apenas III, IV e V c) Apenas I, III e IV d) Apenas I, II e IV e) Todas estão corretas. 47. (PUC-SP) João Guimarães Rosa escreveu “Sagarana” em 1946, obra composta de nove contos, entre os quais se destaca “O Burrinho Pedrês”. Leia o trecho que segue. Galhudos, gaiolos, estrelos, espácios, combucos, cubetos, lobunos, lompardos, caldeiros, cambraias, chamurros,
churriados, corombos, cornetos, bocalvos, borralhos, chumbados, chitados, vareiros, silveiros… E os tocos da testa do mocho macheado, e as armas antigas 48. (UFU) Marque a alternativa a seguir que NÃO se relaciona com o conto “Conversa de bois”, de Guimarães Rosa. 49. (FUVEST) Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa! Chu-áa… — ruge o rio, como chuva deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego… Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo, não é novo: tudo é ruim e uma só coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confusão. É só fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o escuro, filho do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um arranco, fora de hora. Assim. João Guimarães Rosa. O burrinho pedrês, Sagarana. Como exemplos da expressividade sonora presente neste excerto, podemos citar a onomatopeia, em “Chu-áa! Chu-áa…”, e a fusão de onomatopeia com aliteração, em: a) “vestindo água”. b) “ruge o rio”. c) “poço doido”. d) “filho do fundo”. e) “fora de hora”. 50. (UFU) Sobre o conto “Duelo”, de Guimarães Rosa, é correto afirmar que: 51.
(FUVEST) Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe: Ao dizer: “(..) promessa é questão de grande dívida de honra”, Olímpico junta, em urna só afirmação, a obrigação religiosa e o dever de honra. A personagem de Sagarana que, em suas ações finais, opera uma junção semelhante é: As questões 52 e 53 referem-se às obras A hora e vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa (19.4.6.), e A hora da estrela, de Clarice Lispector (19.7.7.). 52. (UFRN) Pode-se afirmar que o final das duas narrativas revela o que é sugerido em seus títulos. Nesse sentido, a morte das personagens aparece como a) O acontecimento que resolve, pela ação de um indivíduo, o problema de uma coletividade em apuros. b) O instante único no qual Augusto Matraga e Macabéa, cada um a seu modo, reconhecem-se como fracassados. c) O instante único no qual Augusto Matraga e Macabéa, cada um a seu modo, vislumbram a felicidade. d) O acontecimento que resolve o destino individual, sem maiores implicações na coletividade. 53. (UFRN) As duas obras representam a narrativa brasileira posterior ao Modernismo, no sentido de que já não se relacionam diretamente ao chamado “romance social” ou “romance do Nordeste”. Sobre essas obras, é correto afirmar que a) O vocabulário sertanejo figura como modo de resistência das personagens aos valores urbanos. b) Articulam, em universos distintos, elementos que tradicionalmente eram material do regionalismo. c) O pitoresco regional surge principalmente como forma de resistência à vida moderna. d) Produzem um novo regionalismo, mas as personagens ainda se caracterizam como tipos rurais. 54. (UFES – ES) “Alguém que ainda pelejava, já na penúltima ânsia e farto de beber água sem copo, pôde alcançar um objeto encordoado que se movia. E aquele um aconteceu ser Francolim Ferreira, e a coisa movente era o rabo do burrinho pedrês. E Sete-de-Ouros, sem susto a mais, sem hora marcada, soube que ali era o ponto de se entregar, confiado, ao querer da correnteza. Pouco fazia que esta o levasse de viagem, muito para baixo do lugar da travessia. Deixou-se, tomando tragos de ar. Não resistia.” Guimarães Rosa – O burrinho pedrês A característica regionalista presente no fragmento literário acima é a) a exploração dos homens e dos animais pelos proprietários no meio rural. b) o mal-estar gerado pela decadência social. c) a observação minuciosa da fauna e da flora de uma região. d) a integração dos homens e dos bichos a seu meio ambiente. e) o respeito pelas superstições e sentimentos populares. 55. (UPF) Nos contos de Sagarana, Guimarães Rosa resgata, principalmente, o imaginário e a cultura: 56.(UFU/MG) Considere o fragmento abaixo e a obra “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa. Assinale a alternativa INCORRETA. “E assim passaram pelo menos seis ou seis anos e meio, direitinho desse jeito, sem tirar e nem por, sem mentira nenhuma, porque esta aqui é uma história inventada, e não é um caso acontecido, não senhor.” a) Neste fragmento, há um diálogo do narrador com o leitor e também uma reflexão sobre a relação entre a literatura e o compromisso com a verdade. b) Após o tempo mencionado no fragmento, Nhô Augusto encontra com a esposa Dinorá que contribuirá para que ele abandone o individualismo e o desejo de vingança. c) A obra é uma narrativa em terceira pessoa, com narrador onisciente que penetra nos pensamentos de Augusto Matraga como se fosse sua consciência. d) Na obra, a história desenvolve-se em vários espaços: Murici, onde Matraga vive como bandoleiro, Tombador, onde faz penitência e se arrepende da vida de perversidade; Rala Coco, onde encontra sua hora e vez, duelando com Joãozinho Bem-Bem. 57 .(UFMS) Em João Guimarães Rosa, a luta entre o bem e o mal surge em diversas narrativas. Em Sagarana, esse tema se entrelaça a outros temas em diversos contos. Com relação às narrativas dessa obra, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). (001) Em “A hora e vez de Augusto Matraga”, o bem e o mal se enfrentam, e as personagens que os representam morrem juntas, numa representação de sua indissolúvel proximidade. (002) Em “Sarapalha”, o tema da luta entre o bem e o mal entremeia o triângulo amoroso familiar. (004) Em “Duelo” e em “Corpo fechado”, o tema da luta entre o bem e o mal não está configurado. (008) Em “Conversa de bois”, Agenor Soronho é identificado com o demônio, representando o mal diante de Tiãozinho, apresentado como o melhor menino “candieiro”. (016) Em “Minha gente”, sob a evocação, em epígrafe, de uma Maria feiticeira, e, no correr da narrativa, de Circe, feiticeira da mitologia clássica, temos uma história que se fecha, eufórica, com uma afirmação de que todo fim é bom SOMA: 01+02+08+16 58. (UNEMAT) Relacione os excertos da primeira coluna aos títulos dos contos da segunda, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa. Coluna I 1. José Boi caiu de um barranco de vinte metros; ficou com a cabeleira enterrada no chão e quebrou o pescoço. Mas, meio minuto antes, estava completamente bêbado e também no apogeu da carreira: era o ‘espanta-praças’, porque tinha escaramuçado, uma vez, um cabo e dois soldados, que não puderam reagir, por serem apenas três. (p. 253) 2. Que já houve um tempo em que eles conversavam, entre si e com os homens, é certo e indiscutível, pois que bem comprovado nos livros das fadas carochas. (p. 283) 3. Naquele tempo, eu morava no Calango- Frito e não acreditava em feiticeiros. (p.221) 4. Turíbio Todo, nascido à beira do Borrachudo, era seleiro de profissão, tinha pelos compridos nas narinas, e chorava sem fazer caretas; palavra por palavra: papudo, vagabundo, vingativo e mau. Mas no começo dessa história ele estava com arazão. (p. 139) 5. Tapera de arraial. Ali, na beira do rio Pará, deixaram largado um povoado inteiro: casas, sobradinho, capela; três vendinhas, o chalé e o cemitério; e a rua, sozinha e comprida, que agora nem mais é uma estrada, de tanto que o mato a entupiu. (p.117) Coluna II ( ) São Marcos ( ) Duelo ( ) Conversa de bois ( ) Sarapalha ( ) Corpo fechado Assinale a alternativa correta.
59. (PUC-SP) Em carta escrita a João Condé, revelando os segredos de “Sagarana”, João Guimarães Rosa elenca as doze histórias que comporiam a obra. De uma delas afirma: “Peça não-profana, mas sugerida por um acontecimento real, passado em minha terra,
há muitos anos: o afogamento de um grupo de vaqueiros, num córrego cheio”. Tal afirmação refere-se ao conto 60. (UNEMAT) Uma das atitudes na criação literária de Guimarães Rosa era incluir em seus contos peças da cultura popular ou criar ao seu molde. Leia as quadrinhas extraídas do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, do livro Sagarana (1969). 1 – “Mariquinha é como a chuva: boa é p’ra quem quer bem! Ela vem sempre de graça, só não sei quando ela vem…” (p.321) 2 – “O terreiro lá de casa não se varre com vassoura: Varre com ponta de sabre, bala de metralhadora…” (p.350) 3 – “A roupa lá de casa não se lava com sabão: lava com ponta de sabre e com bala de canhão…” (p.354) Assinale a alternativa correta. a) Os versos não têm nenhuma relação com a história que está sendo contada. b) O conto de Guimarães Rosa é narrado em forma de versos. c) Alguns versos servem apenas para demonstrar a valentia de Augusto Matraga. d)As quadrinhas contribuem para caracterizar as personagens da história de Matraga. e) Guimarães Rosa define a matéria das quadrinhas populares como único recurso de sua criação literária. 61. (FUVEST) “Canta, canta, canarinho, ai, ai, ai… Não cantes fora de hora, ai, ai, ai… A barra do dia aí vem, ai, ai, ai… Coitado de quem namora!…” Esta quadrinha é a epígrafe do conto Sarapalha. Ela aponta para o clímax da estória que se dá por ocasião: a)da eleição de seu Major Vilhena: tiroteio com três mortes. b) da confissão de Argemiro e sua expulsão da casa de Ribeiro. c) do casamento de Luísa com o boiadeiro e despedida dos primos; d) da morte do boiadeiro, que Argemiro mata em respeito ao primo. e) da declaração de Ribeiro e ruptura deste com o boiadeiro. (PUC-SP) Leia o fragmento a seguir, extraído de “São Marcos”, conto que integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, para responder às questões 62 e 63. Foi quase logo que eu cheguei no Calango-Frito, foi logo que eu me cheguei aos bambus. Os grandes colmos1 jaldes2, envernizados, lisíssimos, pediam autógrafo; e alguém já gravara, a canivete ou ponta de faca, letras enormes, enchendo um entrenó: “Teus olho tão singular Dessas trançinhas tão preta Qero morer eim teus braço Ai fermosa marieta.” E eu, que vinha vivendo o visto mas vivando estrelas, e tinha um lápis na algibeira, escrevi também, logo abaixo: Sargon Assarhaddon Assurbanipal Teglattphalasar, Salmanassar Nabonid, Nabopalassar, Nabucodonosor Belsazar Sanekherib E era para mim um poema esse rol de reis leoninos, agora despojados da vontade sanhuda3 e só representados na poesia. Não pelos cilindros de ouro e pedras, postos sobre as reais comas4 riçadas5, nem pelas alargadas barbas, entremeadas de fios de ouro. Só, só por causa dos nomes. Sim, que, à parte o sentido prisco, valia o ileso gume do vocábulo pouco visto e menos ainda ouvido, raramente usado, melhor fora se jamais usado. (ROSA, João Guimarães. Ficção completa. Vol 1. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017, p. 223-224) Vocabulário: 1 colmo: caule. 2 jalde: cor amarelo-ouro. 3 sanhuda: terrível. 4 comas: cabelos. 5 riçadas: crespas. 6 prisco: antigo. 62. A leitura do fragmento em questão – no qual o narrador-personagem relata uma de suas disputas poéticas com Quem-Será – permite afirmar que a) o narrador critica o estilo ultrapassado dos textos de Quem-Será, condenando o emprego de termos arcaicos e pouco conhecidos. b) o duelo poético entre o protagonista e a personagem Quem-Será define-se pela oposição entre poesia clássica e poesia moderna. c) o narrador, ao inscrever no bambu uma lista de “reis leoninos”, afirma ter criado um poema, já que, para ele, o emprego de termos raros caracteriza a poesia. d) o protagonista revela-se contraditório, pois, apesar de escrever um poema nos moldes parnasianos, defende o emprego de neologismos, traço da poética modernista. 63. Dentre os aspectos que caracterizam a prosa de João Guimarães Rosa em Sagarana, destaca-se, no fragmento em questão, a) a concepção mística da realidade, ilustrada pela fórmula de encantamento (“Sargon… Sanekherib”) empregada pelo narrador para combater seu antagonista. b) a crítica às instituições sociais e políticas, evidenciada pela aversão da personagem aos “reis leoninos”, cujo poder ilusório sustenta-se “por causa dos nomes”. c) o emprego do discurso indireto livre, por meio do qual concede-se voz às personagens, como comprova o excerto “Só, só por causa dos nomes”. d) a poeticidade da linguagem, exemplificada pelas aliterações no trecho “E eu, que vinha vivendo o visto mas vivando estrelas”. 64. (PUC-SP) A respeito do conto “Sagarana” de João Guimarães Rosa, é INCORRETO afirmar que Leia o texto, a seguir, extraído do conto A hora e vez de Augusto Matraga, e responda às questões de 65 a 67. Já Nhô Augusto, incansável, sem querer esperdiçar detalhe, apalpava os braços do Epifânio, mulato enorme, de musculatura embatumada, de bicipitalidade maciça. E se voltava para o Juruminho, caboclo franzino, vivo no menor movimento, ágil até no manejo do garfo, que em sua mão ia e vinha como agulha de coser: – Você, compadre, está-se vendo que deve de ser um corisco de chegador!… E o Juruminho, gostando. – Chego até em porco-espinho e em tatarana-rata, e em homem de vinte braços, com vinte foices para sarilhar!… Deito em ponta de chifre, durmo em ponta de faca, e amanheço em riba do meu colchão!… Está aí nosso chefe, que diga… E mais isto aqui… E mostrou a palma da mão direita, lanhada de cicatrizes, de pegar punhais pelo pico, para desarmar gente em agressão. Nhô Augusto se levantara, excitado: – Opa! Oi-ai!… A gente botar você, mais você, de longe, com as clavinas… E você outro, aí, mais este compadre de cara séria, p’ra voltearem… E este companheirinho chegador, para chegar na frente, e não dizer até-logo!… E depois chover sem chuva, com o pau escrevendo e lendo, e arma-de-fogo debulhando, e homem mudo gritando, e os do-lado-de-lá correndo e pedindo perdão!… Mas, aí, Nhô Augusto calou, com o peito cheio; tomou um ar de acanhamento; suspirou e perguntou: – Mais galinha, um pedaço, amigo? – ’Tou feito. – E você, seu barra? – Agradecido… ’Tou encalcado… ’Tou cheio até à tampa! Enquanto isso, seu Joãozinho Bem-Bem, de cabeça entornada, não tirava os olhos de cima de Nhô Augusto. E Nhô Augusto, depois de servir a cachaça, bebeu também, dois goles, e pediu uma das papo-amarelo, para ver: – Não faz conta de balas, amigo? Isto é arma que cursa longe… – Pode gastar as óito. Experimenta naquele pássaro ali, na pitangueira… – Deixa a criaçãozinha de Deus. Vou ver só se corto o galho… Se errar, vocês não reparem, porque faz tempo que eu não puxo dedo em gatilho… Fez fogo. – Mão mandona, mano velho. Errou o primeiro, mas acertou um em dois… Ferrugem em bom ferro! (ROSA, J. G. Sagarana. 71.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p.394-395.) 65. O trecho “– Você, compadre, está-se vendo que deve de ser um corisco de chegador!…” pode ser substituído, sem prejuízo do sentido original, por a) “– Você, parceiro, sem grande alarde, bem de mansinho, consegue tudo o que quer!…”. b) “– Amigo, creio que você é muito mais eficiente com o garfo do que com a faca!…”. c) “– Amigo, pelo visto, você é um caboclo muito bom de garfo!…”. d) “– Companheiro, a julgar pelo que vejo, você deve ser muito ligeiro no ataque!…”. e) “– Companheiro, está-se vendo que você transforma tudo num verdadeiro cavalo de batalha!…”. 66. A partir da leitura do texto, considere as afirmativas a seguir. I. A passagem registra o momento que antecede a entrada de Nhô Augusto no bando de Joãozinho Bem-Bem, a convite do próprio chefe jagunço. II. Apegado ao lema “P’ra o céu eu vou, nem que seja a porrete!”, Nhô Augusto tem, ao lado de Joãozinho Bem-Bem e seu bando, a oportunidade de ver seu lema concretizado. III. Os comentários de Nhô Augusto bem como sua familiaridade com “uma das papo-amarelo” caracterizam-no como um homem “bom de briga” aos olhos de Joãozinho Bem-Bem. IV. Por um dado momento, a presença de Joãozinho Bem-Bem e seu bando reacende, em Nhô Augusto, o antigo lado jagunço, duramente combatido através da penitência. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 67. Um dos aspectos distintivos de João Guimarães Rosa é seu trabalho laborioso com a linguagem. A esse respeito e com base no texto, considere as afirmativas a seguir. I. O termo “bicipitalidade” é um exemplo de neologismo. Colocado ao lado do adjetivo “maciça”, expressa a ideia da grande força muscular de Epifânio. II. O trecho “com o pau escrevendo e lendo” constitui um exemplo de recriação de um dito popular cujo sentido original é: o não cumprimento do combinado ocasionará punição. III. A expressão “Ferrugem em bom ferro!” caracteriza-se como uma construção poética que exprime, através dos termos “ferrugem” e “ferro”, a falta de destreza do protagonista com a arma de fogo. IV. As expressões “chover sem chuva” e “homem mudo gritando” configuram-se como exemplos de inadequação vocabular, e seu uso revela o baixo nível cultural do protagonista. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. ( PUC-SP) Leia o fragmento a seguir, de “A hora e vez de Augusto Matraga”, narrativa que integra Sagarana, de João Guimarães Rosa, para responder às questões 68 e 69. O casal de pretos, que moravam junto com ele, era quem mandava e desmandava na casa, não trabalhando um nada e vivendo no estadão1. Mas, ele, tinham-no visto mourejar2 até dentro da noite de Deus, quando havia luar claro. Nos domingos, tinha o seu gosto de tomar descanso: batendo mato, o dia inteiro, sem sossego, sem espingarda nenhuma e nem nenhuma arma para caçar; e, de tardinha, fazendo parte com as velhas corocas que rezavam o terço ou os meses dos santos. Mas fugia às léguas de viola ou sanfona, ou de qualquer outra qualidade de música que escuma tristezas no coração. Quase sempre estava conversando sozinho, e isso também era de maluco, diziam; porque eles ignoravam que o que fazia era apenas repetir, sempre que achava preciso, a fala final do padre: — “Cada um tem a sua hora e a sua vez: você̂ há-de ter a sua”. — E era só́. E assim se passaram pelo menos seis ou seis anos e meio, direitinho deste jeito, sem tirar e nem por, sem mentira nenhuma, porque esta aqui é uma estória inventada, e não é um caso acontecido, não senhor. Vocabulário: 1 estadão: luxo. 2 mourejar: trabalhar duro. 68. Considerando a trajetória do protagonista de “A hora e vez de Augusto Matraga”, é correto afirmar que o fragmento em questão refere-se ao período em que: a) Augusto Estêves, após ser abandonado por sua mulher e sua filha, finge-se de louco para os moradores do arraial do Murici enquanto, na verdade, planeja sua vingança contra Major Consilva, seu inimigo. b) Nhô Augusto, arrependido de sua vida passada, vive no lugarejo de Tombador acompanhado de Quitéria e Serapião, trabalhando arduamente e ajudando os necessitados da região. c) Augusto Matraga, ao encontrar Joãozinho Bem- Bem e seu bando de matadores, começa a recobrar a memória perdida após ser espancado pelos capangas do Major Consilva. d) Nhô Augusto, explorado pelo casal que o havia acolhido e influenciado pelo discurso do padre, prepara-se secretamente para o confronto com Joãozinho Bem-Bem e seu bando. 69. Com base na variedade de focos narrativos empregados nos contos de Sagarana, é possível afirmar que, no trecho destacado – “E assim se passaram pelo menos seis ou seis anos e meio, direitinho deste jeito, sem tirar e nem pôr, sem mentira nenhuma, porque esta aqui é uma estória inventada, e não é um caso acontecido, não senhor” – manifesta-se o relato de um a) narrador em primeira pessoa que, assim como o narrador de “São Marcos”, assume o ponto de vista de uma personagem cética, arrebatada por eventos de natureza mística. b) narrador-testemunha que, assim como o de “Corpo fechado”, conta em primeira pessoa a história protagonizada por outra personagem como se fosse apenas um observador atento dos fatos. c) narrador em terceira pessoa observador que, semelhante a um contador de histórias, reproduz um caso a ele relatado por outra personagem, característica presente também em “Conversa de bois”. d) narrador em terceira pessoa onisciente que, à maneira de um contador de casos, interfere na narrativa, traço verificado também em “Traços biográficos de Lalino Salãthiel ou A volta do marido pródigo”. 70. (MACK) Sobre o personagem principal de “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, assinale a alternativa incorreta. a)No decorrer da narrativa, aparece como Nhô Augusto, Augusto Estêves e Augusto Matraga. b)No início, surge como um fazendeiro pacato, averso a brigas e totalmente dedicado à família. c)Por ordem de seu maior inimigo, é surrado, marcado a ferro e deixado praticamente morto. d)Convidado por Joãozinho Bem-Bom a integrar seu grupo de jagunços, recusa tal oferta … e)No duelo final, morre em consequência dos ferimentos recebidos, assim como seu opositor. 71. (UNEMAT)Assinale a alternativa em que as palavras completam corretamente as lacunas. Era um burrinho__________, miúdo e resignado, vindo de Passa-Tempo, Conceição do Serro, ou não sei onde no sertão. (p. 3) É aqui, perto do vau da _________: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada; uma cerca de pedra-seca, do tempo de escravos. (p. 118) Cassiano escolhera mal o lugar onde se derrear: no ________ era tudo gente miúda, amarelenta ou amaleitada, esmolambada, escabreada, que não conhecia o trem-de-ferro, mui pacata e sem ação. (p. 158) Uma barbaridade! Até os meninos faziam feitiço, no ___________. O mestre dava muito coque, e batia de régua, também. (p. 225) E começou o caso, na encruzilhada da _______, logo após a cava do Mata-quatro, onde com a palhada do milho e o algodoal de pompons frouxos, se truncam as derradeiras roças da Fazenda dos Caetanos e o mato de terra ruim começa dos dois lados. (p. 283) a) Mosquito, Calango Frito, Ibiúva, Pedrês, Sarapalha. b) Pedrês, Mosquito, Calango Frito, Ibiúva, Sarapalha. c) Pedrês, Calango Frito, Ibiúva, Sarapalha, Mosquito. d) Pedrês, Ibiúva, Sarapalha, Mosquito, Calango Frito. e)Pedrês, Sarapalha, Mosquito, Calango Frito, Ibiúva. 72. (PUC-SP) João Guimarães Rosa escreveu “Sagarana” em 1946, obra composta de nove contos, entre os quais se destaca “O Burrinho Pedrês”. Leia o trecho que segue. Galhudos, gaiolos, estrelos, espácios, combucos, cubetos, lobunos, lompardos, caldeiros, cambraias, chamurros, churriados, corombos, cornetos, bocalvos, borralhos, chumbados, chitados, vareiros, silveiros… E os tocos
da testa do mocho macheado, e as armas antigas do boi cornalão… 1. (UFMG) Leia as passagens: De seu calmo esconderijo, As Minas do século XVIII foram uma capitania pobre. REDIJA um pequeno texto que relacione os versos de Cecília Meireles com a afirmativa de Laura Vergueiro. Cecília Meireles aborda o poder, a riqueza e o prestígio que a exploração do ouro traz, enquanto Laura Vergueiro trata da exploração colonial e da consequente pobreza da colônia. 2. (UFRJ) ROMANCE II OU DO OURO INCANSÁVEL Mil bateias vão rodando De seu calmo esconderijo, Borda flores nos vestidos, Pelos córregos, definham Ladrões e contrabandistas Por ódio, cobiça, inveja, Mil galerias desabam; Descem fantasmas dos morros, O poema de Cecília Meireles apresenta um tom épico e revela afinidades com as propostas que distinguiram a chamada geração de 30 da primeira geração modernista. a) Indique duas características do poema relacionadas ao gênero épico. b) Aponte um aspecto em comum entre a perspectiva da autora sobre o país, revelada nesse texto, e a que predominou na obra de romancistas da geração de 30. RESPOSTAS: a) Duas dentre as características: tema tratado com dignidade, sem irreverência vocabulário identificado com o uso da língua em situações de formalidade abordagem de fatos históricos, encarados sob a perspectiva da coletividade b) A poetisa aborda criticamente os problemas do Brasil, enfocando as origens da desigualdade social – tema frequente no romance regionalista a partir dos anos 30 3. (UFG) Leia o poema que segue: ROMANCE XXXV OU DO SUSPIROSO ALFERES Nos palácios, vãos fidalgos. Rios inchados de chuva, (Que vens tu fazer, Alferes, (O humano resgate custa Minas das altas montanhas, Mas os traidores labutam (E tudo é tão diferente a) A ironia está em querer a revolução e não fazer nada, ou seja, não lutar por ela. b) O Alferes está preso no Rio de Janeiro, traído e desejando retornar para Minas Gerais. Presença de recursos estilísticos, entre eles: poema, verso, estrofe, rima, refrão, presença de voz lírica, metáfora, repetição, alegoria, reticências, interrogação, exclamação, anáfora, aliteração, hipérbole. c) O narrador é realista, cético. O Alferes é sonhador, idealista. 4. (UFMG) A alternativa que apresenta a justificativa mais adequada para o uso do termo ROMANCEIRO por Cecília Meireles, no título de sua obra “Romanceiro da Inconfidência” é (FATEC) Texto para responder às questões 05 e 06. Romance XXXIV ou de Joaquim Silvério Melhor negócio que Judas 5. Considere as seguintes afirmações sobre o texto. I. O emissor assume postura argumentativa ao exprimir juízos de valor sobre as ações de ambos os traidores célebres. Estão corretas as afirmações: a) I e III, apenas. 6. À vista dos traços estilísticos, é correto afirmar que o texto de Cecília Meirelles a)representa grande inovação na construção dos versos, marcando-se sua obra por experimentalismo radical da linguagem e referência a fontes vivas da língua popular. 7. Leia atentamente a seguinte passagem retirada do prefácio “Como escrevi o ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA”, de Cecília Meireles. “A obra de arte não é feita de tudo – mas apenas de algumas coisas essenciais. A busca desse essencial expressivo é que constitui o trabalho do artista.” A alternativa que apresenta um fragmento extraído de MEMÓRIAS DO CÁRCERE, de Graciliano Ramos, com ideias semelhantes às de Cecília
Meireles é 8. (FUVEST) Como o próprio titulo indica, no Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, os romances têm como referência nuclear já frustrada rebelião na Vila Rica do Século XVIII. No entanto, deve-se reconhecer que: a)A base histórica utilizada no poema
converte-se no lirismo transcendente e amargo que caracteriza as outras obras da autora. 9. (UFMG) Todas as alternativas contêm trechos do ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA, de Cecília Meireles, que tematizam a importância da palavra como estruturadora da realidade, EXCETO: a) Ai, palavras, ai, palavras, b) Como pavões presunçosos, c) Liberdade – essa palavra d) Morre a tinta das sentenças e) Pelas gretas das janelas, 10. (UFPR) Sobre o
livro “O romanceiro da inconfidência”, de Cecília Meireles, considere as afirmativas a seguir: 11. (U.F. OURO PRETO) Leia os textos abaixo. “Toda vez que um justo grita, um carrasco o vem calar; quem não presta fica vivo; quem é bom, mandam matar.” (Cecília Meireles – Romanceiro da Inconfidência) “Ao passar estava falando, vinha conversando consigo. Por que agora caminha mudo se estava falando a princípio? decreto o forçaram a calar-se. Até os gestos lhe são proibidos. Fazem-se calar porque, certo, sua fala traz grande perigo.” (João Cabral de Melo Neto – Auto do Frade) Assinale a alternativa incorreta. a)A fala é, em ambos os casos, um símbolo do exercício de liberdade. b) A fala é vista, nos dois textos, como um instrumento de luta política. c) Nas execuções públicas, os condenados eram proibidos de falar, pois havia o perigo de atrapalhar o andamento da cerimônia. d) O carrasco faz o condenado se calar para que ele não exponha suas ideias, motivo de sua condenação. e) O papel da fala é o de conscientizar as pessoas através do debate. Daí o seu perigo para o poder autoritário. TEXTO PARA AS QUESTÕES 12 A 15 (UFPB) Romanceiro da Inconfidência Romance LIII ou Das palavras aéreas Ai, palavras, ai, palavras, Sois de vento, ides no vento, Ai, palavras, ai, palavras, A liberdade das almas, Detrás de grossas paredes, Ai, palavras, ai, palavras, Ai, palavras, ai,
palavras, – Acusações, sentinelas, Ai, palavras, ai, palavras, – sois madeira que se corta, Ai, palavras, ai, palavras, GLOSSÁRIO: quedar: ficar, deter-se, conservar-se. retorta: vaso de vidro ou de louça com o gargalo recurvo, voltado para baixo e apropriado para operações químicas. tênue: delgado, fino. galhofa: gracejo, risada. bacamarte: arma de fogo. perfídia: deslealdade, traição. aragem: vento brando, brisa. 12.A leitura do poema sugere que as palavras, por serem aéreas, a) retornam, sempre, com o vento. b) não mudam jamais. c) perdem a sua potência. d) transformam-se ao sabor do vento. e) nunca chegam ao seu destino. 13. A expressão “Ai, palavras”, na última estrofe do poema, sugere I. a alegria do eu-lírico diante da condição aérea das palavras. II. a admiração do eu-lírico pela rápida existência das palavras. III. o lamento do eu-lírico diante do estranho poder de transformação das palavras. Está(ão) correta(s) apenas: a) I b) II c) III d) I e II e) I e III 14. Leia os versos 50 e 51 a seguir: “- duro ferro de perguntas, com sangue em cada resposta;” Esses versos fazem referência, especificamente, à (ao) a) perseguição aos revoltosos. b) tortura dos réus. c) cerceamento da liberdade. d) atitude de rebelião. e) isolamento dos condenados. 15. Há oposição de sentido (antítese) entre as ideias expressas nos versos da alternativa: a) “sois de vento, ides no vento, (verso 4) no vento que não retorna,” (verso 5) b) “E dos venenos humanos (verso 20) sois a mais fina retorta:” (verso 21) c) “frágil, frágil como o vidro (verso 22) e mais que o aço poderosa!” (verso 23) d) “Pareceis de tênue seda, (verso 28) sem peso de ação nem de hora…” (verso 29) e) “- e sois barco para o exílio, (verso 34) – e sois Moçambique e Angola!” (verso 35) 16. (UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre o “Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles. 17. (UFMG) Leia atentamente a seguinte passagem, retirada de ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA, de Cecília Meireles. O país da Arcádia, (ENEM) Ai, palavras, ai, palavras 18. O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem: a) A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras. b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu equilíbrio vinculado ao significado das palavras. c) O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem pela vida. d) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e suas crenças. e) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos. 19. (FUVEST) O verso “Só se estivesse alienado”, que funciona como um refrão no “Romance LXXIII ou da inconformada Marília”, registra a reação desta personagem do “Romanceiro da Inconfidência” à informação de que: 20. (UFMG) Leia atentamente o trecho do ROMANCEIRO DA
INCONFIDÊNCIA, de Cecília Meireles. 21. (UFRS) Considere o enunciado a seguir e as três
propostas para completá-la. 22. (U.F. Ouro Preto) Leia o poema abaixo. “Cenário Eis a estrada, eis a ponte, eis a montanha Sobre a qual se recorta a igreja branca. Eis o cavalo sobre a verde encosta. Eis a solteira, o pátio, e a mesma porta. E a direção do olhar. E o espaço antigo para a forma do gesto e o vestido. E o lugar da esperança. E a fonte, E a sombra. E a voz que já não fala e se prolonga. E eis a névoa que chega, envolve as ruas, move a ilusão de tempos e figuras. A névoa que se adensa e vai formando nublados reinos de saudade e pranto.” (Romanceiro da Inconfidência) O poema exemplifica uma técnica poética central do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Assinale-a. a)Descrição minuciosa de lugares e cenas. b) Ficcionalização de personagens históricas através de sua convivência com outros puramente ficcionais. c) Referência a dados históricos, com sua respectiva situação espaço-temporal. d) Uso da rima como centro do trabalho poético. e) Visão de fatos e processos através da enumeração de elementos metonímicos que constituem uma cadeia de significação. Ó meio-dia confuso, 23. O poema de Cecília Meireles tem como ponto de partida um fato da história nacional, a Inconfidência Mineira. Nesse poema, a relação entre texto literário e contexto histórico indica que a produção literária é sempre uma recriação da realidade, mesmo quando faz referência a um fato histórico determinado. No poema de Cecília Meireles, a recriação se concretiza por meio: a) do questionamento da ocorrência do próprio fato, que, recriado, passa a existir como forma poética desassociada da história
nacional. 24. (UFMS) Sobre o Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, assinale a(s) proposição(ões) correta(s). (001) Quanto ao estilo de época, pertence ao Modernismo brasileiro. (002) Quanto ao tema, seu nacionalismo é ufanista e idealizado. (004) Quanto à forma, é vazado em oitavas-rimas camonianas. (008) Quanto ao gênero, é poema épico nos moldes clássicos. (016) Quanto à tradição literária, evoca raízes que se firmam na narrativa e na poesia medievais. SOMA: 017 (001+016) 25. (UFES)”Pareceis de tênue seda, sem peso de ação nem de hora… – e estais no bico das penas, – e estais na tinta que as molha, – e estais nas mãos dos juízes, – e sois o ferro que arrocha, – e sois o barco para o exílio, – e sois Moçambique e Angola!” (“Romance III ou das Palavras Aéreas”) Cecília Meireles, nesse trecho de uma composição inserida no “Romanceiro da Inconfidência, dirige-se às palavras através de: a)processo anafórico/ catacrese/ versos isométricos. b) processo metafórico/ antonomásia/ versos heterométricos. c) processo anafórico/ metonímia/ versos isométricos. d) processo metafórico/ alegoria/ versos heterométricos. e) processo anafórico/ símbolo/ versos isométricos. 26. (UEPB) No Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles recria poeticamente os acontecimentos históricos de Minas Gerais, ocorridos no final do século XVIII. Nesta mesma época, circulavam, em Vila Rica, as Cartas Chilenas, atribuídas a Tomás Antônio Gonzaga. O fragmento a seguir foi extraído da Carta 2 em que Critilo (Gonzaga), dirigindo-se ao seu amigo Doroteu (Cláudio Manuel da Costa), narra o comportamento do Fanfarrão Minésio (Luís da Cunha Meneses, governador de Minas). “Aquele, Doroteu, que não é Santo Considerando as informações apresentadas e esse fragmento poético, é correto afirmar: a) O autor descreve as atitudes do governador de Minas sem fazer uso de um tom irônico. b) O autor critica algumas atitudes do governador de Minas, julgando-as dissimuladas. c) O autor descreve, com humor, o comportamento do governador de Minas, sem apresentar um posicionamento crítico. d) O tom satírico, presente nas Cartas Chilenas, não é observado nesse fragmento, pois, aqui, há apenas a descrição das práticas religiosas do Fanfarrão Minésio. e) O autor chama a atenção para o fato de que o governador de Minas age com fervor, longe dos olhos dos fiéis. 27. (MACK) “Romanceiro da Inconfidência” é um longo poema que revê nossa época árcade. Seu autor é: a)Mário de Andrade. b)Oswald de Andrade. c)Carlos Drummond de Andrade. d)Cecília Meireles. e)Vinícius de Moraes. 28. (UFPR) Leia os fragmentos de Romanceiro da Inconfidência transcritos abaixo. Maldito o Conde, e maldito esse ouro que faz escravos, esse ouro que faz algemas, que levanta densos muros para as grades das cadeias, que arma nas praças as forcas, lavra as injustas sentenças, arrasta pelos caminhos vítimas que se esquartejam! (Romance XVII – “Das lamentações no Tejuco”) – Acusações, sentinelas, bacamarte, algema, escolta; – o olho ardente da perfídia, a velar, na noite morta; – a umidade dos presídios, – a solidão pavorosa; – duro ferro de perguntas, com sangue em cada resposta; – e a sentença que caminha, – e a esperança que não volta, – e o coração que vacila, – e o castigo que galopa… Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! (Romance LIII – “Das palavras aéreas”) Considerando a totalidade da obra, identifique as afirmações verdadeiras. 1. “Ouro” e “palavras” são aproximados ao longo do poema: ambos podem causar efeitos contraditórios, tais como libertar ou privar da liberdade. No caso do ouro, outras partes do poema apontam o quanto a riqueza e a miséria estiveram próximas na época de sua exploração em Minas Gerais. 2. Ao longo de todo o Romanceiro da Inconfidência, os textos dirigem-se diretamente às palavras, fazendo delas interlocutoras privilegiadas, que por isso assumem a condição de personagens principais dos vários romances. 3. O poder evocativo dos versos é construído com repetições de sons e de ritmos, personificação de elementos da natureza, alternância de vozes e com o emprego frequente de interjeições. Trata-se, portanto, de texto poético com grande carga dramática. 4. Cecília Meireles teve a intenção de evidenciar apenas os episódios históricos protagonizados pelos líderes da Inconfidência Mineira. A menção ao Conde no verso transcrito é uma exceção, já que se trata de personagem de pouca relevância histórica. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. e) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras. 29. (PUC-RS) O livro de Cecília Meireles que evoca os “tempos do ouro” denomina-se: a)Romanceiro da Inconfidência. b)Balada para el-Rei. c)Vaga música. d)Retrato natural. e)Romance de Santa Clara. 1. (FUVEST) Designe as principais personagens negras que aparecem em 1. FOGO MORTO, 2. SÃO BERNARDO e 3. CAMPO GERAL, indicando-lhes sucintamente as características mais marcantes. RESPOSTAS: a) FOGO MORTO: José Passarinho e o moleque Floripes. b) Em FOGO MORTO, em SÃO BERNARDO e em CAMPO GERAL há personagens secundários negros que apesar de não serem mais escravos são reduzidos à condição de pobreza e humilhação como Marciano e José Passarinho.
Mãitina, em CAMPO GERAL, representa um núcleo da cultura negra brasileira. 2. (MACKENZIE) Texto 3. (FUVEST) Numa espécie de projeção utópica, sua personagem, um tipo de idealista bobo e desacreditado, alude a mudanças na estrutura social do Nordeste com o advento de outra ordem em que o privilégio ceda ao princípio da
justiça. Daí a crítica falar inclusive em figura quixotesca. 4. (UEL) Sobre o romance Fogo Morto, de José Lins do Rego, é correto afirmar: 5. (UFV) O romance regionalista dos anos 30, em cuja temática insere-se a obra Fogo Morto, abordou as questões socioeconômicas do Nordeste brasileiro. a) Enquanto o desenvolvimento industrial deixou suas marcas na fase heroica do movimento modernista, o romance nordestino dos anos 30 privilegiou as
heranças culturais do Brasil rural. 6. (UNIFOR-CE) Considere as seguintes preocupações de um romancista: I. Narrar uma história de modo a entrelaçar o destino das personagens com as específicas condições culturais, sociais e econômicas da região em que vivem. II. Nos diálogos, buscar ser fiel à linguagem oral das personagens, por mais rudes que sejam. III. Nas descrições, acentuar a importância que têm os elementos da natureza para o modo de vida das personagens. Nos casos de Fogo Morto e Menino de Engenho, constituíram preocupações de seu autor: a) II, somente. b) I e II, somente. c) I e III, somente. d) II e III somente. e) I, II e III 7. (UFV) A respeito de Fogo Morto, de José Lins do Rego, apenas NÃO se pode afirmar que: (FATEC) A velha Sinhá não sabia mesmo o que se passava com o seu marido. Fora ele sempre de muito gênio, de palavras duras, de poucos agrados. Agora, porém, mudara de maneira esquisita. Via-o vociferar, crescer a voz para tudo, até para os bichos, até para as árvores. Não podia ser velhice, a idade abrandava o
coração dos homens. Pobre da Marta que o pai não podia ver que não viesse com palavras de magoar até as pedras. Por ela não, que era um resto de gente só esperando a morte. Mas não podia se conformar com a sorte de sua filha. O que teria ela de menos que as outras? Não era uma moça feia, não era uma moça de fazer vergonha. E no entanto nunca apareceu rapaz algum que se engraçasse dela. Era triste, lá isso era. Desde pequena via aquela menina quieta para um canto e pensava que aquilo fosse até
vantagem. A sua comadre Adriana lhe chamava a atenção: 9. (FUVEST) Sobre “Fogo morto”, é correto afirmar que 10. (PUC-SP) “Fogo Morto”, obra de José Lins do Rego, completa o que o autor designou de ciclo da cana-de-açúcar. Sobre essa obra apresenta-se INCORRETA a seguinte afirmação: 11.Fogo morto, de José Lins do Rego, é um romance característico 12. (PUCCAMP) A par do contraste entre casa-grande e senzala, comum a todas as regiões dependentes do trabalho escravo, a zona açucareira do Nordeste viveu também o contraste entre 13. (FUVEST) Em determinada época, o romance brasileiro “procurou (…) enraizar fortemente as suas histórias e os seus
personagens em espaços e tempos bem circunscritos, extraindo de situações culturais típicas a sua visão do Brasil.” ( Alfredo Bosi ) 14. (FUVEST) A frase que expressa uma relação de semelhança INCORRETA
(ou FALSA) entre as personagens Lula de Holanda e mestre José Amaro (FOGO MORTO) é: 15. ( UFMS) Considerando as proposições abaixo, assinale a(s) correta(s). (01) Em Fogo Morto, vários temas são abordados, dentre os quais: a falência da sociedade patriarcal nordestina, o surgimento do cangaço e a denúncia da miséria e da exploração de grande parcela da população do Nordeste. (02) Em Fogo Morto, configuram-se aspectos da realidade social nordestina de uma época: a fragilidade de um seleiro, vítima do autoritarismo do dono das terras onde vive; o desprestígio de um senhor de engenho arruinado pelo surgimento de novas relações de trabalho e produção; a aspiração por justiça numa sociedade oprimida pelas arbitrariedades do cangaço, da polícia e da “politicagem” das elites. (04) Em algumas passagens do romance Capitães da Areia, percebe-se a intenção de garantir a semelhança com a vida real. Exemplo claro desse tipo de procedimento encontra- se no comportamento da personagem Sem-Pernas. Explorando o próprio defeito físico, o garoto aproxima-se das pessoas para, depois, trair-lhes a confiança. (08) O desfecho de Capitães da Areia é trágico: além da morte de Dora, a única mulher aceita pelo bando de Pedro Bala, ocorre o assassinato do próprio Pedro Bala, pondo fim aos sonhos dos garotos abandonados. Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. 07 16. As obras Vidas Secas, O Quinze, Fogo morto, O tempo e o vento e Os ratos foram escritas, respectivamente, por: a) Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Érico Veríssimo e Dionélio Machado. b) Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Jorge Amado, Luis Fernando Veríssimo e Lúcio Cardoso. c) José Lins do Rego, Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles, Flávio Carneiro e Luiz Ruffato. d) Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Aluísio Azevedo, Raul Pompéia e José de Alencar. 17. (VUNESP) “Descendente de senhores de engenho, o romancista soube fundir, numa linguagem de forte e poética oralidade, as recordações da infância e da adolescência com o registro intenso da vida nordestina colhida por dentro, através dos processos mentais de homens e mulheres que representam a gama étnica e social da região”. O trecho acima refere-se ao autor de a)Vidas Secas b) Fogo Morto c) Grande Sertão: veredas d) A Hora da Estrela e) Tempo e o Vento 18. (ITA) O romance Fogo morto, de José Lins do Rego, apresenta um amplo painel social do interior paraibano no final do século XIX. Acerca das personagens, é correto dizer que: a) os três principais senhores de engenho retratados são o Coronel Lula de Holanda, o Capitão José Paulino e o mestre José Amaro. b) o Coronel Lula de Holanda, explorando os escravos e tomando as terras de José Amaro, tornou-se o mais rico da Paraíba. c) o Capitão Vitorino é uma figura quixotesca, pois, mesmo ridicularizado pelo povo, luta contra os desmandos das autoridades. d) o líder cangaceiro Antônio Silvino consegue, no final, acabar com a injustiça praticada pelos senhores de engenho. e) o mestre José Amaro decide entrar para o bando de Antônio Silvino para se vingar do Coronel Lula de Holanda pelo que ele lhe fez. 19.(PUCCAMP) A par do contraste entre
casa-grande e senzala, comum a todas as regiões dependentes do trabalho escravo, a zona açucareira do Nordeste viveu também o contraste entre 20. (E.A. LAVRAS) Todas as afirmativas são corretas em relação ao romance Fogo Morto, de José Lins do Rego, exceto: a)O protagonista é o menino Carlos Melo, o “sinhozinho” da casa grande, que perdeu a mãe, assassinada pelo pai, e que é criado pela tia, no engenho do avô materno. b)Se Fogo Morto ainda é por sua natureza substancialmente memorialista e primitivista, já se apresenta com qualidades literárias indiscutíveis, dando a medida exata das possibilidades do romancista. c)Mestre José Amaro é o artesão que afoga seu orgulho e sua raiva contra a própria sorte e quer o apoio do cangaceiro Antônio Silvino. d)Lula de Holanda é o patriarca, também orgulhoso, embora cercado de um mundo em decadência, que é o próprio engenho Santa fé. e)Capitão Vitorino é o único homem da Várzea com sentimento e consciência das necessidades sociais e dos problemas políticos, porque não se aproximou dos humildes com a bruteza dos chefes nem com a malícia habilidosa dos políticos, mas com a direta ingenuidade dos puros. 21. (UFPR) A respeito dos romances Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e Fogo Morto, de José Lins do Rego, assinale a alternativa correta. a) Clara dos Anjos é um romance memorialístico, no qual os acontecimentos rememorados permitem compreender a origem da família da protagonista; Fogo Morto é um romance intimista que dá a conhecer a vida de um núcleo familiar aristocrático ao longo da década de 1930. b) Os pontos de vista narrativos desses romances diferem um do outro, porque, em Clara dos Anjos, o narrador participa da trama como personagem, narrando acontecimentos de que participou, enquanto, em Fogo Morto, o narrador é onisciente, dedicando-se a investigar a alma dos personagens. c) Nos dois romances, as mulheres pobres não recebem educação formal e são submetidas a uma rotina de violência familiar. Seu destino é o enlouquecimento, como acontece com Marta e Neném em Fogo Morto, ou a insubmissão, como acontece com Clara dos Anjos, que abandona a casa dos pais. d) Nos dois romances, a cultura popular aparece representada pela música, que agrada a diferentes personagens: em Clara dos Anjos, a modinha aproxima Cassi Jones da família de Clara; em Fogo Morto, as histórias cantadas por José Passarinho ecoam o sofrimento dos personagens. e) Nos dois romances, observa-se a geografia suburbana, com favelas construídas em torno da linha férrea, com aglomerados humanos miscigenados e também com o subemprego dos personagens, como o carteiro Joaquim dos Anjos e o seleiro José Amaro. 22. (UFPR) Em relação ao romance Fogo morto, de José Lins do Rego, identifique as seguintes afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F): ( ) Por razões de orgulho pessoal, o Mestre José Amaro manifesta em relação ao Coronel Lula de Holanda uma altivez inesperada, dadas suas respectivas posições de poder. ( ) Os destinos pessoais de Marta, Olívia e Neném estão diretamente associados à posição social da mulher no contexto histórico representado. ( ) Apesar das suas limitações no presente, o romance mostra que o capitão Vitorino, dada a justiça das suas opiniões, seria capaz de influenciar positivamente a vida política da região em algum momento futuro. ( ) Na última parte da obra, os cangaceiros, liderados pelo capitão Antônio Silvino, e as forças da lei, representadas pela polícia, aparecem distintamente separadas como figurações do bem e do mal. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. a) V – F – V – V. b) F – V – F – V. c) F – F – V – V. d) V – V – V – F. e) V – V – F – F. 1. (FUVEST) Entre as variedades de preconceito enumeradas a seguir, aponte aquelas que o grupo do “capitães da areia” (do romance homônimo) rejeita e aqueles que acata e reforça: preconceito de raça e cor; de religião; de gênero (feminino e masculino); orientação sexual. Justifique suas respostas: RESPOSTAS: Raça e cor: Não se pode afirmar que exista preconceito de raça e cor entre os Capitães da Areia. O grupo não faz distinção entre meninos brancos, como Pedro Bala e Gato, e negros , como João Grande, e mulatos, como Boa-Vida e Volta Seca. Religião: A religião também não é um motivo de preconceito entre o grupo. Há os que praticam o catolicismo, como Pirulito, os que seguem o Candomblé, como João Grande, e os que são indiferentes às questões religiosas, como Pedro Bala. Gênero: Há preconceito de gênero entre o grupo. Quando Dora chega ao bando, é rechaçada e hostilizada pela maioria dos menores abandonados, por ser menina. Contudo, ela é lentamente aceita pelo grupo, não exatamente pela superação do preconceito, mas sim porque se atribui a ela o papel que, tradicionalmente, é associado às mulheres: o de mãe e de irmã, para sua maioria do grupo, e de noiva e mulher, para Pedro Bala, Depois, Dora encarará também a bravura e a coragem, assumindo papéis semelhante ao de seus companheiros, chegando a usar roupas masculinas e a participar das ações transgressoras do grupo. Orientação Sexual: Esse é certamente o preconceito mais arraigado entre eles. O narrador chega a afirmar que “umas das leis do grupo era que não se permitiam pederastas passivos”. Essa postura pode ser narrada em relação a Almiro, que mantinha em segredo suas relações homossexuais com o Barandão. 2. (UNICAMP ) Leia o seguinte trecho do romance Capitães da Areia, de Jorge Amado: Agora [Pedro Bala] comanda uma brigada de choque formada pelos Capitães da Areia. O destino deles mudou, tudo agora é diverso. Intervêm em comícios, em greves, em lutas obreiras. O destino deles é outro. A luta mudou seus destinos.(Jorge Amado, Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 268.) a) explique a mudança pela qual os capitães da areia passaram, e o que a tornou possível. b) que relação se pode estabelecer entre esse desfecho e a tendência política do romance de jorge amado? RESPOSTAS: a) Inicialmente, a narrativa relata as histórias de um grupo de aproximadamente cem “meninos de rua” que sobrevivem de furtos e pequenas trapaças. A trajetória de Pedro Bala, filho de um grevista morto no cais, é a linha condutora de toda a história, ligando os quadros que são apresentados ao longo da narrativa. Por ser o mais corajoso, torna-se chefe das crianças que a pouco e pouco se foram afastando da marginalidade para combater as injustiças sociais, até se transformar em líder revolucionário comunista. b) Em “Capitães da areia”, Jorge Amado trata de assunto real e desenvolve temas diversos, como a vida dos excluídos e suas lutas, o papel da Igreja, das autoridades e da imprensa. Jorge Amado era membro do Partido Comunista, por isso constrói uma obra de denúncia, com um discurso ideológico que reflete as suas convicções políticas: transformação social decorrente da conscientização e da luta organizada contra as injustiças. 3. Leia o seguinte excerto de Capitães da areia, de Jorge Amado, e responda ao que se pede. O sertão comove os olhos de Volta Seca. O trem não corre, este vai devagar, cortando as terras do sertão. Aqui tudo é lírico, pobre e belo. Só a miséria dos homens é terrível. Mas estes homens são tão fortes que conseguem criar beleza dentro desta miséria. Que não farão
quando Lampião libertar toda a caatinga, implantar a justiça e a liberdade? a)No fragmento de Capitães da areia, o sertão é associado a elementos positivos (“lírico” e “belo”), apesar das marcas de miséria que apresenta. Em Vidas secas, o meio físico, destituído de valores positivos, atua como um forte elemento de opressão dos sertanejos, seja na época da seca, seja na época da chuva. b) No trecho de Capitães da areia, a representação do sertanejo (nas fi guras de Volta-Seca e Lampião) aparece associada à força e à possibilidade de “criar beleza dentro desta miséria”, qualificando-o como agente
possível da libertação e da justiça. Em Vidas secas, a força do protagonista Fabiano liga-se menos ao seu poder 4. (PUC-SP) A reportagem e as cartas inseridas nas páginas iniciais do livro Capitães de Areia, de Jorge Amado, criam uma relação entre jornal e literatura e acabam compondo a matéria propriamente dita da obra. Dessa relação, é possível afirmar que a) jornal e literatura tratam do mesmo assunto, e mostram a realidade com igual objetividade e isenção de ânimo. b) nessa matéria jornalística, os fatos são comprovadamente verdadeiros, enquanto na literatura, são verossímeis e constituem matéria de ficção. c) o autor se vale da matéria jornalística para dar força de verdade e legitimidade ao seu romance, como retrato fiel da realidade, embora nenhuma pessoa referida nela seja aproveitada como personagem no d) tanto a matéria jornalística, pseudo-reportagem, quanto a literária mostram-se como objetos do imaginário, criados, portanto, pelo mesmo autor. e) a matéria jornalística, aí inserida, é independente da do romance e não estabelece com ele nenhum vínculo causal. 5. (ITA) Sobre o romance “Capitães da Areia”, de Jorge Amado,
é INCORRETO afirmar que: 6. (UFPE) “Irmão … é uma palavra boa e amiga. Se acostumaram a chamá-la de irmã. Ela também os trata de mano, de irmão. Para os menores é como uma mãezinha. Cuida deles. Para os mais velhos é como uma irmã que brinca inocentemente com eles e com eles passa os perigos da vida aventurosa que
levam. 7. (FUVEST) Inimigo da riqueza e do trabalho, amigo das festas, da música, do corpo das cabrochas. Malandro. Armador 8.(UEPB) Com referência a Capitães da areia, é correto afirmar que a) Os provérbios e as gírias classificam a obra como romance regionalista. b) Os rituais africanos e as crendices populares imprimem um caráter doutrinário ao romance. c) O coloquialismo e o emprego excessivo de termos vulgares comprometem a literariedade da obra. d) A oralidade e a linguagem popular conferem um ritmo dinâmico à obra e não prejudicam o seu teor literário. e) A linguagem jornalística sobrepõe-se à linguagem lírico-poética e categoriza a obra como documentário. 9. (FUVEST ) Por caminhos diferentes, tanto Pedro Bala (de Capitães de areia, de Jorge Amado) quanto o operário (do conhecido poema “O operário em construção”, de Vinícius de Moraes) passam por processos de “aquisição de uma consciência política” (expressão do próprio Vinícius). O contexto dessas obras indica também que essa conscientização leva ambos a: O romance Capitães da Areia, de Jorge Amado, é um documento sobre a vida dos meninos de rua de Salvador. A sua primeira edição (1937) foi apreendida e queimada em praça pública pouco depois de implantada a ditadura de Getúlio Vargas. No trecho a seguir, o narrador nos conta como Pedro Bala, aos quinze anos, assumiu a liderança de um grupo que dormia num velho armazém abandonado do cais do porto.”É aqui também que mora o chefe dos Capitães da Areia: Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim, desde seus cinco anos. Hoje tem quinze anos. Há dez que vagabundeia nas ruas da Bahia. Nunca soube de sua mãe, seu pai morrera de um balaço. Ele ficou sozinho e empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de todas as suas ruas e de todos os seus becos. Não há venda, quitanda, botequim que ele não conheça. Quando se incorporou aos Capitães da Areia (o cais recém-construído atraiu para suas areias todas as crianças abandonadas da cidade) o chefe era Raimundo, o Caboclo, mulato avermelhado e forte. “Não durou muito na chefia o caboclo Raimundo. Pedro Bala era muito mais ativo,
sabia planejar os trabalhos, sabia tratar com os outros, trazia nos olhos e na voz a autoridade de chefe. Um dia brigaram. A desgraça de Raimundo foi puxar uma navalha e cortar o rosto de Pedro, um talho que ficou para o resto da vida. Os outros se meteram e como Pedro estava desarmado deram razão a ele e ficaram esperando a revanche, que não tardou. Uma noite, quando Raimundo quis surrar Brandão, Pedro tomou as dores do negrinho e rolaram na luta mais sensacional a que as areias do cais jamais
assistiram. Raimundo era mais alto e mais velho. Porém Pedro Bala, o cabelo loiro voando, a cicatriz vermelha no rosto, era de uma agilidade espantosa e desde esse dia Raimundo deixou não só a chefia dos Capitães da areia, como o próprio areal. Engajou tempos depois num navio. Todos reconheceram os direitos de Pedro Bala à chefia, e foi dessa época que a cidade começou a ouvir falar nos Capitães da areia, crianças abandonadas que viviam do furto.”Jorge Amado, Capitães da Areia, 50a ed. Rio de
Janeiro: Record, 1980, P. 26/7. 11.( UFR-RJ) O preto
Henrique tomou o caneco das mãos da preta velha e bebeu dois tragos. O cenário predominante na obra do escritor Jorge Amado é o estado da Bahia. Sua produção é dividida pelos críticos literários em várias fases. O texto lido (FUVEST) Texto para as questões 12 a 16: Omolu espalhara a bexiga
na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o lazareto*. Omolu só queria com o alastrim
marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam: 12.(FUVEST ) – Considere as seguintes afirmações referentes ao texto de 13. (FUVEST ) Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e
diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento 14. (FUVEST )As informações contidas no texto permitem concluir corretamente que a doença de que nele se fala caracteriza se como 15. (FUVEST )Apesar das diferenças notáveis que existem entre estas obras, um aspecto comum ao texto de Capitães da Areia, considerado no contexto do livro, e Vidas secas, de Graciliano Ramos, é 16. (FUVEST ) Das propostas de substituição para os trechos sublinhados nas seguintes frases do texto, a única que faz, de maneira adequada, a correção de um erro gramatical presente no discurso do narrador é: 17. (ENEM ) Texto I Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os nove aos dezesseis anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações… AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento). Texto II À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali os bêbados são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do mercado. TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento). Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem literária recorrente na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos, a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados. b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em relação aos personagens. c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social. d) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusão. e) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta. 18. (UEPB) Atente para os nomes dos Capitães da areia, elencados na coluna esquerda e os relacione às características, aventuras e desventuras relatadas na coluna direita: (1) João Grande (2) Pedro Bala (3) Sem-Pernas (4) Professor (5) Pirulito 19. (__) “Era o espião do grupo, aquele que sabia se meter na casa de uma família uma semana, passando por bom menino perdido dos pais na imensidão agressiva da cidade.” (__) “Gostava de saber das coisas e era ele quem, muitas noites, contava aos outros histórias de aventureiros, de homens do mar, personagens heroicos e lendários…” (__) “Ele ficou sozinho e empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de todas as suas ruas e de todos os seus becos. […] ativo, sabia planejar os trabalhos, sabia tratar com os outros, trazia nos olhos e na voz a autoridade…” (__) “Era magro e muito alto, uma cara seca, meio amarelada, os olhos encovados e fundos, a boca rasgada e pouco risonha […] sua reza era simples e não fora sequer aprendida em catecismos.” (__) “Vai curvado pelo vento como a vela de um barco, é alto, o mais alto do bando, e o mais forte também, negro da carapinha baixa e músculos retesados, embora tenha apenas 13 anos.” Assinale a alternativa correta: a) 5, 1, 3, 4, 2 b) 2, 1, 3, 5, 4 c) 5, 3, 1, 2, 4 d) 3, 5, 1, 4, 2 e) 1, 5, 3, 2, 4 20. ( UFMS) Considerando as proposições abaixo, assinale a(s) correta(s). (01) Em Fogo Morto, vários temas são abordados, dentre os quais: a falência da sociedade patriarcal nordestina, o surgimento do cangaço e a denúncia da miséria e da exploração de grande parcela da população do Nordeste. (02) Em Fogo Morto, configuram-se aspectos da realidade social nordestina de uma época: a fragilidade de um seleiro, vítima do autoritarismo do dono das terras onde vive; o desprestígio de um senhor de engenho arruinado pelo surgimento de novas relações de trabalho e produção; a aspiração por justiça numa sociedade oprimida pelas arbitrariedades do cangaço, da polícia e da “politicagem” das elites. (04) Em algumas passagens do romance Capitães da Areia, percebe-se a intenção de garantir a semelhança com a vida real. Exemplo claro desse tipo de procedimento encontra- se no comportamento da personagem Sem-Pernas. Explorando o próprio defeito físico, o garoto aproxima-se das pessoas para, depois, trair-lhes a confiança. (08) O desfecho de Capitães da Areia é trágico: além da morte de Dora, a única mulher aceita pelo bando de Pedro Bala, ocorre o assassinato do próprio Pedro Bala, pondo fim aos sonhos dos garotos abandonados. SOMA: 07 21.(PUC-SP) O diretor do Reformatório Baiano para Menores Abandonados e Delinquentes é um velho amigo do ―Jornal da Tarde‖. Certa vez uma reportagem nossa desfez um círculo de calúnias jogadas contra aquele estabelecimento de educação e seu diretor. Hoje, ele se achava na polícia esperando poder levar consigo o menor Pedro Bala. A uma pergunta nossa respondeu: – Ele se regenerará. Veja o título da casa que dirijo: ―Reformatório. Ele se reformará. E a outra pergunta nossa, sorriu: – Fugir? Não é fácil fugir do Reformatório. Posso lhe garantir que não o fará. O trecho acima é do romance Capitães da Areia, de Jorge Amado. De acordo com o texto, indique a alternativa verdadeira. a) A regeneração se dá porque, segundo o Juiz de menores, em carta à Redação do Jornal, o reformatório é um ambiente onde se respiram paz e trabalho e onde as crianças são tratadas com o maior carinho. b) A referência à fuga é desnecessária, visto que ninguém consegue de lá escapar, nem mesmo Pedro c) A matéria jornalística é isenta na defesa do Diretor do Reformatório, que, aliás, é um velho amigo do Jornal da Tarde. d) A afirmação do Diretor sobre a regeneração é irônica e subentende o tratamento que é dispensado aos menores que para lá são conduzidos. e) A reforma aludida é possível porque conta com a ação apostólica do Padre José Pedro junto ao Reformatório e cuja ação é respeitada pelo Diretor. 22. (UFBA) Texto I “— Dê seu jeito… — Balduíno encolheu os ombros. O soldado abriu a mão na cara de Antônio Balduíno, mas o negro já estava por baixo, as pernas batendo nas do soldado que caiu. Se levantou com o sabre na mão. Antônio Balduíno abriu a navalha: — Venha se é homem! — Não tenho medo de macho… — Eu não respeito farda — e Antônio Balduíno foi arrancando o sabre do soldado que já levava uma navalhada no rosto. Depois que desarmou o soldado, largou a navalha e esperou Osório na escuridão. Vinha gente, homens e guardas e mais soldados. Osório se atirou em cima de Balduíno e recebeu um daqueles socos pesados do negro. Ficou estatelado no chão. Um gringo que apreciava a luta puxou Antônio Balduíno: — Vá embora que vem muito soldado aí. (…)” AMADO, Jorge. Jubiabá. São Paulo: Martins, 1961. p. 117. TEXTO II “O CAPOEIRA — Qué apanhá sordado? — O quê? — Qué apanhá? Pernas e cabeças na calçada.” ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. 6. ed. São Paulo: Globo, 1998. p. 87. A leitura dos textos I e II permite afirmar: (01) Em ambos os textos, ocorre a ruptura com a tradição literária nacional, um incorporando a linguagem popular, e o outro abandonando a rima e a métrica. (02) No ritmo e nas ações dos dois textos, há um contraste: o primeiro é rápido e imprevisível, e o segundo, lento e previsível. (04) Os dois textos se diferenciam tanto pelas características do gênero escolhido quanto pela síntese do segundo e pelo estilo emocional do primeiro. (08) Oswald de Andrade consegue uma forma de dar maior autenticidade ao seu poema, transcrevendo a fala coloquial e popular nos diálogos, sem respeitar as normas ortográficas. (16) Nesse trecho do romance de Jorge Amado, a presença repetida de nomes — próprios e comuns — para identificar os lutadores contribui para evitar a ambiguidade em um momento de ação tão rápida. (32) “Qué apanhá” (v. 1 e 3) é uma realização popular de duas formas verbais no infinitivo. SOMA: 29 23. (PUC-SP) Em Capitães da Areia, romance de Jorge Amado, a frase que abre a narrativa é a mesma que a fecha: Sob a lua, num velho trapiche abandonado, as crianças dormem. Sob a lua, num velho trapiche abandonado, eles levantam os braços. Estão em pé, o destino mudou. Entre elas há um percurso narrativo no qual a vida das crianças sofreu significativas mudanças. Assim, indique, abaixo, a alternativa que contém ações que confirmam as referidas mudanças. a) Os capitães da areia conseguem organizar-se porque são liderados por Pedro Bala, espécie de herói que supera a condição de marginal e se eleva ao plano histórico do confronto social e político. b) O bando de meninos adquire força e supera as adversidades graças, também, à proteção que recebe da mãe-de-santo e do padre progressista. c) Os capitães passam por transformações e dão uma finalidade política às artes da capoeira e do jogo de punhais e passam a ajudar na mudança do destino dos pobres. d) As crianças, vítimas do fracasso das políticas sociais, encontram apoio para a mudança apenas no chefe de polícia e no juizado de menores. e) As crianças, organizadas em grupo, formam uma brigada de choque e intervêm em comícios, em greves, em embates obreiros e, assim, por meio da luta, conseguem mudar seus destinos. 24. Leia o trecho da obra de Jorge Amado intitulado Capitães da Areia e marque a opção CORRETA a respeito do texto. “Como o vestido dificultava seus movimentos e como ela queria ser totalmente um dos Capitães da Areia, o trocou por umas calças que deram a Barandão numa casa da cidade alta. As calças tinham ficado enormes para o negrinho, ele então as ofereceu a Dora. Assim mesmo, estavam grandes para ela, teve que as cortar nas pernas para que dessem. Amarrou com cordão, seguindo o exemplo de todos, o vestido servia de blusa. Se não fosse a cabeleira loira e os seios nascentes, todos a poderiam tomar por um menino, um dos Capitães da Areia. No dia em que, vestida como um garoto, ela apareceu na frente de Pedro Bala, o menino começou a rir. Chegou a se enrolar no chão de tanto rir. Por fim conseguiu dizer — Tu tá gozada… Ela ficou triste, Pedro Bala parou de rir. — Não tá direito que vocês me dê de comer todo dia. Agora eu tomo parte no que vocês fizer. O assombro dele não teve limites: — Tu quer dizer… Ela o olhava calma, esperando que ele concluísse a frase. — … que vai andar com a gente pela rua, batendo coisas… — Isso mesmo — sua voz estava cheia de resolução. — Tu endoidou… — Não sei por quê. — Tu não tá vendo que tu não pode? Que isso não é coisa pra menina. Isso é coisa pra homem. — Como se vocês fosse tudo uns homão. É tudo uns menino.”Jorge Amado. Capitães da Areia. São Paulo: Martins Editora, 34ª ed., s/d. a)Incorreta. Dora, sentindo-se à margem da sociedade, rompe com a convenção social ao optar por usar calças. Essa identificação com os meninos, influenciada pela teoria determinista, desenvolve nela uma dúvida sobre sua preferência sexual. Dora decide usar calças porque o vestido dificultava seus movimentos e, sendo membro do grupo de meninos de rua, precisava de agilidade. Não há no trecho em questão nenhuma marca que possa pôr em dúvida a preferência sexual da personagem. b) Correta. A linguagem coloquial usada por Jorge Amado neste romance enfatiza o estilo de denúncia social por fixar tipos marginalizados para, através deles, analisar toda uma sociedade. Os romances de Jorge Amado, vazados numa linguagem que retrata o falar do povo, são marcados pelo lirismo e pela postura ideológica que defendia. c) Incorreta. Essa obra representa um movimento de rebeldia juvenil incitado pela ideologia hippie que pregava “sexo, drogas e rock and roll”. Essa fase de Jorge Amado evidencia um lado pitoresco, marcada pela crônica de costumes. O livro narra a vida de meninos abandonados, nas ruas de Salvador, os quais, apesar de marginais, ao final, organizam-se como um grupo político que defende ideias revolucionárias. d) Incorreta. Pedro Bala, personagem central da obra, é um jovem de classe média, politizado, que abdica de seu cotidiano, para integrar-se a um grupo político que defende ideias revolucionárias. Pedro Bala é a representação do descaso, do abandono tanto familiar quanto governamental. É o chefe dos Capitães da Areia, que, depois, torna-se líder político, lutando pela mudança do destino de outras crianças abandonadas do país. e) Incorreta. Dora é a representação da ingenuidade e da inocência. Iludida por Pedro Bala, acaba fazendo parte do grupo Capitães da Areia que consistia em um bando de delinquentes que viviam de furtos pela cidade de Salvador. Embora ainda criança, Dora demonstra coragem, ousadia, ideologia. Não é, por isso, iludida por Pedro Bala, faz parte dos Capitães da Areia por vontade própria, sendo a única menina do grupo. 25. (FATEC) “A cidade está alegre, cheia de sol. Os dias da Bahia parecem dias de festa, pensa Pedro Bala, que se sente invadido também pela alegria. Assovia com força, bate risonhamente no ombro de Professor. E os dois riem, e logo a risada se transforma em gargalhada. No entanto, não têm mais que uns poucos níqueis no bolso, vão vestidos de farrapos, não sabem o que comerão. Mas estão cheios da beleza do dia e da liberdade de andar pelas ruas da cidade. E vão rindo sem ter do que, Pedro Bala com o braço passado no ombro de Professor. De onde estão podem ver o Mercado e o cais dos saveiros e mesmo o velho trapiche onde dormem.” (http/www.culturabrasil.org/zip/ Acesso em: 20.03.14. Adaptado) É correto afirmar que esse fragmento foi extraído do romance a) “O cortiço”, de Aluísio de Azevedo. b) “São Bernardo”, de Graciliano Ramos. c) “Capitães da areia”, de Jorge Amado. d) “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. e) “Sagarana”, de Guimarães Rosa. 26. (UFSC) […]. Depois Volta Seca chegou com um jornal que trazia notícias de Lampião. Professor leu a notícia para Volta Seca e ficou vendo as outras coisas que o jornal trazia. Então chamou: – Sem-Pernas! Sem-Pernas! […] E leu uma notícia no jornal: Ontem desapareceu da casa número… da rua…, Graça, um filho dos donos da casa, chamado Augusto. Deve ter se perdido na cidade que pouco conhecia. É coxo de uma perna, tem treze anos de idade, é muito tímido, veste roupa de casimira cinza. A polícia o procura para o entregar aos seus pais aflitos, mas até agora não o encontrou. A família gratificará bem quem der notícias do pequeno Augusto e o conduzir a sua casa. O Sem-Pernas ficou calado. Mordia o lábio. Professor disse: – Ainda não descobriram o furto… Sem-Pernas fez que sim com a cabeça. Quando descobrissem o furto não o procurariam mais como a um filho desaparecido. Brandão fez uma cara de riso e gritou: – Tua família tá te procurando, Sem-Pernas. Tua mamãe tá te procurando pra dar de mamar a tu… Mas não disse mais nada, porque o Sem-Pernas já estava em cima dele e levantava o punhal. E esfaquearia sem dúvida o negrinho se João Grande e Volta Seca não o tirassem de cima dele. Brandão saiu amedrontado. O Sem-Pernas foi indo para o seu canto, um olhar de ódio para todos. Pedro Bala foi atrás dele, botou a mão em seu ombro: – São capazes de não descobrir nunca o roubo, Sem-Pernas. Nunca saber de você… Não se importe, não. – Quando doutor Raul chegar vão saber… E rebentou em soluços, que deixaram os Capitães da Areia estupefatos. AMADO, Jorge. Capitães da areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 133-134.Com base no texto , na leitura do romance Capitães da areia e no contexto do Modernismo brasileiro, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). 01.Capitães da areia inclui-se entre as obras do chamado Regionalismo de 30, cujas temáticas compreendem, entre outros aspectos, a denúncia das mazelas sociais do Brasil. 02. Augusto – apelidado pelos capitães da areia de Sem-Pernas, devido a uma deficiência física – abandona a casa dos pais após ter furtado objetos de valor e se une aos capitães da areia; a vergonha, mais que o temor do castigo, impede-o de voltar para casa. 04. A agressão de Sem-Pernas a Barandão representa um ponto de virada na história porque, a partir de então, Sem-Pernas, que sempre fora calmo e reservado, passa a agredir os colegas, até que Pedro Bala o expulsa do grupo e ele comete suicídio. 08. Na composição das personagens que habitam o trapiche, Jorge Amado adota um procedimento semelhante: nenhum dos meninos é mau por natureza, porém eles cometem más ações por força das circunstâncias sociais. 16. No período “A família gratificará bem quem der notícias do pequeno Augusto e o conduzir a sua casa” , a expressão “a sua casa” poderia ser escrita como “à sua casa”, sem que isso implicasse desrespeito à norma padrão. SOMA: 01 + 04 + 08 + 16 = 29 27. (FATEC ) Logo depois transferiu-se para o trapiche [local destinado à guarda de mercadorias para importação ou exportação] o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores e de idades, as mais variadas, desde os 9 aos 16 anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações… (AMADO, Jorge. O trapiche. Capitães de Areia. São Paulo: Livraria Martins Ed., 1937. Adaptado.) Capitães de Areia é um romance, de Jorge Amado, que trata a)da vida de órfãos sobreviventes de um naufrágio ocorrido perto da cidade de Pernambuco. b)do sofrimento de um grupo de meninos sobreviventes de uma chacina no Rio de Janeiro. c)do drama vivenciado por jovens chineses e africanos encontrados nos porões de um navio no porto de Santos. d)da pobreza vivida pelos jovens fugidos de um reformatório em busca do sonho de liberdade em Recife. e)das histórias cotidianas de meninos de rua que lutam pela sobrevivência em Salvador. 28. (UEAP) Considerando que a narrativa do livro Capitães da Areia, de Jorge Amado está organizada em três partes, assinale a alternativa correta. a)A primeira parte trata da desintegração do bando, dos principais líderes; a segunda segue com o relato da história de amor que surge quando Dora torna-se a primeira “capitã da areia” e, finalmente, na terceira parte o autor traça o perfil dos meninos que compõe o bando. b)A narrativa começa com a apresentação dos meninos, segue com Dora, a “capitã da areia”; e termina com a desintegração do bando e seus destinos. c)A primeira parte sobre Pedro Bala, o líder; a segunda sobre Volta Seca, que é afilhado de Lampião e sonha em tornar-se cangaceiro; e, a terceira sobre o Professor, menino muito talentoso que lê e desenha. d)A primeira parte revela a indignação do narrador diante da tomada da cidade da Bahia pelos meninos de rua; a segunda marca a perplexidade de se ver uma menina fazendo parte do bando; a terceira trata do relato impiedoso do trágico e inevitável destino dos meninos do bando. e)Nas três partes, a narrativa apresenta apenas, os problemas enfrentados pelos meninos que vivem no cais da Bahia, sem, contudo, fazer referência aos maus tratos sofridos por eles. 29. (PUC-SP) Grita, xinga nomes. Ninguém o atende, ninguém o vê, ninguém o ouve. Assim deve ser o inferno. Pirulito tem razão de ter medo do inferno. É por demais terrível. Sofrer sede e escuridão. (…) Seu pai morrera para mudar o destino dos doqueiros. Quando ele sair será doqueiro também, lutar pela liberdade, pelo sol, por água e de comer para todos. Cospe um cuspo grosso. A sede aperta sua garganta. Pirulito quer ser padre para fugir daquele inferno. O trecho acima integra o romance Capitães de Areia, de Jorge Amado. Descreve a situação de Pedro Bala, preso no reformatório, confinado num cubículo escuro, com fome, sede e humilhação de não poder ficar de pé. A propósito deste trecho, pode-se afirmar que a) simboliza, na narrativa, a descida aos infernos da história romanesca. Na dor dessa prova definitiva, o herói retempera o seu amor à liberdade com nova disposição para a luta social. b) a palavra inferno, repetida no texto, é apenas um desabafo do protagonista e não projeta nenhuma analogia com a situação geral das crianças e da sociedade. c) o estilo quase telegráfico do texto, quebra o ritmo da narrativa e impede a possibilidade de criação e de efeitos estéticos. d) desprovido de recursos estilísticos, limita-se a informar a situação do protagonista, mediante a utilização de uma linguagem objetiva e direta., marcadamente referencial. e) dá a chave para compreender o mundo interior do personagem, aflorado no texto pelo intenso uso do discurso direto. |