Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos

Se você deseja obter uma melhor contextualização básica sobre a história e a física do magnetismo, seus parâmetros e sobre os ímãs permanentes e outros materiais magnéticos, aprecie, primeiro, a Parte 1 deste tópico.

Motores Puramente Magnéticos:

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos

A capacidade aparentemente misteriosa de ímãs em influenciar o movimento à distância, sem qualquer fonte de energia aparente, há muito tem apelado para a imaginação dos inventores. Um dos primeiros exemplos de motor magnético foi proposto pelo bispo John Wilkins (1614-1672) e tem sido amplamente copiado desde então. Ele consiste em uma rampa com um ímã no topo, que atrairia uma bola de metal inicialmente parada ao pé da rampa, por sobre a rampa. Perto do ímã havia um pequeno orifício que era para permitir que a bola, ao subir, caísse através dele, sob a rampa e voltasse ao fundo, onde uma abertura permitiria que ela voltasse para o início de novo.

O dispositivo simplesmente não pôde funcionar pois, qualquer ímã forte o suficiente para puxar a bola rampa acima, era também necessariamente muito forte para não permitir que ela caísse no buraco acima. Confrontado com este problema, as versões mais modernas normalmente usam uma série de rampas e ímãs, posicionados de modo a bola está para ser entregue a partir de um ímã para outro enquanto ele se move. O problema continua a ser a mesmo, ainda sem solução.

Todavia, há um poder natural em ímãs, seu magnetismo natural, que, basicamente, pode ter um tremendo poder se aplicado de uma maneira que aproveita o torque produzido em uma geometria circular livre para girar.

É fato que, pela eventual ação de uma força externa, um magneto for colocado no interior de um campo magnético externo, o seu próprio campo magnético irá rapidamente interagir com o campo magnético externo no qual ele foi inserido. Tal interação provocará deformações em ambos os campos, as quais resultam em dois casos:

  • com ganho no fluxo magnético original de ambas as fontes de magnetismo;
  • com perda no fluxo magnético original de ambas as fontes e magnetismo.

Em ambos os casos, os corpos de ambas as fontes de energia magnética passam a sofrer um torque mútuo.

O torque N em um magneto é proporcional ao campo B aplicado e ao momento magnético m do magneto:

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos


onde × representa um produto vetorial.

Esta é uma quantidade vetorial, sendo a sua direção em qualquer ponto do campo magnético a direção do campo vetorial naquele ponto.

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos
Campo vetorial de força magnética de um magneto esférico em 3D

Um campo vetorial é uma atribuição de um vetor para cada ponto em um subconjunto do espaço euclidiano (uma seta que atribui ao ponto do espaço, uma força com intensidade, direção e sentido). Um campo de vetores no plano, por exemplo, pode ser visualizada como uma série de setas com uma dada magnitude e direção cada um ligado a um ponto no plano. Campos de vetores são muitas vezes utilizados para modelar, não apenas os campos de força magnética, mas também, por exemplo, a velocidade e a direção de um fluido em movimento no  espaço, ou uma força direcional qualquer, como a força gravitacional, a medida em que ela muda de ponto a ponto.

O torque sobre um magneto, devido a interação um campo magnético externo é fácil de ser observado empiricamente: basta colocar dois magnetos próximos, e soltar um deles, permitindo que ele se mova.

Dependendo do posicionamento relativo inicial do magneto dentro do campo magnético externo no qual ele é inserido, o torque poderá ser de dois tipos:

  • de atração;
  • de repulsão.

Se após ser inserido no campo magnético impróprio o corpo do magneto estiver livre para se mover e, se a magnitude do torque for suficiente para demover a massa do seu corpo da inércia, ele, de fato, se porá em movimento.

No caso de torque de atração, os vetores de resultantes tenderão a provocar um deslocamento do magneto livre no sentido de aproximação em relação a fonte do campo externo, de modo a fazer com que ambos os campos se alinhem, se somando ao máximo que for possível, formando, por fim, um único campo e passando a agir como um único magneto. Durante este deslocamento a intensidade do torque irá aumentando, e quando o deslocamento termina o torque atinge seu valor máximo.

Já, no caso de repulsão, o deslocamento do magneto livre se dará num sentido que faça com que a interação entre os campos se anule, portanto, será um deslocamento de afastamento, e o torque diminuirá enquanto o magneto livre se desloca, até se tornar também nulo, ou insuficiente frente a massa do corpo do magneto para dar continuidade ao deslocamento.

No entanto, desde agora, eu quero esclarecer que eu venho a pensar que todos esses motores magnéticos apresentados, apesar de serem realmente capazes de girar, eles não são capazes de produzir torque considerável, quando leva-se em conta o tamanho e o custo da máquina.

Portanto, eles são uma farsa, no sentido de que eles não se aplicam a geradores de energia a partir de, puramente, a energia de seus magnetos, enquanto que, como motores, elas só podem ser aplicados ao acionamento de pequena cargas, que possuam baixo conjugado de partida  (ex. ventiladores e exaustores), sendo, ainda, a velocidade de operação, altamente dependente do conjugado resistente.

Um motor puramente magnético é um dispositivo teórico capaz de converter continuamente a força do campo magnético em energia mecânica, criando um torque. Teoricamente a energia mecânica pode ser desenvolvida a partir das forças de repulsão entre um ímã permanente móvel e um ímã permanente fixo.

Muitos inventores tem construído protótipos de vários tipos de motores de ímã permanentes ao longo da história, principalmente nos últimos anos. Howard Johnson recebeu três patentes nos EUA em motores magnéticos (em 1979, 1989 e 1995), mas até 2012, não houve reconhecimento de nenhuma tentativa bem sucedida de replicar o motor magnético Johnson.

Algumas propostas contemplam máquinas puramente magnéticas, enquanto outras, tendo incorporado tanto ímãs permanentes e quanto eletroímãs. Os eletroímãs podem ser uteis nos motores magnéticos, principalmente, para provocar modificações no campo magnético estático provido pelo estator, como método para dar a partida automática na operação desse dispositivo, tirando-o da inercia de um sistema magnético balanceado, onde os campos magnéticos estáticos não podem transferir energia.

O fascínio que há com estes tipos motores reside no seu potencial para a produção de "energia livre", seja mecânica (motor) ou elétrica (com um gerador acoplado).

Recentemente outro inventor da Argentina publicou um vídeo de um motor puramente magnético com um gerador acoplado. O protótipo é chamado de "Torian III."

O protótipo possui três estatores circulares estacionários, que formam um conjunto que é interligado por duas hastes laterais. Cada estator tem ímãs possui ímãs permanentes embutido em sua circunferência, aparentemente distribuídos de uma forma não simétrica.

Possui também um rotor de três estágios instalados sobre um eixo comum, que está livre para girar e que se encaixa dentro de cada um dos estatores circulares quando o dispositivo é iniciado. Cada rotor apresenta 15 magnetos embutidos em sua periferia.

O dispositivo é iniciado girando-se manualmente qualquer um dos estágios do rotor (para prover o impulso inicial) e em seguida puxando-se, também manualmente, o conjunto estator para que cada um deles venha a ficar sobre o seu respectivo estagio do rotor.

Aparentemente, esta partida manual é suficiente para iniciar o dispositivo, que, então, um movimento giratório se estabeleça e se sustentar, mesmo com o estagio gerador produzindo uma pequena quantidade de energia, suficiente para fazer acender um conjunto de LEDs.

Perto do final do vídeo, ele levanta-se o dispositivo, mesmo em operação, para fora da mesa e mostra que não existem fios ocultos anexados.

Motor Magnético Argentino TORIAN 3 Parte 1/ 2:

Motor Magnético Argentino TORIAN 3 Parte 2/ 2:


Muitos pesquisadores sérios acreditam que não exista uma geometria que possa tornar isso possível. Outros, entre os quais eu me incluo, acreditam que apesar da máquina poder girar ela não ofereceria um torque  suficiente para ser rentável. Não há, até o presente momento, conhecimento de que motores puramente magnéticos para aplicações de geração de energia elétrica já sejam comercializados em qualquer parte do mundo.

Uma máquina semelhante a Torian III parece ser um dispositivo muito interessante e, se funcionar, sobre ele, uma série de ensaios podem (e precisam) ser realizados, para verificar, entre outras coisas, por exemplo, a auto regulação de velocidade, a capacidade de torque, a eventual possibilidade de operação em dois e em quatro quadrantes, etc, além de estudos baseados em sucessivas modificações da geometria magnética (ângulos de inclinação das cavidades (ver o desenho da geometria sugerida mais adiante), número total de cavidades, de magnetos, etc), sempre seguido de ensaios bem realizados, com torque e velocidade mensurados, tarefas que que poderiam ajudar a descrever uma teoria consistente do seu funcionamento, além de permitir encontrar uma configuração ótima de arquitetura.

Réplica do Motor Torian III:


Testes e Ensaios:


Ensaios para verificação da capacidade de torque e de auto-regulação de velocidade são fundamentais, também, para que se possa avaliar, comparativamente, as reais possibilidades de emprego competitivo dessas máquinas. Estes ensaios podem ser realizados com o emprego de um freio eletromagnético a base de material magnético em pó (freio de partículas magnéticas) acoplado ao eixo da máquina. Neste caso, a ideia é que o freio realize a função uma carga variável para o motor, permitindo o ajuste do Conjugado Resistente oferecido a ele, por se variar, proporcionalmente a tensão C.C. aplicada à bobina do freio.

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos

Freios de partículas magnéticas são únicos no seu projeto em relação a outros tipos de freios eletro-mecânicos por causa da sua ampla faixa de torque operacional disponível e por isso são ideais para ensaios. Tal qual um freio de eletromecânica, a relação Torque x Corrente é quase linear, evitando a obrigatoriedade de se ter que medir diretamente o torque em ensaios.

Além disso, o torque é independente da velocidade do rotor dentro da faixa de operação recomendada, que, em geral, situa-se entre 40 e 2000 rpm para a maioria dos freios de partículas magnéticas comercialmente disponíveis.

Em um freio de partículas magnéticas, o torque pode, ainda, ser controlado, comparativamente, com muita precisão (dentro da faixa de rotação operacional do freio) e, também, responder muito mais rapidamente à variação do ponto de ajuste, operando, em geral, com tensão de 0 ~ 24 Vcc e corrente de 0 ~ 1 Ampère.

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos
O freio eletromagnético de partículas é composto por três componentes principais: uma bobina, um estator e um rotor (e, obviamente, o pó magnético).

As partículas magnéticas (muito similar a limalhas de ferro finas) estão, inicialmente, desmagnetizadas e sob efeito da força da gravidade, depositadas no interior da cavidade entreferro. O material do pó é, geralmente, uma liga de Fe, Ni, Mn e Co, apresentando baixa remanência para baixo torque residual (< 2% do torque máximo), com granularidade de 50 ~ 800 mícrons, em forma arredondada para o melhor característica anti-fricção e anti-erosão das superfícies mecânicas pelo atrito com o pó magnético.

Quando a máquina faz o freio girar, o pó é forçado a distribuir-se pela cavidade, comprimido pela força centrífuga contra a superfície do estator. No entanto, quando a energia é aplicada à bobina, o fluxo magnético resultante tenta ligar as partículas entre si, quase como uma lama de partículas magnéticas. 

As partículas de pó se alinham ao longo das linhas de força do campo magnético, ligando o rotor e o estator em conjunto. Isso produz atrito e, consequente frenagem. À medida que a corrente elétrica que flui pela bobina é aumentada, a ligação das partículas torna-se mais forte.

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos

O rotor do freio passa por essas partículas ligadas. A saída da caixa está rigidamente ligado a uma parte da máquina. À medida que as partículas começam a unir, uma força resistente é criada no rotor, abrandando e, eventualmente, parando o eixo de saída.


Quando a corrente da bobina é desligada, o eixo fica livre para girar e a força centrífuga pressiona o pó magnético, novamente, contra o estator. Isto, consequentemente, liberta o rotor, que pode rodar livremente. No entanto, uma vez que o pó de partículas magnéticas permanece na cavidade, devido ao magnetismo residual, esse tipo de dispositivo de freio possui, sempre, alguma magnitude de conjugado resistente residual associado a eles.

Fato interessante quanto a tal tipo e freio é que é que quanto maior ele é, muito mais eficiente ele se torna, podendo produzir Conjugados Resistentes máximos, desde 2 Nm até 500 Nm, consumindo uma mesma potência elétrica, em torno 24 W. Isso ocorre por que a energia que produz a frenagem vem da quantidade de matéria que é magnetizada, não dependendo, necessariamente, da capacidade da fonte de energia elétrica.

Entre uma unidade de de freio de menor porte e uma outra unidade de freio de porte maior, apenas a indutância da bobina é, em geral, um pouco aumentada. N entanto, isso faz com que a constante de tempo (L/R) e, portanto, o tempo de resposta do freio, também aumente. Isso significa que freios eletromagnéticos de partículas de maior porta são muito eficientes em energia mas são lentos em resposta.

Todavia, em todos os casos, para manter o torque ajustado estável, a fonte de alimentação precisa ser regulada em corrente, seja por método de regulação linear ou por PWM, neste caso, com frequência de chaveamento próxima a 1kHz.

Além do freio, será necessário um bom multímetro para se monitorar a corrente da bobina (torque) e um bom tacômetro para se medir a rotação para várias condições de torque.


Arquitetura de um Motor Puramente Magnético:

É uma pena que o blog original do autor do Torian III saiu do ar. De qualquer modo, eu desejo sucesso! Tal qual Nikola Tesla nos havia dito, o universo é cheio de energia elétrica e de energia eletromagnética e, os ímãs estão apenas focando e canalizando essa energia.

Engenheiros do Hitachi Magnetic Corp da Califórnia, afirmaram que "... um motor-gerador executado exclusivamente por ímãs é viável e lógico, mas a política da questão o tornar impossível para prosseguir no desenvolvimento de um motor de imã ou qualquer dispositivo que possa competir com os cartéis de energia."

Uma geometria aproximada (e ilustrativa) da arquitetura de um dispositivo que poderia funcionar como um motor puramente magnético, baseado no princípio da repulsão, é mostrado na figura a seguir:

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos


A constituição desta máquina prevê a instalação de 3 peças magnetos de neodímio em série, alojados em cada um dos 15 receptáculos existentes ao longo da periferia circular, tanto do rotor, quanto do estator. Os receptáculos nada mais são que perfurações redondas com centro deslocado em 24º entre furações adjacentes, para alojar, em série, cada uma, 3 peças de imãs de formato disco cilíndrico de Ø = 6 mm x 6 mm.

Deste modo, o estator consome um total de quarenta e cinco peças de magnetos e o rotor, também, quarenta e cinco peças de magnetos (total 90), alojados em receptáculos que são furados com uma inclinação axial de 23º em ambos, estator e rotor.

Também ambas as peças de disco do estator e do rotor podem ser obtido por usinagem em Chapa de Poliacetal (termoplástico, branco (em geral), opaco) de espessura 12 mm, um material que garante excelente estabilidade dimensional, possuindo alta resistência e diminuta absorção de água. 

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos


O poliacetal é utilizado na fabricação de engrenagens, roscas sem fim, roldanas, rolamentos, buchas, eixos, guias entre outras peças industriais. Outras propriedades são: alta rigidez, elevada resistência, atoxicidade, baixo coeficiente de atrito, excelente acabamento superficial, facilidade de usinagem, magneticamente neutro (base de resina poliacetal é inerentemente não-magnética) e, principalmente, não é tão caro.

Além da questão da geometria, outra questão importante a ser considerada é com relação a quanto de Torque e quanto Potência que se pode extrair desse tipo de máquina por volume / massa de magnetos empregados e como a geometria afeta isso e eu ainda não disponho de dados experimentais para apresentar. Também questões com respeito ao método de partida/parada da máquina e quanto a regulação de velocidade devem ser pensadas.

Com a máquina em repouso, em geral, estator e rotor estão separados, o suficiente para não interagirem, magneticamente, de modo considerável. Assim, para a partida da máquina, usa-se deslizar o estator para que o rotor passe a se alojar exatamente dentro do seu interior e, com isso, os campos passam a interagir e o rotor a girar.

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos
Assim, será preciso pensar em algum tipo de atuador mecânico biestável com mudança por ação momentânea de um solenoide eletromecânico, ou pôr ação de um solenoide biestável baseado de imã permanente, que possa promover o deslizamento, do estator, tanto para partida , quanto para parada, automaticamente, a partir de um leve toque pelo operador em um botão pulsador, ou de um impulso proveniente de um circuito de comando partida / parada automático.

Muitas arquiteturas apresentam um sistema triplo, com três conjuntos estator / rotor (três discos de rotores e três discos de estatores, como o Torian III). Nestes casos, é conveniente que exista, de um disco para o outro, uma defasagem física correspondente a 1/3 da distância entre os receptáculos de ímãs adjacentes. Isso reduz a possibilidades de existir zonas mortas em inter-polos. 

Perendev-Type Magnetic Motor Animation


Outra questão relevante à viabilidade de tais máquinas, e que é de difícil verificação, é com respeito a durabilidade dos imãs, que com toda certeza deverá ser menor do que o apregoado pelos fabricantes dos ímãs de neodímio, uma vez que a frequente operação por oposição de polos, com a atrito magnético da repulsão produzindo algum eventual calor por indução irá provocar um decaimento mais rápido do momento magnético das peças do que o normal. Vibrações e choques de partida / parada também podem constituir-se em forças de desmagnetização.

É bom lembrar que,  apesar desse imãs apresentam um enorme fluxo magnético, eles são mecanicamente frágeis e podem perder seu magnetismo de modo irreversível em temperaturas acima de 120°C. Alguns experimentadores (e críticos) desse tipo de aplicação falam em decaimento em poucos meses, outros falam em decaimento após 20 anos, o que seria muito bom. Mas isso depende também da classe do imã de neodímio.

Os ímãs de neodímio (N) são classificados pelo material de que são feitos. Em geral, quanto maior o grau (o número que segue ao "N"), mais forte é o ímã (maior BH max). O mais alto grau de ímã de neodímio atualmente disponível é N52 (42>BHmax>40), porém o N42 (52>BHmax>49,5) é o que apresenta a melhor relação custo-benefício.

Qualquer letra seguindo o grau refere-se à Temperatura Máxima de Operação do ímã e, não existindo letra em seguida ao grau, o ímã de neodímio é para a temperatura padrão.

Para a temperatura padrão (Temperatura Máxima de Operação = 80°C), os valores de grau N (faixa de BHmax) para diferentes tipos de materiais de imãs de neodímio são:

Tipo de Material Densidade de Fluxo Residual Br (kG) Força Coerciva
Hc (kOe)
Força Coerciva Intrinseca Hci
(kOe)
Produto-Energia
BH max (MG.Oe)
N35 11.7-12.1 >11.0 >12 33-35
N38 12.2-12.6 >11.0 >12 36-38
N40 12.6-12.9 >11.0 >12 38-40
N42 13.0-13.2 >11.0 >12 40-42
N45 13.3-13.7 >11.0 >12 43-45
N48 13.8-14.2 >11.0 >12 45-48
N50 14.1-14.5 >11.0 >11 48-50
N52 14.5-14.8 >11.2 >11 49.5-52


kG => Quilo Gauss  ;   kOe => Quilo Oersted  ;   kG.Oe => Quilo Gauss-Oersted

As classificações de temperatura de operação são:

Padrão (sem letra) --> Tmax = 80°C ; Tcurie = 310°C
M  --> Tmax = 100°C ; Tcurie = 340°C   (o mais forte: N50M)
H   --> Tmax = 120°C ; Tcurie = 340°C   (o mais forte: N48H)
SH --> Tmax = 150°C ; Tcurie = 340°C   (o mais forte: N45SH)
UH --> Tmax = 180°C ; Tcurie = 350°C  (o mais forte: N40UH)
EH --> Tmax = 200°C ; Tcurie = 350°C  (o mais forte: N38EH)

Todavia, quanto mais alta a faixa de temperatura de operação recomendada, maior será o custo do ímã e menor será o BHmax que é disponível para aquela faixa, de modo que a melhor relação custo benefício o recomendado situa-se entre o N42H - N42SH.

Neodímio ferro boro (NdFeB) é uma liga feita principalmente a partir de uma combinação de neodímio, ferro, boro, cobalto e diferentes níveis de disprósio e praseodímio.

A composição química exata no interior do NdFeB depende do grau de do NdFeB. Disprósio e praseodímio são adicionados como um substituto para algum do neodímio para melhorar a resistência à corrosão e melhorar a Hci (coercividade intrínseca) do neodímio. Um exemplo da composição é dado abaixo:

Principais Elementos no NdFeB

Porcentagem na Composição

Neodímio (Nd)

29% - 32%

Ferro (Fe)

64.2% – 68.5%

Boro (B)

1.0% - 1.2%

Alumínio (Al)

0.2% - 0.4%

Niobio (Nb)

0.5% -1%

Disprósio (Dy)

0.8% -1.2%

O método de fabricação de ímãs de neodímio ferro boro é como apresentado neste Resumo de Produção:

Caso você resolva entrar nessa área de pesquisa, como primeiro passo esqueça a ilusão de energia totalmente livre.Os metais de terras raras são encontrados, comercialmente viáveis, em poucos locais da terra, a grande maioria dentro da China, portanto, um negócio altamente geo-politicamente dependente.

Outra coisa a ser considerada é que, apesar dos fabricantes persistirem em afirmarem que ímãs de neodímio irão durar "uma vida", de qualquer modo e sobre qualquer circunstância, a verdade é que pouco se sabe para se poder suportar essa afirmação. O que de fato ocorre com a sua força, com a decorrência do tempo de vida do neodímio, quando submetido a uma operação de repulsão magnética de intensidade continuamente variável (que é o que ocorre quando a máquina está girando), é um mistério.

Por isso, se você for trabalhar seriamente com ímãs, eu recomendo que você considere a possibilidade de obter, além dos instrumentos de medição eletrônica triviais, também um Medidor de Fluxo Magnético para que você mesmo possa fazer experiências envolvendo a vida útil do neodímio.

Um Medidor de Fluxo de Campo Magnético (Fluxômetro, mas, para não confundir com outros tipos de medidores de fluxo, como dre fluxo hidráulico, por exemplo, também chamado de Medidor de Campo Magnético"Gaussmeter" ou "Teslameter") é um instrumento integrador eletrônico com mostrador digital com alta sensibilidade e pequeno desvio.

Os medidores de campo magnético "gaussmeter" permitem a medida da densidade de fluxo magnético que atravessa uma seção transversal (no ar). A relação entre o a densidade de campo e o fluxo magnético é dada por:

 B = F / A      , sendo:                                                                B = A intensidade de campo magnético ou indução magnética [T] 

F = Fluxo Magnético em [V.s] = [T.m2] = [Wb]

A = Seção Transversal  [m2]

Medir o campo magnéticos na superfície de ímãs ou no "gap" de dispositivos magnéticos, destacam-se como as principais medidas que podem ser feitas com os medidores de campo magnético.

Notem que, a unidade de campo magnético (H) no Sistema Internacional (SI) é Ampère por metro (A/m). Apesar de todo o esforço em utilizar as unidades do SI, muitos equipamentos de medidas ainda utilizam as unidades do sistema CGS, no qual o campo é medido em oersted [Oe]. 

Já, as unidades gauss (G), no CGS e tesla (T) no SI referem-se a indução magnética (B) - também denominada de densidade de fluxo magnético. Esta é a grandeza que pode ser medida, diretamente, com os medidores de campo magnético.

O medidor de fluxo pode ser usado não só para a medição do fluxo magnético dos ímãs permanentes, mas também para o controle de qualidade e de triagem de produtos magnéticos em geral. Sua versatilidade faz com que o seu emprego seja possível, tanto em laboratório, como também na linha de produção de uma empresa, e recomendados para a medida de campos de ímãs, solenoides DC, magnetização residual e dispositivos magnéticos.

Um bom fluxômetro tem funções como as de retenção de valor máximo e de indicação automática de polo e, ao menos, quatro faixas de medição selecionáveis. Ele pode também ser utilizado para a medição do campo magnético de impulso. Estes medidores de fluxo, em geral, medem o fluxo Ф de um campo magnético, usando o princípio de indução eletromagnética e o método de integração eletrônica. O diagrama do sistema de medição é mostrado na figura a seguir.

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos

O sensor de medição, em geral, é um dispositivo constituído de um par de bobinas de Helmholtz, que consiste de duas bobinas magnéticas circulares idênticas que são colocadas simetricamente, uma em cada lado da área experimental ao longo de um eixo comum, e separadas por uma distância igual ao raio da bobina. Cada bobina conduz uma corrente eléctrica igual, que flui no mesmo sentido relativo, para produzir uma região de campo magnético quase uniforme.

Uma corrente é induzida pela variação do fluxo magnético Ф passando através de uma bobina de medição. A corrente é a entrada do medidor de fluxo. Após a integração do atual obtém um sinal de tensão de CC, que é proporcional à variação do fluxo magnético. A tensão CC é convertida em sinal digital e exibida pelo mostrador. Assim, o fluxo magnético pode ser medido deste modo mas, antes de fazer a medição, em geral, é necessário que se faça a sintonia para eliminar o desvio pois, o fluxômetro irá mostrar uma valor aleatório que aumenta em uma direção de forma contínua.

Este valor do desvio é causado pela acumulação de desvio do sinal do integrador no medidor de fluxo. O ajuste é no sentido de fazer um ajuste grosso até que o valor do desvio passe a mudar bem lentamente, para, dai, então, poder também utilizar o ajuste fino para terminar de ajustar o desvio. Pressione a tecla RESET, após o valor do desvio ter se mantido estável, um indicador deve exibir ZERO, caso contrario, procede-se um reajuste fino, até que o indicador ZERO seja ativo. O ponto zero será mais estável se você usar o ajuste fino para ajustar o desvio.

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos
Medidor de Campo Magnético - Gaussmeter
Série TLMP-HALL

Como se pode perceber, um fluxômetro não é um instrumento de operação trivial, o ideal é que se considere atentamente todas as instruções do manual de operação do usuário que é associado a ele. Ele também é um instrumento caro mas, existe alguma possibilidade de improvisação empregando multímetros comuns e uma simples antena AM de quadro, desde que se construa em separado, o circuito integrador eletrônico que irá interfaceá-los. Mas esse artifício não é o ideal para se medir fluxos magnéticos intensos, como é o caso do imãs de neodímio.

Alguns medidores comerciais são bastante precisos, porém mais caros. Eles dispõem de um mostrador em tela rica de informações, mas costumam ser produzidos com escala fixa, tendo que se escolher o modelo do instrumento pelo fundo de escala desejado, na hora de adquirir um medidor. Apresentam as funções: medida de campo  DC, medida de campo Máximo DC (valor de pico de um campo variável), Polaridade (Norte/Sul). Acompanham "Relatório  de  Calibração" a partir de padrões magnéticos rastreados e uma Sonda Hall Transversal (ponta para medição) fixa (5 x 1,5 mm). Dez modelos encontram-se em produção e venda (pela GlobalMag / MAGNAFLUX), como o modelo da foto ao lado, nos seguintes fundos de escala:

TLMP-HALL-20k    ± 20000 gauss (DC)

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos
Medidor de Campo Eletromagnético Digital Icel EM-8000

TLMP-HALL-15k    ± 15000 gauss (DC)
TLMP-HALL-10k    ± 10000 gauss (DC)
TLMP-HALL-05k    ± 5000 gauss (DC)
TLMP-HALL-02k    ± 2000 gauss (DC)
TLMP-HALL-01k    ± 1000 gauss (DC)
TLMP-HALL-300   ± 300 gauss (DC)
TLMP-HALL-200   ± 200 gauss (DC)
TLMP-HALL-100   ± 100 gauss (DC)
TLMP-HALL-050   ± 50 gauss (DC)

Outros, já são menos precisos e mais baratos (cerca de R$ 750,00). Estes dispõem de chave de seleção de escala, só que não costumam ir além de 20.000 mili-gauss (20 gauss) como máxima medida (como o da foto ao lado), de modo que este, pouca ou nenhuma serventia terá para se trabalhar no controle da dimensão da densidade de fluxo magnético dos potentes imãs de neodímio (que é da ordem de 10 ~ 20 quilo-gauss).

Diante disso e, como boa parte dos técnicos e engenheiros envolvidos com magnetismo e eletro-magnetismo costumam possuir, de antemão, um multímetro, cujos mais sofisticados e caros, instrumentos manuais, com mostrador de 4 e 1/2 dígitos, custam menos do que o medidor de campo eletromagnético mais barato visto ai em cima, então, a melhor solução em termos de custo-benefício, para se medir campo magnético de imãs de neodímio, pode ser o emprego de um Transdutor de Campo  Magnético.

Transdutor de Campo  Magnético - TMAGv2

Um Transdutor de Campo  Magnético é um instrumento que  converte a intensidade do campo magnético em uma tensão elétrica, ou seja, ele gera uma tensão elétrica proporcional ao campo magnético medido. Ele não tem mostrador algum e, portanto, é mais barato. Este instrumento  pode ser acoplado a um multímetro (ou a um osciloscópio ou um sistema de aquisição de dados), para monitorar a intensidade de campos magnéticos CC e CA (com multímetro, apenas CC). Costumam possuir duas sensibilidades: 0,1T/V (tesla/volt) e 1T/V. Destina-se, sobretudo, para uso em projetos e desenvolvimento de produtos envolvendo magnetismo / eletro-magnetismo, diagnósticos de problemas magnéticos e na pesquisa científica.

Como a saída máxima é de 2,0 Volts absolutos (+2V para polo norte e -2V para polo sul), isso significa que, usando-se a escala (ou sensibilidade) de 1T/V, podemos medir campos de intensidade de até 2 Tesla, que corresponde a 20.000 Gauss, cobrindo toda a necessidade de medição, para todos os imãs permanentes, incluindo os de neodímio, atuais.

Fraudes Reais:


Desde 2006 Michael J. Brady afirmava ter disponível para venda geradores, tanto com máquinas de 100 kW, quanto com de 200 ~ 300 kW, motores totalmente magnéticos, livre de outra fonte de energia, muito menos necessitando combustível.

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos
Ele afirmava que isso era uma evolução de seu alegado motor puramente magnético, que milhões de pessoas têm visto em vídeos on-line (motor Perendev original), postado na Web em conjunto com uma demonstração de que ele havia se programado para fazer na Alemanha em 2004, mas que não se concretizou.

Falso ou verdadeiro? blindagens magnéticas são feitas de materiais não magnéticos
Depois Brady iniciou contratos e pré-venda e passou a tomar dinheiro de um grupo de 61 clientes alemães, muitos dos quais pagando até a metade do preço de compra de 20.000 a 40.000 euros por um gerador. O valor total arrecadado superou a marca de 1 milhão de euros, apenas de clientes alemães mas, as máquinas prometidas nunca foram entregues, nem nunca se pôde verificar clientes fora da Alemanha que realmente chegassem a receberam tal produto.

Depois de declarar falência na Alemanha, Mike Brady alugou uma casa no Lago Zurique, na Suíça, adquiriu  alguns Maseratis e Range Rovers. Ele foi preso e extraditado para a Alemanha, onde os 61 clientes queriam seu dinheiro de volta.

Jornais alemães confirmaram que ele foi, de fato, preso em Zurique em 29 de março de 2010 e extraditado para a Alemanha em resposta a um pedido feito pelo Ministério Público de Munique, tendo ido para a  cadeia em Stadelheim. Parabéns para a justiça alemã, continuem nos dando o exemplo!

Segurança Pessoal:


Atenção, peças de imãs de neodímio podem se tornar objetos bastante interessantes de se manipular nas mão de curiosos, todavia, alguns cuidados são recomendados. Por exemplo, duas peças de blocos de neodímios iguais, digamos que retangulares, de medidas 50 X 50 X 20 mm, podem se atrair até mesmo a longas distâncias (maiores que 500 mm) e, não havendo nenhum corpo material que se interponha entre eles, eles colidirão com grande impacto, podendo até mesmo quebrar alguma (ou ambas) as peças e fragmentos do material podem, eventualmente, ser lançados a grandes velocidades.

Isso representa em uma situação de risco a ser considerada, com relativo grande perigo para a integridade da saúde dos seus olhos. Por  isso é recomendável que se manipule múltiplas peças de imãs de neodímio usando óculos de segurança.

Além disso, se uma das suas mãos, ou mesmo outra parte do seu corpo, estiver interposta entre dois deles, de dimensões tais quais descritas anterior, no momento em que haja uma eventual atração, isso pode resultar em contusões e ferimentos graves, chegando mesmo a quebrar seus ossos. Por isso, tome muito cuidado, principalmente ao movimentar uma peça de imã de neodímio com as mãos, próxima de outras peças.

Só Mais um "Vídeo Idiota"?

Uma visão geral do motor Perendev e replicação experimental por Sterling D. Allan do "Pure Energy Systems". A replicação do motor Perendev utiliza uma série de magnetos montados nas extremidades de um conjunto de rotor-estator múltiplo, na qual os estatores deslizam para engatar com os rotores, e começar a girar o eixo. Vídeo postado por American Antigravity

Leia também:


O que acontece ao fluxo num bastão de ferrite colocando no núcleo de uma bobina quando a corrente elétrica e desligada?

O fluxo irá desaparecer.

Como é o campo magnético de um fio condutor longo Ao ser percorrido por uma corrente elétrica?

Campo magnético gerado por uma corrente elétrica Quando uma corrente elétrica percorre um fio condutor retilíneo, um campo magnético circular forma-se ao longo de toda a sua extensão. As linhas de indução desse campo são concêntricas em relação ao fio.

Qual é a força magnetizante de um circuito magnético com 150 espiras enroladas em um núcleo com comprimento médio de 0 3 m se a corrente e 0 4 a escolha uma opção?

Resposta. A força magnetizante do circuito magnético descrito é: 200 amperes.